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terça-feira, 5 de abril de 2011 | | 0 comentários

Trabalhadores e trabalhadores...

Para quem não entende os motivos do propalado rombo da Previdência Social, leia o trecho a seguir de uma entrevista dada pelo ministro Garibaldi Alves Filho ao jornal “O Estado de S. Paulo” no último dia 3 de abril.

“Há uma grave distorção (entre a previdência do servidor público e a da iniciativa privada) e o País perdeu a capacidade, às vezes, de se indignar. Os servidores não chegam a 1 milhão de pessoas e a necessidade de financiamento é de R$ 52 bilhões. Por outro lado, a outra Previdência (INSS) tem necessidade R$ 42 bilhões para beneficiar 24 milhões de pessoas. Não responsabilizo os servidores. Para mim, está muito claro que as vantagens atribuídas aos servidores no curso de suas carreiras, como as incorporações de vencimentos, acabaram gerando essa distorção. É essa despesa que o País não pode continuar a pagar. Por isso existe o projeto criando um fundo de pensão para os servidores. Hoje os servidores não têm teto de aposentadoria (no INSS é de R$ 3.689).”


O que o ministro chama de “grave distorção” é, via de regra, privilégio. Basta reparar que os servidores não têm, ao contrário dos demais trabalhadores, um teto para a aposentadoria.


E eu ainda achava que, conforme o artigo 5° da Constituição Brasileira, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.


* Para ler a íntegra da entrevista, clique
aqui.

terça-feira, 18 de maio de 2010 | | 0 comentários

A bomba brasileira

Sabe aquela brincadeira da notícia boa e da notícia ruim? Então, isso acontece com o Brasil. Qual você quer primeiro? A ruim: o país está criando uma bomba relógio. Com prazo definido para explodir – entre 30 a 40 anos. Agora a boa: há solução para isso, há tempo para solucionar e há receitas já testadas em outros países que podem ajudar a indicar o melhor caminho.

O desenvolvimento brasileiro, fruto dos avanços dos últimos 15 anos, está se refletindo em setores diversos, da economia à saúde, da educação à demografia. Enquanto cai a taxa de natalidade, cresce a expectativa de vida. Ou seja: a população jovem cresce menos e a terceira idade se expande. A pirâmide etária brasileira, que eu aprendi no Ensino Médio, já está virando um barril.

Isto leva a uma conta: com menos jovens trabalhando e contribuindo com a previdência e mais gente aposentada (e recebendo da Previdência), o rombo atual as contas tende a aumentar. E aumentar, aumentar e aumentar...

A demografia virou uma ameaça invisível. Este é justamente o título de um livro que está saindo do forno. Assinado por Fábio Giambiagi e Paulo Tafner, a obra – a ser lançada no próximo dia 24 na Livraria da Travessa, no Leblon, Rio de Janeiro - apresenta este problema de proporções monstruosas e propõe soluções.

Giambiagi é economista; Tafner é do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas). Eles partem do pressuposto de que o Brasil não está dando a devida atenção ao problema - o tema já foi citado na pré-campanha eleitoral: o tucano José Serra defendeu uma nova reforma da previdência, a terceira (outras ocorreram em 1998 e 2003, nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula); a petista Dilma Rousseff é contra. Os autores pregam, claro, mudanças nas regras do jogo para evitar um previsível colapso.

A questão foi tema de entrevista dada por Giambiagi à "Folha de S. Paulo", publicada segunda-feira (17/5). "A essência do problema é essa progressiva mudança demográfica. No ano 2000, o número de pessoas com 60 anos ou mais era de 14 milhões de pessoas, enquanto o número de jovens, entre zero e 14 anos, era de 51 milhões. O perfil apontado pelo IBGE para 2050 é que a população jovem irá diminuir em termos absolutos de 51 para 28 milhões de pessoas. Já a população idosa de 60 anos ou mais vai aumentar de 14 para 64 milhões. Em 2050 teremos mais de três vezes o número de idosos, em termos absolutos, por população economicamente ativa do que hoje. Esse é o desafio", citou (clique aqui para ler).

Um desafio nada invisível, registre-se.

Contudo, como se vê, é um problema futuro. Foi o que ressaltou Tafner em entrevista ao jornalista Carlos Alberto Sardenberg na rádio CBN:



Na mesma entrevista, Tafner deu uma dimensão do problema:


Pois é, e o Josué? Esta é uma outra questão importante: os problemas da explosão demográfica, tal como do aquecimento global, não virão de imediato. Isto motiva um confronto inevitável entre individual e coletivo, presente e futuro. No caso da Previdência, coloca uma questão de justiça: por que eu, hoje, devo pagar essa conta?

Talvez a resposta esteja numa citação do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, feita por Giambiagi na entrevista à "Folha": "Um dia nossos filhos olharão para nós e dirão: 'Mas onde é que vocês estavam quando isso estava acontecendo?'".

Em tempo: não é só a Previdência que sentirá os reflexos da explosão demográfica. "Esse panorama interfere em todas as dimensões da vida e terá grande impacto nas demandas de todos os setores da sociedade", frisa o governo de São Paulo. Os setores social e de saúde já notam a mudança há algum tempo. "Isso tem gerado um aumento na demanda por políticas públicas para idosos", ainda conforme o governo.

A Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) divulgou em abril um amplo estudo sobre o envelhecimento da população paulista e um fenômeno chamado "bônus demográfico". Um dos apontamentos: "se hoje a metade da população paulista tem menos de 32 anos, daqui a 40 anos terá mais de 45 anos".

Para ler mais - inclusive acessar a pesquisa - e entender melhor essa questão, clique aqui.

* A imagem da pirâmide foi retirada do blog "dia a dia, bit a bit", de Silvio Meira.