segunda-feira, 28 de abril de 2014 | | 0 comentários

Desabafo!

O objetivo do rodízio de veículos em São Paulo é descongestionar o trânsito caótico em horários de pico.

Pois bem: levei três multas de rodízio. Isto significa que estava atrapalhando o trânsito, certo?

Mais ou menos. Moro a uma distância equivalente a três quarteirões (daqueles paulistanos, bem grandes) do trabalho e é neste trajeto que tenho sido multado.

Num trajeto tão curto, não dá para dizer necessariamente que eu ajudo a congestionar o trânsito, já que fico nele não mais que um minuto ou dois.

Ainda assim sou multado simplesmente porque o radar fotográfico fica exatamente na esquina da minha rua com a avenida que serve de acesso a ela. Ou seja: estou condenado às multas.

É certo isto? Se eu morasse numa rua anterior, estaria teoricamente atrapalhando o trânsito do mesmo jeito, mas nunca seria flagrado.

A esta altura, porém, você deve ter se perguntado: se mora tão perto, por que então, idiota, não deixa o carro na garagem e vai a pé ao trabalho?

Por três motivos:

1 - Sou do interior e confesso que não lembro do tal rodízio (sei que isto não serve de desculpa, citei apenas como constatação de uma realidade);

2 - Trabalho de terno e gravata e costumo suar muito (quem me conhece sabe). Não pretendo chegar ao trabalho pingando de suor...;

3 - O principal motivo, porém, é uma razão de segurança. Infelizmente, vivemos num país de merda em que não se pode andar na rua tranquilamente, ainda que à luz do dia.

Num prazo de 45 dias, dois colegas de trabalho foram alvos de assaltantes no curto trajeto que me levaria até minha casa – um deles foi roubado no ponto de ônibus da avenida, mas a polícia chegou a tempo de prender os ladrões (dois jovens); o outro teve a tranca do carro arrombada, mas chegou a tempo de espantar o ladrão.

Não bastasse o risco de assalto, a área é um conhecido ponto de prostituição (não estou falando das madrugadas e sim de travestis que atuam praticamente o dia todo. Dia desses, um colega teve que pedir licença a um “casal” que fazia um “boquete” encostado na lateral do veículo dele por volta das 20h).

Sem falar na presença constante de usuários de drogas (outro dia arrisquei-me a correr pelas imediações às 9h e já estavam fumando e cheirando e etc).

Entre o risco da multa e o de perder a vida, seguirei indo para o trabalho de carro.

E pagarei por isso - simplesmente porque vivemos num país indecente.

Perdoe-me, isto é um desabafo!

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São José de Anchieta

O jesuíta José de Anchieta foi proclamado santo pelo papa Francisco no início de abril.

A seguir, imagens dos bastidores da reportagem sobre a canonização do patrono da TV Cultura, gravada na capela que leva o nome do agora santo, no Pátio do Colégio, fundado por jesuítas - Anchieta entre eles - em 1554, dando origem à cidade de São Paulo:







A reportagem cujos bastidores estão mostrados acima pode ser vista no minuto 54:30 do "Jornal da Cultura":



* As fotos são do auxiliar Robson Silva

domingo, 27 de abril de 2014 | | 0 comentários

Outro mundo...

Na Coreia do Sul, o primeiro-ministro renunciou porque considerou falho o resgate de sobreviventes em um naufrágio.

Ah se fosse no Brasil... Sem vergonha na cara, os governantes estariam jogando a culpa uns nos outros, fugindo de suas responsabilidades. É o que fazem diariamente!

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Receita de bolo para os jornais

(...) Vive-se o paradoxo de ter que aprofundar assuntos para quem tem cada vez menos tempo para ler jornal. A saída, com certeza, não é picotar o noticiário e dar uma pincelada em uma miríade de temas.

O jornal precisa fazer uma curadoria dos fatos mais relevantes, mostrar ao leitor o que ele não vê nos posts dos amigos no Facebook. Agora que as notícias estão disponíveis como água na torneira, é questão de sobrevivência preocupar-se com contexto, análise, densidade, sempre no sentido de transformar o importante em interessante. Dar um salto de qualidade e de criatividade para adaptar-se aos novos tempos é o maior desafio da “Folha” e dos impressos em geral. (...)

Fonte: Suzana Singer, “#fui”, Folha de S. Paulo, Ombudsman, 27/4/14.

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"Happy"

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Frase

"Será que nossas vidas não requerem um pouco de incerteza para ser plenamente vividas?"
Hélio Schwartsman, filósofo, em coluna na “Folha de S. Paulo”

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Pequenos grandes milagres

A vida é, sim, capaz de pequenos grandes milagres.

Acompanhei de perto um deles ao longo dos últimos 20 anos.

Foi um longo período de transformações, com episódios extremamente doloridos, que produziram feridas profundas, difíceis de cicatrizar.

