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segunda-feira, 13 de agosto de 2012 | | 0 comentários

Marte e nós

A mídia de todo o mundo deu destaque nos últimos dias à missão MSL, da Nasa (a agência espacial norte-americana). A sigla vem do inglês "Mars Science Laboratory". Trata-se de um pequeno carro-robô, apelidado de Curiosity, que pousou em Marte levado por um foguete.

Como indica o nome, o tal carro-robô vai fotografar – e revelar – detalhes do chamado Planeta Vermelho. O principal objetivo da missão é buscar formas de vida (do presente ou passado) em Marte. Bem, não necessariamente vida como imaginamos num primeiro momento (podem ser resquícios de bactérias, por exemplo).

A missão custou, como se imagina, bilhões de dólares.

Tenho dúvidas se tal gasto é oportuno e sou leigo para classificar o projeto de útil ou inútil (o físico Marcelo Gleiser, em sua coluna de 12/8 na "Folha de S. Paulo", traz uma opinião embasada).

Por enquanto, a Curiosity rendeu algumas imagens – raras, é verdade, mas com nada de espetacular.

De acordo com a Nasa, o robozinho começou a enviar fotos coloridas em alta resolução, como a que se vê a seguir de uma parede da cratera Gale:

  
A paisagem marciana registrada na foto, segundo a agência espacial, assemelha-se a áreas da região sudoeste dos Estados Unidos, como nos estados do Arizona, Nova México, Nevada. Dê uma olhada na área próxima a Las Vegas (NE) - bom, é preciso ignorar a parte líquida, claro:




* A foto de Marte é de divulgação da Nasa; as demais são minhas

domingo, 19 de setembro de 2010 | | 0 comentários

Frases do fim de semana - parte 2

"Estamos aqui (na Terra) não porque o Universo é propício à vida, mas apesar de sua hostilidade. (...) Devemos celebrar nossa existência por sua raridade, e não por ser ordinária."
Marcelo Gleiser, em sua coluna dominical na seção de "Ciência" da "Folha de S. Paulo". Para ler na íntegra, clique
aqui (é preciso ter senha do UOL ou da "Folha")

domingo, 21 de março de 2010 | | 0 comentários

"2012: O mundo não vai acabar"

O ataque é constante, um dilúvio de cataclismos horrendos que marcam o fim do mundo: tudo isso ocorrendo no dia 21 de dezembro de 2012 (ou será no dia 23?). Pelo mundo afora, milhões de pessoas escrevem em blogs, rezam, formam grupos e portais de "informação", acreditando que essas previsões sejam diversas do "bug do milênio" (alguém se lembra?) ou de centenas de outras profecias apocalípticas que falharam e que as pessoas têm uma incrível habilidade de esquecer.

Gostaria de contra-atacar essa onda de medos apocalípticos usando, sim, a luz da ciência e da razão. Mesmo que muitas dessas previsões sejam supostamente baseadas em ciência, a verdade é que não são. Se fossem, deveríamos levá-las a sério (o Sol, é verdade, explodirá em 5 bilhões de anos).

1) Fim do calendário maia: Deixando de lado o fato de que os maias não tinham como prever o fim do mundo, vamos examinar a "evidência" que mostra a relação entre o fim do calendário deles e o fim do mundo.

Os especialistas Linda Schele e David Freidel encontraram referências a eventos ocorrendo muito após o fim do calendário. Outros afirmam que a noção judaico-cristã de apocalipse não fazia parte da cultura maia. A fonte da profecia vem de um local no México chamado Tortuguero.

Especialistas mal conseguem decifrar os fragmentos encontrados lá: "O décimo terceiro [b'ak'tun] termina (no) 4 Ajaw, o 3º do Uniiw [3 K'ank'in]. Preto...ocorrerá. (Será) a queda (?) de Bolon Yookte" K'uh ao grande (ou vermelho?)..." Desse fragmento a uma previsão do fim do mundo baseada no profundo conhecimento cósmico dos maias é um salto vergonhoso.

2) Alinhamento galáctico: Alguns afirmam que os maias sabiam do alinhamento periódico entre o Sol, a Terra e o centro da nossa galáxia. Afirmam também que esse alinhamento causará o fim do mundo. A verdade é que esse alinhamento aproximado ocorre todo mês de dezembro. E a Terra sobrevive há mais de 4 bilhões de anos! Mesmo que todos os planetas se alinhassem -o que não ocorrerá em 2012 ou nas próximas décadas-, o efeito sobre a Terra seria desprezível.

Lembre-se de que a força da gravidade cai em proporção ao quadrado da distância. Se somarmos todas as massas dos planetas, obtemos em torno de 450 massas da Terra. O Sol, sozinho, tem uma massa 332 mil vezes maior do que a da Terra! Ou seja, a perturbação causada pelos planetas ou pelo centro galáctico é irrelevante.

3) Planeta Nibiru (ou Planeta X): Supostamente, os sumérios sabiam de um planeta que vai colidir com a Terra em 2012. Acontece que esse planeta simplesmente não existe! Se existisse, teria já sido detectado por astrônomos. Se fosse colidir com a Terra em 2012, seria visível a olho nu. Um objeto dessa magnitude causaria (pequenas) perturbações em outros planetas e asteroides facilmente detectáveis.

4) Tempestade solar: O Sol tem um ciclo de atividade de 11 anos e o próximo máximo ocorre entre 2012 e 2014. Plasma lançado da sua superfície pode atingir a Terra, causando auroras em altas latitudes. Alguns distúrbios mais violentos podem danificar satélites e causar apagões. O Sol poderia nos causar problemas sérios, mas não há previsão de que isso vá ocorrer em 2012 ou nos próximos milhões de anos.

Certamente, os maias não sabiam nada sobre a fusão nuclear.

Esse frenesi todo é irracional, promulgado por alguns setores dos meios de comunicação e oportunistas. Quem escolhe acreditar nisso está fechando os olhos para 400 anos de ciência, preferindo viver escravizado por medos que pertencem à Idade Média.

Fonte: Marcelo Gleiser, "Folha de São Paulo", dom., 21.3.2010, Ciência.