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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015 | | 0 comentários

Jabuticaba de esquerda

Curiosa a posição dos manifestantes a favor do governo da presidente Dilma Rousseff - e, portanto, contra o impeachment. Desde o início do ano, e agora com mais ênfase, saem às ruas defendendo a petista e criticando o ajuste fiscal promovido por ela.

Ou a política econômica, mesmo comandada por um liberal, não é de responsabilidade da presidente? 

Defendem um governo - legitimamente - no qual não se reconhecem (ao menos na economia).

Não foi uma, nem foram duas ou três vezes, que Dilma manifestou que a política de ajuste fiscal era do governo, não do ministro Levy.

A esquerda quer o bônus, mas não o ônus da desastrosa administração Dilma, é isto? Então ficamos assim: os acertos (quais mesmo?) são de Dilma e do governo petista; os erros, dos outros...

quarta-feira, 7 de outubro de 2015 | | 0 comentários

Sobre o impeachment de Dilma

O que penso a respeito de um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) foi muito bem explicitado pelo empresário Lawrence Pih numa interessante entrevista recente ao jornal “Folha de S. Paulo”

Reproduzo a seguir o trecho em questão e recomendo a leitura da entrevista na íntegra para entender um pouco mais, do ponto de vista da economia, a atual situação do país:

Impeachment é traumático. Pensam que se remove presidente do dia para a noite, mas não é tão simples. Não sou especialista, mas dizem que pode haver afastamento devido a pedaladas ou financiamento irregular de campanha. Essas coisas ocorreram no passado, mas nunca foi apurado. Os dois pontos são suficientemente graves? Essa primeira pergunta é técnica. 
 A segunda é política: ela tem condições de continuar governando sem levar o país ao caos? Quando o câmbio quase dobra em um ano, está instalado um grau de confusão grande. Com ela na Presidência até 2018, como ficará o país? Se as coisas começam a se deteriorar no ritmo em que isso acontece desde janeiro, estamos em maus lençóis. Não é só uma questão técnica. É também política, sob o aspecto da governabilidade.

sexta-feira, 17 de abril de 2015 | | 0 comentários

Frase

“Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode.”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e líder do PSDB, sobre a possibilidade da oposição protocolar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Cunha ou Dilma: a culpa é de quem?

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o novo presidente da Câmara dos Deputados, foi criticado pela esquerda por suas posições conservadoras (o que é verdade). O peemedebista já adiantou que jamais colocará em votação projetos que descriminalizam o aborto ou que tratem da união civil de pessoas do mesmo sexo - temas delicados da chamada pauta progressista.

As críticas surgiram como uma avalanche - com razão, embora escondam muito mais um desconforto político (mesmo pertencendo a um partido aliado, Cunha é identificado como inimigo número um da presidente Dilma Rousseff) do que propriamente questões de mérito. Ao menos no que diz respeito aos eleitores dilmistas.

Afinal, a pauta progressista poderia ter avançado em outros momentos no Congresso durante os mais de 12 anos de governo petista, e nenhum esforço foi feito neste sentido, nem pelo ex-presidente Lula, nem por Dilma. A atual presidente, aliás, manifestou com todas as letras, tanto na campanha de 2010 quanto na da reeleição, no ano passado, que não mexeria na legislação sobre o aborto.

São de uma carta dirigida ao povo brasileiro pela então candidata Dilma em 2010 as seguintes palavras (repetidas em 2014):

Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto; 
Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País.
Portanto, atirar apenas contra Cunha a responsabilidade pelas pautas progressistas não avançarem soa como crítica de ocasião - que, repito, guarda na verdade um fundo muito mais político do que ideológico. 

Afinal, a mesma esquerda que agora critica o presidente da Câmara é a que votou numa candidata que manifestadamente se apresentou contra alteração nas leis vigentes (ou seja, contra itens da chamada pauta progressista).
Só não vê quem não quer!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Impeachment é legal (diz petista!), mas há que ser legítimo

"Qualquer deputado pode pedir à Mesa da Câmara a abertura de processo [de impeachment] contra o presidente da República. Dizer que isso é golpe é falta de assunto." A frase não é de um tucano em busca do 3º turno, mas de um petista insuspeito. Ela foi articulada por José Dirceu em 1999, quando o PT liderava um movimento para afastar o então recém-reeleito Fernando Henrique Cardoso, que, como Dilma, perpetrara um estelionato eleitoral ao manipular o câmbio em favor de sua candidatura. (...)

