sábado, 31 de março de 2012 | | 1 comentários

Aviso

Caro leitor: entro em férias hoje.

Como nas férias costumo me desligar de tudo, este blog ficará vários dias sem atualização, salvo alguma exceção.


Peço a sua compreensão e o convido a seguir navegando por aqui.


Obrigado.

quinta-feira, 29 de março de 2012 | | 0 comentários

Frase

"Assim, o apego ao lugar e o hábito mantêm os velhos inquilinos, mesmo com todas as incomodações."
Sêneca, em “Aprendendo a viver”, L&PM Pocket, p. 67

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Casa do Jeca em P&B

Recentemente, visitei o Museu e o Hotel Fazenda Mazzaropi, em Taubaté, no Vale do Paraíba (conforme relatado aqui). No local fica a Casa do Jeca, única construção existente em 1968 quando o famoso cineasta comprou a área para sediar a PAM Filmes - Produções Amácio Mazzaropi.

Como aprecio fotos em preto e branco, resolvi usar o recurso ao registrar a famosa casa:


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"O Sistema"

- Muito prazer, sou “o Sistema”. Você já deve ter ouvido falar de mim em algum momento da sua vida recente.

E quem nunca ouviu? Atire a primeira pedra (ou, numa cena mais contemporânea, levante a mão) quem nunca teve problema com alguma empresa, banco ou serviço público (pagamentos duplicados, cobranças indevidas, produtos comprados e não enviados, queda de sinal, agendamento de atendimento, emissão de documentos, etc) e não foi informado que a “culpa” era dele, “o Sistema”.

Recentemente, presenteei um conhecido com a assinatura de uma revista semanal de informações. Mais de um mês após a assinatura ser efetuada, nada da dita cuja ser entregue. Liguei para a editora e soube que “o Sistema” tinha programado o início da vigência da assinatura para novembro. Ora, alguém assinaria uma revista em fevereiro para começar a receber em novembro? Creio que não, mas foi o que fez “o Sistema”.

Ele, “o Sistema”, só não deixou de cobrar a assinatura.

Não bastasse isso, fui informado que a pessoa a quem presenteei teria uma pendência de assinatura naquela editora. Ora, e o que eu – que estou pagando a assinatura-presente – tenho a ver com isso? Sem contar que a pessoa a quem presenteei NUNCA foi assinante da dita revista. Mais uma vez, a culpa é dele, “o Sistema”.

No final de semana passado, após ir a um bar/restaurante para jantar, vi no dia seguinte minha conta ser debitada três vezes no extrato eletrônico do banco. Na segunda-feira tudo resolvido – era apenas um erro do... “Sistema”.

Um conhecido meu, comerciante, já percebeu o poder do dito cujo. Cansado de ver o atraso na entrega de produtos pelos fornecedores ser atribuído ao tal “Sistema”, resolveu aderir ao procedimento – ou melhor, ao “Sistema”.

Embora, na altura dos seus 50 anos, ele seja daquelas pessoas refratárias às novidades tecnológicas (traduzindo: mal sabe ligar um computador), contou-me – um tanto animado e irônico – que passaria a atribuir ao “Sistema” qualquer eventual problema que surgisse com um cliente. Assim, bastaria reproduzir o que ele vem ouvindo nos últimos tempos:

- Você prometeu instalar meu produto ontem e não veio, reclamaria o cliente.
- Sabe o que é, deu um problema no “Sistema”...

- O boleto que você me enviou está com o valor errado, a mais.
- Verifiquei aqui e houve uma falha do “Sistema”...

“Sistema”, “Sistema”, “Sistema”, qualquer problema está resolvido a partir de agora. Bom, se não resolvido efetivamente, ao menos diplomaticamente.

E se de fato o problema não for solucionado, sem problema. Basta culpá-lo. A quem? Ao “Sistema”, ora…

PS: se você tem alguma história ou queixa envolvendo “o Sistema”, conte no espaço reservado às mensagens desta postagem.

quarta-feira, 28 de março de 2012 | | 1 comentários

Uma dor

Sinto uma dor forte no mais profundo d´alma
Uma dor insolúvel e inquebrantável.
Sinto uma dor que atormenta e me faz irascível,
Dia e noite e em todos os momentos.

Dói quando vejo, quando sinto,
quando penso, quando respiro.
Uma dor invisível, invencível talvez,
Sem vacinas e sem remédios.

Sinto no mais profundo d´alma uma dor forte
Uma dor silenciosa e ingrata.
Sinto uma dor que corrói e destrói,
Sempre e em todo lugar.

Sinto no mais profundo d´alma uma dor forte
Uma dor incurável e indescritível.
Sinto uma dor inatingível e eterna,
Condenada, pois, a me pertencer.

terça-feira, 27 de março de 2012 | | 0 comentários

Frase

“Não existe nada pior na vida para quem sempre trabalhou muito do que acordar e não ter nada para fazer.”
Chico Anysio, em entrevista para o programa “Fantástico” (TV Globo), exibida em 25/3/12

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Tempo, tempo, tempo, tempo...

Tempo, tempo, tempo, tempo...

