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domingo, 27 de abril de 2014 | | 0 comentários

Receita de bolo para os jornais

(...) Vive-se o paradoxo de ter que aprofundar assuntos para quem tem cada vez menos tempo para ler jornal. A saída, com certeza, não é picotar o noticiário e dar uma pincelada em uma miríade de temas.

O jornal precisa fazer uma curadoria dos fatos mais relevantes, mostrar ao leitor o que ele não vê nos posts dos amigos no Facebook. Agora que as notícias estão disponíveis como água na torneira, é questão de sobrevivência preocupar-se com contexto, análise, densidade, sempre no sentido de transformar o importante em interessante. Dar um salto de qualidade e de criatividade para adaptar-se aos novos tempos é o maior desafio da “Folha” e dos impressos em geral. (...)

Fonte: Suzana Singer, “#fui”, Folha de S. Paulo, Ombudsman, 27/4/14.

segunda-feira, 31 de março de 2014 | | 0 comentários

Jornalismo: como não destruir reputações

(...) é impossível criar regras fixas para determinar o que será publicado e o que irá para a gaveta. Uma boa apuração - reunir o maior número de informações, questionar o que vem da polícia e do Ministério Público, ouvir com atenção a versão dos acusados - ajuda muito, mas, no momento de decisão, ainda entra uma boa dose de intuição.

O importante é ter sempre em mente que, como bem definiu uma das acusadas na Escola Base, "o jornalismo tem o poder de glorificar e de massacrar". É a força da imprensa que constrói e destrói reputações, para o bem e para o mal.

Fonte: Suzana Singer, “Abuso sexual: erros e acertos”, Folha de S. Paulo, Ombudsman, 30/3/14.

domingo, 16 de fevereiro de 2014 | | 0 comentários

A morte de Santiago (1)

(...) Entendo quem enxerga espírito de corpo no noticiário inflamado dos últimos dias, mas, pelas circunstâncias, a morte de Santiago é diferente das anteriores. Ele foi a primeira vítima direta da violência dos "black blocs". As outras mortes registradas em protestos ocorreram por acidentes, como queda de viaduto e atropelamento.

É significativo também que Santiago estivesse ali a trabalho, exercendo o papel de informar o público. O exagero está em considerar a sua morte um atentado à liberdade de imprensa, como fizeram editoriais da “Folha” e do "Globo".

(...) É essencial manter o sangue-frio para não perder a isenção no dimensionamento das notícias, uma das funções mais importantes do jornalismo. Caio de Souza e Fábio Raposo devem ser punidos pela morte trágica que provocaram, mas sem linchamento midiático. (...)

Fonte: Suzana Singer, “Ação e reação”, Folha de S. Paulo, Ombudsman, 16/2/14.

domingo, 19 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

A importância da reportagem

(...) Com reportagem, é possível desmontar estereótipos, esvaziar teorias frágeis e ajudar o leitor a se posicionar em meio ao tiroteio ideológico. Só que precisa gastar sola de sapato e chegar às franjas da cidade, mesmo quando não há chacina ou desabamento.

Em um texto muito lúcido, o ex-repórter da "Folha" Leandro Beguoci, criado em Caieiras, resumiu a questão: "Na área delimitada pelos rios Tietê e Pinheiros, a periferia ainda é um sujeito desconhecido. É uma espécie de Cazaquistão que fala português". Já passou da hora de a "Folha" investir para ampliar as fronteiras da sua cidade-sede.

Fonte: Suzana Singer, “Enrolados”, “Folha de S. Paulo”, Ombudsman, 19/1/14.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

"Uma boa-nova"

O produto multimídia "Tudo sobre Belo Monte" (...) impressiona porque fazia muito tempo que não se via tamanho investimento em reportagem. Foram dez meses de preparo, 19 profissionais envolvidos e várias viagens à Amazônia.

O conteúdo foi apresentado em textos, (lindas) fotos, vídeos, infográficos animados e até em um game. O objetivo era mostrar o andamento da obra da mega-hidrelétrica, a terceira maior do mundo, e discutir seu impacto numa região vital para o país.

A iniciativa lembra os projetos multimídia do "New York Times". O primeiro deles, chamado "Snow Fall", descrevia uma avalanche numa estação de esqui em Washington que matou três pessoas. Com infográficos impressionantes, depoimentos em vídeos e texto quase literário, ganhou um Prêmio Pulitzer neste ano e obteve 3,5 milhões de visualizações.

É uma aposta inovadora: em vez da mera transposição do impresso ou da linguagem de televisão para o on-line, busca-se um formato jornalístico próprio da internet que subverta a máxima de que só textos telegráficos fazem sentido na rede.

(...) A pauta sobre Belo Monte foi importante para tentar reverter esse quadro de apatia. Um levantamento de textos sobre desmatamento publicados entre 2007 e 2012 em jornais e revistas, feito pela ONG Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), mostrou que apenas 11% das pautas nasceram de iniciativas das Redações (não eram reportagens sobre ações do governo) e só 1% caberia na definição de jornalismo investigativo.

(...) Em um momento em que as Redações estão mais enxutas e sobrecarregadas (precisam alimentar o impresso e o on-line), a decisão de mobilizar recursos para a produção de reportagens de fôlego é, sem dúvida, uma boa-nova.

Fonte: Suzana Singer, “Folha de S. Paulo”, Ombudsman, 29/12/13 (íntegra 
aqui).

domingo, 11 de março de 2012 | | 0 comentários

Frase

"Pode soar duro, mas é impossível fazer jornalismo sem algum potencial ofensivo."
Suzana Singer, ombudsman da "Folha de S. Paulo", em sua coluna deste domingo (11/3)

domingo, 30 de outubro de 2011 | | 0 comentários

Frase (ou lições de jornalismo)

É preciso cuidado com a cultura do escândalo. Acusação baseada em uma só fonte, sem documentos, é o início do trabalho do repórter, não o seu fim - mesmo no noticiário político, onde, infelizmente, se atira a esmo e se acertam mais corpos do que se esperava.
Suzana Singer, ombudsman da “Folha de S. Paulo”, em sua coluna deste domingo, 30/10 (para ler na íntegra, clique aqui – é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011 | | 0 comentários

Lições de jornalismo (de novo)

Ele fazia diferença. Olhava o que os concorrentes ofereciam e refinava a ponto de criar um produto totalmente diferente. Buscava obsessivamente simplicidade e elegância. 

Mantinha uma clientela ampla e fiel. 

A descrição do modo de agir de Steve Jobs (1955-2011) deveria ser a meta de todo jornalista: fugir do óbvio, tornar compreensível e atraente o que é intricado, criar uma relação de confiança com o público. 

"Permaneça faminto, permaneça inocente", seu conselho aos formandos da Universidade Stanford em 2005, cairia bem como lema escrito nas paredes das Redações.

Fonte: Suzana Singer, “Saber dizer adeus”, Folha de S. Paulo, Ombudsman, 9/10/11.