A frase e o comentário – trazidos à luz pelo filósofo Hélio Schwartsman em coluna na “Folha de S. Paulo” - encerram qualquer discussão.

E reforçam a ligação umbilical entre PT e PSDB, passado e presente de si mesmos. O tal do “eu sou você amanhã”.

De todo modo, quero deixar claro: NÃO EXISTEM motivos para qualquer pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Por mais que o respeitado jurista Ives Gandra da Silva Martins tenha produzido um parecer no qual sinaliza a possibilidade do impedimento por culpa e não necessariamente dolo, não há um elemento fundamental para que tal processo seja colocado no momento: clima social e, decorrente deste, político.

Considero o governo Dilma incompetente, mas até aí não há motivo algum para derrubar uma presidente eleita legitimamente.

Contudo, como já mostrou um dia o baluarte petista Dirceu, não há que se demonizar um instrumento LEGAL previsto na Constituição Brasileira, por mais que petistas hoje façam ecoar aos quatro ventos que trata-se de golpismo – visão endoçada por respeitados analistas, como Mario Magalhães. 

Da Responsabilidade do Presidente da República 

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: 
I - a existência da União; 
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; 
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 
IV - a segurança interna do País; 
V - a probidade na administração; 
VI - a lei orçamentária; 
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. 

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; 
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. 
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. 
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. 
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.


É legal, é possível, só não é neste momento legítimo.

Enquanto não existir o elemento fundamental da legitimidade (popular e política), o impeachment seria sim uma tentativa de golpe que, creio, não encontraria respaldo no Congresso. Se em algum momento a legitimidade do pedido surgir, não há que se falar em golpismo. O país já fez isto uma vez com um presidente também legitimamente eleito e ninguém falou em golpe – nem se teve no decorrer dele uma quebra democrática ou institucional.

Até porque, como já demonstrado, institucionalizado o instrumento está. E na Constituição!

O resto é mero “blá-blá-blá”.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015 | | 0 comentários

Um governo de oposição?

Restrição a benefícios trabalhistas (seguro-desemprego e pensão) - a "vaca tussiu", né presidente?

Juros não param de subir - vem aí mais um aumento pelo Copom.

Preço de energia aumentará entre 20 e 25%, diz ministro.

Fazenda eleva impostos, inclusive da gasolina.

Dilma veta correção da tabela do IR - alguém prometeu na campanha não prejudicar trabalhadores?

Ué, na campanha eleitoral recém-concluída, não era a oposição que falava da necessidade de “ajustes” e de “medidas amargas”?

Para a presidente-candidata, a economia não estava em ordem? Por que tantos ajustes agora?

Parabéns...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015 | | 0 comentários

Que ministério é este, Dilma? (2)

Fato inconteste: a presidente Dilma Rousseff (PT) tem pregado reiteradamente a necessidade de uma reforma política - até como antídoto a casos como os do "mensalão" e "Petrolão" -, mas repetiu na formação de seu novo ministério exatamente os mesmos vícios que levaram aos recentes escândalos de corrupção no país.

Ricardo Balthazar, em artigo na "Folha de S. Paulo", resumiu o "espírito da coisa": "Em outubro, após a confirmação de sua vitória nas eleições, Dilma disse que a reforma do sistema político brasileiro seria uma de suas prioridades. Com a chegada do pastor Hilton ao time, talvez tenha chegado a hora de a presidente esclarecer o que queria dizer com isso".

Já na posse, Dilma anunciou - como registrou o jornalista Igor Gielow em análise também na "Folha" - o "mote de governo envolvendo educação no momento em que o ministério da área foi loteado na bacia das almas para um aliado sem qualquer afinidade com o tema".

