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quinta-feira, 10 de abril de 2014 | | 0 comentários

Palavras traiçoeiras

Algumas vezes, as palavras dizem mais do que se pensa - ou se pretende. Elas traem. O noticiário desta quinta-feira (10/4/14) traz bons exemplos:

- “Não dá mais para ter desculpa porque a máquina agora está do jeito que a gente quer.”
Mauro Zeuri, agora secretário de Gestão Estratégica (antes Governo e Desenvolvimento) da Prefeitura de Limeira, em reportagem da “Gazeta de Limeira”

Taí o que dá falar sem pensar. A manifestação de Zeuri parte de dois pressupostos que o governo Paulo Hadich (PSB), do qual o secretário faz parte, tanto critica quando citados pela imprensa.

Ao dizer que “não dá mais para ter desculpa”, Zeuri deixa claro: 1) que antes dava-se desculpa pela ineficiência da máquina administrativa; e 2) havia ineficiência na máquina administrativa – e continua havendo, só não será mais possível dar desculpa, embora a previsão seja que o serviço melhore em razão das mudanças feitas na administração.

Hadich e seus asseclas, principalmente aqueles que gostam de perseguir a mídia, não tem do que reclamar se o próprio secretário – peça-chave no governo – admite uma coisa dessas.

Ô frase infeliz!

- “Poderíamos estar melhor, e a Dilma vai ter que dizer como é que a gente vai melhorar.”
Do ex-presidente Lula, em entrevista a um grupo de blogueiros amigos

"Se o próprio Lula diz que 'poderíamos estar melhor', é porque estamos bem mal. E ele apontou a culpada - que tem de se explicar, ou a coisa vai ficar feia para o lado dela (a sucessora dele, a presidente Dima Rousseff)."
(Fonte: Eliane Cantanhêde, “Lula no palanque”, Folha de S. Paulo, Opinião, 10/4/14, p. 2.)

- Temos que retomar com muita força essa questão da regulação dos meios de comunicação do país. (...) Queremos uma coisa mais digna, mais respeitosa. Quando vejo o tratamento a Dilma, é de falta de respeito e de compromisso com a verdade.”
Do ex-presidente Lula, em entrevista a um grupo de blogueiros amigos

"De onde se vê que, ao contrário das alegações formais, se trata realmente do controle de conteúdo. Com a 'regulagem' defendida pelo PT o Estado daria as balizas do tratamento considerado respeitoso em relação a autoridades, bem como firmaria os termos da verdade para com a qual os meios de comunicação estariam compromissados."
(Fonte: Dora Kramer, “Sem palavras”, O Estado de S. Paulo, Política, 10/4/14, p. A6.)

Nos dois casos de Lula, só não dá para dizer: “Ô língua solta” porque não se pode crer que o ex-presidente cometeu equívoco. Lula só fala de caso pensado.

- “Ela (inflação) subiu agora, acho que está no máximo, e a partir do próximo mês já ficará um pouco menor, depois, em maio, vem menor ainda e, em junho, menor ainda. Então ela é passageira."
Guido Mantega, ministro da Fazenda, em entrevista à imprensa

Neste caso, nem é preciso se alongar no comentário. A realidade nega o que diz o ministro. Aliás, tem alguém mais sem credibilidade em suas previsões econômicas do que Mantega? Faz quatro anos que ele fala que a inflação vai baixar e o PIB (Produto Interno Bruto) vai subir...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014 | | 0 comentários

As batalhas perdidas de Haddad e Hadich

O ex-presidente Lula disse há dois meses, segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, que o prefeito Fernando Haddad (PT) perdeu a batalha da política e da comunicação na gestão à frente da prefeitura paulistana.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que o mesmo ocorreu em Limeira com o governo Paulo Hadich (PSB).

E às vezes quando se perde a batalha da política e da comunicação, quem perde de fato não é o governante, é a cidade e, em última análise, a sociedade.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

Ainda a TV Cultura: audiência e preconceito

Não pretendia voltar ao tema da TV Cultura, já que considerei suficientes os argumentos apresentados no texto postado neste blog e publicado no “Jornal de Limeira” no último dia 25 de dezembro, mas creio ser pertinente abordar outros dois aspectos que vez ou outra (ainda) são mencionados.

O primeiro deles é a questão da audiência. Ouvi, com certa tristeza, de um assessor do prefeito Paulo Hadich (PSB) e depois li uma fala do próprio chefe do Executivo, numa entrevista ao jornal “Gazeta de Limeira”, que a TV Cultura não tem audiência significativa em Limeira.

Isto é fato – não só em Limeira, aliás. O que se coloca, porém, é a lógica por trás deste tipo de argumento. Disse ao assessor de Hadich que se há um governo que não tem direito (repito, em letras garrafais, NÃO TEM DIREITO) de recorrer ao argumento da audiência é o atual.

É lamentável que o chefe do Executivo de uma administração supostamente de viés esquerdista, de caráter supostamente social e progressista, encabeçada por dois partidos que historicamente lutaram por causas de interesse popular, como PSB e PT, caia na armadilha de saudar as regras do mercado (no caso, da audiência) para justificar uma medida lamentável sob todos os aspectos e injustificável sob qualquer parâmetro.

Para quem não entendeu, vou repetir: este ponto de vista foi apresentado por mim direta e pessoalmente a um assessor de Hadich. Gostaria de fazê-lo diretamente ao prefeito, mas creio que ele possa ter recebido o recado.

Esta semana, ao elaborar uma série especial que irá ao ar em breve, entrevistei a jornalista e pesquisadora Teresa Otondo. Argentina de nascimento, mudou-se para o Brasil aos dois anos de idade. Trabalhou nos primórdios do “Jornal da Tarde”, que revolucionou a imprensa escrita brasileira, e depois em “O Estado de S. Paulo” e “TV Cultura”, onde implantou com sucesso um setor de relações internacionais.

Já na academia, fez seu doutorado tendo como tema de pesquisa a TV pública. Disso resultou o livro “TV Pública – para quem e para quê?”. Na entrevista, ela foi enfática em dizer que um dos principais diferenciais de uma televisão de caráter público é justamente que sua programação “não se mede pelo denominador comum” das massas.

Ou seja: não se deve medir pelas amarras da audiência (no Brasil representada pelo Ibope).