Lembrei da grande Maria Bethânia uma hora atrás. Lembrei de um grande amigo fã de Bethânia. Ele sempre me dá bons conselhos. Práticos. Nem sempre os sigo, é verdade, mas só de ouvi-los me areja a mente e me provoca o pensamento.

O tempo tem sido ingrato comigo. Não que eu tema o envelhecimento (embora, confesso, também não o aprecie). Estou sentindo seus efeitos – como a deficiência auditiva que perceptivelmente só cresce. Não é disto, pois, que estou falando. O tempo tem sido um inimigo. Eis a causa de toda minha irritação e angústia, notadamente nos últimos dias. Na semana passada, uma boa cervejada com um amigo-irmão serviu de alento-acalento. Esta semana, não. Nada.

Eis algo que talvez só duas pessoas saibam, só uma certamente percebe. A angústia.

Tudo por causa do tempo, este “compositor de destinos” (salve Bethânia! – ou seria Caetano, o compositor).

Difícil pensar na vida sem trombar com ele, o tempo.

Tenho meus fantasmas – e eles me atormentam. Sou um pouco dramático, eu sei, e isto tem um motivo, cuja raiz só uma pessoa sabe nominalmente qual é (embora, eu tenho certeza, nem ela, a pessoa, saberá mais dizer porque não costuma guardar o que não lhe importa – ou, como lhe disse hoje, esquece o que não dá valor).

Tempo, tempo, tempo, tempo...

Tenho andado irritado. Tenho minhas razões.

Tenho precisado de ouvidos – e pouco os tenho encontrado (uns porque distantes; outros porque insensíveis para perceber que são necessários e importantes).

Sei que me consideram mais forte do que sou. Tenho minha culpa, esforço-me para parecer assim. Sou, porém, como um castelo de areia que se desmancha facilmente no ar.

Não vislumbro futuro porque briguei com o tempo. Não valorizo o passado porque o reconheço imperfeito. Não vivencio o presente porque o renego.

Está vendo? Em todo lugar ele está, o tempo.

Como eu queria que chegassem até aqui, até este trecho do texto. Receio, porém, que terão parado bem antes pensando “o que isto me importa?”. Talvez porque não tenham um pouco de... tempo (eis ele novamente assombrando) para oferecer. Sei bem disso, tenho experimentado esta rusga de egoísmo ultimamente, a dos que não conseguem dispor de um leve sopro de tempo para oferecer a alguém.

Tempo, tempo, tempo, tempo...

O tempo não para, cantou o poeta. “Dá para parar o tempo?”, perguntou-me hoje um amigo. O que fazer do tempo, eis a questão. Sei que dirão “depende só de você”, mas não é bem assim. “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar...” Sábias palavras entoadas por mestre Paulinho, o da Viola.

Ficamos então assim: eu assombrado pelo tempo, esperando de alguém um pouco de tempo para falar do tempo.

Tempo, tempo, tempo, tempo...

segunda-feira, 26 de março de 2012 | | 0 comentários

Situação da Imprensa 2012 - novo relatório

Os dispositivos móveis desempenham um papel cada vez mais importante no consumo de notícias, enquanto o Twitter e o Facebook são pouco utilizados para tal, segundo o relatório Situação da Imprensa 2012, publicado no dia 19 de março pelo Projeto pela Excelência no Jornalismo do Centro de Pesquisas Pew. O estudo concluiu que as redes sociais são fontes de informação complementares, não substitutas, destacando, ainda, a importância dos agregadores no consumo de notícias.

Segundo o estudo, mais de um quarto (27%) dos americanos se informa por meio de dispositivos móveis, sendo que 44% dos adultos possuem um smartphone e aproximadamente 20%, um tablet. O volume de notícias consumidas pelas americanos parece estar aumentando, indica o relatório.


No entanto, o crescimento da audiência online não está compensando a queda na circulação dos veículos impressos, visto que, "em 2011, as perdas com publicidade superaram os ganhos com o digital", de acordo com o relatório. "Em suma, a indústria das notícias não está mais perto de um novo modelo de faturamento do que estava há um ano e perdeu mais terreno para os rivais na indústria tecnológica. Porém, cada vez mais evidências sugerem que as notícias estão se tornando uma parte importante da vida das pessoas. Isso, no fim das contas, poderá garantir o futuro do jornalismo".


Entre outras conclusões e tendências apontadas pelo estudo estão:


- Os dispositivos móveis aumentaram em 9% o tráfego nos sites de grandes jornais.


- 54% dos americanos usam ativamente o Facebook, passando 14 vezes mais tempo na rede social do que em grande sites de notícias a cada mês.


- Apenas 9% dos consumidores de notícias digitais dizem que "muito frequentemente" se informam por links postados no Facebook e no Twitter, enquanto 36% disseram ir diretamente aos sites de notícias. Já 32% usam serviços de busca e 29% frequentemente se informam por meio de agregadores.


- Pela primeira vez em uma década, a audiência da TV cresceu: o aumento foi de 4,5%.