Leonardo Sakamoto, em seu blog, fez uma síntese:


Você pode escolher, o estelionato eleitoral  (Joaquim Levy, controlando a economia), a afronta (Kátia Abreu à frente da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a provocação (Gilberto Kassab, no Ministério das Cidades) ou o professor-tem-que-trabalhar-por-amor-não-por-dinheiro (Cid Gomes, na Educação). 
Ou um comunista (Aldo Rebelo), que afirmou não acreditar que o ser humano é responsável pelo processo de aquecimento global, no Ministério da CIÊNCIA e Tecnologia. 
Teve até espaço para velhas tradições, como a família Barbalho (Helder, na Pesca), e o velho peso da família (Armando Monteiro, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Sem contar, o Ministério do Esporte, que foi entregue a Deus.

Até gente mais alinhada com o petismo, como Ricardo Melo, em artigo na "Folha", não conseguiu evitar críticas: "Ao indicar nomes identificados com interesses que ela combateu durante a campanha, Dilma promove um curto-circuito talvez impossível de consertar antes de a fumaça aparecer".

Vinicius Torres Freire oferece, em coluna na "Folha", uma interessante análise que explica a causa e a consequência do novo ministério de Dilma. Diz que "falta outra vez projeto de governo, articulação de interesses sociais a fim de tocar reformas substantivas" e que "a presidente está acuada pelos próprios reveses, com pouco prestígio para queimar".

Talvez fosse melhor Dilma aplicar a proposta de Bernardo Mello Franco em artigo também na "Folha": "Reconhecer os erros do primeiro mandato seria uma fórmula mais indicada para quem precisa tanto de confiança ao iniciar o segundo".

* Leia também:

- Grupo de atletas comandado por Raí detona novo ministro do Esporte: 'Envergonhados'

- Que ministério é este, Dilma?

- Brincando de ser ministro (acrescentado em 21/1/15)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014 | | 0 comentários

Dilma - passado e futuro

Resumo da era Dilma 1.0:

(...) Ao assumir, Mantega encontrou um país que crescia algo mais que 3% ao ano, com a inflação na meta (4,6%) e um superavit de US$ 13 bilhões (1,4% do PIB) nas contas externas. O superavit primário não era maquiado e equivalia a 3% do PIB, enquanto a dívida bruta do governo caíra para 56% do PIB. Naquele momento, o Brasil gerava 1,3 milhão de empregos formais por ano e pavimentava seu caminho para receber o grau de investimento. 

O país que entrega não poderia ser mais diferente. O crescimento neste ano mal deve superar zero, a inflação (6,6% nos últimos 12 meses) segue perigosamente próxima ao teto da meta e o deficit externo supera US$ 84 bilhões (3,7% do PIB) nos 12 meses até outubro.
 

O superavit primário (maquiado) caiu para 0,6% do PIB (sem maquiagem, trata-se de deficit de 0,2% do PIB), e a dívida governamental atingiu 62% do PIB. A geração de empregos formais nesse contexto caiu para pouco menos de 300 mil postos por ano. (...)
 

Fonte: Alexandre Schwartsman, “Uma fotografia na parede”, Folha de S. Paulo, Mercado, 17/12/14.

Desafios da era Dilma 2.0:

(...) 1) Gastar menos do que se dispõe, bidu; 

2) Não esconder dívidas no armário (esqueletos ou caveirinhas), assumir as que estão debaixo do tapete, não maquiar a contabilidade;
 

3) Preços de verdade: tarifas de eletricidade sem subsídios (repassar custos para o consumidor), por exemplo. Aumentar a taxa de juros, a TJLP, dos empréstimos e doações do BNDES a empresas;
 

4) Estimativas realistas de crescimento do PIB e de receita de impostos, de juros ou inflação. Isto é, projeções de mercado, acompanhadas de estimativas paralelas do governo, como de resto o faz o BC;
 

5) Revisar subsídios e desonerações a fim de verificar se os benefícios dessas políticas, no fundo despesas ("gastos tributários"), foram eficazes pelo menos segundo seus objetivos iniciais. Isto é, ainda tem imposto para aumentar, além dos comentados na praça (IPI, Cide, Imposto de Importação, IOF etc.);
 

6) Bancos públicos devem ajustar a concessão de crédito às suas possibilidades e aos riscos maiores de uma economia estagnada, o que de resto é um auxílio ao BC, que talvez assim possa maneirar no juro se a banca estatal maneirar no crédito.
 

7) O que o governo não tem tempo, dinheiro ou capacidade de fazer será feito pelo setor privado. "Deu certo em aeroporto e em certas rodovias. Vai ter disso também em porto, setor de gás, internet". (...)
 