Em vários momentos, simplesmente desisti da luta na qual me vi envolvido. Sim, eu admito sem vergonha: entreguei os pontos, joguei a toalha. Deixei - e talvez tenha sido a decisão mais sábia - nas mãos de Deus.

Vi lágrimas e corações dilacerados.

Mas sobrevivemos todos. Para testemunhar um pequeno grande milagre da vida.

Uma aposta na força do amor e na fé.

Há, pois, um detalhe essencial: tudo depende da vontade de mudar.

Muitos dizem que as pessoas não mudam. Garanto que mudam! Basta querer – mas não adiante eu, você ou quem quer que seja desejar, é preciso que a pessoa tenha consciência da necessidade da mudança e que ela mesma decida dar os primeiros passos para uma vida melhor.

A partir disso, uma poderosa força interior se une a um círculo externo de amor e a vida se encarrega de operar os pequenos grandes milagres.

Sim, é possível, isto ocorre, isto existe.

A vida é capaz de transformar dor em amor. E o amor é capaz de cicatrizar as mais profundas feridas.

Eu testemunhei lágrimas darem lugar a sorrisos.

É preciso, porém, dar tempo ao tempo. É necessário ter muita paciência (estou falando de 20 anos!) e, acima de tudo, tem que acreditar.

Mas lembre-se: a mudança depende essencialmente de cada um de nós.

Ainda resta, pois, esperança.

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MC Pedrinho e o funk "pesadão", putaria, ostentação





Acredite: estas "músicas" são cantadas por um pré-adolescente (quase criança) de 11 anos. E ele ganha R$ 5 mil por show - só num sábado, segundo reportagem da "Folha de S. Paulo", seriam cinco apresentações.

E o que dizem os pais do garoto? Ah, deixa pra lá...

* Leia também (acrescentado em 24/2/15):

As pedrinática pira

Em tempo (acrescentado em 9/9/15): por duas vezes postei novos clipes das músicas, já que a primeira versão colocada aqui, com os palavrões e manifestações sexuais, havia sido mudada do material oficial. Como os vídeos sempre são retirados, decidi não postá-los mais - até porque podem ser facilmente encontrados na Internet e hoje a discussão a respeito do trabalho de MC Pedrinho e outros MCs ganhou repercussão nacional.

Optei, porém, por deixar a postagem em razão da possibilidade de debate nos comentários, como se iniciou, e também pelo link complementar.

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A aposta no diálogo

Esta postagem é fruto de reflexões feitas nos últimos dias.

Uma das atividades que mais me dão prazer na vida é a arte do diálogo, da conversa (séria ou descompromissada, seja o que o momento pedir), a arte de “trocar ideia”, como dizem os jovens.

Invisto no diálogo e aposto nele não só como fonte de distração, mas também como meio mais adequado para a solução de qualquer conflito.

Olhando em retrospectiva, notei que minhas relações mais fortes e duradouras são justamente com pessoas que, como eu, sabem dialogar.

Um exemplo é minha esposa. Somos muito diferentes, pensamos de forma muito diferentes, tivemos criações muito distintas. Nem por isso deixamos de nos entender. E isto ocorre principalmente porque sempre praticamos a arte do diálogo. Se houver uma qualidade a apontar em nossa relação eu não hesitaria em citar isto – o diálogo.

O mesmo vale para meus amigos. Aqueles que se mantêm firmes ao meu lado são justamente os que apostam nas conversas. Em alguns casos, são amigos com pensamentos e modos de ser e de agir radicalmente opostos aos meus, mas ainda assim partilhamos o diálogo.

Importante: nem sempre é um diálogo tranquilo; já houve episódios de conversas duras e ríspidas até, mas ainda assim apostou-se na arte de dialogar – e o resultado tem sido sempre positivo. Aproximamos mais nossos pensamentos na medida em que compreendemos uns as razões e ideias dos outros sem que isto signifique concordância absoluta.

E se algo eventualmente passar um pouco do limite, nada que um pedido de desculpas e o reconhecimento do valor do outro e do necessário respeito para que tudo se restabeleça.

Bom que seja assim. Pobres os que apenas conseguem se relacionar com quem pensa igual. É a ditadura do pensamento único!

No mesmo sentido, tenho convivido ao longo dos últimos tempos com pessoas que não sabem, não querem ou não conseguem dialogar (por motivos diversos). Vejo como os relacionamentos, nestes casos, não fluem.

É difícil compartilhar (o que quer que seja) com alguém que não consegue se expressar ou não permite que eventuais conflitos (existentes em qualquer relação) sejam discutidos para que se busque uma solução.

A experiência tem me mostrado que varrer as diferenças para debaixo do tapete é a pior forma de “resolver” uma questão (ou de se acreditar que ela está resolvida).