- Mais 100 jornais deverão lançar sistemas de cobrança pelo acesso ao conteúdo digital, os chamados "paywalls", nos próximos meses, juntando-se ao cerca de 150 que já cobram pelas notícias online.


Fonte: Summer Harlow/AP, "Importância dos dispositivos móveis no consumo de notícias é cada vez maior, diz estudo", Blog Jornalismo nas Américas (Knight Center for Journalism in the Americas). 

domingo, 25 de março de 2012 | | 0 comentários

Frase

"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade."
Friedrich Nietzsche, filósofo

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Amo muito tudo isso! (2)

Emprestei o slogan (será que é permitido? Bem, este blog não tem finalidade comercial...) de uma conhecida rede de comida rápida para mostrar uma outra delícia:

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Vale a pena ler

Duas reportagens publicadas neste domingo (25/3) pela "Folha de S. Paulo" merecem uma leitura (em tempo: pela Internet, é preciso ter senha do jornal ou do UOL):

*
Os quatro pilares da imprensa livre - "Em manifesto de 1939 que só veio a ser publicado na semana passada, o escritor francês propõe a discussão sobre liberdade de imprensa em termos individuais e formula os quatro recursos de que o jornalista deve lançar mão para manter-se livre, mesmo sob censura: a lucidez, a recusa, a ironia e a obstinação."

Um trecho:
"É a isso que um jornalista livre deve dedicar a sua atenção. Pois, se ele não pode dizer o que pensa, pode não dizer o que não pensa ou o que acredita ser falso. E é assim que se mede um jornal livre: tanto pelo que diz como pelo que não diz".

Fonte:
Albert Camus, com tradução de Paulo Werneck, "Folha de S. Paulo", Ilustríssima, 25/3/12, p. 3.

*
Política no fim do mundo - "Livro bíblico do Apocalipse reflete brigas internas entre seguidores de Jesus de origem judaica e os de origem pagã, afirma pesquisadora americana."

Um trecho: "(Elaine) Pagels expõe em detalhes sua interpretação sobre a obra que encerra a Bíblia em "Revelations" (trocadilho com "Revelation", nome mais usado para o Apocalipse em inglês). O livro da pesquisadora da Universidade de Princeton acaba de ser lançado nos Estados Unidos".


Fonte:
Reinaldo José Lopes, "Folha de S. Paulo", Ciência, 25/3/12.

sexta-feira, 23 de março de 2012 | | 0 comentários

Homenagem póstuma

Chico Anysio se foi. Deixa exemplos (como profissional e ser humano), saudade e centenas de personagens que são mostras de seu enorme talento.

A homenagem deste blog está na postagem
"Genial e emocionante", publicada aqui em 4 de janeiro de 2010.

Valeu Chico!

quarta-feira, 21 de março de 2012 | | 0 comentários

Reflexões

Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.
(Dom Quixote, personagem que dá título a uma obra de Miguel de Cervantes)

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Frase

“Cabe à imprensa provar em sua própria carne que abrir-se à crítica não é prova de vulnerabilidade, mas de amadurecimento. O que prejudica é o silêncio.”
Alberto Dines, jornalista, em sua primeira coluna "Jornal dos Jornais", publicada na “Folha de S. Paulo” entre 1975 e 77 (em tempo: a frase foi reproduzida pela ombudsman da “Folha”, Suzana Singer, em sua coluna no domingo, 18/3)

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Flagrante italiano 20

Arte nas vitrinas de Milão:



segunda-feira, 19 de março de 2012 | | 0 comentários

Estranho mundo novo

A informação é hoje um bem precioso, e milhares de pessoas se matam para obter uma, por pequena que seja, não importa sobre o quê.

É preciso ser bem informado, e para isso é preciso uma especial competência: um homem bem informado é um homem poderoso, pois com boas informações se consegue qualquer coisa.

Se for sobre o mercado de capitais, alguns podem ficar ricos ou, para usar uma expressão mais moderna, dar uma tacada que vai garantir toda a sua descendência.

Uma boa informação tem de vir de alguém que está "por dentro" da intimidade dos negócios, da amizade com políticos; pode também vir da amiga da mulher do governador ou da manicure da mulher do juiz, pois quem souber da novidade antes de ela se tornar pública vai poder ligar para dez amigos importantes e contar, para que eles saibam que você já sabia.

Para isso talvez seja preciso ser amigo também do segurança do Congresso, e com tantas e tão ecléticas amizades, não vai ter tempo, jamais, para ir a um cinema ou namorar. E daí?

Pense um pouco: algum poderoso vai contar a você, que não é ninguém, se a taxa de juros vai subir ou descer? Pois é exatamente aí que entram eles, os que têm a capacidade de captar os sinais da mensagem, como se fosse um código.

Para obter a informação, é preciso dar algo em troca, seja lá o que for. É um negócio - como quase tudo na vida.

Para um político tímido e solitário, pode ser companhia; para quem quer ascender socialmente, conhecer as pessoas certas; para certos homens, ser apresentado às gatas. Não, nada de prostituição: bem pior. É, por exemplo, apresentar jovens aspirantes a modelo e, num clima de muito charme, levantar a bola do amigo, levar para jantar, dar muita risada. Isso hoje em dia é profissão.

