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quarta-feira, 29 de outubro de 2014 | | 0 comentários

O papa falou - e reafirmou o que eu sempre disse

escrevi neste blog, quatro anos atrás, que sempre duvidei da história de Adão e Eva, da criação do homem e do mundo. Ou melhor, sempre considerei o Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, chamado de livro da Criação, como uma alegoria. Ou pedagogia da Igreja, como disse certa vez um padre.

Mesmo com a palavra de um religioso, explicada no post cujo link está acima, continuei ouvindo defesas radicais do criacionismo tal qual citado no Gênesis. E, diante de meus questionamentos ou argumentos, continuei sendo acusado de "homem de pouca fé" - ou nenhuma fé, já que duvidar da Criação tal qual citada na Bíblia seria duvidar do próprio Deus.

Pois bem: precisou que um papa progressista e revolucionário, como Francisco, dissesse a mesma coisa para que a comunidade católica entendesse meu ponto de vista: crer no evolucionismo ou na teoria do "Big Bang", a grande explosão que deu origem ao universo, em nada contradiz a crença em Deus como poder criador do universo.

Ao contrário, a reforça - como salientou o papa.

Será que agora, finalmente, poderei defender meu ponto de vista em paz? Ou alguém ainda vai querer reclamar com o bispo - porque com o papa não vai adiantar...

Em tempo: estive recentemente no Cern (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares), o maior centro de pesquisas de física de partículas do mundo, na divisa da Suíça com a França. Foi lá que descobriram a chamada "partícula de Deus", o bóson de Higgs (mais detalhes aqui).

Ao conversar com os cientistas do Cern, perguntei se a teoria do "Big Bang" já estava consolidada para explicar a origem do universo. Disseram que sim. Daí questionei se a ciência já consegue explicar o que deu origem ao "Big Bang" e o que havia antes da tal grande explosão. E a resposta foi: não sabemos.

É neste vácuo científico onde, para os que creem, entra o poder de Deus.

* Leia também (acrescentado em 30/10):

- Bíblia não nos dá pistas claras sobre existência de Adão e Eva

segunda-feira, 6 de outubro de 2014 | | 0 comentários

"Será que Deus existe?"

(...) Deus não é uma questão rigorosamente filosófica. E discutir a sua existência (ou inexistência) em termos filosóficos (leia-se: "racionais") é um diálogo de surdos, que tentam falar racionalmente sobre um assunto do qual não possuem qualquer prova.

(...) Deus é uma questão de fé - esse mistério e, para muitos, essa graça. E a "fé" é um assunto ligeiramente diferente de equações matemáticas ou observações de telescópio.

Fonte: João Pereira Coutinho, “Folha de S. Paulo”, Ilustrada, 23/9/14 (íntegra
aqui).

quarta-feira, 2 de outubro de 2013 | | 0 comentários

Frase

“Um Deus Católico não existe... Eu acredito em Jesus Cristo, em sua encarnação. Jesus é meu mestre e meu pastor, mas Deus, o pai... é a luz e o criador. Esse é o meu ser.”
Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, em entrevista para o editor do jornal “La Repubblica”

segunda-feira, 2 de setembro de 2013 | | 0 comentários

Do tempo e da fé

O guerreiro da luz vê-se, de vez em quando, andando pelas ruas sem qualquer destino. Nestes momentos, ele pensa:

“Nada do que planejei está acontecendo. Dei o melhor de mim, segui meus son­hos, fui fiel a Deus. Entretanto, as coisas parecem não caminhar para frente, os esforços não estão sendo recompensados”.

“Deus parece que está surdo e não escuta minha voz”, diz o guerreiro com uma certa amargura.

Neste momento, a melhor coisa que ele deve fazer é sentar-se num bar e pedir um café. Depois de alguns momentos irá entender que o tempo de Deus não é igual ao seu tempo.

Em algum lugar do Universo, milhares de anjos estão se moven­do e caminham para ajudar todos aqueles que seguem seu coração.

Fonte: blog do Paulo Coelho, “Do Deus surdo”, postado em 2/9/13.

***

O guerreiro da luz tem crises de fé. Há momentos em que não crê em nada, e é tomado de desânimo.

Ele senta-se em seu quarto, olha a parede diante de si.

Não tem ânimo ou vontade de fazer nada. E pergunta ao seu coração: “Será que vale a pena tanto esforço?”