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Constatação

Incrível como algumas pessoas conseguem cometer os mesmos erros...

quinta-feira, 24 de abril de 2014 | | 0 comentários

Pelo subsolo de SP

Já postei neste blog registros fotográficos de várias estações e sistemas de metrô mundo afora, só não tinha postado ainda o de São Paulo. Aí vai, então:




Em tempo: falta ainda postar fotos dos metrôs que flagrei pelo leste europeu, mas ficará para outra ocasião.

Leia também:

- Pelos subsolos

- Os metrôs

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A cidade: entre o real e o ideal

“Pelas ruelas estreitas da personalização do poder desfila a pós-modernidade de nossas cidades grandes e médias. Como átomos sociais perdidos em hiperespaços, as pessoas circulam de maneira atabalhoada, esbarrando nos congestionamentos, enfrentando barreiras quase intransponíveis, respirando poluição, ouvindo insuportáveis decibéis de ruídos contínuos e gastando horas preciosas de vida.

No dia em que a cidade respeitar o cidadão, a recíproca poderá ocorrer. Enquanto esse dia não chega, podemo-nos contentar com a poesia de Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti, na versão cantada de Chico Buarque: ‘Deve ter alamedas verdes / a cidade dos meus amores / e, quem dera, os moradores / e o prefeito e os varredores / e os pintores e os vendedores / as senhoras e os senhores / e os guardas e os inspetores / fossem somente crianças’.”

Fonte: Gaudêncio Torquato, “Era uma vez... mil vezes – O Brasil de todos os vícios”, ed. Topbooks: São Paulo, 2012, p. 316.

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Reflexão do dia

Há dias em que você perde todas.

E há dias em que você perde todas e mais algumas...

quarta-feira, 23 de abril de 2014 | | 0 comentários

450 anos de William Shakespeare

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Frase

"O Palmeiras é muito difícil de entender psicologicamente."
Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira e ex-técnico do Palmeiras, em palestra no evento "Futebol, psicologia e produção do conhecimento", promovido pela Universidade São Judas Tadeu

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"Selfies"

Muita gente se irrita, e tem razão, com o uso indiscriminado dos celulares. Fossem só para falar, já seria ruim. Mas servem também para tirar fotografias, e com isso somos invadidos no Facebook com imagens de gatos subindo na cortina, focinhos de cachorro farejando a câmera, pratos de torresmo, brownie e feijoada.

Se depender do que vejo com meus filhos - dez e 12 anos -, o tempo dos "selfies" está de todo modo chegando ao fim. Eles já começam a achar ridícula a mania de tirar retratos de si mesmo em qualquer ocasião.

(...) Hábito que pode ser compreensível, contudo. Imagino alguém dedicado a melhorar sua forma física, registrando seus progressos semanais. Ou apenas entregue, no início da adolescência, à descoberta de si mesmo.

A bobeira se revela em outras situações: é o caso de quem tira um "selfie" tendo ao fundo a torre Eiffel, ou (pior) ao lado de, sei lá, Tony Ramos ou Cauã Reymond.

Seria apenas o registro de algo importante que nos acontece - e tudo bem. O problema fica mais complicado se pensarmos no caso das fotos de comida. Em primeiro lugar, vejo em tudo isso uma espécie de degradação da experiência.

Ou seja, é como se aquilo que vivemos de fato - uma estadia em Paris, o jantar num restaurante - não pudesse ser vivido e sentido como aquilo que é.

Se me entrego a tirar fotos de mim mesmo na viagem, em vez de simplesmente viajar, posso estar fugindo das minhas próprias sensações. Desdobro o meu "self" (cabe bem a palavra) em duas entidades distintas: aquela pessoa que está em Paris, e aquela que tira a foto de quem está em Paris.

Pode ser narcisismo, é claro. Mas o narcisismo não precisa viajar para lugar nenhum. A complicação não surge do sujeito, surge do objeto. O que me incomoda é a torre Eiffel; o que fazer com ela? O que fazer de minha relação com a torre Eiffel?

Poderia unir-me à paisagem, sentir como respiro diante daquela triunfal elevação de ferro e nuvem, deixar que meu olhar atravesse o seu duro rendilhado que fosforesce ao sol, fazer-me diminuir entre as quatro vigas curvas daquela catedral sem clero e sem paredes.

Perco tempo no centro imóvel desse mecanismo, que é como o ponteiro único de um relógio que tem seu mostrador na circunferência do horizonte. Grupos de turistas se fazem e desfazem, há ruídos e crianças.

Pego, entretanto, o meu celular: tiro uma foto de mim mesmo na torre Eiffel. O mundo se fechou no visor do aparelho. Não por acaso eu brinco, fazendo uma careta idiota; dou de costas para o monumento, mas estou na verdade dando as costas para a vida.

