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domingo, 22 de novembro de 2015 | | 0 comentários

Ninguém, de fato, está acima da lei

O advogado de defesa de um dos filhos do ex-presidente Lula disse em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo" e a outros veículos, a respeito de busca e apreensão feitas na empresa do jovem, que isto só ocorreu pela ligação familiar: "Prevaleceu o nome, o sobrenome da pessoa envolvida como motivação para o ato".

Petistas têm propalado que os filhos de Lula tornaram-se alvos de investigação unicamente porque são filhos do ex-presidente, numa suposta tentativa de agentes do Ministério Público e da Justiça de atingirem o pai.

Certamente, num estado democrático, ninguém deve ser alvo de investigação ou punição por ser filho deste ou daquele.

Mas, principalmente, num estado democrático, ninguém deve deixar de ser investigado ou punido por ser filho deste ou daquele (por exemplo, de um ex-presidente da República).

Vide os exemplos do Chile (com o filho da presidente Michelle Bachelet) e da Espanha (com a princesa Cristina).

Isto, sim, deve despertar a atenção daqueles que defendem a democracia.

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Só para lembrar...

Só para lembrar - porque não custa, principalmente neste momento em que começam a surgir movimentos aqui e acolá visando apagar ou minimizar o passado: o ex-prefeito de Limeira, Silvio Félix, foi condenado pela Justiça.

Da decisão, coube recurso - e Félix certamente recorreu.

Reza a lei que todo cidadão tem o benefício da dúvida até trânsito em julgado de uma sentença, ou seja, quando não houver mais chance de recursos.

Não se pode esquecer, contudo, que Félix, a mulher dele, dois filhos do casal e outros familiares já têm uma condenação "por improbidade administrativa, caracterizada por enriquecimento ilícito durante o mandato dele na prefeitura", segundo informa o Ministério Público.

Para ler mais, clique aqui.

quarta-feira, 1 de julho de 2015 | | 0 comentários

Um país sem corrupção

(...) um país decente depende, é óbvio, da impessoalidade no trato dos negócios públicos.

Enquanto prevalecer a necessidade de mostrar uma mala de dinheiro às campanhas políticas, para "abrir portas", o Brasil será essa pústula exposta com tremenda claridade pela operação Lava Jato (ou por dezenas de outras, antes dela). (...)

Fonte: Clóvis Rossi, “Precisa ordenar respeito à lei?”, Folha de S. Paulo, Mundo, 29/6/2015.

terça-feira, 2 de junho de 2015 | | 0 comentários

Quem bajulou Marin que explique...

O ditado é antigo: dize-me com quem andas e direi-lhe quem és!

Pois em Limeira, como é praxe, há quem andou bajulando os últimos mandatários do futebol paulista e brasileiro, concedendo prêmios e homenagens e, mais que isto, colocando na mesma foto, lado a lado, o atual prefeito Paulo Hadich (PSB) e gente que sempre fora acusada de atos não republicanos, desde o furto de uma medalha de campeão da Taça São Paulo, passando pela denúncia de jornalistas à ditadura (que resultou inclusive na morte de Vladimir Herzog) até casos de corrupção.

Não pega bem o prefeito aparecer em fotos ao lado de pessoas do naipe de Marco Polo del Nero e José Maria Marin.

Ao mesmo tempo, diz muito de uma cidade ter em seus registros homenagens a figuras de tal naipe - Marin, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), acaba de ser preso na Suíça em operação do FBI, a polícia federal norte-americana, acusado de corrupção com os negócios do futebol.

Quem prestou tal papel deveria agora vir a público dar suas explicações: afinal, que méritos viu ou vê em tais figuras?

Em tempo: bajular "forasteiros" é típico da terra da laranja. É só lembrar de um ex-empresário, dono de uma revenda de automóveis, que deu um dos maiores golpes da história da cidade e quase foi presidente da Internacional e do Nosso Clube...

sexta-feira, 27 de março de 2015 | | 0 comentários

Palavras de um senador

A seguir, trechos do pronunciamento do senador Omar Aziz (PSD-AM) em sessão do último dia 12/3:

(...) Quem financia as campanhas no Brasil são as grandes empreiteiras. De todos os partidos, à exceção de um ou de outro. (...) Estão todos sob suspeita, independentemente de partido político. (...) Mas eles (empreiteiros) nos acham tão bonitos que nos dão dinheiro, para os partidos políticos. E aqui não há de tirar ninguém. Nós temos que investigar mesmo. Por isso que esse sistema de financiamento de campanha que existe hoje induz à corrupção. Quem tem mais dinheiro tem mais facilidade de ganhar. (...) 
Quando eu falo sob suspeita, falo de todos os partidos e não de A, B, ou C, não. Qualquer partido que recebeu recursos das empresas que estão sendo acusadas agora nessa Operação Lava Jato, para mim, está sob suspeita, porque não é possível que um partido receba R$ 60 milhões, R$ 70 milhões de uma empreiteira ou de várias empreiteiras – o outro, também, R$ 60 milhões – e distribua esse dinheiro por diretórios regionais para ganhar eleição. 
É por isso que os partidos fazem o maior número de deputados, o maior número de deputados federais, de senadores. Eles se fortalecem com o quê? Com recursos públicos! Tirando dinheiro do povo brasileiro! Aí o partido fica grande!

Diz mais o senador:

(...) E nós passamos, ontem, mais de 12 horas em uma sessão do Congresso. Depois de 12 horas, eu vi o esforço dos Parlamentares, mas o que nós contribuímos para o País, realmente, de fato, passando 12, 13, 14 horas dentro do Congresso debatendo? O que o povo brasileiro tirou de proveito daquilo, ganhou com aquilo? Melhorou a vida dos brasileiros com aquilo?

A resposta todos sabemos...


* Leia também:


- História da carochinha

domingo, 8 de março de 2015 | | 0 comentários

Doações eleitorais legais são uma falácia

O principal argumento para políticos e partidos (PT à frente) negarem envolvimento com o escândalo da Petrobras é que as doações eleitorais recebidas foram legais - registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Ora, num olhar míope, efetivamente que foram. Entraram oficialmente e foram declaradas.

Ocorre que a origem dessas doações costuma ser ilícita. A matemática é simples: a empresa superfatura o valor de um contrato com uma estatal. O valor a mais aparece como um lucro da empresa e acaba sendo "doado" legalmente a partidos e políticos (bem como parte dele é repassado a troco de propina para gestores da estatal, conforme as delações obtidas na Operação Lava Jato).

Argumentar, portanto, que houve doações legais é mais do que uma desculpa, é chamar o brasileiro de idiota.

Se a origem do dinheiro é sabidamente ilícita, segundo os depoimentos surgidos até aqui, ilícita também deve ser considerada a doação. E, da mesma forma, deveriam ser as campanhas que este dinheiro financiou - vitórias eventualmente construídas a partir de dinheiro sujo.

- Leia também (acrescentado em 10/3):

* Doação eleitoral é falácia

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

O dia em que a República caiu (não caiu?)

A impressão ao ver o noticiário sobre a Operação Lava Jato, cuja nova fase ganhou o sugestivo nome de “My Way”, foi a de que a República cairia. E o PT, se possível fosse, acabaria (porque, para mim, o partido que um dia admirei morreu faz tempo).

Se o tesoureiro petista João Vaccari Neto estava tão interessado em esclarecer as “infundadas acusações” que vêm sendo feitas contra ele (não pela “imprensa golpista” nem pelo “pretenso golpista juiz Sérgio Moro”, conforme blogs vermelhos, e sim por executivos em processos de delação colhidos pela Polícia Federal e Ministério Público), uma dúvida: por que se recusou a abrir a porta de sua casa para a PF? 

Se tanto queria esclarecer os fatos, por que precisou de um mandado coercitivo para ser levado a depor?

Quem não deve, não teme – diz o velho ditado.

Ditados, porém, não podem nem devem servir como indício de culpa. A todos os acusados, o benefício (legal, ademais) da dúvida e o princípio da inocência.

Mas que está cada vez mais complicado, está.

* Leia também:

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014 | | 0 comentários

Que país é este (e que Justiça é esta)?

Inevitável pensar: se Maluf é ficha-limpa, então tenho licença para matar.

(Pensamento propositalmente exagerado e parcialmente inspirado no título do filme.)

* Leia também:

- Se Paulo Maluf é Ficha Limpa, tudo é permitido

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014 | | 0 comentários

Frase

“Não se iludam. Isso que acontece na Petrobras acontece no Brasil inteiro. Em ferrovias, portos, aeroportos. Tudo. Acontece no Brasil inteiro.”
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, um dos principais delatores dos esquemas de corrupção na estatal, em depoimento à CPI do Congresso

sexta-feira, 21 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Um texto necessário sobre o Brasil

Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.