Fonte: Vinicius Torres Freire, “As dores de cair na real”, Folha de S. Paulo, Mercado, 17/12/14.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Vem aí o governo tucano de Dilma!

De Armínio Fraga - ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso e principal aliado para a área econômica do candidato derrotado do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves, durante a campanha eleitoral: “Para os salários continuarem a crescer, os programas sociais continuarem a crescer, é preciso que a economia cresça”.

De Joaquim Levy – ex-secretário do Tesouro no governo Lula e futuro ministro da Fazenda do segundo governo Dilma Rousseff ao ser anunciado no cargo: "Se a gente não tiver crescimento, (...) é sempre mais difícil fazer qualquer política pública".

Armínio Fraga defendia a redução do papel dos bancos públicos.

Joaquim Levy disse que irá acabar com os repasses de recursos do Tesouro para os bancos públicos, iniciados no governo Lula e estendidos por Dilma.

Que me perdoem os petistas apaixonados, a esquerda sem capacidade de raciocínio e que abre mão de suas convicções e aqueles que acusam qualquer opinião contrária de ser neoliberal, tucana, da mídia golpista ou algo do gênero, mas ao ver os primeiros passos do segundo mandato de Dilma e comparar com a recém-encerrada campanha eleitoral, não há outra classificação a fazer senão “estelionato”.

Dilma deveria, por ofício, pedir desculpas aos seus eleitores e à nação. Não pelo que faz agora, que são passos necessários e aparentemente acertados, mas pelo que pregou na campanha e pelos ataques que fez – justamente a medidas que ela agora adota.

Como Dilma e o PT não tem humildade suficiente para pedir desculpas, nem o jogo político permite tal cena, os eleitores dela deveriam assumir este papel. Um mea-culpa já bastaria.

Fica, como registram algums colunistas, um sentimento estranho de se sentir enganado, mas ao mesmo tempo de saber que ela dá alguns sinais de que fará o que de fato precisa ser feito. O que Aécio chamou na campanha de “medidas impopulares” e que Dilma tanto criticou – e agora faz.

E olha quem nem falei do aumento dos combustíveis (também necessário) e da nomeação de Kátia Abreu para a Agricultura...

Leia também:

- Que ministério é este, Dilma?

domingo, 23 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Que ministério é este, Dilma?

Brincadeira ouvida na última sexta-feira (21/11): o senador Aécio Neves (PSDB-MG) jogou no lixo o rascunho do ministério que pretendia montar caso vencesse as eleições presidenciais. Reeleita, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi lá, pegou o rascunho para fuçar – e gostou do que viu...

Claro que a brincadeira carrega uma gigante dose de ironia, mas o que dizer de um ministério supostamente de esquerda (ou de centro-esquerda, como queira) com a senadora Kátia Abreu (PMDB-GO), representante maior do agronegócio, à frente do Ministério da Agricultura e com Joaquim Levy, provável ex-Bradesco e ex-secretário da área econômica nos governos Fernando Henrique Cardoso, na Fazenda?

Nem Aécio faria melhor...

“O primeiro movimento para o novo governo parece feito em marcha a ré”, registrou Janio de Freitas em coluna na “Folha de S. Paulo”. Para o jornalista Clóvis Rossi, também em artigo na “Folha”, trata-se de um “estelionato eleitoral”.

Em tempo: quando escrevo esta postagem, a imprensa já noticia reações contra a possível indicação de Kátia Abreu e pressões sobre a presidente Dilma para rever a escolha.

PS (acrescentado em 25/11): para reforçar o que escrevi, o jornalista Ricardo Melo (que aparenta nutrir certo apreço pelo petismo) sentenciou em recente coluna na "Folha":
(...) A política de agradar a Deus e ao Diabo encontra seus limites no sistema capitalista - embora no Brasil nem tarefas democráticas básicas, como a reforma agrária, ainda tenham sido cumpridas. 
 Mesmo com todas estas condicionantes, o triunvirato econômico que se dá como fechado para o próximo governo extrapola os limites da moderação. Na fase final da campanha, Dilma Rousseff abraçou o slogan de governo novo, ideias novas. Nada mais velho e cheirando a mofo do que os nomes aparentemente indicados para o núcleo duro da economia. (...)