Mas, por causa do momento de crise, o coração continua calado. E o guerreiro tem que decidir por si mesmo.

Então – como sempre – o guerreiro procura um exemplo em Jesus. O Filho de Deus deve ter passado por algo semelhante – ou não teria vivido a condição humana em sua plenitude.

E o guerreiro se recorda. “Afasta de mim este cálice”, disse Jesus. Também ele passou por isso.

O guerreiro da luz continua sem fé. Mas segue adiante assim mesmo, e a fé termina voltando.

Fonte: blog do Paulo Coelho, “De crer sem crer”, postado em 1/9/13.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013 | | 0 comentários

Amém!

Dias atrás entrei na catedral de Santiago do Chile. (...)

A catedral silenciosa, discreta e com pouca luz, com sua altura gigantesca, nos ajudava a lembrar nosso lugar no mundo - que não me venham os inteligentinhos fazer o blá-blá-blá da crítica à religião, porque a conheço desde o jardim da infância.

Sentir-se "em seu justo lugar no mundo" é parte clássica de toda boa espiritualidade, contra esse narcisismo dos "direitos do Eu total" de hoje, essa coisa "ninja brega".

Este "justo lugar no mundo" é parte daquilo que o historiador das religiões Mircea Eliade chama de perceber que não somos o "axis mundi" (o eixo do mundo). Toda verdadeira espiritualidade deve nos ajudar a vivenciar este "descentramento" de nosso próprio valor.

O mistério me encanta e me faz sentir menos banal. A sensação da banalidade de tudo me esmaga continuamente. Sou um peregrino da falta de sentido. Uma testemunha da noite escura da alma de San Juan de la Cruz e Terrence Malick. Não levo a sério ateus militantes que ainda acham que ateísmo é "evolução espiritual". Para mim, ateísmo é, apenas, o modo mais óbvio de ser e um estágio elementar em filosofia.

(...) A vida é precária. A pobreza (material, espiritual, psicológica) é como a gravidade, na hora em que relaxamos, ela nos consome. É uma questão de tempo. Nosso caminho é "para baixo". Não é à toa que tomamos antidepressivos o tempo todo, cada um se vira como pode. A solidariedade na melancolia devia nos unir a todos. O que não perdoo na autoajuda é que ela mente para nosso justo desespero dizendo que ele é mera questão de incompetência.

É aqui que começa a consistência da teologia da alegria a qual se refere o papa Francisco: temos todas as razões "materiais" do mundo para sermos tristes, o milagre é não sermos tristes todo o tempo.

Confiar na vida é quase impossível. A fé na vida é um mistério e um dom. (...)

Ter esperança, crer na vida e amar são experiências que separam a infância espiritual da maturidade d'alma. O desespero é o caminho mais curto entre dois momentos na vida. A esperança é que é o milagre para quem enxerga o mundo como ele é. (...)

Fonte: Luiz Felipe Pondé, “Salmos chilenos”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 26/8/13.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013 | | 0 comentários

O segredo de Fátima em detalhes

Certamente, muitas pessoas já ouviram falar dos segredos de Fátima, as mensagens que - creem os católicos - foram transmitidas diretamente pela mãe de Jesus, Nossa Senhora, a três crianças portuguesas em 1917.

O primeiro e o segundo segredos eram conhecidos há décadas. A manutenção do terceiro segredo por anos fez surgir uma série de lendas e cercou o fato de mistério até que, no ano 2000, o então papa João Paulo 2° decidiu torná-lo público.

Para minha surpresa, o relato dos segredos e o tratamento dispensado a eles pela Igreja Católica desde que se revelaram aos pastorinhos portugueses estão detalhadamente contados, inclusive com reprodução dos documentos originais, no site do Vaticano.

Estão lá, além das páginas manuscritas pela irmã Lúcia, uma das pastorinhas, a carta do papa a ela, datada de 19 de abril de 2000; uma descrição do colóquio que houve com ela em 27 de abril daquele mesmo ano; a comunicação lida pelo cardeal Ângelo Sodano, então Secretário de Estado, em Fátima no dia 13 de maio de 2000; e o comentário teológico da terceira parte do “segredo” feito pelo cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e posteriormente eleito papa Bento 16. 

Segundo a Igreja, “Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas”.