Cada vez se entende menos o mundo. Houve um tempo em que trabalho era trabalho. Havia hora para começar, para terminar, e todo mundo sabia o que estava fazendo. O carpinteiro tinha seu martelo, seu serrote, seus pregos, quando o serviço estava pronto, entregava e recebia seu dinheiro. Ou era sapateiro, ou costureira, ou médico, ou tinha uma loja.

Era fácil de entender. Hoje, é nos jantares e nas grandes festas que são feitos os negócios.
Mas às vezes é preciso tirar férias de tanta modernidade e ir para um lugar onde a informação não chegue ou, se chegar, não faça quase nenhum sentido.

Um lugar onde não haja carros, nem televisão, onde não existam cinemas, os jornais não cheguem nem existam celulares, nem internet.

Se quiser radicalizar, vá para uma casa no mato, sem conforto, eletricidade, ar-condicionado; um lugar onde as informações cheguem por um vizinho que apareça de manhã, sente na varanda, tome um café - talvez uma cachacinha-, olhe para o céu e diga que acha que vai chover; não soube pelo serviço de meteorologia, mas porque as galinhas acordaram alvoroçadas e o vento está abafado. Dizem que isso ainda existe.

Mas um dia pode dar vontade de voltar, e aí o problema vai ser se inserir de novo no mundo e ver o quanto é importante saber, em primeira mão, se a atriz da novela está ou não grávida.

Em primeira mão significa 30 minutos antes dos outros - e talvez não mais do que 15 depois dela.

O mundo anda mesmo estranho.

Fonte: Danuza Leão, “O mais importante”, Folha de S. Paulo, Cotidiano, 18/3/12, p. 2.

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Lembranças do Playcenter...

Quem tem mais de 25 anos de idade certamente viveu, ano após ano, a expectativa das famosas excursões para o Playcenter. O então principal parque de diversões do país, localizado na beira da marginal Tietê na região da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, atraía multidões nas décadas de 70, 80 e meados de 90.

Nós, jovens estudantes, passávamos o ano sonhando com o dia da excursão – que dependia sempre da boa vontade de um professor em organizar a viagem (ou seja, ver o custo do fretamento de um ônibus, comprometer-se com isso, cobrar os alunos e depois servir de monitor). Não era tarefa fácil, afinal o tal professor teria a responsabilidade de cuidar de um grupo de 50 adolescentes...

Isso acontecia sempre uma vez por ano, normalmente no segundo semestre (porque a excursão era condicionada ao comportamento da turma). E era preciso autorização por escrito dos pais ou responsáveis.

Os mais afortunados ainda podiam desfrutar de viagens ocasionais ao parque, uma vez por ano ou em alguns anos. Eu, quando pequeno, vez ou outra ganhava – junto com meu irmão – uma ida ao Playcenter. Era sempre um motivo de festa! Aquele parque cheio de brinquedos diferentes parecia na época tão gigantesco, muito maior do que efetivamente era.

Recordo-me das filas enormes na Montanha Encantada, uma atração de barquinhos e bonecos em movimento da qual gostava muito. Também lembro do teleférico que cruzava o parque – íamos sempre minha mãe e eu num carrinho e meu pai e meu irmão em outro. E ainda do show de ursos mecânicos que me encantava, certamente um avanço para a época (todos os anos era a mesma história, a mesma música, mas eu me divertia, principalmente quando um dos ursos dava uma “porrada” – um tapinha, na verdade – num outro urso ou num papagaio, não me recordo, que sempre aparecia para amolar).

A cada ano, novas atrações eram anunciadas e despertavam a curiosidade de todos. Eva, a mulher gigante; Shamu, a Orca Assassina; o Splash, a montanha-russa que dava looping, as Noites do Terror... As duas primeiras não vi (e fiquei muito frustrado). Era novo demais para acompanhar as excursões da escola e, como disse, as idas com meus pais eram esporádicas - custava um pouco caro para uma família ir ao Playcenter (de modo que as vezes em que isto acontecia era sempre uma ocasião especial).

Quando a viagem era marcada, sonhávamos durante dias, combinávamos aventuras com os amigos, montávamos grupos para ir aos brinquedos, planejávamos quantas vezes iríamos em cada atração... Conheci gente que passou a vida sonhando com uma ida ao Playcenter. Acompanhei uma dessas pessoas, uma antiga paquera.

A última vez em que estive lá foi em 1997 ou 98. Acompanhava meu sobrinho em sua primeira ida ao parque, ainda pequeno. Tinha cinco ou seis anos, prometeu não chorar no trem fantasma e saiu de lá quase aos berros, acompanhado da mãe. Naquele momento, o Playcenter já não era o mesmo. Não que estivesse em crise, eu é que tinha crescido. Virei adulto e o parque perdeu o encanto da infância.

Lembrei-me de tudo isso ao ler hoje a notícia de que o Playcenter vai fechar a partir de 29 de julho próximo. Terá encerrado um ciclo de quatro décadas divertindo crianças, jovens e adultos, fazendo-as sonhar e sorrir. Dará lugar a um novo parque com foco no público infantil (mais detalhes aqui).
 