Outro jornalista, Valdo Cruz, também em artigo na "Folha", acrescenta duas observações importantes:
(...) Total incoerência com o discurso eleitoral, daí a tristeza no mundo petista. Pior, porém, seria insistir nos erros que estavam levando o país a um quadro de estagflação. 
Agora, depois dos bons sinais na escolha da nova equipe, é preciso saber como Dilma Rousseff exercerá seu papel de árbitra da economia.

A última observação só o tempo irá responder...

PS (acrescentado em 28/11): a menção a Marina Silva existente nesta postagem, agora eliminada, estava incorreta. Ao contrário do que foi mencionado, ela nunca ocupou o ministério da Agricultura no governo Lula, e sim o do Meio Ambiente.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Era Dilma 2: futuro incerto

O prognóstico foi feito neste blog um dia antes do segundo turno.

Com menos de um mês pós-eleição, ele começa a se desenhar.

No campo econômico, a reeleita Dilma Rousseff (PT) enfrenta um desafio sem tamanho: em uma semana ela viu sua equipe adotar medidas duras que atribuía ao adversário, como o aumento dos juros e do preço dos combustíveis, sem contar a manobra para esconder o rombo nas contas públicas.

Considere-se ainda um ministro da Fazenda demitido há dois meses, em plena campanha, mas que segue no cargo. E um futuro ministro que mostra-se cada vez mais incerto, já que as sondagens presidenciais não têm encontrado eco diante do pouco espaço que o caráter de Dilma costuma conferir aos seus auxiliares.

Some-se ainda a artilharia da senadora petista Marta Suplicy, que deixou o Ministério da Cultura criticando a política econômica de Dilma e a falta de credibilidade do governo.

Na política, a presidente enfrenta desafios tão ou mais delicados. Na Câmara Federal, vê seu inimigo Eduardo Cunha (RJ), do “aliado” PMDB, assumir a dianteira na disputa pela presidência da Casa.

No ministério, críticas públicas de Marta e do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho – ambos lulistas de carteirinha.

A esquerda petista (sim, ainda existe esquerda no PT) também fez uma cobrança pública em carta aberta a Dilma, Lula e ao comando do partido:

Vencemos a batalha eleitoral pela reeleição da presidência da república, mas é evidente que as massas trabalhadoras e a juventude sancionaram severamente nosso partido nas urnas. (...) 
 Apesar de todos os erros do nosso partido e do Governo, a classe trabalhadora deu mais uma chance ao PT. Mas, um partido que ganha a eleição e perde nos centros políticos e econômicos do país está fadado ao fracasso. Para reverter este processo é preciso parar com a agitação sobre uma suposta constituinte e reforma política, que é uma forma de contornar os problemas concretos atuais e remeter sua resolução para um futuro nebuloso, e finalmente não levará a nada. Sem esperar mais, já, imediatamente, é preciso retomar a iniciativa política governando para as massas e atendendo às suas reivindicações (...).

A fatura eleitoral começa a ser cobrada (vem aí Gilberto Kassab como ministro...).

E tem ainda o escândalo da Petrobras a rondar o Planalto.

O que vai ser daqui pra frente é incerto, daí ser prematura qualquer previsão a respeito do futuro de Dilma.

Um fato, porém, é inegável: nenhum presidente (nem Fernando Collor) assumiu o mandato num clima tão desfavorável como Dilma fará a partir de 1° de janeiro.

***

Conforme a carruagem andar, a reeleição de Dilma poderá decretar o fim do PT. Se não oficialmente, ao menos em razão do desempenho nas urnas - hipótese apresentada pelo jornalista Igor Gielow em coluna na “Folha de S. Paulo”:

(...) O escândalo da Petrobras ameaça a todos, mas só um partido corre risco existencial com ele: o PT. 
 Em seus governos, o partido colocou a estatal no topo da agenda; fez controle inflacionário ao represar reajustes de combustível, enquanto Lula embebia as mãos com petróleo, à Getúlio. Para cada descoberta no pré-sal, contudo, parece ter havido uma contrapartida obscura. 
 PMDB, PP e outros estão citados, mas o PT tinha o leme. Depois de sobreviver ao mensalão e sofrer derrotas apesar de reeleger Dilma, o que sobrará do partido se o que se insinua na Lava Jato for comprovado?

