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terça-feira, 10 de março de 2015 | | 0 comentários

Sediar Copa e Olimpíada é mau negócio, aponta estudo

O prometido é devido: será que organizar Copas do Mundo ou Jogos Olímpicos compensa economicamente? A resposta instintiva seria dizer sim: durante os jogos, há turistas nas cidades, a economia floresce - e o nome do país sobe aos píncaros. Quem, em juízo perfeito, não receberia uma Copa ou uns Jogos Olímpicos de braços abertos?

Curiosamente, muita gente. Andrew Zimbalist (...) escreveu "Circus Maximus" (Brookings, 174 págs.), um dos mais sérios e detalhados estudos econômicos sobre Copas do Mundo e Jogos Olímpicos.

Uma primeira conclusão: Copas e Olimpíadas são tão tentadoras que o número de países que se candidatam a tal honraria tem decrescido. Em 1997, existiam 12 candidatos para os Jogos Olímpicos de 2004. Atenas venceu. Em 2013, apenas 5 para os Jogos de 2020. Tóquio venceu. Como explicar a deserção?

Uma palavra: dinheiro. Tirando honrosas exceções (já vamos lá), o investimento em grandes circos desportivos é ruinoso no curto e no longo prazos. (...)

Fonte: João Pereira Coutinho, "Jogos de azar", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 10/3/15.

* Leia também (acrescentado em 19/3):

- Os Jogos Olímpicos não serão positivos para o Rio

segunda-feira, 5 de agosto de 2013 | | 0 comentários

Conta milionária, legado incerto

O Brasil é realmente um país rico. Riquíssimo. Bilionário!

Recente levantamento do Ministério do Esporte apontou que o custo para a realização da Copa do Mundo de 2014 já chega a R$ 28 bilhões.

Agora, cálculo feito pelo UOL Esporte aponta que a realização das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro já tem um custo de R$ 29,2 bilhões.

Ou seja: são mais de R$ 57 bilhões para dois eventos - que, sim, trarão divisas para o país, fomentarão o turismo e, quiçá, deixarão algum legado para a sociedade e as cidades. 

Ainda assim são R$ 57 bilhões... Num país onde existe miséria e faltam saúde e educação de qualidade parece um número indecente considerando que são dois eventos privados e de muito lucro para seus organizadores.

Só para comparar, o custo para a realização da Copa e Olimpíada é maior que os R$ 50 bilhões anunciados pela presidente Dilma Rousseff como ajuda para a mobilidade urbana nas cidades após os protestos de junho.

E depois não querem que o povo saia às ruas...

quinta-feira, 23 de maio de 2013 | | 0 comentários

Os aeroportos (de novo)

Escrevi recentemente neste blog sobre os problemas dos aeroportos brasileiros às vésperas da Copa das Confederações (junho), Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016).

O governo informa que obras estão encaminhadas. Um balanço foi divulgado esta semana. Olhe e analise.

Se você esteve em algum aeroporto recentemente sabe do que estou falando.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012 | | 0 comentários

Afinal, vale a pena sediar as Olimpíadas?

Quando se fala em Olimpíadas, um dos principais temas em discussão é o tal legado – ou seja, o que vai restar para a comunidade após as duas semanas de jogos e gastos cada vez mais bilionários para sediar o evento.

Dia desses, conversando com um amigo sobre o assunto, argumentei que os custos para realização dos Jogos Olímpicos estão saindo do controle. Ou, dito de outra forma, assumindo valores estratosféricos. Será, afinal, que vale a pena?

Este amigo citou, como legado, o caso de Barcelona, na Espanha, sede dos jogos de 1992. Contra-argumentei afirmando que já se passaram cinco olimpíadas (considerando só as de verão) e todo mundo ainda se baseia no mesmo exemplo. Qual foi, afinal, o legado para as demais cidades? O que podem falar os moradores de Atlanta (1996), Sidney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e agora Londres (2012)?