Não digo que quem tira a foto da cerveja deixe de tomá-la logo depois. Mas intervém aí um segundo aspecto desse "empobrecimento da experiência". Tomar cerveja não é o bastante. Preciso tirar foto da cerveja. Por quê?

Talvez porque nada exista de verdade, no mundo contemporâneo, se não for na forma de anúncio, de publicidade. Não estou apenas contando aos meus seguidores do Facebook que às 18h42 de sábado estava num bar tomando umas. Estou dizendo isso a mim mesmo. Afinal, os meus seguidores do Facebook, sei disso, não estão assim tão interessados no fato.

Não basta a sede, não basta o prazer, não basta a vontade de beber. Tenho de constituí-la como objeto publicitário. Preciso criar a mediação, a barreira, o intervalo entre o copo e a boca.

Vejam, pergunto a meus seguidores inexistentes, "não é sensacional?". Eis uma cerveja, a da foto, que nunca poderá ser tomada. A foto do celular imortaliza o banal, morrerá ela mesma em algum arquivo que apagarei logo depois.

Não importa; fiz meu anúncio ao mundo. Beber a cerveja continua sendo bom. Mas talvez nem seja tão bom assim, porque de alguma forma a realidade não me contenta.

A imagem engoliu minha experiência de beber; já não estou sozinho. Mesmo que ninguém me veja, o celular roubou minha privacidade; é o meu segundo eu, é a minha consciência, não posso andar sem ele, sabe mais do que nunca saberei, estará ligado quando eu morrer.

Talvez as coisas não sejam tão desesperadoras. Imagine-se que daqui a cem anos, depois de uma guerra atômica e de uma catástrofe climática que destruam o mundo civilizado, um pesquisador recupere os "selfies" e as fotos de batata frita.

"Como as pessoas eram felizes naquela época!" A alternativa seria dizer: "Como eram tontas!". Dependerá, por certo, dos humores do pesquisador.

Fonte: Marcelo Coelho, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 23/4/14 (íntegra aqui).

terça-feira, 22 de abril de 2014 | | 0 comentários

Agora no Instagram

A partir de hoje, estou no Instagram (o famoso "Estragão", como dizia um ex-colega de trabalho, o "Sem Rosto").

Quem me conhece sabe que tenho certa ojeriza a redes sociais. Não à toa; já tive Twitter e Orkut e as experiências positivas se juntaram a outras tantas negativas - e, definitivamente, não preciso destas últimas e tampouco as primeiras eram essenciais.

Logo, abandonei ambos.

Até hoje, resisti ao Facebook, com convicção - apesar dos insistentes apelos de amigos.

Não aprecio a excessiva exposição e invasão de privacidade que as redes sociais - Facebook à frente - estimulam e provocam. Não preciso saber onde fulano jantou nem que alguém saiba onde estou jantando; não preciso receber beijinhos de quem está voltando para casa; não preciso saber que alguém agradeceu a Deus porque encontrou o "amor da sua vida"; não preciso saber que fulano foi com seu amor para Fortaleza, Porto Alegre, Miami ou Buenos Aires.

Ainda assim, cedi à intimação de amigos para entrar no Instagram. Por que cedi, afinal? Basicamente por três razões. A primeira e principal delas é que adoro tirar e ver fotografias. A segunda razão foi a menor exposição/invasão de privacidade que a rede possui em relação ao Facebook. 

E, em terceiro lugar, me chamou a atenção a possibilidade de compartilhar fotos que faço muito sem motivo e que não encontram lugar para exposição - eventualmente neste blog, mas por tão tolas que são, às vezes sequer as posto. 

Exemplos são as fotos abaixo:



No Instagram, poderei postá-las sem dor na consciência. Uma imagem no Instagram, na minha cabeça (vai entender...?), não tem o "peso editorial" de uma postagem no blog.

Apesar disso, estabeleci algumas regras próprias. Pretendo postar fotos inúteis como as desta postagem, fotos curiosas, flagrantes que capto diariamente durante meu trabalho, imagens de cunho mais artístico e raramente coisas pessoais (as exceções ficarão por conta de algumas reuniões de amigos ou encontro interessante e alguma eventual viagem).

Dito isto, convido-o(a) a me seguir. Basta clicar aqui.

PS: se o Instagram fugir ao controle, como ocorreu com Orkut e Twitter, simplesmente deleto.

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A magia - e o mistério - da vida

Que força é essa que nos empurra para longe do conforto daquilo que é familiar, e nos faz enfrentar desafios, mesmo sabendo que a glória do mundo é transitória?

Creio que esse impulso se chama: a busca do sentido da vida. (...)

Fonte: blog do Paulo Coelho,
“Alquimia”, postado em 23/4/14.

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País civilizado é...?

