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sábado, 6 de fevereiro de 2016 | | 0 comentários

A violenta América Latina

Algo de errado acontece na América Latina que a faz ter nada menos que 42 cidades entre as 50 mais violentas do mundo, conforme ranking divulgado recentemente.

Tenho impressão que isto tem a ver com o nosso processo de colonização, que levou a desigualdades gigantes e gritantes, reforçadas pelos coronelismos e pelo histórico populismo.

quarta-feira, 10 de junho de 2015 | | 0 comentários

A América Latina e o jornalismo

“A situação econômica da América Latina é fictícia.”

Ouvi a frase acima em abril de 2012, durante uma visita à sede da CNN em Atlanta (EUA). Foi dita pelo jornalista argentino Guillermo Arduino. Na época, ela até pareceu um tanto exagerado, embora existissem já claros sinais da deterioração do continente, principalmente na Argentina.

Hoje, ao rever as anotações daquela visita, lembrei da conversa com Arduino, na praça de alimentação pública no térreo do prédio da CNN, e reforcei a convicção de que ser visionário (no sentido de fazer análises e antecipar cenários) é papel fundamental do bom jornalista e do bom jornalismo.

Esta tarefa exige essencialmente uma qualidade (saber interpretar fatos) e duas características: leitura e cultivo de boas fontes.

quinta-feira, 19 de junho de 2014 | | 0 comentários

A "latinidade" dos nossos vizinhos

Recentemente, tive a oportunidade de entrevistar um peruano e um colombiano. Ambos falaram da Copa do Mundo no Brasil. E manifestaram um sentimento sul-americano que, sinceramente, creio estar um pouco distante de nós, brasileiros.

Ao ser questionado para quem torceria no Mundial, o peruano apontou Brasil e Argentina. Brinquei que ele devia escolher um ou outro, mas não poderia torcer para ambos. A resposta: “Sim, Brasil e Argentina. A Copa é na América do Sul, a taça tem que ficar na América do Sul”.

Já o colombiano disse que torceria, obviamente, para a seleção de seu país e mais o Brasil, a Argentina, o Chile, o Uruguai... “Todos os sul-americanos, a Copa tem que ficar aqui!”, justificou.

É preciso considerar que os dois torcedores não têm seleções com possibilidades reais de ganhar uma Copa – o Peru sequer se classificou para o Mundial. Daí a opção por outros países.

Para nós, brasileiros, vislumbrar o título para o Brasil é algo factível. Impensável, portanto, escolher outra seleção.

Feita a ressalva, não posso deixar de registrar que chamou minha atenção a exibição do que classifiquei de “latinidade” por parte do peruano e do colombiano.

Andando pela América do Sul e Central nos últimos meses, percebi dois fatos:

1 – temos uma história semelhante (ex-colônias exploradas, que se desenvolveram nos últimos dez anos, viram a economia crescer, mas ainda têm enormes desafios pela frente);

2 – há um sentimento comum entre nossos irmãos latinos, unidos que estão pelo idioma, o mesmo que nos separa do restante do continente.

Não noto entre nós, brasileiros, esta tal “latinidade” a que me refiro. Pelo contrário, arrisco dizer que temos um certo sentimento de superioridade em relação ao restante do continente (EUA e Canadá à parte), notadamente em relação aos vizinhos do sul.

Teríamos, de fato, uma posição imperialista? Somos vistos assim por nossos vizinhos?

O fato é que nos sentimos à parte na América do Sul. Meio como se fôssemos a parte rica e bem sucedida de um continente subdesenvolvido.

Como se não tivéssemos nossa parcela de culpa no subdesenvolvimento histórico (vide a Guerra do Paraguai). Como se não compartilhássemos os mesmos desafios e problemas. Como se não fôssemos, afinal, todos sul-americanos.
 

segunda-feira, 9 de junho de 2014 | | 0 comentários

Brasileiros e argentinos

Recentemente, tive a oportunidade de jantar com dois colegas jornalistas argentinos. Amenidades à parte, a conversa girou em torno de assuntos necessários, como a crise política-econômica na Argentina, sobre a qual já falei neste blog, e obviamente sobre a relação entre brasileiros e argentinos e o futebol.

Argumentei que as rivalidades esportivas são saudáveis e devem ser alimentadas, com alegria, criatividade e provocação, mas no limite do respeito mútuo. Estranho seria ver um argentino torcendo pelo Brasil e vice-versa.

Fora isso, disse que ambos os países, junto aos demais irmãos latino-americanos, compartilhamos qualidades, defeitos e desafios muito semelhantes. De alguma forma estamos todos num mesmo barco e é contraproducente torcer pelo pior em relação aos países vizinhos.

Neste sentido, parece-me ignorância brasileiros criticarem os argentinos, e vice-versa. No fim das contas, somos todos um – seres humanos.

Recentemente, o técnico da seleção argentina, Alejandro Sabella, o "Pachorra", deu uma bela contribuição para a tese que defendi. Disse ele em entrevista sobre a Copa do Brasil:

“Sempre existe uma grande rivalidade esportiva entre Brasil e Argentina. Queremos ganhar, respeitamos muito e sabemos do valor do futebol brasileiro, assim como sabem do nosso. É uma rivalidade que temos que deixar no plano estritamente esportivo e que não passe daí. Não podemos deixar de ser povos irmãos, o motor da América Latina. Dependemos muito um do outro, principalmente em termos de cidadania. Há um limite que não temos que passar. Temos que tentar ganhar, temos as brincadeiras, e não pode passar disso. Por mais importante que seja e a paixão que exista, é um esporte. Assim esperamos que seja”.

terça-feira, 8 de abril de 2014 | | 0 comentários

A vida (latino-americana) como ela é

(...) Levei 30 anos para compreender que as telenovelas são uma metáfora dramatizada do populismo latino-americano. Essas atrações lidam não tanto com o amor não correspondido, e mais com mitos de redenção social tão imortais quanto o de Evita Perón.

O tema mais frequente prescreve a redistribuição de riqueza entre os pobres, com pouca consideração sobre como essa riqueza é criada, o que explica muito sobre a história recente da Venezuela e seu estilo peculiar de socialismo, conhecido como chavismo. Muitos populistas demagógicos latino-americanos propagaram desde 1930 essas "soluções" inspiradas em Robin Hood para a pobreza e as injustiças. (...)

Fonte: Ibsen Martínez, “Caos, chavismo e uma telenovela”, “Folha de S. Paulo”, 8/4/14 (texto originalmente publicado na seção “Intelligence” do jornal “The New York Times”).