Uma ajuda para responder esta pergunta pode ser encontrada no trabalho dos fotógrafos Jon Pack e Gary Hustwit. Eles acabaram de realizar o projeto “The Olympic City”, cujo objetivo foi justamente registrar o legado olímpico para as cidades ao redor do mundo.

De acordo com eles, sediar um evento desse porte se apresenta como uma oportunidade para as cidades se mostrarem ao mundo e atraírem dólares com o turismo. Ao mesmo tempo, gastam milhões ou até bilhões para organizar a festa. “Mas depois que o evento acaba, que as medalhas foram distribuídas e a tocha olímpica é extinta, o que vem? O que acontece com uma cidade depois que as Olimpíadas acabam?”, citam.

Será que cidades como Rio de Janeiro e Londres precisam dos Jogos Olímpicos como divulgação internacional e para atrair turistas? Será que de fato o evento atrai turistas de modo a justificar tantos investimentos?

No “The Olympic City”, financiado por meio de um site especializado em captação de recursos junto a internautas, os fotógrafos buscaram “exemplos de sucesso e fracasso, restos esquecidos e fantasmas do espetáculo olímpico”. Segundo eles, algumas construções foram adaptadas e usadas para fins distintos daqueles para as quais foram erguidas: viraram prisões, shoppings, igrejas.

“Outros lugares estão sem uso por décadas e se tornaram ‘trágicas cápsulas do tempo’, exemplos de planejamento equivocado e promessas não cumpridas de benefícios que os jogos trariam. Estamos interessados nestas ideias díspares – decadência e renascimento – e como alguns lugares parecem ter seguido um caminho ou outro, seja por escolha ou pelas circunstâncias. Estamos igualmente interessados na vida das pessoas cujas vizinhanças foram transformadas pelo desenvolvimento olímpico”.


Foram captadas imagens em Atenas (Grécia), Barcelona, Cidade do México, Los Angeles (EUA), Montreal (Canadá), Lake Placid (EUA), Roma (Itália) e Sarajevo (Bósnia). Também estão no roteiro Pequim (China), Londres (Inglaterra) e outras cidades ainda a serem definidas.

É interessante ver nas imagens que até o “modelo Barcelona” apresenta problemas.

domingo, 12 de agosto de 2012 | | 0 comentários

"Imagine" - Uma homenagem a Londres-12



Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one

("Imagine", de John Lennon)

Esta é uma homenagem às Olimpíadas de Londres, que terminaram neste domingo ao ritmo desta música, entre tantas outras.

PS: a foto é de Strawberry Fields, o setor do Central Park, em Nova York (EUA), próximo de onde John Lennon morava (e onde foi assassinado), hoje uma espécie de memorial em homenagem ao ex-beatle.

sábado, 11 de agosto de 2012 | | 0 comentários

"Corpos olímpicos são catálogo para fantasias"

Eu trocaria todos os poemas de Baudelaire por uma nadadora olímpica" - escreveu Céline. Talvez o leitor e a leitora não compartilhem da predileção do escritor francês pelas nadadoras e preferissem abrir mão das "Flores do Mal" (ou mesmo de todas as flores da literatura ocidental) por uma saltadora lituana, um velocista jamaicano, uma jogadora de vôlei de praia - qualquer uma, desde que viesse em seus diminutos trajes, correntinha no tornozelo e um pouco de areia, só um pouco, grudada no bumbum.

As opções são infinitas, afinal, os Jogos Olímpicos são, além de um evento esportivo, um negócio bilionário e uma opereta geopolítica, um rico catálogo para as mais diversas fantasias.

Quantas donas de casa não têm, desde o dia 27, em seus devaneios cheirando a Limpol, casos secretos com remadores dinamarqueses? Quantos maridos preguiçosos não encontraram o ânimo perdido, inflados pela brisa que soprou as velas nas provas femininas de windsurfe?