Não há no mundo dos negócios quem não saiba disso. Nem qualquer um dos 86 mil honrados funcionários que nada ganham com a bandalheira da cúpula.

Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos "cochons des dix pour cent", os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.

Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão - cem vezes mais do que o caso Petrobras - pelos empresários?

Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?

Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.

Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.

É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo.

Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.

Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.

A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.

O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras.

É lógico que a defesa desses executivos presos vão entrar novamente com habeas corpus, vários deles serão soltos, mas o susto e o passo à frente está dado. Daqui não se volta atrás como país.

A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.

Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.

Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor? (grifo meu)

Deixemos de cinismo. O antídoto contra esse veneno sistêmico é homeopático. Deixemos instalar o processo de cura, que é do país, e não de um partido.

O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas. Não sejamos o volume morto, não permitamos que o barro triunfe novamente. Ninguém precisa ser alertado, cada de nós sabe o que precisa fazer em vez de resmungar.

Fonte: Ricardo Semler, “Nunca se roubou tão pouco”, Folha de S. Paulo, Opinião, 21/11/14, p. 3.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014 | | 0 comentários

A ligação perversa das obras e campanhas eleitorais

A lógica revelada (ou confirmada) pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, é a seguinte: as grandes empreiteiras participam de negociatas e garantem as maiores e mais caras obras do país – e, em alguns casos, no exterior, sob patrocínio de influentes políticos locais.

As nove construtoras que hoje estão na berlinda são as maiores do País, responsáveis por boa parte dos R$ 221,7 bilhões que o setor da construção civil faturou em 2013. Elas estão em todos os grandes projetos do governo e na maior obra em infraestrutura do País, a refinaria Abreu e Lima, orçada em R$ 37,4 bilhões e centro da operação Lava Jato. Seja como prestadoras de serviços ou sócias de consórcios, elas também atuam diretamente em projetos estruturais, como a construção da hidrelétrica Belo Monte, no Pará, uma obra de R$ 30 bilhões. 

Também estão presentes em obras emblemáticas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como a transposição do São Francisco, o Rodoanel de São Paulo e a ferrovia Norte-Sul, além das usinas Jirau (RO) e Santo Antônio (RO).
 

Fonte: Lu Aiko Ota e André Borges, “Operação Lava Jato pode comprometer futuro do programa de concessões”, O Estado de S. Paulo, Economia, 18/11/14, p. B1.

Em troca, pegam parte do dinheiro superfaturado que recebem e financiam as milionárias campanhas eleitorais, num círculo vicioso que se retroalimenta infindavelmente.

É tão simples, claro e óbvio como 2 + 2 = 4.

Detalhe: não bastasse a corrupção, ainda pegam dinheiro público emprestado a custo menor que o de mercado no bom e velho BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Como disse o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em entrevista ao programa "Roda Viva" (TV Cultura, seg. 22h): "Estamos diante de fatos que implodiram o sistema de organização do jogo político. A reforma política se tornou um imperativo absoluto, o Congresso vai ter que deliberar. Só lamento que vai deliberar no meio de um profundo terremoto."

segunda-feira, 17 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Era Dilma 2: futuro incerto

O prognóstico foi feito neste blog um dia antes do segundo turno.

Com menos de um mês pós-eleição, ele começa a se desenhar.

No campo econômico, a reeleita Dilma Rousseff (PT) enfrenta um desafio sem tamanho: em uma semana ela viu sua equipe adotar medidas duras que atribuía ao adversário, como o aumento dos juros e do preço dos combustíveis, sem contar a manobra para esconder o rombo nas contas públicas.

Considere-se ainda um ministro da Fazenda demitido há dois meses, em plena campanha, mas que segue no cargo. E um futuro ministro que mostra-se cada vez mais incerto, já que as sondagens presidenciais não têm encontrado eco diante do pouco espaço que o caráter de Dilma costuma conferir aos seus auxiliares.

Some-se ainda a artilharia da senadora petista Marta Suplicy, que deixou o Ministério da Cultura criticando a política econômica de Dilma e a falta de credibilidade do governo.

Na política, a presidente enfrenta desafios tão ou mais delicados. Na Câmara Federal, vê seu inimigo Eduardo Cunha (RJ), do “aliado” PMDB, assumir a dianteira na disputa pela presidência da Casa.

No ministério, críticas públicas de Marta e do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho – ambos lulistas de carteirinha.