“A primeira e a segunda parte do ‘segredo’ (...) dizem respeito antes de mais à pavorosa visão do inferno, à devoção ao Imaculado Coração de Maria, à segunda guerra mundial, e depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à humanidade.



Em 1917, ninguém poderia ter imaginado tudo isto: os três pastorinhos de Fátima veem, ouvem, memorizam, e Lúcia, a testemunha sobrevivente, quando recebe a ordem do Bispo de Leiria e a autorização de Nossa Senhora, põe por escrito”. 

As duas primeiras partes do “segredo” foram redigidas por Lúcia em 1941 (o original está nas imagens acima); a terceira e misteriosa parte foi escrita em 3 de janeiro de 1944 (a parte inicial do original está na imagem abaixo). 


De acordo com o Vaticano, só há um manuscrito. “O envelope selado foi guardado primeiramente pelo Bispo de Leiria. Para se tutelar melhor o ‘segredo’, no dia 4 de abril de 1957 o envelope foi entregue ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. (...)

Segundo apontamentos do Arquivo, no dia 17 de agosto de 1959 (...), o Comissário do Santo Ofício, Padre Pierre Paul Philippe OP, levou a João 23 o envelope com a terceira parte do ‘segredo de Fátima’. Sua Santidade, ‘depois de alguma hesitação’, disse: ‘Aguardemos. Rezarei. Far-lhe-ei saber o que decidi’.

Na realidade, a decisão do Papa João 23 foi enviar de novo o envelope selado para o Santo Ofício e não revelar a terceira parte do ‘segredo’. 

Paulo 6° leu o conteúdo (...) a 27 de março de 1965, e mandou novamente o envelope para o Arquivo do Santo Ofício, com a decisão de não publicar o texto. 

João Paulo 2°, por sua vez, pediu o envelope com a terceira parte do ‘segredo’, após o atentado de 13 de maio de 1981. (...) No dia 11 de agosto seguinte, o Senhor D. Martínez Somalo devolveu os dois envelopes ao Arquivo do Santo Ofício.”

A terceira parte do segredo só viria a ser revelada ao mundo quase 20 anos depois.

A seguir, reproduzo-a tal como descrita no original:

“A terceira parte do segredo revelado a 13 de julho de 1917 na Cova da Iria-Fátima. 
Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe. 
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: PenitênciaPenitênciaPenitência! E vimos n'uma luz emensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Varios outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'êles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus. 

Tuy-3-1-1944”. 

Para saber mais sobre toda esta história, basta clicar aqui.

* As imagens foram retiradas do site do Vaticano

terça-feira, 13 de agosto de 2013 | | 0 comentários

Andar com fé eu vou...

Não é só no Brasil que os pentecostais dão as caras. No metrô de Nova York, nos EUA, eles também estavam lá:



domingo, 11 de agosto de 2013 | | 0 comentários

Mensagem dominical

"Se Ele é por nós, quem será, quem será contra nós?"



PS: a foto é da cúpula da Basílica de Santo Estevão, em Budapeste (Hungria). Em latim, a frase: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida".

sexta-feira, 29 de março de 2013 | | 0 comentários

Sexta-feira da Paixão



"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim."

João, apóstolo, 14:6 (Bíblia)

quinta-feira, 28 de março de 2013 | | 0 comentários

Frase

“Em suma, para uma parte dos católicos (...) o diálogo íntimo e livre com Deus está acima da opinião do papa, do pároco e da Congregação para a Doutrina da Fé.
Contardo Calligaris, psicanalista, em sua coluna nesta quinta-feira (28/3) na “Folha de S. Paulo”

sábado, 19 de janeiro de 2013 | | 0 comentários

"A vida é um ato de fé"

Se todos vivessem suas vidas e deixassem que os outros fizessem o mesmo, Deus estaria em cada instante, em cada grão de mostarda, no pedaço de nuvem que se mostra e se desfaz no momento seguinte.

Deus está ali, e mesmo assim as pessoas acreditam que é preciso continuar procurando,  porque parece simples demais aceitar que a vida é um ato de fé.

As palavras de Deus estão escritas no mundo que nos rodeia. Basta prestar atenção ao que acontece em nossa vida para descobrir em qualquer momento do dia onde Ele esconde suas palavras e sua vontade.