De repente o garoto esquece o vestibular, a tabela periódica, a Guerra do Peloponeso, os ditongos crescentes, decrescentes e nasais e fica ali, diante da TV, os globos oculares seguindo as coxas saltitantes da ginasta romena - ah, se ela me desse só uma chance, cinco minutos, eu me virava na mímica, fazia uma rosa de guardanapo, largava o cursinho, passava o resto dos meus dias lavando pratos em Bucareste pela ginasta romena, pelas coxas da ginasta romena!

Ter um rosto bonito é resultado da injusta loteria do cosmos, mas um corpo, não: basta fazer exercício - e exercício, bom, é basicamente só o que fazem esses 10.500 atletas, desde criancinhas. O resultado está aí, em HD e "wide screen", pelos quatro cantos do planeta.

Londres-2012, aliás, é a primeira Olimpíada a que boa parte dos brasileiros assiste em alta definição, e a qualidade da imagem deixa estranhamente próximos, quase tangíveis, esses e essas que o tubo catódico só ajudava a endeusar. Você vê narinas arfantes, panturrilhas contraindo-se e expandindo-se, vê poros, pintas, suor e fios de cabelo.

Por alguns momentos, a dona de casa acha que os remadores dinamarqueses estão em seu sofá, o marido desanimado vê as velejadoras singrando seu carpete, o garoto abre os braços para segurar a ginasta romena que se desequilibra na trave.

Vamos sonhando, minha gente. Para isso também serve a Olimpíada, para alimentar devaneios e solitárias esperanças. "Solitária Esperança", por coincidência, é o nome de uma das musas destes Jogos, a goleira americana Hope Solo. Ok, um professor de inglês certamente discordaria de minha libérrima tradução, mas e daí? Eu trocaria todos os professores de inglês pela goleira americana.

Fonte: Antonio Prata, "Corpos olímpicos são catálogo para diversas fantasias", UOL, postado em 10/8/12.

segunda-feira, 20 de junho de 2011 | | 0 comentários

Copa do Mundo, Otoniel e Romário

“Quando as pessoas falam hoje de máfia e futebol, não sei se felizmente ou infelizmente, o nome de Ricardo Teixeira é sempre ouvido. Mas da minha boca não vão ouvir, pois não tenho provas. Mas, definitivamente, existe uma quadrilha no futebol.”
Romário Nazário, ex-atacante e deputado federal pelo PSB-RJ, em entrevista à “Folha de S. Paulo” (leia a íntegra aqui - é preciso ter senha)


A aprovação da polêmica Medida Provisória 527 - que cria o chamado Regime Diferenciado de Contratações Públicas visando flexibilizar as regras das licitações para as obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Rio – contou com voto favorável do representante de Limeira no Congresso, o deputado Otoniel de Lima (PRB).

Na sessão do último dia 15, o parlamentar votou contra a proposta de retirada de pauta da discussão da MP 527 e a favor de sua conversão em lei. Está lá no relatório de votações de Otoniel, que pode ser acessado aqui.

Como era de se prever, as vozes mais sensatas do país – e algumas até inesperadas, como a do presidente do Senado, José Sarney (PDMB-AP) – criticaram a aprovação do regime diferenciado e, principalmente, do artigo que prevê a não divulgação dos orçamentos das obras durante a licitação.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, criticou a MP. “É pouco dizer que seria uma coisa absurda, escandalosamente absurda. Você não pode ter despesa pública protegida por sigilo”, falou, conforme noticiou a imprensa (veja aqui). 

Nesta segunda-feira, a crítica veio de Sarney. “Cria muitas dúvidas sobre os orçamentos da Copa. Realmente não acho motivação nenhuma para que haja sigilo nas obras”, citou, conforme a Agência Brasil (veja aqui).

Quando a crítica a uma medida desse porte vem de alguém como Sarney, há de se suspeitar que o buraco realmente é mais embaixo, como diz o ditado.