Leia também:

quinta-feira, 13 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Dilma vai mesmo mudar?

O governo federal deu mais um passo firme em direção ao descrédito total em relação ao seu comprometimento com a transparência e a manutenção do equilíbrio das contas públicas do país.

A proposta apresentada pelo Palácio do Planalto para resolver a caótica situação de 2014 é a institucionalização da irresponsabilidade fiscal. (...)

Fonte: Renato Andrade, “Irresponsabilidade fiscal”, Folha de S. Paulo, Opinião, 13/11/14, p. 2.

terça-feira, 11 de novembro de 2014 | | 0 comentários

A carta de Marta: o que disse uma petista

Trecho da carta de demissão da agora ex-ministra Marta Suplicy, do PT:

(...) Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera. (...)

(...) O que Marta escreveu, com outras palavras, foi o seguinte: o governo perdeu a credibilidade e não tem agenda. Comprometeu a estabilidade da moeda e o crescimento da economia. A recuperação depende da qualidade do ministério que está por vir, especialmente da equipe econômica.

Considerando-se a forma, Marta não quis fazer de sua saída um ato administrativo. Ela converteu o trivial num ato político. (...)

Fonte: Josias de Souza, "Marta saiu como navio que abandonou os ratos", Blog do Josias/UOL, postado em 11/11/14.

Se tivessem sido ditas por Aécio Neves, o candidato tucano derrotado por Dilma Rousseff em outubro, as palavras de Marta não soariam estranhas. Tendo sido dita por uma petista de carteirinha, da ala pró-Lula e até então ministra de Estado, são um canhão na já arranhada credibilidade do governo.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014 | | 0 comentários

Ensaio sobre o futuro governo DIlma

O tamanho dos desafios do segundo mandato de Dilma já foi dado apenas uma semana após a reeleição.

Na economia, elevação dos juros pelo Banco Central devido aos riscos de aumento da inflação.

Na política, derrota na Câmara Federal em um dos projetos mais simbólicos do governo, o decreto que criava os polêmicos conselhos populares.

Derrota, registre-se, capitaneada pelo aliado de primeira hora PMDB, do vice Michel Temer - o que mostra que não virão da oposição as principais dores de cabeça da presidente no Congresso e sim de sua própria base aliada, como tem sido até agora. Os partidos da base, PMDB à frente, prometem cobrar a fatura do apoio reeleitoral

* Leia também:

- Lula e o pé na porta

quarta-feira, 29 de outubro de 2014 | | 0 comentários

A proposta de Dilma e a fala de Renan

A presidente Dilma Rousseff (PT) está certa: a reforma política é necessária - é a "mãe" de todas as reformas porque é a raiz de grande parte dos males do nosso sistema político-eleitoral e dos governos em geral.

O presidente do Senado (argh!), Renan Calheiros (PMDB-AL), está certo do ponto de vista institucional: isto é dever do Congresso.

Que, registre-se, não faz nada há 20 anos, desde que projetos de reforma começaram a circular por lá. Lava as mãos conscientemente porque não quer tocar em privilégios seculares.

Dilma, ao citar a reforma e a necessidade de consulta popular no seu discurso da vitória, foi bem clara: o tema é uma "responsabilidade constitucional do Congresso". A sociedade deve ser mobilizada "num plebiscito por meio da consulta popular".

Embora legalmente os termos estejam tortos, como registrou Elio Gaspari em artigo na "Folha de S. Paulo", é preciso considerar a intenção da presidente reeleita.

E a intenção é: povo brasileiro, se não pressionar, a reforma não sai. O Congresso, senhor Renan Calheiros, já mostrou não ter interesse no assunto. Afinal, são duas décadas de embromação, não dois dias ou dois meses.

O que Dilma quis dizer também é que, após as jornadas de Junho de 2013, nenhuma reforma será legítima se não tiver a participação efetiva da sociedade, durante o processo e depois.

Entre o que disse Renan e Dilma, fico com a presidente.

Mas já que Renan fez questão de colocar os pingos nos "is" do ponto de vista institucional, que coloque seu cacife político em jogo para fazer a reforma avançar.