(...) No Rio de Janeiro, números do Ins­ti­tu­to de Se­gu­rança Pú­bli­ca citados ontem por "El País" são inacreditáveis: nos últimos oito anos, foram 43.165 mortes violentas, o que dá 500 ao mês, justamente no período em que se disseminaram as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Sem contar os mais de 38 mil des­apa­re­ci­dos nem as mais de 31 mil ten­ta­ti­vas de ho­mi­cídio.

Se esses números se dão em uma época supostamente pacificadora, tremo de medo de imaginar como seriam em outros momentos. O país e o subcontinente vivem a era da selvageria, e as autoridades parecem impotentes. Ou incompetentes?

Fonte: Clóvis Rossi, “A selvageria como regra”, Folha de S. Paulo, Mundo, 22/4/14.

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Trabalhando...

Reportagem sobre a campanha "Eu quero minha biblioteca":



Reportagem sobre o perdão na lei penal brasileira:

domingo, 20 de abril de 2014 | | 0 comentários

“O lutador”

Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.

Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue…
Entretanto, luto.

Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.

(...)

(De Carlos Drummond de Andrade)

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Frase

“O pai tem sempre que amar o filho e o filho sempre tem que amar o pai.”
Sérgio Mallandro, humorista e apresentador de TV

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Os murais de Montreal

Já mostrei aqui exemplos de cena grafiteira de Montreal, no Canadá, uma das mais bonitas e vibrantes do mundo. Na postagem anterior, o foco principal foi a região do Quartier des Spectables, o Bairro dos Espetáculos.

Agora volto ao tema, com exemplos flagrados no St. Laurent Blvd., o Boulevard São Lourenço:





 



Leia também:

Os murais da Filadélfia

sábado, 19 de abril de 2014 | | 0 comentários

Luciano do Valle: o último encontro

Vi Luciano do Valle pela última vez na semifinal do Paulistão, na Vila Belmiro, em Santos, no último dia 30/3. Ele estava já posicionado para uma entrada ao vivo na cabine da Band quando eu passei. Dei um alô com a mão, respondido da mesma forma. Em seguida, um jovem parou com o pai pouco adiante da porta da cabine e fez uma foto.

Devia ter tirado uma foto também e postado no Facebook – ah, não tenho Facebook, Instagram ou qualquer coisa do gênero. Mas devia ter feito a foto.

Quem, porém, há de imaginar a morte repentina, embora fosse público que Luciano já exibia algumas dificuldades em razão de sua saúde?

Na cabine, lá estava ele, postura profissional, meio sorridente e iluminado (não se trata de nenhum elogio “post mortem”; refiro-me à iluminação da TV mesmo).

Foi curioso cruzar com Luciano ali, praticamente dividindo o mesmo espaço de trabalho. Vinte e cinco, trinta anos atrás, eu era apenas um garoto que sonhava ser jornalista e imaginava trabalhar em televisão. Eu era apenas um garoto apaixonado por esportes e torcedor da Inter de Limeira. Eu era apenas um garoto que tinha em nomes como Luciano do Valle e Osmar Santos um espelho (não que eu pretendesse ser narrador de futebol, não tenho voz para isto, mas ambos eram figuras que eu admirava).

Luciano e Osmar Santos imprimiam às transmissões uma emoção jamais vista – e até hoje inigualada.

Que me perdoem os mais novos, mas eu cresci vendo estas feras narrando esportes – principalmente Luciano do Valle, qualquer tipo de esporte. Narrando e promovendo. Das lutas de boxe com Maguila à Copa do Mundo de Futebol Master, na qual ele assumia a função de técnico do Brasil; das conquistas no basquete e vôlei às curvas das fórmulas 1 e Indy.

“Cesssssssssssssssta do Brasilllllllllllllll!!!!!!!!!!!!!”, era assim que Luciano do Valle narrava cada bola que passava pela cesta adversária, culminando com a histórica transmissão da medalha de ouro no Pan-Americano de 1987, nos Estados Unidos, quando a geração de Oscar & cia. venceu os norte-americanos, pela primeira vez derrotados dentro de casa.

Ou, então, na também histórica vitória de Emerson Fittipaldi nas 100 Milhas de Indianápolis, a primeira de um brasileiro, certamente a principal etapa da Fórmula Indy que Luciano do Valle ajudou a popularizar no Brasil.

Lembro bem das madrugadas em que ele comandava o “Apito Final”, um programa delicioso que unia esporte e cultura, além de um time magistral, com Armando Nogueira, Toquinho, etc, em comentários durante a Copa do Mundo de 1990, na Itália (o formato foi reeditado em outros eventos).

Não sei quais lições Luciano do Valle deixa, só sei que seu estilo certamente fará falta (já faz falta). Hoje, as narrações ganharam uma “tecnicidade” chata, estão repletas de comentários inúteis ou excessivamente técnicos, interrompendo a todo momento a razão de ser de tudo, a emoção do espetáculo. Uma emoção que poucos souberam imprimir tão bem com a voz quanto Luciano do Valle.

