terça-feira, 24 de setembro de 2013 | |

Golpe contra a democracia em Limeira?

Há cheiro de golpismo no ar em Limeira.

A notícia de que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara de Limeira abriu procedimento que pode levar à cassação (ou ficar numa advertência) dos mandados de José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), e Júlio César Pereira dos Santos (DEM) é preocupante.

Os dois vereadores são os expoentes (quase os únicos) da oposição ao governo Paulo Hadich (PSB) numa Câmara que se mostra subserviente ao Executivo como de praxe - apesar dos discursos em contrário.

Assim, falar em cassação de mandato em razão dos dois parlamentares terem apontado o possível sumiço de um parecer, algo depois explicado, parece golpe baixo. 

Lembra os tempos do ex-prefeito Jurandyr Paixão e a perseguição que os vereadores de oposição sofriam.

Não combina com a base de um governo que se anunciou durante toda a campanha eleitoral como democrático.

Mais: não combina com um Legislativo presidido por Ronei Costa Martins (PT), justo ele que ingressou naquela Casa de Leis - ainda como suplente - tendo sido submetido a uma punição injusta apenas porque cumpria seu dever de fiscalizar os atos do Executivo.

Ronei, faça algo para restabelecer o equilíbrio necessário na Câmara. 

Ainda que os dois vereadores tenham levantado suspeitas indevidamente, não é nada que uma conversa não possa resolver. Afinal, eles exerceram o direito de manifestar (ou denunciar, que seja) algo que naquele momento parecia suspeito.

Embora se saiba que oficialmente o presidente da Câmara não tem poder sobre as decisões da CCJ, tampouco o governo municipal, quem acompanha minimamente os bastidores de um parlamento sabe bem como tudo funciona - e o poder de uma conversa da parte de quem tem poder.

2 comentários:

Unknown disse...

A política em Limeira está cheirando muito mal a muito tempo, os políticos não passam de fantoches nas mãos dos articuladores e claro do PT. Quem sempre defendeu e preservou a imagem da cidade, hoje dança conforme a música, segue com a coleira no pescoço. Nove meses de governo e não se nada na cidade, não se vê o coronel em lugar algum, a cidade parou.
Espero estar muito errado, mas acho que esses 4 anos de governo serão mais do que suficiente para afundar ainda mais a cidade. Quem poderá nos defender?

Valmir Caetano disse...

Grande Piscitelli! Continuas, como sempre, a escrever muito bem.

Por várias razões, não posso deixar de comentar este seu mais do que oportuno artigo. Lembro-me bem – e como – do período da perseguição que fazia o ex-prefeito Jurandyr Paixão, com sua base na Câmara “no bolso do colete”.

Também me recordo do episódio mais recente que você cita, quando, injustamente, o vereador Ronei, no exercício temporário do cargo legislativo, sofrera um afastamento forçoso por decisão de então da Câmara. É verdade – e isso todos sabem – que, nessa ocasião, outros governantes de plantão queriam a cassação de Ronei.

Adveio suspensão temporária, e, certamente, a maioria das pessoas, mesmo as que militam no meio político, não sabem porquê a “punição foi branda”. Mesmo não conhecendo pessoalmente o vereador Ronei naquela fase, mas tendo informações sobre ele, especialmente no meio comum que freqüentamos, a Igreja Católica, escrevi ao então presidente da Câmara, vereador Eliseu Daniel, e, dentre outros fundamentos, pedi a ele que fizesse tudo o quanto lhe fosse possível, e para além do possível, para que ao Ronei não fosse apenado de maneira fatal, politicamente falando.

Dei ciência, muito tempo depois, ao próprio Ronei sobre essa missiva, quando mesmo me visitou em meu escritório.

Ao seu brilhante texto, apenas um adendo, qual seja, a denúncia – estapafúrdia – contra os vereadores Zé da Mix e Dr. Júlio César foi formulada pelos vereadores que integram a CCJ, mas dirigida à Corregedoria, cabendo ao corregedor e, depois, à presidência da Câmara, as decisões pertinentes.

No mais, a oportunidade das suas palavras quanto ao eixo do equilíbrio perdido e a necessidade de seu restabelecimento, cabendo isso especialmente ao vereador Ronei, por força do cargo de direção que ocupa, é uma análise que você faz com bastante singularidade, própria de quem conhece, como poucos, os meandros da política local, e, sobretudo, de quem não tem e nunca teve medo algum de escrever, pois sempre teve, como tem, a verdade como norte inconfundível.