Em tempo: é preciso registrar também, como fez Gaspari no artigo já mencionado, que o tema da reforma é recorrente nos discursos petistas em momentos de crise. E a reeleição da presidente, embora festejada, é um momento de tensão do partido, que sabe a "bomba" política que terá pela frente no novo governo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014 | | 0 comentários

O discurso de Dilma - uma esperança

Reeleita, Dilma Rousseff fez um discurso interessante. Deu passos em direção a uma posição estadista ausente até aqui.

Acenou também com diálogo (mais por necessidade do que por convicção ou humildade), mas evitou sequer mencionar o nome do seu adversário derrotado – um gesto de gentileza que soaria bem para quem falou em união e reconciliação.

O fato é que se Dilma for bem sucedida em metade do que se propôs a fazer apenas no discurso da vitória (não estou considerando nem as promessas marqueteiras de campanha), entrará para a história.

Contudo, há alguns aspectos a observar:

- Dilma apelou por união porque sabe bem as dificuldades que terá pela frente (a começar pelo “aliado” de primeira hora, o PMDB – principal beneficiário de um processo de impeachment, tema que paira pelo ar);

- pelo que se depreende do discurso de Dilma, a estratégia petista já está traçada para sustentar o governo: convocar a militância. Daí a menção, mais uma vez, a um plebiscito ou referendo sobre a reforma política. Mais do que os partidos aliados, é com o povo (ou os apoiadores e militantes) que a presidente pretende contar.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014 | | 0 comentários

"O coliseu de Dilma" (a governabilidade que não queremos)

Dilma bateu muito em Marina dias atrás colocando em dúvida a governabilidade em uma eventual administração da ex-ministra do Meio Ambiente. "Será que ela quer? Será que ela tem jeito para negociar?", questionou a propaganda eleitoral do PT, sobre a capacidade da presidenciável do PSB de formar uma maioria no Congresso.

Na última terça-feira (23/9), a “Folha” publicou uma reportagem que dá uma boa indicação de como essa tal "governabilidade" é construída no país, na prática.

Interessado em fazer algo que marcasse sua gestão, o prefeito do pequeno município de Alto Santo, no sertão cearense, resolveu construir um estádio de futebol com fachada inspirada no Coliseu romano. Sem dinheiro para a obra, afinal trata-se de uma cidade pobre, o político pediu ajuda a um colega deputado, que prontamente apresentou uma emenda ao Orçamento da União.

De olho justamente na governabilidade, o governo do PT liberou o recurso sem se importar com alguns detalhes: a capacidade prevista para o coliseu cearense é maior do que a própria população da cidade (20 mil lugares contra 16 mil moradores)! Pior, Alto Santo nem mesmo possuiu uma equipe profissional de futebol - o time mais próximo fica a 160 km de distância...

Marina, de fato, ainda não explicou como fará, se eleita, para aprovar seus projetos no Congresso sem que o país precise jogar dinheiro fora em obras ridículas e desnecessárias como a do coliseu cearense. A ex-ministra disse apenas que implantará a "nova política", o que soa bonitinho, mas não esclarece nada.

O discurso sonhático de Marina tem, ao menos, o mérito de indicar aos parlamentares que existem limites, algo que o pragmatismo petista há muito tempo abdicou de fazer.

É possível fazer diferente? Dá para manter a governabilidade sem precisar comprar o Congresso com as tais emendas ou, como ficou provado no mensalão, com coisas ainda piores?

Fonte: Rogério Gentile, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 25/9/14, p. 2.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014 | | 0 comentários

Pode isto, Arnaldo?

(...) Um sujeito usa a rede do Planalto e não deixa a impressão digital? Admitamos que uma pessoa resolva fazer isso para transmitir dados confidenciais, segredos de Estado. A Chelsea Manning e o Edward Snowden contrabandearam segredos, mas não usaram a rede do Estado para passá-los adiante. (...) O que seu governo diz é que não rastreia permanentemente as comunicações de sua rede. Esses dados precisam ficar armazenados pela eternidade, não por seis meses.