Uma emissora que visa prestar um serviço público não pode ter como parâmetro ou referência os números do Ibope, o que não significa que não busque ampliar sua audiência.

Daí, portanto, ser lamentável (e diria até incabível) o argumento de Hadich, a não ser que ele admita que seu governo não se importa com qualidade e sim com quem é mais sucedido comercialmente.

O segundo ponto que considero importante manifestar envolve um preconceito extremo que se esconde por trás do argumento de que quem assiste à TV Cultura tem acesso à TV por assinatura.

Sou prova de que isto não é verdade. Dia desses, estava parado no trânsito na Avenida do Estado, em São Paulo, num trecho já bem na periferia, quando uma vendedora ambulante, ao ver o carro da TV Cultura, fez uma brincadeira referindo-se a um outro vendedor que ofertava bonecos do “Cocoricó”, famoso programa infantil da emissora.

Diante do comentário a respeito dos personagens “Júlio” e “Alípio”, a vendedora emendou: “ah, mas eu gosto mesmo é da Lola”.

Trata-se de uma telespectadora que certamente não dispõe de TV por assinatura. E não é manifestação isolada. Em Limeira, ouvi de um senhor humilde um comentário a respeito dos programas “Viola, Minha Viola”, de Inezita Barroso, e “Sr. Brasil”, de Rolando Boldrin. Também ouvi uma mulher de trajes humildes, moradora da periferia, sem TV por assinatura, comentar a respeito da entrevista da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva ao programa “Roda Vida”.

Comentários semelhantes ouvi esta semana em Bragança Paulista, de pessoas também humildes.

De modo que só posso considerar preconceituosa a visão que pretende ligar o gosto pela programação da TV Cultura a uma suposta elite.

E ainda que isto fosse verdade, caberia a pergunta: mas o povo não tem direito a ter acesso a uma programação alternativa e de qualidade comprovada por premiações em nível nacional e internacional?

Em tempo: a Cultura ficou em segundo lugar numa pesquisa encomendada pela BBC – emissora referência em TV pública no mundo – sobre a qualidade da programação em 14 países. Foram consultadas 23 emissoras públicas e 43 comerciais, seis delas brasileiras. À frente da Cultura (com 76% de indicação), apenas a BBC One, de Londres (79%).

PS: seria mais digno e condizente com o que prega Hadich explicar os verdadeiros interesses que motivaram todo o imbróglio a respeito da TV Cultura em Limeira. Ele e eu sabemos que não é exatamente o que vem sendo colocado publicamente até agora.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013 | | 0 comentários

Cidade provinciana (?!)

Programas como “Castelo Rá-Tim-Bum”, “Ilha Rá-Tim-Bum”, “Cocoricó” e mais recentemente “Quintal da Cultura” fizeram e fazem sucesso junto ao público infantil, ganharam prêmios nacionais e internacionais e deram à TV Cultura o selo de melhor emissora com programação infantil no país, mas minhas lembranças são um pouco mais antigas. Não, não assisti ao histórico “Vila Sésamo”, sou do tempo do “Bambalalão” (era fã da Gigi).

Depois veio “Munda da Lua” (alô Lucas Silva e Silva!). “Confissões de Adolescente” não vi, preferia mesmo “Mundos Incríveis”, ambos marcaram época – e gerações. Adorava e continuo apreciando o “Repórter Eco”, um dos pioneiros na TV em abordar um tema recorrente hoje em dia, ecologia e sustentabilidade. O “Roda Viva” era – e é – imperdível (lembro de uma entrevista do Sebastião Salgado). Ao “Matéria Prima” assistia com meu irmão, programa comandado por um tal Serginho Groisman (“Fala garoto!”). E a garotada falava livre e democraticamente.

Sonhando ser jornalista, desde pequeno curtia o “Vitrine”, com os bastidores da mídia. O “Grandes Momentos do Esporte” me apresentou nomes e momentos que eu só pude ver pela TV. Pela TV Cultura. Também acompanhava sempre o “60 Minutos”, um telejornal diferente, esteticamente bem acabado, leve e informativo na medida certa, que trazia uma novidade para a época, a figura do vídeo-repórter, hoje comum.

Sem falar no Campeonato Alemão, que começou por lá e revolucionou as transmissões esportivas com as supercâmeras, bem como o “Cartão Verde”, que introduziu nomes hoje consagrados no telejornalismo esportivo – eu vibrava com a conhecida “ranzinzice” do José Trajano.

Tal como eu, creio que milhares de limeirenses cresceram assistindo à TV Cultura. Uma emissora pública, mantida pelos impostos dos paulistas – os de Limeira incluídos. Infelizmente, por uma decisão unilateral da prefeitura, os limeirenses irão pagar para não ver. O governo Paulo Hadich (PSB), como já amplamente divulgado, decidiu tirar o sinal da Cultura para cedê-lo à TV Opinião, de Araras.

Desde já quero registrar que não tenho nenhuma oposição à tal TV ararense. Na democracia, todas as vozes devem ter espaço, ainda mais na mídia televisiva, uma concessão estatal. Não posso, contudo, deixar de engrossar o coro daqueles que lamentaram a infeliz decisão do governo Hadich de tirar o sinal da Cultura.

Não quero nem vou entrar no mérito da avaliação do governo. Até porque há alguns meses estou distante da cidade e tampouco este é o propósito deste artigo. Quero apenas manifestar o que senti e ouvi diante de tal decisão. Deixo claro que escrevo como cidadão. Embora atue como repórter da TV Cultura (com orgulho!), a decisão da prefeitura em nada afeta meu trabalho, visto que a emissora historicamente nunca se pautou pelas amarras do Ibope (e ainda que o fizesse, a medição da audiência não ocorre em Limeira).

Portanto, sinto-me livre para considerar um despropósito inexplicável a decisão de Hadich. Não há motivo técnico que justifique a exclusão de uma emissora com reconhecida programação de qualidade em detrimento do que quer que seja. No pouco tempo em que estou na Cultura, a emissora foi indicada ao Emmy Kids Award 2013 (o Oscar da TV na área infantil) com a série “Pedro & Bianca” e acaba de ganhar mais um prêmio pelo “Repórter Eco” como melhor programa nacional de meio ambiente.