Fonte: blog de Paulo Coelho, postado em 18/1/13.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013 | | 0 comentários

Mensagem

"(...) e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém." 
Mateus, apóstolo, 28:20 (Bíblia)

sábado, 12 de janeiro de 2013 | | 0 comentários

Versos de uma canção

E ainda se vier noite traiçoeira,
Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo.
O mundo pode até fazer você chorar,
Mas Deus te quer sorrindo.

("Noites traiçoeiras", de Carlos Papae)

segunda-feira, 11 de junho de 2012 | | 0 comentários

Uma oração

Desde a última madrugada, quando li “Ágape”, do padre Marcelo Rossi (um livro que mudou o sentido dos meus atuais dias e me fez agir em favor de coisas positivas), pensei em reproduzir no blog a oração de São Francisco de Assis.

Esta oração sempre me tocou de modo particular.

Antes, porém, fui pesquisar se já não tinha feito tal postagem (afinal, é das minhas orações preferidas). Qual não foi minha surpresa ao constatar que a oração fora a escolhida para inaugurar este blog em 3 de julho de 2008.

Diante disso, decidi reproduzir todo um trecho daquela postagem inicial:

Para abrir este novo blog, pensei muito no que escrever. E cheguei à conclusão que a oração de São Francisco de Assis, minha favorita depois do Pai Nosso, resume bem o que penso - e quem me conhece de fato há de entender (ah, este espírito sagitariano...). Faço questão de frisar que, ao eleger a oração de São Francisco como apresentação, não pretendo insinuar qualquer tipo de comparação. Seria leviano. Quero apenas que sirva de reflexão para todos como serve para mim.

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. 
Onde houver ódio, que eu leve o amor, 
Onde houver ofensa , que eu leve o perdão, 
Onde houver discórdia, que eu leve a união, 
Onde houver dúvida, que eu leve a fé, 
Onde houver erro, que eu leve a verdade, 
Onde houver desespero, que eu leve a esperança, 
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria, 
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado; 
compreender que ser compreendido, 
amar, que ser amado. 
Pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado 
e é morrendo que se nasce para a vida eterna...

PS: não costumo reproduzir postagens antigas neste blog. Se já o fiz, foi por alguma excepcionalidade. É justamente neste sentido que o faço agora - em homenagem e louvor a tudo de bom e abençoado que me ocorreu neste dia (e olha que foi um dia normal - às vezes um dia normal nos basta).

Obrigado!

Em tempo: para quem não leu, recomendo fortemente "Ágape". O livro e a palavra são capazes de mudar o horizonte, acredite!

terça-feira, 28 de junho de 2011 | | 0 comentários

Da série “Acredite se quiser…”

quinta-feira, 23 de junho de 2011 | | 0 comentários

A tradição do tapete de Corpus Christi

Nesta quinta-feira, feriado de Corpus Christi, fiz uma atividade completamente diferente. Acordei às 4h30 (bem, um pouco antes com o barulho em casa, já que minha mãe teve que acordar às 4h...) e às 5h15 já estava na rua fazendo uma reportagem. Tema: a preparação do tradicional tapete de serragem para a procissão de Corpus Christi.

Atividade tradicional há décadas em diversas cidades brasileiras, a confecção do tal tapete costumava reunir em Limeira crianças e jovens atendidos em projetos do Ceprosom (Centro de Promoção Social Municipal). Em 2010, a diocese decidiu fazer uma experiência e descentralizou a festa, deixando a cargo de cada paróquia a celebração.

Este ano, a festa voltou a ser centralizada na Catedral Nossa Senhora das Dores. Para sorte da comunidade, a procissão com o tapete voltou a ser feita. Mais do que uma atividade de fé, trata-se de um ato de grande riqueza cultural e histórica.

Com o dia ainda escuro, vi centenas de pessoas - crianças, jovens e adultos - mobilizando-se para preparar a decoração das ruas. Gente chegando ao Centro de todos os cantos da cidade. Cada grupo representava uma paróquia (desta vez, a criação do tapete ficou a cargo da Igreja). O que observei foi um povo alegre e disposto, fazendo um trabalho voluntário com muito carinho. Percorri a pé todo o trajeto, conferindo desenho por desenho.
 

Em menos de duas horas, desde os primeiros rabiscos até a finalização, o tapete de serragem estava feito.