Em tempo: devo ter guardado um autógrafo do narrador durante alguma passada dele pelo estádio “Major José Levy Sobrinho”, o Limeirão. Eu costumava pedir autógrafos para todo mundo (do Osmar Santos tenho certeza que guardei).

Infelizmente, minha antiga e amarelada coleção ficou na casa dos meus pais. Portanto, sabe-se lá quando poderei revê-la e, quem sabe, “reencontrar” com Luciano.

Ah: eu devia ter tirado uma foto...

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Dois "Brasis", ontem e hoje

(...) Acho que, quando foi escolhido para sediar a Copa, o Brasil era outro, e nós brasileiros, também. Sentíamo-nos otimistas em relação ao lugar do nosso país no mundo.

(...) Hoje, não é isso o que se sente. Pode-se culpar quem quer que seja: a conjuntura internacional, a inépcia do governo ou as dificuldades da vida. O fato é que os olhos do povo brasileiro já não brilham da mesma maneira.

Fonte: Alexandre Vidal Porto, “País do futebol, mas não apenas”, Folha de S. Paulo, Mundo, 19/4/14.

PS: por falar em mudanças na sociedade de um país, leia também:

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Debaixo da terra (2)

Já tinha postado aqui uma série de imagens a respeito das estações e sistemas de metrô nos EUA e Canadá. Agora, posto os que flagrei no ano passado num giro pelo Leste Europeu.

Em Berlim (Alemanha):







Em Munique (Alemanha):








E em Viena (Áustria):






Nestas e em várias outras cidades pelas quais passei há também modernos bondes, ou metrôs de superfície, como são chamados no Brasil, mas isto eu mostrarei em outra postagem.

Leia também:

Pelos subsolos

Os metrôs

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A rapinagem do Estado brasileiro

(...) Venham cá: por que um partido político faz tanta questão de ter a diretoria de uma estatal? Para que suas teses sobre refino de petróleo ou hidrologia triunfem sobre as de seus rivais? Trata-se de uma luta de cavalheiros? Disputam as estatais para alimentar a República dos Ladrões. É cru, eu sei, mas é assim. (...)

A disputa sobre mais Estado ou menos na economia e na sociedade não é nova, mas só no Brasil o assalto ao bem público promovido pelo estatismo se transformou numa categoria de resistência dos "oprimidos". (...)

Fonte: Reinaldo Azevedo, “O voto e a casa da mãe Dilmona”, Folha de S. Paulo, Poder, 18/4/14.

PS: o cara é apontado como de direito, mas quem há de negar que o diagnóstico é verdadeiro? O domínio de fatias do Estado brasileiro (leia-se estatais, ministérios, bancos e órgãos públicos em geral) tem servido unicamente a negociatas voltadas a interesses particulares - pessoais e partidários.

No atual e em todos os governos.

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"Hipocrisias, vícios e virtudes"

(...) Uma série de experimentos psicológicos revela que, sob as condições certas, isto é, com a garantia de que não seremos apanhados e qualquer coisa que se assemelhe a uma justificativa, a maioria de nós trapaceia. Pior, acabamos acreditando, ainda que claudicantemente, nessa justificativa. Se não fosse assim, seríamos incapazes de cultivar uma autoimagem pelo menos aceitável.

Mais do que a homenagem que o vício presta à virtude, a hipocrisia é a forma que o cérebro encontrou para lidar com as complexidades e ambiguidades que povoam nossas vidas.

Fonte: Hélio Schwartsman, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 18/4/14, p. 2 (íntegra aqui).

quinta-feira, 17 de abril de 2014 | | 0 comentários

Trabalhando...

Ao vivo sobre lançamento de biografia do maior lateral de todos os tempos, Djalma Santos:



Reportagem sobre os problemas decorrentes do crescimento dos acidentes de trânsito:

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Contar ou não contar?

Encontrei um desconhecido recentemente numa pastelaria e ele me contou, entre assuntos diversos, que havia sido chamado à escola do filho pela direção. Motivo: o garoto andara propagandeando aos colegas que coelhos (da Páscoa) não botam ovos. Os pedagogos não gostaram.

O pai foi até a unidade, como solicitado. Ao saber do que se tratava, informou que ele mesmo dissera aquilo ao filho. E provocou: “e não bota mesmo!”.

O que está em jogo não é saber se o garoto estava de fato “destruindo” (este era o “crime”?) a imaginação dos coleguinhas - ou seja, de outras crianças - e, sim, se a escola tem direito de interferir na forma como o pai educa seu filho.

Isto, para mim, é grave. Houve, da parte da unidade escolar, uma intromissão indevida no seio familiar.