Senhora, a segurança de suas comunicações está bichada. Além da necessidade do rastreamento e do arquivo, nenhum servidor público pode tratar de assuntos oficiais com endereços eletrônicos privados. Faço-lhe uma confidência, há funcionários do seu palácio que, além de manterem endereços privados, armazenam assuntos de Estado na memória de seus computadores pessoais, sem passá-los aos arquivos oficiais. Acham que estão seguros porque podem apagá-los. São tolos. Apagar disco é tarefa complexa e demorada. Se por acaso o computador vai para oficina, um curioso esperto pode extricar do disco quase tudo o que foi apagado. Ademais, arquivando em computadores pessoais informações do Estado, cometem uma infração. (...)

Fonte: Elio Gaspari, "De Obama@edu para Dilma@gov", Folha de S. Paulo, Poder, 13/8/14.

segunda-feira, 14 de julho de 2014 | | 0 comentários

Frase

"Meu governo é padrão Felipão".
Dilma Rousseff, presidente do Brasil, há um ano, após a vitória da seleção na Copa das Confederações

quinta-feira, 10 de abril de 2014 | | 0 comentários

Palavras traiçoeiras

Algumas vezes, as palavras dizem mais do que se pensa - ou se pretende. Elas traem. O noticiário desta quinta-feira (10/4/14) traz bons exemplos:

- “Não dá mais para ter desculpa porque a máquina agora está do jeito que a gente quer.”
Mauro Zeuri, agora secretário de Gestão Estratégica (antes Governo e Desenvolvimento) da Prefeitura de Limeira, em reportagem da “Gazeta de Limeira”

Taí o que dá falar sem pensar. A manifestação de Zeuri parte de dois pressupostos que o governo Paulo Hadich (PSB), do qual o secretário faz parte, tanto critica quando citados pela imprensa.

Ao dizer que “não dá mais para ter desculpa”, Zeuri deixa claro: 1) que antes dava-se desculpa pela ineficiência da máquina administrativa; e 2) havia ineficiência na máquina administrativa – e continua havendo, só não será mais possível dar desculpa, embora a previsão seja que o serviço melhore em razão das mudanças feitas na administração.

Hadich e seus asseclas, principalmente aqueles que gostam de perseguir a mídia, não tem do que reclamar se o próprio secretário – peça-chave no governo – admite uma coisa dessas.

Ô frase infeliz!

- “Poderíamos estar melhor, e a Dilma vai ter que dizer como é que a gente vai melhorar.”
Do ex-presidente Lula, em entrevista a um grupo de blogueiros amigos

"Se o próprio Lula diz que 'poderíamos estar melhor', é porque estamos bem mal. E ele apontou a culpada - que tem de se explicar, ou a coisa vai ficar feia para o lado dela (a sucessora dele, a presidente Dima Rousseff)."
(Fonte: Eliane Cantanhêde, “Lula no palanque”, Folha de S. Paulo, Opinião, 10/4/14, p. 2.)

- Temos que retomar com muita força essa questão da regulação dos meios de comunicação do país. (...) Queremos uma coisa mais digna, mais respeitosa. Quando vejo o tratamento a Dilma, é de falta de respeito e de compromisso com a verdade.”
Do ex-presidente Lula, em entrevista a um grupo de blogueiros amigos

"De onde se vê que, ao contrário das alegações formais, se trata realmente do controle de conteúdo. Com a 'regulagem' defendida pelo PT o Estado daria as balizas do tratamento considerado respeitoso em relação a autoridades, bem como firmaria os termos da verdade para com a qual os meios de comunicação estariam compromissados."
(Fonte: Dora Kramer, “Sem palavras”, O Estado de S. Paulo, Política, 10/4/14, p. A6.)

Nos dois casos de Lula, só não dá para dizer: “Ô língua solta” porque não se pode crer que o ex-presidente cometeu equívoco. Lula só fala de caso pensado.

- “Ela (inflação) subiu agora, acho que está no máximo, e a partir do próximo mês já ficará um pouco menor, depois, em maio, vem menor ainda e, em junho, menor ainda. Então ela é passageira."
Guido Mantega, ministro da Fazenda, em entrevista à imprensa

Neste caso, nem é preciso se alongar no comentário. A realidade nega o que diz o ministro. Aliás, tem alguém mais sem credibilidade em suas previsões econômicas do que Mantega? Faz quatro anos que ele fala que a inflação vai baixar e o PIB (Produto Interno Bruto) vai subir...