Não sei qual seria a alternativa para abrigar eventualmente novos canais, mas alguma há de existir que não simplesmente a exclusão da Cultura – decisão tomada sem nenhuma discussão com a sociedade, o que não combina com um governo que se pretende transparente e democrático.

Como limeirense que nasceu nesta terra e sente orgulho de carregar o nome da cidade por onde vai (inclusive na TV Cultura), senti-me triste ao ouvir o comentário feito por uma colega de redação após saber da decisão do governo Hadich: “Coisa de cidade provinciana...”. Tive que calar-me. Não queria que minha cidade fosse vista deste modo, mas não há como ser diferente.

Conhecendo o prefeito Hadich, quero crer que tal decisão não tenha passado de um deslize, um desatino. Não creio que o prefeito jogaria no lixo o que lhe restava de popularidade neste primeiro ano de administração - embora tema que este governo possa ter caído na mesma armadilha de tantos outros, a de sobrepor questões políticas ao interesse comum. Falo isto porque sei, de bastidor e fonte segura, há pelo menos dois meses, da intenção da prefeitura de trocar o sinal da Cultura pelo da TV Opinião.

Corrobora tal sensação o fato da TV Opinião não ser conhecida especificamente por sua programação de qualidade, educativa e/ou voltada aos interesses limeirenses. Como também temo haver por trás da intenção desta emissora outras questões além da meramente midiática. Isto tudo somado, chego perto de me decepcionar com o governo. Não simplesmente pela exclusão da Cultura (um fato que seria por si só lamentável), mas por ter fortes indícios do que esconde esta decisão, algo que jogaria Hadich na vala dos comuns, dos políticos comuns (algo que definitivamente não é o que se esperava dele).

Escrevo estas linhas com dor no coração e com a tranquilidade e liberdade de quem falaria (se tivesse a oportunidade) tudo isto diretamente ao prefeito, como o fiz algumas outras vezes sobre outros assuntos, já que sempre pautei minha relação com ele pelo mais estrito respeito e consideração.

Até por isto, ainda espero que Hadich possa refletir melhor, reconhecer o erro e recuar. A humildade é marca dos fortes.

* Artigo enviado para publicação no "Jornal de Limeira"

domingo, 6 de outubro de 2013 | | 0 comentários

É hora de parar de reclamar

Estive na audiência pública promovida pela Prefeitura de Limeira a respeito das metas para a gestão Paulo Hadich (PSB) entre 2013-16. Foi na última segunda-feira (30/9), no Teatro Nair Belo, no Parque da Cidade. Quarenta pessoas participaram - a ampla maioria servidores municipais, incluindo oito secretários. O prefeito não compareceu.

Não vou tratar das metas neste momento, gostaria apenas de fazer um comentário: já está ficando chato ouvir membros do alto escalão reclamarem da "herança maldita" recebida de governos anteriores.

Quando os quatro postulantes ao Executivo - além de Hadich, o empresário Lusenrique Quintal (PSD), o advogado e ex-vereador Eliseu Daniel dos Santos (DEM) e o empresário e comunicador Kleber Leite (então no PTB) - se apresentaram na campanha de 2012 para comandar a cidade sabiam o tamanho do desafio que teriam pela frente.

Os quatro sabiam que a cidade vivia uma fase de transição após a maior crise política de sua história recente, com a cassação do então prefeito Silvio Félix (PDT). Sabiam dos desmandos - tanto que apontaram vários problemas durante a campanha.

Agora já deu! Ouvir nos primeiros meses de governo que a situação é complicada é até compreensível e aceitável, mas no décimo mês continuar ouvindo a mesma ladainha já cansou. Chega! É hora de arregaçar as mangas e focar mais nas soluções possíveis do que nos problemas existentes.

Não que o desafio seja pequeno, muito pelo contrário. Mas ficar a todo momento, a cada audiência, reclamando, reclamando e reclamando e dizendo que "outros poderiam ter feito...", "se outros tivessem feito..." não vai levar a nada.

Afinal, quando se candidatou, Hadich sabia exatamente o que os "outros não tinham feito...". Foi para isso que ele se apresentou como candidato ao Executivo.

terça-feira, 24 de setembro de 2013 | | 2 comentários

Golpe contra a democracia em Limeira?

Há cheiro de golpismo no ar em Limeira.

A notícia de que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara de Limeira abriu procedimento que pode levar à cassação (ou ficar numa advertência) dos mandados de José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), e Júlio César Pereira dos Santos (DEM) é preocupante.

Os dois vereadores são os expoentes (quase os únicos) da oposição ao governo Paulo Hadich (PSB) numa Câmara que se mostra subserviente ao Executivo como de praxe - apesar dos discursos em contrário.

Assim, falar em cassação de mandato em razão dos dois parlamentares terem apontado o possível sumiço de um parecer, algo depois explicado, parece golpe baixo. 

Lembra os tempos do ex-prefeito Jurandyr Paixão e a perseguição que os vereadores de oposição sofriam.

Não combina com a base de um governo que se anunciou durante toda a campanha eleitoral como democrático.

Mais: não combina com um Legislativo presidido por Ronei Costa Martins (PT), justo ele que ingressou naquela Casa de Leis - ainda como suplente - tendo sido submetido a uma punição injusta apenas porque cumpria seu dever de fiscalizar os atos do Executivo.

Ronei, faça algo para restabelecer o equilíbrio necessário na Câmara. 

Ainda que os dois vereadores tenham levantado suspeitas indevidamente, não é nada que uma conversa não possa resolver. Afinal, eles exerceram o direito de manifestar (ou denunciar, que seja) algo que naquele momento parecia suspeito.

Embora se saiba que oficialmente o presidente da Câmara não tem poder sobre as decisões da CCJ, tampouco o governo municipal, quem acompanha minimamente os bastidores de um parlamento sabe bem como tudo funciona - e o poder de uma conversa da parte de quem tem poder.

domingo, 15 de setembro de 2013 | | 0 comentários

Confidência

O que se ouvia nas ruas, aqui e acolá, agora parte de pessoas ligadas ao governo Paulo Hadich (PSB), do alto escalão, digamos assim: há sérios problemas na administração municipal de Limeira.