A esquerda petista (sim, ainda existe esquerda no PT) também fez uma cobrança pública em carta aberta a Dilma, Lula e ao comando do partido:

Vencemos a batalha eleitoral pela reeleição da presidência da república, mas é evidente que as massas trabalhadoras e a juventude sancionaram severamente nosso partido nas urnas. (...) 
 Apesar de todos os erros do nosso partido e do Governo, a classe trabalhadora deu mais uma chance ao PT. Mas, um partido que ganha a eleição e perde nos centros políticos e econômicos do país está fadado ao fracasso. Para reverter este processo é preciso parar com a agitação sobre uma suposta constituinte e reforma política, que é uma forma de contornar os problemas concretos atuais e remeter sua resolução para um futuro nebuloso, e finalmente não levará a nada. Sem esperar mais, já, imediatamente, é preciso retomar a iniciativa política governando para as massas e atendendo às suas reivindicações (...).

A fatura eleitoral começa a ser cobrada (vem aí Gilberto Kassab como ministro...).

E tem ainda o escândalo da Petrobras a rondar o Planalto.

O que vai ser daqui pra frente é incerto, daí ser prematura qualquer previsão a respeito do futuro de Dilma.

Um fato, porém, é inegável: nenhum presidente (nem Fernando Collor) assumiu o mandato num clima tão desfavorável como Dilma fará a partir de 1° de janeiro.

***

Conforme a carruagem andar, a reeleição de Dilma poderá decretar o fim do PT. Se não oficialmente, ao menos em razão do desempenho nas urnas - hipótese apresentada pelo jornalista Igor Gielow em coluna na “Folha de S. Paulo”:

(...) O escândalo da Petrobras ameaça a todos, mas só um partido corre risco existencial com ele: o PT. 
 Em seus governos, o partido colocou a estatal no topo da agenda; fez controle inflacionário ao represar reajustes de combustível, enquanto Lula embebia as mãos com petróleo, à Getúlio. Para cada descoberta no pré-sal, contudo, parece ter havido uma contrapartida obscura. 
 PMDB, PP e outros estão citados, mas o PT tinha o leme. Depois de sobreviver ao mensalão e sofrer derrotas apesar de reeleger Dilma, o que sobrará do partido se o que se insinua na Lava Jato for comprovado?

Leia também:

quinta-feira, 2 de outubro de 2014 | | 0 comentários

A bomba está armada (e o país tem o direito de saber)

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já está em sua casa, no Rio de Janeiro. Ganhou o direito de trocar a cana dura pela prisão domiciliar graças ao suor do seu dedo indicador. Chama-se Beatriz Cattapreta a advogada do delator. Nas palavras da doutora, o destampatório do seu cliente, mantido em segredo, “é um acontecimento de grandes proporções.”

O que Beatriz Cattapreta disse, com outras palavras, é que vem aí mais um grandioso escândalo de corrupção. Ao homologar o acordo que levou Paulo Roberto a mover os lábios, o ministro Teori Zavascki, do STF, deu a entender que a encrenca será realmente grande, muito grande, gigantesca.

“…Há elementos indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais”, anotou Teori em seu despacho.

Ao se referir aos “tribunais superiores” de Brasília assim, no plural, Teori sinalizou que, além de besuntar ministros e congressistas, que usufruem do foro do STF, o derramamento de óleo deve engolfar governadores de Estado, cujo foro é o STJ.

Teori informou, de resto, que há nos depoimentos de Paulo Roberto Costa indícios de “vantagens econômicas ilícitas oriundas dos cofres públicos”. Anotou que as vantagens foram “distribuídas entre diversos agentes públicos e particulares.” No português das ruas: rolou uma fe$ta. E o contribuinte entrou com o bolso. (...)

Fonte: Josias de Souza, Blog do Josias,
“Sem saber, eleitor pode consagrar futuros réus”, postado em 2/10/14.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014 | | 0 comentários

Pitacos político-eleitorais

- Li na “Folha” que apenas três empresas – JBS (Friboi), Ambev (bebidas) e OAS (construtora) – doaram 65% do financiamento das campanhas para presidência da República até aqui.

Reafirmo meu pensamento: nenhum político será digno do meu voto a partir de 2014, tampouco capaz de promover as mudanças de que o Brasil necessita, enquanto o sistema político-eleitoral brasileiro não mudar (o que provavelmente exigirá uma revolta).