Não sei exatamente quais motivos levaram à decisão de fechar o Playcenter. É sabido que o parque enfrentou uma crise financeira e até de identidade anos atrás. Viu nascer em novembro de 1999 um forte concorrente bem perto, o Hopi Hari, em Vinhedo (a 72 quilômetros da capital) – que tomou-lhe o lugar de principal parque de diversões do país.

Seja como for, para quem tem mais de 25 anos de idade, o Playcenter deixará saudade. Muitos sonhos, muita aventura e diversão (e, em certos casos, muitos beijos de adolescente) foram vividos ali. Não há quem não tenha uma história para contar.

Um amigo costuma dizer que amizade tem começo e fim. Discordo radicalmente dele, mas no caso do Playcenter, a história foi mesmo assim.

quinta-feira, 15 de março de 2012 | | 0 comentários

Flagrante italiano 19

Para quem precisa comprar um conjunto de talheres de presente de casamento, eis duas opções (elas estão disponíveis em um dos museus do Castelo Sforzesco, em Milão, Itália): 



quarta-feira, 14 de março de 2012 | | 0 comentários

"Recomeçar"

Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,

Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

(Miguel Torga, pseudônimo de Adolfo Correia da Rocha)

terça-feira, 13 de março de 2012 | | 0 comentários

Frase

“A vontade da maior parte dos cidadãos é, por certo, um elemento importante da democracia, mas não é absoluto nem incondicional. Um país só é democrático quando defende suas minorias da tirania das massas.”
Hélio Schwartsman, filósofo, em sua coluna na “Folha de S. Paulo” no último dia 11/3 (para ler a íntegra, clique aqui – é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

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Mazzaropi - 100 anos: um caipira-empreendedor

No último dia 6, estive em Taubaté, no Vale do Paraíba, para gravar uma reportagem no Museu Mazzaropi. Ele fica junto do Hotel Fazenda Mazzaropi, na mesma área comprada por Amácio Mazzaropi em 1968 para construir os novos pavilhões da PAM, sua produtora cinematográfica.


O passeio valeu a pena! Logo na entrada do museu, há uma série de equipamentos antigos usados nas produções de Mazzaropi, muitos deles ainda carregando o emblema da Vera Cruz (a principal companhia de cinema brasileira nos anos 1950). Parte do material da Vera Cruz foi primeiro alugada e depois comprada por Mazzaropi para a PAM.



Depois, o visitante mergulha num verdadeiro túnel do tempo. Painéis com textos, fotos e vídeos contam a trajetória do homem que ficou conhecido como caipira, mas foi na verdade um grande empreendedor. Criou uma indústria de cinema "na marra" numa época em que tudo era artesanal e "amador" comparado ao profissionalismo de hoje.





Também estão lá os cartazes dos filmes e o estúdio original usado por Mazzaropi (atualmente, ele é o centro de convenções do hotel - comprado por uma família de Taubaté e mantenedor do museu).



Um dos locais mais interessantes - e emocionantes - de conhecer é a chamada Casa do Jeca. Trata-se da única estrutura original daquela área, um verdadeiro pasto há 40 anos, quando foi comprada por Mazzaropi. A Casa do Jeca acabou servindo de cenário para muitos filmes. É uma edificação simples, de tijolinhos, sem qualquer tipo de revestimento. São três minúsculos cômodos, sala, cozinha (com forno a lenha) e quarto, onde só cabe mesmo uma cama.






O hotel fazenda foi considerado o melhor do país durante quatro anos seguidos pela revista "Viagem & Turismo". Vale uma visita de final de semana para aproveitar toda a natureza e a bela infraestrutura de lazer, além de viver a emoção de estar num local histórico para o cinema brasileiro.
 



Em tempo: o lugar começou a ser usado por Mazzaropi a partir de 1975. O "caipira-empreendedor" produziu filmes até 1980 - ele atuou em 32 produções em toda sua carreira. Mazzaropi morreu um ano depois vítima de leucemia.

Em 2012, no dia 9 de abril próximo, será comemorado o centenário de nascimento deste grande artista - que, tivesse nascido nos Estados Unidos, teria uma estátua em cada cidade, mas como o Brasil não costuma valorizar sua história e sua memória...


Mais informações podem ser obtidas no
site do hotel.

PS: a série de reportagens que eu gravei lá será exibida a partir do dia 9 de abril no programa "A Hora Informação Verdade" (TV Jornal, segunda a sexta, 17h30-19h30).

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Constatação

Muitas vezes um bate-papo serve como um remédio (se não para o corpo, para a alma).

Valeu Danilão!


(Bom saber que ainda há pessoas com sentimentos e humanidade.)

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Pensando alto

Estou com medo, admito.

Não sei o que vai restar de mim, das relações pessoais e profissionais, após este março cruel.

Estou em cacos e não sei como – e se – será possível reconstruir-me.

Esta resposta, porém, só o tempo dará.

segunda-feira, 12 de março de 2012 | | 0 comentários

Teimosia de Félix pode custar caro a Limeira

O prefeito cassado Silvio Félix (PDT) pode ter dado, com sua teimosia e autossuficiência, um baita prejuízo para o município de Limeira.