Isto posto, somado à entrevista do ex-atacante e hoje deputado federal Romário à “Folha de S. Paulo”, publicada nesta segunda-feira, reforça-se a convicção – sempre presente, registre-se – de que a Copa e as Olimpíadas no Brasil serão mesmo uma farra.

Como escreveu Juca Kfouri em artigo ontem na “Folha” e citado neste blog algumas postagem atrás, “e você, por que não reage?”

Em tempo: nas outras duas votações polêmicas da atua legislatura, Otoniel foi a favor do salário mínimo proposto pelo governo (R$ 545) e a favor do texto do novo Código Florestal como defendido pelos ruralistas (e contra a orientação do Palácio do Planalto).

Registre-se, por justiça, que Otoniel votou contra a emenda 164, do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), que dá aos Estados (e não à União) o direito de definir o que poderia ser cultivado nas chamadas APPs (áreas de proteção permanente). O governo queria derrubar a emenda, que acabou aprovado com apoio maciço do PMDB.

Leia mais sobre o código aqui.

PS: em quatro meses como deputado, Otoniel usou R$ 107.500,35 de sua cota parlamentar (gastos com viagens, carros, combustível, etc). Quase 40% deste valor – R$ 40 mil – foram gastos com uma empresa de consultoria, a Soma Lex Empresarial (que recebeu R$ 10 mil por mês).

Os gastos da cota parlamentar foram assim divididos: fevereiro, R$ 26.888,60; março, R$ 29.714,37; abril, R$ 27.082,75; e maio, R$ 23.814,63. Detalhes podem ser vistos aqui. 

domingo, 19 de junho de 2011 | | 0 comentários

Pedaços de jornal: textos que valem a pena

A edição deste domingo - 19/6 - da "Folha de S. Paulo" está bem elaborada, notadamente naquilo que o jornal tem de melhor, a análise e a opinião. Por isso, decidi compartilhar aqui alguns textos (infelizmente, o acesso a eles exige senha da "Folha" ou do UOL).

É espantoso como há quem se espante com as notícias em torno dos preparativos para que o país receba a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. 
Como se todos não soubessem o que já era público e notório desde que o Brasil se candidatou a sediar os dois maiores eventos do mundo. (...)
E você, por que não reage?
Juca Kfouri, E qual é a surpresa? (Esportes)

A verdade é que Lula - e agora Dilma -, tendo se transformado em autores dos projetos e programas que combateram, aliaram às medidas saudáveis do governo anterior - que liquidaram com a inflação e mantiveram estável a economia- outras abertamente populistas, visando conquistar o maior número possível de pessoas carentes.
Com isso, Lula garantiu a seu governo e seu partido uma popularidade de que jamais gozariam se tivessem persistido na pregação radical que sempre os caracterizou. Além do mais, aparelhou órgãos e empresas estatais, pondo-os todos a serviço da propaganda oficial. 
Ferreira Gullar, Às cegas (Ilustrada)

Quase no fim da entrevista, FHC se definiu como uma pessoa "de temperamento conciliador e pensamento conflitivo". A imagem é precisa para sintetizar sua atuação como político e sua força como sociólogo. 
Entre um e outro, a relação é mais complementar do que se imagina. De certa forma, o político FHC "realizou" o que o intelectual escreveu -muito mais, por exemplo, do que Lula cumpriu o que falava até chegar à Presidência.
 
Fernando de Barros e Silva, O provocador cordial (Ilustríssima)

Não seriam estádios, elevados, avenidas e metrôs, e demais projetos pretextados pela Copa e pela Olimpíada, que escapariam ao cartel tão presente no interior dos governos quanto os próprios governos. E até mais, em determinadas áreas governamentais. Do mesmo modo nas instâncias federal, estadual e municipal. É uma das faces do Brasil desconhecido. Sigiloso, digamos.
Janio de Freitas, O lado sigiloso (Poder)