Ou melhor: há sérias dificuldades.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013 | | 0 comentários

Limeira não tem dinheiro para novas escolas e UBS, diz secretário

Um palacete do século 19 como cenário para discutir a cidade do século 21. Ou o que se pretende para ela nos próximos anos. O histórico Palacete Levy, no centenário largo Boa Morte, no Centro de Limeira, sediou a audiência pública da prefeitura a respeito do PPA (Plano Plurianual) 2014-2017. O evento - na noite de terça-feira (27/8) – reuniu cerca de cem pessoas.

O PPA é o instrumento que oficializa o planejamento do município para quatro anos. Em outras palavras, é o plano real de governo, aquele passível de execução e não o feito pela marquetagem político-eleitoral durante as campanhas.

De acordo com o PPA, que será enviado à Câmara Municipal nesta sexta-feira (30), Limeira deverá ter uma receita de R$ 4,383 bilhões nos próximos quatro anos – R$ 1,084 bilhão só em 2014. O valor inclui possíveis repasses de convênios com os governos estadual e federal (isto significa que o valor estará obrigatoriamente acima do orçamento do município para os próximos anos).

Da prefeitura propriamente, serão R$ 3,970 bilhões de receita em quatro anos (fora as autarquias, empresas de economia mista e Instituto de Previdência).

Os principais convênios em discussão envolvem três áreas: mobilidade (por meio do PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento do governo federal), modernização da máquina pública e aeroporto.

A maior fatia da receita irá para educação (R$ 943 milhões em quatro anos), seguida da saúde (R$ 769 milhões) e obras (R$ 645 milhões – neste caso com receitas extras dos convênios).

Os principais investimentos previstos no PPA e a origem dos recursos são:

  • 8 creches (5 já garantidas em convênio) – R$ 11,750 milhões – governo federal
  • 3 quadras poliesportivas
  • reforma do Limeirão – R$ 4,6 milhões - governo federal
  • reforma de centros esportivos - R$ 5 milhões – governo federal
  • pista de atletismo – R$ 7 milhões – governo federal
  • novo Fórum – R$ 12,6 milhões – governo estadual (mais R$ 3,2 milhões de contrapartida da prefeitura)
  • aeroporto – R$ 85 milhões – governo federal (mais R$ 5 milhões de contrapartida da prefeitura)
  • terminal interurbano – R$ 25 milhões – operação de crédito
  • segundo viaduto Boa Vista/Centro – R$ 17,5 milhões – governo federal
  • viaduto da avenida Lauro Corrêa da Silva – R$ 42 milhões – operação de crédito
  • viaduto do Cotil/Enxuto – R$ 18,4 milhões – operação de crédito
  • viaduto da avenida Laranjeiras/Vila Queiroz – R$ 28,750 milhões – operação de crédito
  • construção de passarelas – R$ 19,5 milhões – operação de crédito
  • piscinão do Tiro de Guerra – R$ 25 milhões – governo federal
  • marginais nas rodovias – R$ 85 milhões – governo estadual (mais R$ 40 milhões da prefeitura; o município tentará esta contrapartida junto ao governo federal)
  • duplicação da Limeira/Cordeirópolis (SPV-17) – R$ 21,5 milhões – governo federal
  • revitalização da avenida Costa e Silva – R$ 30 milhões – governo federal

Não foi citado nenhum projeto para construção de um ginásio de esportes, uma demanda da comunidade esportiva há anos.

SEM DINHEIRO
Apesar dos valores milionários, o secretário de Governo e Desenvolvimento, Mauro Zeuri, afirmou que a prefeitura praticamente não tem dinheiro para obras. Ele descartou, assim, a construção de escolas e unidades de saúde (UBS) com verba do município. A cidade só ganhará novas unidades educacionais e de saúde se houver convênios com os governos estadual e federal.

“UBS ou qualquer outra coisa nós vamos conseguir construir se vier recurso externo. Não tem recurso próprio da prefeitura para fazer. O recurso (do município) vai ser usado para contrapartidas”, disse o secretário, deixando clara a estratégia do governo Paulo Hadich (PSB): usar o pouco que sobrar de investimentos para garantir convênios de maior valor com os governos federal e estadual.

Zeuri citou que a discussão a respeito de alguns convênios está mais adiantada e de outros ainda em fase embrionária. Deixou evidenciada a aposta na ajuda federal. E criticou o governo estadual – do PSDB. “Convênio com o governo do Estado é difícil fazer e quando faz custa mais caro pra gente (do que com o governo federal)”, afirmou.

O secretário criticou também o governo do ex-prefeito Pedro Kühl – sem citá-lo - ao falar das vias marginais. “O governo do prefeito que era muito amigo do governador não pediu as marginais para Limeira”, falou, em referência à propalada amizade entre Kühl e o então governador Mário Covas, ambos do PSDB.

Na época, quando o governo estadual definia o processo de concessão das rodovias, Limeira deixou de pedir a duplicação do Anel Viário (que liga duas vias concedidas à iniciativa privada), como manifestou o então secretário estadual de Transportes, Michael Paul Zeitlin. Já Mogi-Mirim foi contemplada, bem como Piracicaba conseguiu o seu recentemente.

Sobre a duplicação da pista de Limeira para Cordeirópolis, Zeuri disse que não será possível cumprir o prazo acordado em 2012 por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre prefeitura e Ministério Público (MP). O acordo prevê que a obra seja feita em dois anos; o secretário falou em quatro – o que exigirá novas tratativas junto ao MP.

Presente à audiência, o vice-prefeito Antônio Carlos Lima (PT) disse que o governo Hadich vem “trabalhando com muita dificuldade”. “Todo mundo sabe que ainda estamos executando o orçamento que recebemos”, falou.

Também estiveram na audiência os vereadores Wilson Cerqueira e Aloízio de Andrade (ambos do PT) e os secretários Marcelo Coghi (Agricultura), Alquermes Valvassori (Meio Ambiente), João Marcos Carrasco (Fazenda), José Luiz Rodrigues (Esportes), Marcos Paulino (Comunicação) e Andréa Soares Ganzert (Transportes), além de Zeuri, o único a se manifestar (ele apresentou o PPA).

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terça-feira, 30 de julho de 2013 | | 0 comentários

Limeira: uma cidade, dois governos

Passados sete meses da administração Paulo Hadich (PSB) em Limeira, já se pode fazer uma avaliação. Não de resultados, para isto é cedo, mas de cenário. Neste sentido, é possível dizer que a cidade possui hoje dois governos.

