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terça-feira, 16 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Imprensa: inovação e qualidade

O jornalismo terá futuro se conciliar as novas tecnologias com os fundamentos da atividade - a informação que tenha credibilidade, contexto e análise. Melhor ainda se for exclusiva. É este o mínimo múltiplo comum de um debate sobre o futuro do jornalismo, realizado ontem na 68ª Assembleia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), em São Paulo.

O evento reuniu representantes dos principais jornais e revistas do país, entre eles Sérgio Dávila, editor-executivo da “Folha”, Ricardo Gandour, diretor de conteúdo de "O Estado de S. Paulo", Ascânio Seleme, diretor de Redação de "O Globo", e Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista "Veja".

O debate é uma inovação dentro da assembleia da SIP. Foi uma atividade gratuita, voltada para estudantes e profissionais, chamada "Domingão da SIP".

Ao responder se o jornalista terá de ser multimídia, Dávila afirmou que sim, mas fez uma ressalva: "Nada disso adianta se o repórter não tiver o desejo de ter a informação exclusiva. É como uma Ferrari sem gasolina".

Dávila disse que jornalistas convivem com guinadas tecnológicas desde o século 19, com a invenção do telégrafo, que levou os textos a se tornarem mais concisos.

Hoje, o cruzamento de jornalismo e tecnologia provoca uma multiplicação de plataformas - site, tablets e celulares. "Os jornalistas sempre tiveram de ser generalistas, também em tecnologia."

Gandour defendeu que jornais "têm de incorporar novas narrativas, mas manter o objetivo essencial do jornalismo", que é a informação de credibilidade, segundo ele.

Seleme falou sobre jornalismo sem papel. "O jornalismo de qualidade vai sobreviver mesmo após o papel". Isso ocorrerá, diz, porque "pessoas e corporações precisam de notícia de qualidade".

Alcântara tratou da ética jornalística no futuro. Ele descreveu a internet como "um mundo selvagem, sem lei", no qual o jornalismo precisa marcar presença.

Fonte: Folha de S. Paulo, “Jornalismo tem de aliar inovação e qualidade”, Poder, 15/10/12 (reportagem sem assinatura de autor).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Imprensa: "futuro ainda incerto"

O presidente do jornal espanhol "El País", Juan Luis Cebrián, afirmou ontem estar "perseguindo há dez anos" a solução para o modelo sustentável do jornalismo no futuro diante das mudanças tecnológicas, mas que ainda não encontrou a saída.

"Ninguém tem a resposta, ninguém conseguiu imigrar [para a internet de modo satisfatório]", disse ele, ao abrir o segundo dia da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em São Paulo.

Segundo Cebrián, o corte de um terço da redação do jornal espanhol, anunciado nos últimos dias, se deve às "consequências duplas da crise econômica e da mudança tecnológica".

Ele destacou que os principais jornais do país tiveram "perdas de mais de 60% em publicidade" entre 2007, antes do início da crise, e 2012. E que o problema se estende a "todo o setor na Europa".

A queda na rentabilidade levou o jornal espanhol a mudanças, como eliminar cadernos regionais e integrar redações, que "implicam redução dos efetivos humanos". A meta é "um jornal global", o que seria "importante para ampliar o tráfego" e, potencialmente, a publicidade on-line.

A América Latina, que já responde por 31% da audiência contra 53% da Espanha, ganhará mais atenção.

Cebrián questiona o modelo de "paywall" (muro de pagamento) poroso, adotado com êxito nas versões digitais de "Financial Times", "New York Times" e Folha, argumentando que "El País" chegou a cobrar pelo acesso nos anos 90, mas desistiu quando o tráfego dos concorrentes passou à frente.

Também presidente-executivo do grupo Prisa, que controla o jornal, Cebrián disse que a editora Moderna, comprada há 11 anos e sediada no Brasil, responde por 9% da receita da corporação, superando a fatia do "El País".

Rosental Calmon Alves, do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, do Texas, defendeu que, a exemplo do "El País" no mercado livreiro, as organizações jornalísticas diversifiquem investimentos. O debate foi mediado por Fernando Rodrigues, da Folha.

Fonte: Folha de S. Paulo, “Ainda não há resposta para o futuro do jornalismo”, Poder, 14/10/12 (reportagem sem assinatura de autor).

sábado, 13 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Imprensa: privacidade, excessos e censura

A 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) começou ontem, em São Paulo, com um debate sobre o conflito entre o direito de informar e o direito à privacidade.

A atriz Regina Duarte abriu o seminário perguntando se é possível que fotógrafos, publicações e celebridades cheguem a um "comum acordo", para evitar excessos.

Afirmou seu "apoio total e incondicional à mais plena liberdade de imprensa", mas também relatou episódios em que sua vida privada foi invadida, por exemplo, com fotos ao lado de netos na praia.

"É aceitável que se ganhe dinheiro expondo a privacidade?", questionou, vendo "evidente falta de ética" e risco ao próprio jornalismo.

Insistiu, porém, ser contrária a qualquer tipo de censura, citando a presidente Dilma Rousseff, "que já disse que o melhor controle da mídia é o controle remoto", ou seja, os consumidores.

Taís Gasparian, advogada da Folha, ressaltou que "o mais importante, quando se fala no conflito entre liberdade de imprensa e direito à privacidade", é o reconhecimento hoje predominante de que a responsabilidade sobre o que é publicado deve ser julgada "posteriormente", evitando dessa forma a censura.

Já é assim no ordenamento jurídico na Europa, nas Américas e no Brasil, relatou Gasparian, acrescentando que as tentativas de censura prévia ainda existentes no país tendem a refluir.

Edgardo Martolio, superintendente editorial da revista de celebridades "Caras", afirmou que não estava no seminário "para defender toda e qualquer invasão de privacidade" - e sublinhou que hoje, "na maioria das vezes, o interesse dos famosos e o das publicações coincidem".

Afirmou também ter aprendido, em mais de 40 anos na área, que "os artistas são amados", principalmente no Brasil, "e temos de mostrar o lado bom deles". Já "com os políticos é diferente".

Também no evento, Ellyn Angelotti, do Instituto Poynter, escola de jornalismo da Flórida, nos EUA, levantou questões relativas ao direito de privacidade no ambiente digital, onde "o público se tornou o editor" e "a verdade pode ser algumas vezes distorcida". Ela defendeu para os jornalistas uma nova tarefa, de checar e autenticar o que surge on-line.

Fonte: Folha de São Paulo, "Evento de imprensa questiona excessos, mas recusa censura"Poder, 13/10/12 (reportagem sem assinatura de autor).

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