Ele firmou em fevereiro de 2009 um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) – uma espécie de acordo – com o Ministério Público visando a abertura de uma via de acesso a um condomínio fechado irregularmente nas margens da Rodovia Limeira/Piracicaba (SP-147). Com isso, evitou uma ação judicial do MP contra a prefeitura.

Acontece que, após assinar o TAC, Félix recuou. Decidiu manter a via fechada. O tempo passou e o prazo acertado com o MP para a reabertura do local - 29 de julho de 2009 - não foi obedecido. Deste modo, a Promotoria fez seu dever de ofício e executou o acordo judicialmente.

Naturalmente, a prefeitura perdeu. Afinal, o prefeito de então não cumpriu um acordo que ele mesmo assinara. O município recorreu tentando embargar a execução. Perdeu em primeira instância, conforme sentença assinada no último dia 1° pelo juiz da Vara da Fazenda Pública, Adilson Araki Ribeiro.

Portanto, o município de Limeira está obrigado a pagar multa diária de R$ 1 mil por descumprimento do acordo desde o fim do prazo firmado no TAC. Contando até hoje, esta conta já se aproxima de R$ 1 milhão (sem correção) - o valor citado na ação de execução pelo MP é de R$ 384 mil (mais detalhes aqui).

Ainda cabe recurso, naturalmente.

Uma pergunta, porém, torna-se inevitável: quando o caso transitar em julgado (ou seja, quando não houver mais chance de recursos), se confirmada a decisão de primeira instância de executar o acordo mediante o pagamento de multa, Félix será cobrado pelo município pelo prejuízo que causou?

Ou a conta sobrará mesmo para os cidadãos-contribuintes?

A decisão de cobrar Félix (em caso de derrota do município, frise-se) caberá ao prefeito da ocasião.

Em tempo: no embargo à execução, a prefeitura alegou que “não desobstruiu a avenida Francisco de Munno, tendo em vista que o local é de preservação permanente, trazendo regulamentos dos órgãos reguladores. Por isto, entende que o município tem a obrigação de zelar pelo meio ambiente”.

O juiz, porém, não acatou a manifestação do município. Segundo ele, “as alegações para não ter cumprido o Termo de Ajustamento são infundadas porque a área é de preservação permanente e pode ser desobstruída”. Conforme a sentença, a Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) “reconhece que o local, a despeito de área de preservação permanente pela existência de riacho, há muito sofreu por impermeabilização decorrente da construção da rodovia Limeira-Piracicaba”.

Ribeiro aponta que Félix cometeu dupla ilegalidade: “uma por omissão em ter permitido a obstrução da via pública; a outra em ter firmado TAC e descumprido sem justificativa”. “A obrigação assumida de modo voluntário pelo município por intermédio do ex-prefeito Silvio Félix poderia ter sido cumprida”, escreve o juiz.

Para ler a íntegra da decisão, clique aqui.

PS: apenas por curiosidade, a sentença – número 393/2012 – foi registrada no último dia 2 no livro nº 541, folhas 164/167.

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Cai mais um

O Brasil está realmente mudando - aos poucos, mas está.

Acabou nesta segunda-feira o reinado de
Ricardo Teixeira à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 

Já vai tarde!

domingo, 11 de março de 2012 | | 0 comentários

Obstáculos - egoísmo e entrega

Enfrentar dificuldades decididamente não é fácil, principalmente quando se sabe não haver saída – ou praticamente isto.

São estes momentos, porém, que nos ensinam verdadeiras e importantes lições. Duas delas, intimamente ligadas:

1) infelizmente, o mundo está cada vez mais egoísta e individualista;

2) apesar disso, nestas horas a gente descobre ombros amigos e palavras acolhedoras e reconfortantes. Gestos simples e pequenos (como uma mensagem pelo celular), mas de grande valor e importância.

Por isso, agradeço IMENSAMENTE às pessoas que estiveram ao meu lado neste final de semana. Estas pessoas sabem quem são e não preciso mencionar nomes aqui. Elas são especiais e inesquecíveis!

Muito obrigado!

A luta continua.

Life will go on.

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Frase

"Pode soar duro, mas é impossível fazer jornalismo sem algum potencial ofensivo."
Suzana Singer, ombudsman da "Folha de S. Paulo", em sua coluna deste domingo (11/3)

sábado, 10 de março de 2012 | | 1 comentários

Perguntinha

Alguém sabe por acaso onde vende um pouco de alegria?

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Rumo ao vale do Paraíba

Passando por Bom Jesus dos Perdões (senti que esta igreja ficou me chamando o tempo todo, mas não deu tempo de ir até ela)...:



... e pelas represas do Atibainha e do Jaguari:






quarta-feira, 7 de março de 2012 | | 0 comentários

Desabafo

Eu andava acabrunhado e só
Perdido e sem lugar
Feito um galho seco
Arrastado pelo temporal
(“Galho Seco”, de Zé Geraldo)

Às vezes esquecemos que somos a prova empírica das nossas próprias teorias.