Sem dúvida, foi uma grande e rica experiência: ver uma tradição se materializando na minha frente, conversar com novas pessoas, ouvir histórias, ver o dia nascer no coração da cidade. Um dia realmente inspirador e contagiante.

Parabenizo todas as pessoas que colaboraram para manter viva esta importante tradição e que nos acolheram (o cinegrafista Leandro Santos e eu) tão bem durante a reportagem.
 




 



quinta-feira, 12 de agosto de 2010 | | 0 comentários

Minhas provocações - Adão e Eva e a história da criação

Confesso que há muito tempo deixei de acreditar na versão bíblica sobre a criação do homem. Isto em nenhum momento abalou minha fé, que fique claro desde já. Para mim, considerar que a história de Adão e Eva, da criação da mulher a partir da costela do homem, da serpente e do fruto do pecado são mera alegoria não reduz em absolutamente nada o poder de Deus.

Por isso, nunca entendi a raiva com que me respondiam sempre que colocava esta questão. Aos 14 anos, pedi a um padre uma explicação mais coerente sobre a criação da humanidade já que isso implicaria em relações interfamiliares no princípio. Ele limitou-se a dizer: “não questione, apenas creia”. A racionalidade que já aflorava em mim – e que me levou ao jornalismo – me impediu de aceitar a resposta.

Sempre soube, porém, que chegaria um dia em que algum religioso falaria uma outra “verdade”. Sem que isso em nada mudasse a religião e abalasse a fé. Pois esse dia chegou. Na última terça-feira, recebemos no programa “Fatos & Notícias” (TV Jornal, diariamente, 11h30) o padre Ismael Wanderlei Aví. Ele falava sobre a Semana da Família. E surgiu a oportunidade de eu “cutucá-lo” (sim, tive consciência de que estava fazendo isso) a respeito da história da criação – que costumo classificar, com certa ironia, de “história da carochinha”.

E ele ofereceu a versão que pode ser ouvida a seguir:



Saliento que as palavras vieram de um PADRE: a história de Adão é Eva é uma pedagogia da Igreja Católica.

Ciência e religião não precisam necessariamente estar em lados opostos. Como o padre afirmou, considerar que a versão bíblica é uma alegoria não significa dizer que não partiu de Deus o poder da criação. Representa afirmar apenas que ninguém nunca saberá como isto se deu. E que era preciso ter uma história para tentar explicar o “big bang humano” de modo didático. Assim surgiram Adão e Eva.

Está mais do que provado – e ignorar isso, desculpem-me, é ignorância – que o homem está presente na face da Terra há milhares de anos. Milhões. Tive a oportunidade de conhecer a famosa Lucy. Para quem não sabe, trata-se do ancestral humano mais antigo já conhecido, com 3,18 milhões de anos, descoberto pelo norte-americano Donald Johanson em 1974. Lucy tinha características avançadas, como postura ereta ao andar.

Recentemente, um grupo de cientistas descobriu que um esqueleto achado na região de Afar, na Etiópia, é de um Australopithecus afarensis - mesma espécie de Lucy, mas com uma idade de 3,6 milhões de anos. Para quem quiser mais informações, essa descoberta saiu na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

Acreditar nessas descobertas não altera o poder de Deus – para os crentes, obviamente. Porque Deus pode muito bem ser o criador de Lucy ou de seu colega recém-descoberto.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010 | | 4 comentários

Apocalipse now?

Hoje tive uma discussão (no bom sentido) com um entrevistado no programa “Fatos & Notícias”, da TV Jornal. Ele falava sobre um evento (festivo, acredite!) de uma igreja cujo lema será o fim dos tempos.

Ultimamente, talvez pela recente passagem do milênio e pelo crescente pentecostalismo no Brasil, essa história de final dos tempos tem ganhado destaque. Casos de violência e tragédias naturais, como as vistas no Brasil e no Haiti recentemente, acentuam a crença no armagedom. E quando falta informação, sobra deformação (para não dizer ignorância – no sentido literal da palavra, ou seja, de desconhecer algo, e não no sentido ofensivo).

Para muitos líderes, religiosos inclusive, quanto maior a ignorância, mais fácil a dominação.

Não pretendo entrar em discussões teológicas, dogmáticas, religiosas. Crer no apocalipse é questão de fé – portanto, de foro íntimo. No entanto, por dever jornalístico e respeito ao público, não posso (e não pude no programa desta segunda-feira na TV) deixar passar “argumentos” desprovidos de razão e sentido.