Não é plausível crer que três empresas doem milhões para os candidatos sem esperar nada em troca, até porque afinidade não há - nem política nem ideológica, é pragmatismo mesmo, troca de favores (a JBS, por exemplo, doou R$ 5 milhões para a campanha da presidente Dilma Rousseff, do PT, e outros R$ 5 milhões para a de seu principal opositor, o senador Aécio Neves, do PSDB).

- Quando estourou o escândalo do “mensalão”, o então presidente Lula apressou-se para dizer que o PT fizera “apenas” caixa dois, o que “todos os partidos fazem”. Agora, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que combinar depoimentos numa CPI, como a da Petrobras, “vem desde Pedro Álvares Cabral”.

Ambos falaram a verdade, só ignoraram dois fatos: 1) do PT, o partido que empunhou durante duas décadas a bandeira da ética e da moralidade e colocou o dedo na cara dos adversários, esperava-se outro tipo de atitude; e 2) é para mudar o que “todos fazem” e o que se faz “desde Pedro Álvares Cabral” que os políticos são eleitos.

Certa vez, assisti a uma palestra de um jurista que fez a seguinte colocação: o fato do seu vizinho sair todos os dias na contramão lhe dá o direito de fazer o mesmo, cometendo uma infração?

A resposta é óbvia e deveria servir de lição para os Lulas e Bernardos da vida...


Em tempo (acrescentado em 11/8): a explicação para o apoio da JBS, por exemplo, pode ser encontrada na notícia de que a empresa recebeu do BNDES (leia-se do governo federal) nada menos do que R$ 10 bilhões para se transformar na gigante da carne no Brasil.

Toma lá, dá cá...

quinta-feira, 31 de julho de 2014 | | 0 comentários

Pode isto, Arnaldo? No Brasil, pode...

No Rio, o ex-governador (cheio de processos) e deputado federal Anthony Garotinho (PR) lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo estadual, seguido do pastor-senador-ex-ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB).

No Distrito Federal, a liderança é do ex-governador (preso e condenado por corrupção, agora oficialmente "ficha suja") José Roberto Arruda (PR).

Sempre que leio estas notícias fico pensando na Suécia: o país se tornou o de maior índice de desenvolvimento humano (IDH) do mundo e um dos menos corruptos não só porque a classe política melhorou, mas acima de tudo porque a sociedade evoluiu e obrigou os políticos a melhorarem.

Já os brasileiros...

segunda-feira, 7 de julho de 2014 | | 0 comentários

Arruda e o eleitor brasiliense (brasileiro?)

O que mais me espanta não são as decisões estranhas da Justiça em favor de José Roberto Arruda (PR), ex-senador (que renunciou para escapar da cassação no escândalo da violação do painel de votações do Senado) e ex-governador (preso e cassado após ser flagrado pegando dinheiro de corrupção no chamado "mensalão" do DEM) do Distrito Federal.

O que mais me espanta não é a "cara de pau" de Arruda em, mais uma vez, ser candidato a governador mesmo condenado em primeira instância por improbidade administrativa e com fortíssimos riscos de se tornar "ficha suja" por lei (porque moralmente já o é há tempos).

O que mais me espanta é Arruda, tendo o currículo que possui, liderar de modo disparado as pesquisas de intenção de voto para o governo do DF.

ACORDA POVO BRASILEIRO!

Depois reclamam dos políticos corruptos como se quem os colocasse lá fossem marcianos...

segunda-feira, 16 de junho de 2014 | | 0 comentários

Isto é a Copa do Mundo, meus amigos!

(...) Os contribuintes brasileiros pagaram por esses camarotes, assentos que os fãs brasileiros jamais poderiam comprar. Em nome da família Blatter, gostaria de agradecer a vocês. E também um muito obrigado da empresa Taittinger, dona do contrato exclusivo de distribuição de champanhe. O contrato de hospitalidade corporativa de todos os estádios foi concedido por tio Sepp à empresa Match, da qual a empresa Infront, do sobrinho dele, Philippe Blatter, é dona de uma parte. Os proprietários majoritários da Match são os irmãos mexicanos Jaime e Enrique Byrom, trazidos para o mundo dos lucros do futebol algumas décadas atrás por João Havelange.

Os irmãos Byrom são sortudos. Eles têm também um contrato para fornecer todos os 3 milhões de ingressos da Copa do Mundo. Das entradas, 450 mil são reservadas para a elite nos camarotes com seus chefs, garçonetes e estacionamentos privilegiados. (...)