Por que, afinal, a vida nos deixa sem amparo justamente quando estamos desolados, destruídos, machucados?

Por que não encontramos ninguém quando mais precisamos? Por que a procura é em vão?

Por que faltam mãos, ombros e sorrisos quando tudo parece escuridão, silêncio e vazio?

Por que só ouvimos o nada quando precisamos de uma palavra?

Estou a pouco mais de 20 dias de uma aventura e agora me sinto sem coragem para enfrentá-la, sem vontade até, talvez...

Perdido num vale de tristezas. À beira de um precipício de incertezas. Mergulhado num rio de ilusões.

Tão perto e tão longe. De tudo e de todos.

Neste momento sobrevivendo. Simplesmente isto.

Tão somente assim.

E não encontro nada, e não ouço nada, e não vejo ninguém.

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"Nocauteando a liberdade"

Até ler o artigo do deputado José Mentor (PT-SP) ontem na Folha, MMA, para mim, não passava de uma sigla para Ministério do Meio Ambiente. Foi com surpresa, portanto, que descobri que as Mixed Martial Arts, os combates de vale-tudo, fazem um baita sucesso na TV.

O que me deixou estarrecido, porém, foi perceber que o parlamentar pretende proibir a transmissão dessas e de outras lutas pela TV. Se dois adultos no gozo de suas faculdades mentais decidem voluntariamente espancar-se até um deles ser nocauteado e se há gente disposta a pagar para assistir isso, esse não é um problema que diga respeito ao Estado.

A justificativa apresentada por Mentor no projeto de lei nº 5.534/09, de que é preciso resguardar "crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos" de assistir a "cenas violentas explícitas", é complicada. O peso da TV e de outros elementos midiáticos na formação de indivíduos violentos ainda é debatido com acrimônia por psicólogos, especialmente os que estudam crianças. Minha impressão, contudo, é que a maré está virando. Estamos passando do virtual consenso de que a TV inexoravelmente deixava todo mundo maluco para a suspeita fundamentada de que a mente humana é mais complexa e a mídia desempenha papel bem menos decisivo do que se suspeitava.

Como observa Steven Pinker em seu mais recente livro, os filmes de Hollywood estão mais sangrentos do que nunca, pornografia ilimitada está a apenas um clique de distância e surgiu um novo e enorme mercado de games extremamente cruéis. Apesar de toda essa "decadência", a violência na vida real diminui de forma consistente em todo o mundo.

Pinker vai além e sugere que o desejo por entretenimento com temáticas violentas é um universal humano. Os que não gostamos de MMA apenas usamos outros produtos, como sagas homéricas, dramas shakespearianos, contos de fadas ou histórias bíblicas. Mentor vai censurar isso tudo?

Fonte: Hélio Schwartsman, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 6/3/12, p. 2

segunda-feira, 5 de março de 2012 | | 0 comentários

"E agora, José?"

Belo texto de Carlos Drummond de Andrade na voz de Paulo Diniz:

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Constatação

É triste saber que uma luzinha vai aos poucos se apagando...

Esta é a lei da vida.

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"Proibir o MMA na televisão"

Um projeto de lei que propus em 2009, proibindo a cobertura de MMA (em inglês, artes marciais mistas), o "vale-tudo", pelas TVs, tem gerado polêmica, ainda mais após a realização, no Brasil, do UFC, principal campeonato da luta, e de sua transmissão pela maior rede de TV do país.

Nosso objetivo é proibir o televisionamento de lutas agressivas e brutais que banalizam e propagandeiam a violência pela violência, sem qualquer outra mensagem, pela TV, que é uma concessão estatal.

Basta assistir a um único embate para ver a brutalidade e a contundência dos golpes, desde pontapés e joelhadas na cabeça até cotoveladas no rosto, chaves de braço e "mata-leões" (chaves no pescoço).

Em dezembro, o brasileiro Rodrigo Minotauro quebrou o braço e teve de passar por cirurgia para colocar 16 pinos metálicos. Em outra apresentação recente, bastaram alguns segundos para o "vencedor" derrotar o adversário com dois únicos golpes. Há cenas de sangue jorrando longe após cotoveladas na boca e no nariz do oponente -que caiu, tremendo e com espasmos. E a luta continua!

O MMA nada tem a ver com as lutas de judô, taekwondo ou boxe, modalidades com regras previstas em competições olímpicas ou mesmo profissionais. Nem com o karatê, a capoeira ou o jiu-jítsu, destinados à defesa pessoal, ao autocontrole e ao treinamento físico dos atletas. São lutas em que, mesmo nas competições, a integridade física é preservada.

Éder Jofre, bicampeão mundial de boxe, é um dos veementes opositores ao MMA, que tem pouco de esporte e muito de "briga de rua", onde vale tudo.

No Brasil, rinhas de galo e de canário são proibidas legalmente. Há cidades, como São Paulo, por exemplo, que não permitem rodeios, porque ferem e machucam animais. Mas lutar MMA que maltrata, fere, machuca, lesiona, sangra o ser humano, pode! Rinha humana pode!