Crer que o mundo vai acabar porque assim foi dito pelo criador é, repito, questão de fé. Dizer que o fim dos tempos está chegando porque nunca houve tantas tragédias, guerras e doenças como agora já é outra coisa: beira iludir a fé alheia. Diga aí: alguém de boa fé catalogou as tragédias e assassinatos de ontem e hoje para fazer alguma comparação razoável que possa respaldar uma afirmação do gênero? Se alguém tiver uma resposta positiva, aceito. Do contrário, parece-me irresponsabilidade recorrer a esse tipo de argumento.

Vejamos: desde que o mundo é mundo, há violência. Para quem crê na história da criação, parece-me que está lá escrito que um irmão matou outro, não? Ou seja: os crimes familiares estão na raiz da humanidade do ponto de vista religioso. A própria Bíblia está repleta de casos de assassinatos, muitos deles entre parentes.

Até onde sei, a história da humanidade sempre foi baseada na guerra – gregos contra troianos, atenienses contra espartanos, romanos contra bárbaros, sem falar nas Cruzadas medievais (financiadas, diga-se, pelas ordens religiosas), nas conquistas de Alexandre e de Napoleão. Portanto, dizer que as guerras de hoje (quantas mesmo?) são sinal do fim dos tempos não me parece plausível.

E quanto às catástrofes? A erupção do Vesúvio não destruiu parte do sul da Itália, soterrando toda uma cidade (Pompéia) pouco depois de Cristo? Em meados do século 18 um grande terremoto não destruiu Lisboa? E no início do século 20, o mesmo não aconteceu em São Francisco? Ah, e as doenças? No início do século 20 não houve uma grande epidemia de gripe espanhola que dizimou milhões de pessoas (e numa época em que o mundo nem era globalizado e os contatos entre os povos nem era tão grande como hoje)? Ora, se estes são sinais do fim dos tempos, o fim está um tanto demorado...

O que há hoje, sim, em muito maior quantidade, é o acesso à informação. E numa rapidez sem precedentes. Há cem anos, levava-se dias, talvez meses, para se tomar conhecimento de um determinado acontecimento numa região um pouco mais distante. Há mil anos, muitas vezes nem se tomava conhecimento. Hoje, sabe-se do fato em segundos.

Há quem diga que o próprio Jesus falou que guerras, doenças, pai matando filho e filho matando pai, catástrofes, etc, seriam os sinais da sua volta. De fato, mas mais do que isso, para usar um recurso religioso, ele disse que só Deus saberia quando seria a hora. Só Deus! Portanto: viva a vida, o presente, faça o bem, ajude e ame o próximo (e, caso seja cristão, ame a Deus acima de todas as coisas) e deixe que o tempo se encarregue do resto.
***

Veja, pois, que este texto não tem como finalidade destruir a fé daqueles que acreditam na religião. Tampouco quero parecer incrédulo. Busco apenas colocar um pouco de luz a uma certa onda apocalíptica que, tal como um tsunami, tem invadido muitas mentes. Onda impulsionada pelo fanatismo, pela ignorância e pelo senso de oportunidade de alguns que têm contribuído exclusivamente para causar medo e atos de insensatez.

Exagero? Uma conhecida minha dia desses estava nervosa porque, “diante dos sinais do fim dos tempos”, não sabia se estaria entre os “144 mil eleitos que vão herdar o reino dos céus”. Sem falar em alguns que dizem ter a “certeza” de que serão salvos, esquecendo-se de que o próprio Jesus chamou consigo para o reino de Deus um ladrão que estava ao seu lado na cruz e que se arrependeu no último instante.

“Orai e vigiai!”

A propósito: Marcelo Coelho escreveu no último dia 13 na Ilustrada, na “Folha de S. Paulo”, um artigo com o provocativo título “Deus existe?”. É uma interessante discussão entre fé e ciência, razão e emoção. E para quem pensa que o racionalismo puro é louvado, sugiro a leitura. Os protagonistas são o filósofo Paolo Flores d´Arcais e um certo Joseph Ratzinger, ainda como cardeal.

Para facilitar, já que muitos não têm senha para acessar os textos da “Folha”, reproduzo-o no campo de mensagens desta postagem. É só acessar lá.