Explico: há um governo para dentro e outro para fora. Um governo que se vê por quem está nele e outro que é visto por quem não está.

Isto é bom e ruim. Bom porque os executores sinalizam convicção do que fazem; ruim porque a imagem transmitida começa a se desgastar muito cedo.

Quem conversa com o prefeito ou com pessoas de sua confiança na administração, de alto e médio escalão, fica com a certeza de que o governo tem um norte. Há um caminho a ser trilhado visando determinados resultados e os primeiros passos – silenciosos ainda – estão sendo dados.

É fácil notar nas pessoas do governo entusiasmo e confiança.

Um observador externo destacou que a equipe é tecnicamente boa, provavelmente das melhores que já se formou nos últimos 30 anos. Há, portanto, material humano para trabalhar. Faltam, certamente, recursos financeiros e ferramentas – mas isto era mais do que conhecido de todos que se candidataram ao cargo de prefeito, daí não ser desculpa aceitável.

Ao mesmo tempo, o governo Hadich enfrenta sérios problemas. A relação com a imprensa se desgasta a cada dia, em ritmo veloz, com forte contribuição de sua bancada de vereadores.

É certo que a mídia limeirense tem uma parcela bastante conhecida de “profissionais” que se notabilizaram por “mamar nas tetas” dos governos de plantão ao longo dos anos. Citar nomes é desnecessário e infrutífero – seria dar audiência a quem não merece. A estes, o tratamento dado pela administração Hadich e o posicionamento do prefeito bastam.

Existe, contudo, uma outra parcela de profissionais na imprensa, honestos e dedicados, que merece atenção e respeito do governo.

Quando a avaliação crítica em relação ao tratamento dispensado pelo governo se torna praticamente uma unanimidade entre os agentes da mídia, algo há de errado. Neste caso, é recomendável que o governo faça uma autocrítica – não é possível que todos, os bem e os mal intencionados, estejam equivocados.

Se as ações de governo não estão sendo reconhecidas e, portanto, não ecoam na mídia é porque: 1) há má vontade da imprensa; 2) há incompetência da imprensa; ou 3) a comunicação do governo está falha (e aqui não me refiro estritamente às pessoas que atuam na área de comunicação e imprensa da prefeitura e sim a uma estratégia ampla do governo).

Não me parece plausível que todos da mídia estejam com má vontade ou sejam míopes. Resta, pois, a terceira opção.

Repito: uma autocrítica tanto da parte da imprensa quanto do governo seria saudável para melhorar esta relação – essencial para a vida democrática e para a sociedade na medida em que a mídia é intermediária entre a população e o poder público.

Ainda no campo externo, no governo que se vê de fora, há outro problema: cresce a insatisfação de alguns setores organizados com relação à administração. As críticas se avolumam – ouvi pelo menos três setores aumentarem o tom da impaciência nos últimos tempos: o dos engenheiros e arquitetos, o dos contabilistas e o empresariado. São profissionais liberais e, principalmente, formadores de opinião.

É um problema sério na medida em que qualquer governo precisa de sustentação popular/setorial, além de legislativa e da imprensa. Quando se fala em sustentação não significa subserviência e sim um voto de confiança, o benefício da dúvida (em dose maior no primeiro caso, da sociedade, menor no último, da imprensa).

No caso de Hadich, as críticas começam a ressoar e a se tornar públicas. As respostas são pontuais (talvez porque a estratégia de comunicação não exista, o que não acredito, ou porque não esteja funcionando, o que é provável).

Volto ao ponto inicial: o governo tem tomado medidas, tem agido em questões estruturais, que não aparecem num primeiro momento aos olhos do cidadão, mas é preciso que isto esteja acompanhado de outras ações mais efetivas e, por que não?, midiáticas. É preciso que isto esteja acompanhado de esclarecimento e informação – o que não vem ocorrendo plenamente (e falo isto como cidadão).

São apenas sete meses. A jornada é longa e há tempo para corrigir eventuais desvios durante o percurso. É necessário, portanto, que quem está fora possa enxergar melhor o governo que se vê de dentro e quem está dentro consiga apresentar melhor o governo para fora. 

É urgente, pois, que os dois governos se encontrem em um só – para o bem da cidade.

quarta-feira, 8 de maio de 2013 | | 0 comentários

Observações políticas de um cidadão

Quando escrevi neste blog a respeito do início do governo Paulo Hadich (PSB), citei uma ou duas vezes que o prefeito colhia um fruto que ajudou a plantar: o da nova mentalidade de Limeira, uma cidade que já não suporta com tanta facilidade tantos desmandos.

Pois bem: a Câmara Municipal está prestes a cassar um vereador - com menos de seis meses de legislatura!

***

Ainda na Câmara, dois vereadores - um já experiente, outro novato - têm se destacado pela atuação firme que se exige de um parlamentar: José Roberto Bernardo (DEM), o Zé da Mix, e Wilson Nunes Cerqueira (PT). O primeiro é da oposição, o segundo é da base governista. 

A atuação de ambos, porém, mostra que é possível desempenhar um bom trabalho em favor da comunidade independentemente das disputas políticas e colorações partidárias.

***

E parece crescer a impaciência com o aparente marasmo do governo Hadich. As cobranças começam a aumentar.

Em tempo: quando menciono aparente marasmo não significa que esta seja a minha opinião. Tenho acompanhado, com certa distância é verdade, os bastidores do governo e sei que o prefeito tem se movimentado para "arrumar a casa". Contudo, esta percepção não tem sido compartilhada por parte da comunidade.

E a imprensa?

***

Estou convencido que os problemas das cidades brasileiras em geral exigem soluções ousadas e com certo grau de radicalismo até. A mesmice não levará nossos centros urbanos a lugar algum. 

Soluções ousadas exigem coragem e desprendimento.

Em tempo: este comentário não guarda relação direta com a administração limeirense, citada nos blocos anteriores. Vale para o Brasil em geral - Limeira incluída.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013 | | 0 comentários

2 meses do governo Hadich: silêncio estratégico (?)