Em Nova York, desde 1997 são proibidas competições e outras atividades do MMA. Na França, elas também já foram proibidas. No Canadá, em 2010, a associação médica concluiu que o MMA provoca traumas e lesões que podem estar presentes pelo resto da vida do lutador.

A entidade sugeriu que o esporte seja banido do Canadá, que é o segundo maior mercado do UFC no mundo. No Brasil, médicos e pesquisadores têm se manifestado contra a prática, apontando riscos tanto de lesões, algumas permanentes, como de morte.

Ainda não há levantamentos oficiais de quantos praticantes de MMA morreram. Mas pelo menos três casos ficaram famosos, em apenas 13 anos da luta: o primeiro em 1998, na Ucrânia, e outros dois nos Estados Unidos (2007 e 2010).

A veiculação das imagens dessas lutas pode incitar ainda mais a violência. São cenas que despertam instintos raivosos, maldosos. O UFC está avaliado em mais de US$ 1 bilhão e se tornou um fenômeno de mídia, recorde de vendas de pay-per-view. São poucos ganhando muito com o sangue, com a desumanidade e com o destempero alheios.

Na Roma antiga, os gladiadores, escravizados, lutavam entre si até a morte. O jornalista esportivo Milton Neves, referindo-se ao MMA do Brasil, pergunta: "Os gladiadores de Roma voltaram?" Galvão Bueno, nas chamadas da TV Globo, alardeia "os gladiadores do século 21".

Esta Folha, em editorial de 19 de dezembro, sinalizou a necessidade de regulação para as transmissões de MMA: "é o século 21 naquilo que tem de mais primitivo e troglodita".

O projeto de lei 5.534/2009 está agora na Comissão de Ciência da Câmara, já tendo passado pela de Desporto. Depois vai para a de Constituição e Justiça, podendo chegar ao Plenário, se houver recurso.

O debate é se o MMA é o tipo de atividade que queremos para formar, qualificar, graduar ou promover os valores esportivos e civilizatórios do cidadão brasileiro. É essa a discussão que devemos travar.

Fonte:
José Mentor, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 5/3/12, p. 3.

* Mentor é deputado federal pelo PT-SP

domingo, 4 de março de 2012 | | 0 comentários

As contribuições do dr. Raul

Raul Nilsen Filho (PMDB), mais conhecido como dr. Raul, exerceu papel essencial no processo de cassação do então prefeito afastado, Silvio Félix (PDT). Como presidente interino da Câmara, garantiu – ora com sua aparente ausência (dando autonomia à comissão processante, por exemplo), ora com sua presença e decisões firmes – a lisura de todo o processo.

Mais: abriu (ou escancarou) as portas da chamada Casa de Leis ao povo. Não por oportunismo, registre-se. Por convicção. Quem acompanha as sessões ordinárias do Legislativo sabe bem disso.

Dr. Raul foi essencial não só por esses aspectos. Nos bastidores, colaborou decisivamente na articulação – legítima, registre-se – em busca dos dez votos necessários para a cassação de Félix, de quem se tornou ferrenho opositor (e isto será alvo de uma outra postagem).

O peemedebista foi além. Confirmou em plenário, na sessão derradeira do julgamento de Félix, a coragem e a transparência necessárias para um homem público e comandante de um dos três poderes da República na esfera municipal. Dr. Raul não cedeu à pressão que vinha sofrendo nos bastidores e que culminou, conforme queixa formalizada junto ao Ministério Público, em uma tentativa de extorsão.

Ao tornar pública a provável ação criminosa que visava intimidá-lo para que mudasse sua posição e votasse a favor de Félix, dr. Raul serviu de exemplo para muitas pessoas que penam com atitudes nada republicanas dos poderosos de plantão e seus asseclas. Ao bradar o famoso “Aqui não, jacaré!”, frase que se tornou símbolo da resistência ao jogo sujo dos bastidores da política, o presidente da Câmara talvez não imaginasse o alcance de sua voz. Foi, para muitos, um grito de liberdade. A “cereja do bolo” da necessária faxina da qual a política limeirense vem sendo alvo.

Em tempo: o peemedebista não hesitou, quando questionado por mim na transmissão da TV Jornal, em mencionar o nome de quem estava tentando possivelmente extorqui-lo.

Dr. Raul, porém, não parou aí. Teve a coragem de colocar o dedo numa ferida limeirense (e acredito que não só limeirense): o jogo sujo de alguns figurões da imprensa. Ao criticar os “jabazeiros”, sempre ligados ao poder (seja quem for o poderoso da ocasião), e aqueles que usam dos veículos de comunicação para nutrir vaidades e egos e encher os bolsos de modo desonesto, expôs um problema real: o do mau jornalismo – alguém há de negar?

Sem querer, talvez, deu uma importante contribuição para: 1) trazer à luz uma realidade restrita ao conhecimento das pessoas do meio; 2) ajudar a separar o “jogo do trigo” na imprensa (como já citado neste blog); e 3) colocar a atividade numa espécie de “banco dos réus”, oportuno neste momento decisivo, ainda que sem citar nomes (mas, como diz o ditado, quem não deve, não teme...).