Os brasileiros que percorrem grandes distâncias para assistir aos jogos vão precisar de quartos de hotel, e nisso os irmãos podem ajudar. Tio Sepp deu a eles o contrato da indústria hoteleira (...).

Caso Sepp Blatter queira sair inteiro do aeroporto do Galeão, o Brasil precisa ser campeão da Copa do Mundo. Por isso, se Neymar, Fred ou Hulk quebrarem a perna ou se Marcelo sofrer um mal súbito como ocorreu com Ronaldo, em 1998, não há motivo para preocupação.

Por pior que seja o desempenho da seleção nos campos, Blatter tem muito poder sobre o resultado. No passado, alguns juízes das partidas não passaram de fantoches interessados apenas em viajar pelo mundo, receber quantias vultosas e participar de intercâmbios culturais nos bordéis. (...)

Fonte: Andrew Jennings, “Salvem o futebol das mãos da Fifa”, O Estado de S. Paulo, Aliás, 15/6/14, pg. 2-3.

segunda-feira, 7 de abril de 2014 | | 0 comentários

O gesto de Vargas e a verborragia de Falcão

Está mais do que explicado porque o "nobre" deputado André Vargas (PT-PR) fez - numa solenidade ao lado do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa - o gesto que caracterizou a prisão dos "mensaleiros" petistas: o braço erguido com o punho cerrado. 

Vargas compartilha, digamos, dos mesmos "ideais".

E o "nobre" presidente do PT, Rui Falcão, ainda fala de modo genérico em "denúncias não comprovadas". Há algo mais claro do que os grampos feitos pela Polícia Federal no caso?

Aliás, creio que Falcão viva mesmo em outro planeta - ou eu estou no lugar errado ao imaginar que o presidente do PT pudesse manifestar algo diferente do que falou a respeito do escândalo envolvendo a compra pela Petrobras de uma refinaria em Pasadena (EUA). 

Na mesma entrevista em que citou o caso do colega deputado, Falcão classificou o caso da Petrobras como "uma campanha contra a empresa".

Então façamos assim: o presidente do PT pega o dinheiro dele e compra um imóvel que um ano antes valia 16 vezes menos. Será que ele topa fazer esse tipo de negócio???

Negócio que a própria presidente da República afirmou que nunca seria feito caso ela soubesse das reais condições propostas (se é que de fato não sabia - neste caso deveria ter procurado saber como presidente do Conselho de Administração da estatal).

Sem contar que a presidente da República diz uma coisa e a Petrobras dá uma explicação diferente.

Mas, para Falcão, é apenas "uma campanha contra a empresa".

Ele deve ter mesmo razão. Se o tucanato queria vender, como acusam, os petistas preferem mesmo quebrar a Petrobras.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

"Corrupção e destino das cidades"

(...) Quantos planos, projetos e regras, depois de amplamente debatidos nas instâncias públicas formais, acabam sendo mudados para atender os interesses específicos dos financiadores de campanhas/alimentadores de esquemas de corrupção?

(...) Por esta razão, apenas denunciar corruptos e corruptores, como se o problema se resumisse a uma questão de natureza ética e de volume de recursos públicos perdidos ou desviados é, infelizmente, uma cortina de fumaça que nos impede de ver o quanto estes esquemas na verdade definem o destino de nossas cidades.

Fonte: Raquel Rolnik, “Folha de S. Paulo”, Cotidiano, 16/12/13, p. C2 (íntegra aqui).

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A raiz de todos os males

[...] (Luís Roberto) Barroso sustenta que, depois das sentenças do mensalão e da ida do povo para a rua, o país precisa de:

1) "A alteração drástica do sistema político, na qual o dinheiro sem procedência é o personagem principal."

2) A reforma do sistema punitivo brasileiro, "seletivo, racial e classista".

Precisa, mas faltou dizer que convém botar mais gente na cadeia, visto que "dinheiro sem procedência" não anda sozinho. É preciso que alguém o ponha no bolso.

Atualmente, o dinheiro rola porque, além das doações legais, há o caixa dois. Quando o Supremo proíbe as doações ilimitadas de empresas, trava apenas o ervanário com procedência. Nenhum tostão do mensalão saiu de doações legais. Para conter o dinheiro ilegal só há um caminho: o medo da Papuda, e povoá-la é função do Judiciário. (...)

Fonte: Elio Gaspari, “A privataria petista mora nos detalhes”, Folha de S. Paulo, Poder, 29/12/13.