O governo Paulo Hadich (PSB), em Limeira (SP), já caminha para seu segundo mês e, por enquanto, nenhuma medida, ação ou projeto de maior impacto foi anunciado. Percebe-se, em conversas informais com populares, uma certa sensação de marasmo. Esta semana, cheguei mesmo a ouvir de uma pessoa a palavra “decepção”.

A impressão não é só minha. Em coluna publicada nesta terça-feira (19/2) na “Gazeta de Limeira”, o jornalista Antonio Cláudio Bontorim faz diagnóstico semelhante. Ele atribui o problema à (falta de) comunicação: "(...) percebo um governo distante da mídia. Há, nas relações entre jornalistas da imprensa diária e dos altos escalões da administração (...) uma frieza incompatível com a política. E por mais empenho dos poucos secretários (...) não é o suficiente para que a população conheça quem são os homens e mulheres de confiança, que cercam o novo prefeito". 

Não chega a ser exatamente um problema – ou melhor, é, mas a raiz dele encontra respaldo no próprio governo (daí ser um “meio problema”, já que é um tanto proposital o distanciamento).

Hadich havia alertado que seu estilo é muito diferente de um dos antecessores, o cassado Silvio Félix (PDT). O pedetista procurava aparecer na mídia a todo momento. Comprou horário numa rádio para fazer um programa semanal e buscava aparecer com frequência na TV. Sabia do poder da comunicação para a reeleição.

Félix adorava anunciar factoides. Diante de qualquer cobrança da imprensa, tinha a solução – que, via de regra, nunca saía do papel.

Hadich é muito mais discreto. Faz questão de ser. “Algumas pessoas vão estranhar, mas não vou ficar fazendo anúncios. Só vou anunciar o que estiver certo, concreto”, disse certa vez.

E assim tem sido. Daí se ter a certeza de que o aparente marasmo é fruto, também, de um novo estilo de administrar, praticamente uma estratégia de governo.

Do que decorre a questão levantada por Bontorim em seu artigo: “Impossível que não haja nada de positivo a divulgar, que não seja por obrigação e necessidade”.

E se de fato não houver, problema há.

Quando se apresentam como candidatos, os políticos têm solução para todos os problemas. Se já sabem de antemão o que e como fazer, meio caminho foi andado. Basta iniciar as ações.

Naturalmente (e Hadich já alertou sobre isto), não seria possível – nem imaginável – que todos os problemas do município fossem resolvidos em um mês. Não serão em um ano. Nem todos o serão em quatro anos (período de um mandato).

É preciso, então, um pouco de paciência. Dos dois lados: de quem cobra e de quem é cobrado (neste caso, paciência com as cobranças).

Hadich sabe que “paga” o preço da expectativa que sua eleição gerou após a crise política pela qual Limeira passou, resultando na cassação de um prefeito e também resultado dela.

Isto não o impediria, porém, de reconhecer que a comunicação de seu governo está “tímida” – e talvez esta seja a palavra mais adequada.

Aliás, Hadich sabe disso. Endossa parte da estratégia (a de que não é hora de sair atirando no que diz respeito aos problemas encontrados).

Quem conversa com o prefeito sabe que ações estão sendo tomadas. Primeiro buscando “arrumar a casa” – e há muito, muito mesmo, a ser arrumado. “Para onde se olha há problema”, disse um membro da administração.

Ou seja: o foco neste início de governo tem sido preparar o terreno para as ações prometidas na campanha eleitoral.

Hadich está otismista – e isto é importante, pois indica que o prefeito tem trunfos em suas mãos, ou cartas na manga (para usar outra metáfora).

Resta, então, aguardar.

De um lado, o cidadão deve se manter vigilante, cobrando, mas ao mesmo tempo compreendendo as dificuldades de qualquer início de governo.

De outro, o prefeito e sua equipe devem se esforçar um pouco mais para se comunicar com a comunidade, ainda que seja para explicar ações de menor grau que estejam sendo tomadas como planejamento das grandes mudanças.

Adequar as expectativas de um lado e ajustar a comunicação de outro, eis o caminho a ser seguido.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013 | | 0 comentários

As cobranças sobre Hadich

Percebe-se uma certa impaciência de setores da sociedade - e da imprensa – com o governo Paulo Hadich (PSB). Cobranças e julgamentos que são feitos com menos de um mês de governo hoje não eram feitos em outros tempos. Se tivesse ocorrido da mesma forma talvez Limeira não tivesse passado pelos tristes episódios que viveu entre o final de 2011 e o início de 2012.

Contudo, como este blog já registrou, parte da "prematuridade" das cobranças e críticas tem relação direta com o novo momento que a cidade vive justamente em razão da crise política que se abateu sobre ela. Limeira não é e nunca mais será a mesma.

Sente-se, porém, que parte da crítica guarda uma relação com um certo preconceito latente na chamada elite limeirense (a financeira e a formadora de opinião). O governo Hadich representou a ascensão ao poder de um novo grupo, alheio a esta elite.

Soma-se a estes fatores (a nova realidade e o preconceito) o amadorismo de alguns, os de sempre, aproveitadores de plantão, deste e de todos os governos.

A expectativa, neste caso, é que Hadich não ceda como ols outros fizeram. Pelo meno não em relação a isso (já que nos arranjos políticos ele infelizmente cedeu...).

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013 | | 0 comentários

Com 7 dias, governo Hadich enfrenta protesto

O governo Paulo Hadich (PSB) nem bem começou e um clima estranho, que mistura uma certa impaciência e uma certa ansiedade por parte da comunidade, já toma conta do ar – principalmente nos meios virtuais.

Tal clima está diretamente ligado aos acertos políticos feitos pela nova administração na composição da equipe de trabalho e nas alianças no Legislativo. Por quê, afinal?

Primeiro porque Hadich elegeu-se com base no discurso da mudança. Não pega bem, portanto, ter atrelado o apoio do PMDB à sua candidatura, entre outras coisas, à distribuição de cargos no primeiro escalão – fato apurado e divulgado pelo blog “Limeira 2012” ainda durante a campanha eleitoral.

Também não soou bem a aliança visando a escolha da Mesa Diretora da Câmara Municipal com o partido que foi o “patinho feio” da última eleição, renegado por quase todos: o PDT do prefeito cassado Silvio Félix.