Trabalhei com um escritor que dizia guardar um remorso por ter revelado à filha, ainda pequenina, que Papai Noel não existia. Ateu, este ex-colega de trabalho era daqueles defensores ardorosos do direito dos pais falarem tudo aberta e lealmente aos filhos. Contudo, quando a menina cresceu (hoje tem mais de 20 anos), ela brincava (ou estaria mesmo “jogando na cara”?) que o pai havia destruído um sonho de criança.

Nunca soube se de fato o pai sentia remorso, o fato é que com a segunda filha ele preferiu manter a versão lendária a respeito da figura do “bom velhinho”.

O ponto-chave desta discussão não envolve apenas tradições infantis, como as do coelho e do Papai Noel. Há fatos mais sérios que caem na mesma armadilha, como mostrou o psicanalista Contardo Calligaris em artigo na “Folha de S. Paulo”.

“(...) muitos pais temem que uma experiência precoce da morte seja impossível ou não seja boa para as crianças. Às vezes, alguém me pergunta: até que idade devemos esconder das crianças que alguém morreu? A partir de que idade seria certo levar uma criança para um velório de caixão aberto?”

Contar ou não contar certas verdades para uma criança – e em que momento fazê-lo – é das tarefas mais polêmicas que a pedagogia e a psicologia se deparam.

No artigo, Calligaris oferece uma posição que soará perturbadora para muitos pais:

"Há os que tentam esconder tudo das crianças, porque querem 'preservá-las'. E há os que acham que nada deveria ser escondido das crianças, porque tudo é 'natural', tudo é 'bonito', nada é vergonhoso. 
(...) os adultos mostram coisas às crianças ou escondem coisas delas por uma mesma razão: para preservar sua visão de um mundo encantado e infantil, onde todos são 'felizes' e tudo é 'legal'. Esse mundo não é o das crianças; é o mundo dos sonhos dos adultos."

Complexo, não? Só não é complexo o direito dos pais de educarem seus filhos da forma que consideram mais adequada.

quarta-feira, 16 de abril de 2014 | | 0 comentários

Constatação

Você sabe que está ficando velho quando tem um celular novo e mal sabe mexer nele.

Pior: não quer sequer aprender como mexer nas dezenas de aplicativos novos que apareceram por lá.

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Andanças (2)

Andando por aí em busca para as reportagens, eu me deparo também com obras de arte.

Nas paredes da TV Cultura, em São Paulo, com um Romero Brito:


Nas paredes da Unimep, em Piracicaba (SP), com o trabalho de Camilo Riani:


Nas paredes do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, no Morumbi, em São Paulo, cujo autor não anotei:


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Vida de jornalista

Café da manhã às dez, almoço (leia-se lanchão) às três da tarde numa típica padoca paulistana. Nada saudável, mas tipicamente "jornalístico". Adoro essa vida corrida na cidade grande.

Aliás, por falar em jornalismo, recebi hoje uma frase ouvida na rádio Bandeirantes: "Não tem essa de 'quero ser jornalista'. Jornalista ou você nasce ou não nasce".

Verdade.

Quem "escolhe" ser jornalista assim, no meio da jornada, meio ao acaso, tem forte chance de se perder no caminho.
Porque, como dizem, jornalismo é profissão de fé.

Só quem nasce jornalista, quem tem jornalismo no sangue, aguenta. Os demais desistem.

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Constatação

A vida é feita de vitórias e derrotas, não dá para vencer sempre.

Mas há dias, como hoje, em que você perde todas.

terça-feira, 15 de abril de 2014 | | 0 comentários

Andanças

Andando por aí em busca de personagens e especialistas para as reportagens, eu me deparo gente de todo tipo e com curiosidades de todos os gêneros.

Surpresas boas, como o café da tarde preparado pela mãe do Guilherme, um garoto de Taubaté (SP) que entrevistei para a série "A Nossa Cultura":


Surpresas indecifráveis, como o tabuleiro com pedrinhas, uma espécie de garfo de madeira (e as várias ranhuras na areia) e uns santinhos tombados. Estava numa empresa de contabilidade e ninguém soube me explicar - um disse que eram lembranças de viagens de um colega, outro falou que era algo budista, zen, oriental, sei lá:


E surpresas histórias, como os títulos de dívida interna fundada que o governo vendia aos trabalhadores como "obrigação de guerra" nos idos do século 20 - creio que durante a Segunda Guerra Mundial. Foram mostrados por uma senhora, que entrevistei para falar de Imposto de Renda. Ela contou que os tais títulos eram descontados compulsoriamente do salário dos trabalhadores para que o governo de então tivesse dinheiro para a guerra. Depois de um tempo o trabalhador poderia resgatar os títulos:


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A direita burra

Depois de assistir à entrevista do presidente do Uruguai, José Mujica, ao programa “Canal Livre”, da Band, achei ainda mais apropriada uma frase que ouvi do jurista Walter Maierovitch a respeito das discussões sobre a descriminalização da maconha.