Na eleição, estar com o PDT (como esteve o candidato Kleber Leite, do PTB) significava unir-se ao passado, a “mais do mesmo”. O petebista foi criticado e cobrado pelo apoio que recebeu da sigla sobre a qual Félix ainda exerce influência. Passada a eleição, a situação do PDT mudou? Ou vale tudo em nome da tal governabilidade?

Pior: um dos expoentes na defesa de Félix durante a crise que levou à cassação do então prefeito, o ex-vereador Silvio Brito, foi nomeado na prefeitura de Campinas - comandada agora pelo ex-deputado Jonas Donizete, do mesmo PSB de Hadich. A informação foi dada pelo Jornal de Limeira. Sinal de troca de favores que não cai bem para quem prometeu novas práticas na administração.

É importante destacar que a informação sobre a nomeação de Brito em Campinas surgiu após a reação à possível indicação dele como secretário legislativo em Limeira, o cargo mais alto na estrutura da Câmara Municipal.

A possível nomeação de Brito no Legislativo limeirense como fruto de um acordo político em favor da eleição de Ronei Martins (PT) à presidência da Casa gerou tamanha reação negativa que o petista, já na condição de presidente eleito, viu-se forçado a divulgar uma nota negando a intenção de colocar o ex-vereador em qualquer cargo.

“(...) o acordo com o PDT para a eleição da mesa diretora da Câmara de Limeira baseou-se exclusivamente na distribuição das funções da mesa eleita, tendo sido acordado com este partido a vice-presidência, destinada ao vereador Farid Zaine.

Reitero que nenhum vereador, tampouco a vereadora Erika Tank, solicitou a participação do Silvio Brito nos quadros do Legislativo, tampouco no Poder Executivo”, citou Ronei na nota.

Não bastasse isso, há a polêmica das nomeações de pessoas com problemas judiciais nas respectivas passagens pela administração pública, notadamente o ex-prefeito de São Vicente, Tercio Garcia (mais aqui e aqui).

Homem de confiança do chefão do PSB em São Paulo, o ex-prefeito de São Vicente e hoje deputado federal Márcio França, Garcia foi nomeado secretario da Administração do governo Hadich, o que já motivou um protesto – tímido, é verdade, mas um protesto – em frente à prefeitura nesta segunda-feira (7/1).

  
Não foi só a nomeação dele que gerou polêmica. A do diretor na área de Transportes, Paulo Jorge Zeraik, também recebeu críticas.

As manifestações resultam de duas situações novas, umbilicalmente ligadas: 1) a cassação de Félix expôs aspectos nocivos que permeiam a entranha das administrações públicas brasileiras; e 2) o despertar da população, que passou a não tolerar mais facilmente indícios de irregularidades na administração em Limeira.

Geralmente, o problema começa na nomeação política, que muitas vezes atende interesses não-republicanos.

Na “melhor” das hipóteses, o resultado será a conhecida ineficiência do governo, como ficou evidente com as recentes melhorias nos aeroportos concedidos à iniciativa privada: "Os consórcios contrataram técnicos. Não tem mais essa de apadrinhados de partidos políticos", disse à “Folha de S. Paulo” o professor titular do departamento de transporte aéreo do ITA, Claudio Jorge Pinto Alves.

Importante: como se vê, o problema não reside exatamente no controle público de um determinado setor e sim nas práticas politiqueiras que dominam as administrações.

Ou seja: quem paga o preço – alto!, registre-se – é sempre a população (recebendo serviços precários e/ou vendo o dinheiro público escorrer pelos ralos).

Contudo, como o próprio Hadich afirmava na campanha, Limeira nunca mais será a mesma após o escândalo envolvendo a família Félix.

A sociedade aprendeu definitivamente a abrir a boca – e quem tem boca vaia Roma (este é o ditado correto).

Aprendeu a se mobilizar (ainda que isto se dê basicamente nas redes sociais, com uma participação física efetiva ainda pequena dos cidadãos).

Aprendeu a identificar possíveis focos de problemas – daí a vigilância extrema em relação às nomeações feitas pelo novo governo, já que o caso Félix evidenciou a importância do ditado “dize-me com quem andas...”.

De algum modo, os protestos (que podem parecer um tanto precoces para um governo com apenas sete dias) envolvendo a administração Hadich são fruto de algo que o próprio prefeito ajudou a construir. O pessebista, de certo modo, “paga o preço” (não que ele tenha reclamado de algo, fique bem claro; aliás, reiterou numa conversa informal que vem adotando novas práticas, o que desagrada “quem está acostumado a fazer as coisas sempre do mesmo jeito” ou a achar “que só tem um jeito para fazer as coisas”).

Pode até parecer prematuro o protesto público em frente ao Edifício Prada, sede do Executivo, nesta segunda-feira. Melhor, porém, que seja assim ao que se via antes, massas silenciosas.

Hadich há de compreender que Limeira mudou. E não há como voltar ao que se tinha antes – sim, trata-se de uma nova realidade irreversível. Para o bem de todos, da coisa pública e, por que não?, da própria administração.

Em tempo 1: o clima está quente nos bastidores. Em pelo menos uma ocasião, numa roda política, já se ouviu a pergunta: “quem assumirá mesmo se o Paulo (Hadich) sair?”.

Calma lá! Com sete dias de governo, Limeira está longe de ter qualquer evidência de um novo caso Félix. Anos-luz de distância (por enquanto). Percebe-se apenas um princípio de decepção diante dos sinais de que o novo governo não escapou das influências político-partidárias (e os riscos que elas podem causar), apesar das negativas durante a campanha eleitoral.

Em tempo 2: o ex-vereador Mário Botion foi um dos primeiros a tornar pública a sensação de decepção com práticas do novo governo. Em sua página no Facebook, escreveu recentemente: “Tristeza ao saber que mudaram as pessoas, mas as práticas parecem ser as mesmas! A grande diferença nas boas composições políticas está na capacidade de não ultrapassar os limites. Se confirmadas as informações divulgadas, infelizmente temos que nos preparar para um 'novo' velho ciclo na política limeirense! Lamentável”.

Em tempo 3: um vereador manifestou ao blog algo semelhante.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012 | | 0 comentários

A era Hadich vem aí

Começa amanhã a "era" Paulo Hadich (PSB) à frente da Prefeitura de Limeira.

Flagrei o diploma - ainda sem a assinatura do juiz eleitoral - que formaliza a eleição de Hadich para prefeito.


Ao novo prefeito e sua equipe, boa sorte!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012 | | 0 comentários

O que fazer com os estádios de Limeira?

O futuro prefeito de Limeira, Paulo Hadich (PSB), está disposto a colocar o dedo num vespeiro. Não pretende, e já deixou claro, liderar a discussão, mas considera importante trazer o assunto à tona. Trata-se do destino dos dois estádios municipais, o “Major José Levy Sobrinho” (Limeirão) e o “Comendador Agostinho Prada” (Pradão).

A situação de ambos é semelhante. São estádios erguidos nas décadas de 40 e 70 (Pradão em 1946 e Limeirão em 1977) e estão, portanto, velhos e obsoletos em relação aos novos padrões exigidos para grandes competições. Estão defasados até mesmo para as disputas do Campeonato Paulista. A estrutura de ambos é precária e, por falta de manutenção, os dois apresentam sérios problemas (desde o gramado até as redes elétrica e hidráulica).

Ano após ano, sempre às vésperas de um novo campeonato disputado por Internacional ou Independente, os estádios são reprovados nas vistorias. Sobram críticas à administração municipal, que corre fazer remendos. Como qualquer um sabe, consertos feitos às pressas costumam custar mais e não resolvem o problema. São medidas paliativas que têm consumido milhares de reais anualmente, dinheiro que sai do bolso do contribuinte limeirense (muitos sequer frequentam os estádios).

Chegou a hora, portanto, de trazer à tona a questão: cabe à prefeitura arcar com a manutenção destes dois “elefantes brancos”? Os times de Limeira estão às mínguas, os estádios não atraem público e sequer podem sediar jogos dos times da capital.

Vale a pena gastar milhares de reais todos os anos para fazer remendos visando dois ou três meses de disputas de campeonatos que levam meros cem torcedores ao campo?

Há algumas alternativas viáveis: transferir o patrimônio diretamente para os clubes. Eles ficariam responsáveis pela manutenção (o que inclui as contas de água e energia) e poderiam até se desfazer dos estádios ou firmar parcerias para construção de modernas arenas, como se vê Brasil afora.

Outra alternativa é simplesmente derrubar os dois estádios e erguer uma única arena, moderna, que poderia ser usada conjuntamente pelos dois times. Parece estranho, mas a sugestão foi citada pelo próprio prefeito eleito seguindo o que já ocorre em Milão – onde Inter e Milan dividem o mesmo estádio, o famoso Giuseppe Meazza (ou San Siro).

O certo é que Limeira precisará, em algum momento, debater este assunto. Até porque a prefeitura parece não ter disposição para investir milhões de reais visando remodelar de fato os dois estádios (ou um deles).

Enquanto nada é feito e leva-se o caso em “banho maria”, a cidade perde. De acordo com Hadich, Limeira é a cidade favorita dos clubes grandes de São Paulo para jogos fora da capital, mas não é considerada em razão dos problemas estruturais do Limeirão. O fato foi dito ao prefeito eleito pelo próprio presidente da Federação Paulista (FPF) e vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, e pelo chefe da área de segurança da FPF, coronel Marcos Roberto Marinho.

Em entrevista na última segunda-feira, Hadich admitiu que a discussão é importante e necessária, mas deixou claro que não irá partir do governo. Segundo ele, é preciso “amadurecer” essa discussão, que deve ser feito junto com a sociedade e os clubes.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 | | 0 comentários

Hadich cumpre acordo ao montar equipe

A indicação dos primeiros 16 nomes do alto escalão do futuro governo Paulo Hadich (PSB) traz boas expectativas e algumas poucas dúvidas (talvez decepções).

Notadamente, o futuro prefeito privilegiou indicações técnicas.

O núcleo duro do governo, que formará o gabinete, mistura formação técnica e política: Marco Aurélio Faria Júnior é presidente do PSB local e também advogado com experiência legislativa; Mauro Zeuri é membro do PT, ex-vereador e tem formação em ciências econômicas; Antonio Carlos Lima, além de vice-prefeito eleito, tem experiência como gestor do INSS.

As principais secretarias-chave terão comandos técnicos, caso da Educação.

Há nomes novos e um toque de juventude – e isto merece destaque, pois é sinal de renovação e esperança de novas práticas na administração pública. Particularmente nas áreas que envolvem o planejamento do município, com arquitetos e urbanistas que trazem na bagagem uma nova visão de cidade e, ao menos em um caso, experiência interessante em outra prefeitura.

O planejamento estratégico, aliás, será um dos principais focos do governo Hadich. O prefeito eleito adiantou que aposta na juventude e na visão diferenciada de parte de sua equipe para pensar a cidade daqui a 30 anos.

Ponto positivo de um lado, dúvidas de outro. Há claramente indicações políticas. Sabe-se que o apoio eleitoral do PMDB a Hadich incluiu a negociação de três secretarias para o partido.

Registre-se que tal prática foi refutada pelo então candidato durante a campanha, como registrou o blog “Limeira 2012”.

Ficou claro, porém, que o acerto se cumpriu. O PMDB emplacou sua cúpula no alto escalão. Dos três indicados – Milton Caram de Souza Dias (Previdência), Luiz Adalberto Pinheiro (Transportes) e Raul Nilsen Filho (Saúde) -, só um tem certa “expertise” na área (e não exatamente como gestor e sim como executor).

A dúvida maior envolve o setor de Transportes. O futuro secretário não demonstra ter conhecimento prévio algum da área (iniciou o curso de agronomia e não acabou e é empresário do ramo de mídia, embora com atuação discreta).

É, portanto, um tanto decepcionante constatar que, ao menos no caso do PMDB, Hadich cedeu e foi contra aquilo que pregou.

Alguns nomes ainda serão definidos – o que deve ocorrer ainda esta semana.

No balanço geral, a expectativa é positiva. A prática será conferida a partir de 1º de janeiro.

terça-feira, 9 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Frase

“O pessoal perguntou: 'Paulo, qual vai ser o primeiro ato de governo?' Sinceramente, nós não temos um primeiro ato na cabeça ainda, mas temos um último ato de governo: sair pela porta da frente e de cabeça erguida.”
Paulo Hadich (PSB), prefeito eleito de Limeira, em entrevista à TV Jornal