“Temos uma direita conservadora burra”, disse-me meses atrás o ex-titular da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) no governo Fernando Henrique Cardoso.

Faz sentido.

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A arca de Noé

“Noé” é um filme ruim. Ponto.

As licenças poéticas do diretor Darren Aronofsky são primárias, extremamente inverossímeis (há verossimilhança possível em se tratando da Bíblia?, diria um provocativo colega de trabalho ateu) e até risíveis (os guardiões de pedra, por exemplo).

Feita a ressalva, o filme merece alguns comentários. Deixo claro que não sou conhecedor de cinema, falarei apenas como mero espectador. “Noé” me pareceu dogmático em demasia.

Fica clara (não de modo positivo e sim no sentido de subestimar a inteligência do espectador) a intenção de transmitir a mensagem de que o ser humano foi o responsável pela destruição do planeta uma vez e está caminhando para o mesmo rumo. As lições de moral introduzidas nas falas do personagem-título não deixam margem para dúvida tamanha a falta de sutileza dos diálogos.

O filme se desenrola durante duas horas mediante este propósito para tomar, no final, a previsível mensagem de esperança depositada na raça humana. O homem é capaz de decidir pelo caminho “certo”. Temos uma chance, ufa!

Mas se tudo é tão ruim, por que comentar o filme? Porque algo salva “Noé” – e não se trata de Deus ou da arca propriamente. Em que pese a primariedade dos diálogos, que atiram sem dó na cabeça do espectador as intenções do discurso, “Noé” apresenta um interessante questionamento a respeito “liberdade da vontade”, como chamou o filósofo Luiz Felipe Pondé em artigo na “Folha de S. Paulo”.

Cabe a Noé, o personagem, decidir entre cumprir o que ele julga ser a vontade – e a ordem – de Deus ou seguir seu coração e, o que se provará no fim, sua vontade.

A solução, como já mencionei, é previsível. Mas ainda assim vale a reflexão proposta (por mais que o espectador deixe o cinema com a nítida sensação de que seria possível tratar do tema de modo menos fantástico).

Vale, então, a pena assistir? Depende de qual é o seu objetivo. Pela diversão, não. Para refletir, quem sabe.

PS (serei vulgar porque o enredo do filme pede): considere que a humanidade quase acabou porque um dos filhos de Noé não conseguiu dar uma simples trepadinha. Pobre Ham...! 

Em tempo: esta foi apenas mais uma das licenças poéticas do diretor.

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A cidade que queremos


A frase aí está espalhada em vários pontos de São Paulo.

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Palavras de ordem

Perdão, carinho e uma mão estendida.

segunda-feira, 14 de abril de 2014 | | 0 comentários

Distantes

Parti. Após dez dias de volta ao ninho, à terra onde nasci e cresci, onde estão minhas raízes, parti de volta ao mundo desconhecido.

Foram dez dias repletos.

Teve degustação de cerveja e barzinho (ambos com amigos leais); churrasco e piscina com os velhos companheiros da estrada da vida; o merecido e necessário descanso; o carinho dos pais; o boteco até altas horas com um amigo do peito; duas sessões de cinema; caminhadas no parque; pizza e cervejada – e dá-lhe cerveja! - com um casal amigo do tipo “pau pra toda obra”, gente boa de conversar, rir e discutir.

Foi, sem dúvida, uma semana intensa, para matar um monte de saudade.

O mais relevante, porém, talvez tenha sido um encontro efêmero. Um reencontro, na verdade. Com um velho (nem tão velho assim, sequer na idade, sequer no tempo) conhecido. Um amigo querido, que há muito não via.

Mas tive que partir. Peguei a estrada e não sei quando volto.

Poucos compreendem que a distância é dolorida. Muito dolorida. Demasiadamente dolorida. Deixar para trás pessoas que amamos, por tempos que parecem infinitos, causa uma profunda tristeza.

E, como a vida não é simples, a mesma distância que fere também acalma. Distanciar-se de tantas lembranças, boas e amargas, serve como calmante. É, sim, uma espécie de fuga – mas quem há de dizer que às vezes não queremos um momento de reflexão solitário?

Foi bom ir e voltar.

É bom sentir a dor da distância, mostra que estamos vivos e que o coração bate dentro do peito.

Afinal, a vida já me ensinou, não é possível ter tudo o que queremos.

Mas dá para fazer melhor, sempre. Basta que cada um faça sua parte.

Em tempo: o trabalho é meu alimento, me completa e me dá prazer. Amo o que faço – porque faço o que gosto. Uma vida sem rotina, cheia de desafios diários, tarefas que se completam a cada ciclo de 24 horas e se renovam e exigem novos esforços.

Fazer o que a gente gosta sem dúvida é um bom antídoto contra muitos males. Contra a dor da distância, por exemplo.