Recentemente, atingi a marca de mil fotos postadas no Instagram - uma das poucas redes sociais a que aderi, motivado pela paixão por fotografar e pela oportunidade de compartilhar registros do cotidiano. Desde o início não me propus a ficar postando fotos pessoais, embora eventualmente elas tenham aparecido. Sempre pensei em criar uma espécie de "exposição" virtual, aqui no blog, com as dez melhores fotos das mil que postasse. Confesso que foi muito difícil escolher - impossível eu diria, visto que o resultado final a seguir tem 20 fotos (o que representa 2% de tudo o que postei). O principal critério para a escolha das fotos foi o artístico (havia fotos mais bonitas, mas o cenário embelezava a imagem por si só, o que reduzia o valor da arte de fotografar). Espero que gostem da minha seleção:
Em tempo: para me seguir no Instagram é só clicar aqui.
segunda-feira, 23 de março de 2015
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Rodrigo Piscitelli
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07:10 |
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Nas últimas quatro
décadas, Sebastião Salgado rodou o planeta como “testemunha da condição humana”.
No Kuwait, registrou o “triste espetáculo” dos poços de petróleo incendiados
por Saddam Hussein após a guerra em 1991. Com a série “Trabalhadores”,
homenageou os “homens e mulheres que construíram nosso mundo”.
A trajetória do fotógrafo de 71 anos virou filme. Dirigido
pelo filho Juliano em parceria com o alemão Win Wenders, “O sal da terra”
estreou recentemente no Brasil após concorrer ao Oscar de melhor documentário.
Nascido em Aimorés, Minas Gerais, Sebastião Salgado mudou
para a França em 1969. Premiado em todo o mundo, ele revela no filme um olhar apurado
em busca da melhor imagem. Com suas fotos, denunciou tragédias como a sede e a
fome na África, os horrores do genocídio em Ruanda e o drama dos refugiados.
Chocado com tanta tristeza, apostou num novo projeto: “Gênesis” - uma homenagem
ao planeta. Percorreu 30 países em busca de cenas como a do nativo solitário no
tronco seco, da imensidão da floresta e da beleza da vegetação refletida na
água.
Mas se os homens são o “sal da terra”, à terra devem voltar.
E salgado voltou para a fazenda da família, no vale do rio Doce, onde passou a
infância. E o que viu foi uma terra arrasada. “Os pássaros, os jacarés e a
majestosa mata não existiam mais...”, conta n o filme. “A mata que existia
antes e se estendia por todas essas colinas era a mata Atlântica, a floresta
tropical atlântica”, comenta.
Sem mata, sem vida... “Quando eu era menino, tínhamos uma pequena cascata. Mais
tarde derrubaram a mata e a água desapareceu”, fala. Até que a mulher dele
resolveu plantar a semente de uma ideia: recriar a floresta que fez parte da
história de vida do marido. “Eu me lembro que na primeira plantação às vezes eu
sonhava que tudo tinha morrido”, afirma Lélia Salgado.
Foram plantadas dois milhões e meio de mudas. O Instituto Terra
recuperou 600 hectares de mata - uma área equivalente a 780 campos de futebol. Mais
de mil nascentes ressurgiram. “Quando vemos uma árvore, pensamos só em sua
verticalidade e beleza. Mas tudo depende da árvore: nossa água, nosso oxigênio...”,
cita o fotógrafo. A maior batalha na recuperação da fazenda da família Salgado,
porém, não foi vencer a terra seca: foi vencer as mentes, disse Juliano.
Agora, o projeto entra em uma nova etapa. Parcerias feitas pelo Instituto Terra
vão garantir o plantio de 125 milhões de mudas nos próximos 25 anos. O
reflorestamento será feito ao redor das 370 mil nascentes do rio Doce. O
trabalho do instituto é um exemplo de que recomeçar é possível.
Uma lição do
fotógrafo que virou amigo dos gorilas e das baleiras e que vê poesia na força
da natureza. “E pensar que essas árvores, que hoje têm três meses, atingirão o ápice
daqui a 400 anos! Talvez a partir disso possamos medir o conceito da eternidade”,
filosofa Salgado.
* Texto original de reportagem feita para o programa “Repórter
Eco” (TV Cultura, dom., 17h30) - reportagem acrescentada em 4/5/15
Lima sedia desde abril a 2ª Bienal de Fotografia. O evento,
espalhado em 21 pontos da capital peruana, teve como um dos destaques o Brasil.
A galeria “Pancho Fierro”, no centro histórico, abriga 86 imagens da fotografia
modernista brasileira da coleção Itaú Cultural. Muitas exibem uma íntima
ligação com a arquitetura, que teve no modernismo um dos seus momentos de
glória no Brasil.
Estão lá nomes como Paulo Pires, Ademar Manarini, José
Yalenti, Geraldo de Barros e Thomas Farkes.
“Nos interessava ter uma mostra da fotografia brasileira, o
Brasil para nós é um vizinho muito importante, talvez mais em termos de
comércio e turismo, e há certas similaridades, como com todos os países
sul-americanos, mas há algumas diferenças em alguns casos, como no caso da
fotografia. Neste caso, a fotografia modernista brasileira entre os anos 50 e
70 é muito distinta do que tínhamos nessa época na fotografia peruana. Então é
um espelho interessante para que os fotógrafos peruanos possam ver como houve
uma história distinta na fotografia do Brasil”, diz o curador Carlo Trivelli.
A bienal traz também fotos documentais, artísticas e
contemporâneas de fotógrafos peruanos e internacionais. Num outro espaço,
também no centro, o destaque é o fotolivro latino-americano com imagens da venezuelana
Caracas, da cubana Havana e de São Paulo, por exemplo.
Também chama a atenção o trabalho do fotógrafo Shahidul Alam, de Bangladesh. Suas fotos impressionam pela plasticidade e o caráter de denúncia social. A riqueza de detalhes ressalta, por exemplo, a expressão sofrida de muitos rostos.
Já no centro cultural da PUCP, os visitantes podem conferir
uma mostra antológica com trabalhos de Roberto Fantozzi.
E num outro espaço, as fotos de Luz María Bedoya, artista
plástica e fotógrafa peruana que retrata de modo intimista as relações do homem
com o espaço. “Meu trabalho trata de investigar problemas vinculados ao espaço,
tanto urbano como natural. A cidade, a costa peruana, o deserto, e fazer um
vínculo entre eles e a linguagem verbal como um instrumento que permite
desmontar a experiência que temos das coisas. Creio que é uma maneira de
compreender e entender as coisas que temos ao redor”, diz ela.
Ao todo, serão mais de 30 exposições na bienal. A
expectativa dos organizadores é superar os 250 mil visitantes da primeira
edição. A programação segue até o dia 22 de agosto e a entrada em todos os
recintos é livre. * Texto originalmente escrito para o programa "Mais Cultura" (TV Cultura, seg. a sex., 13h)
sábado, 16 de novembro de 2013
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Postado por
Rodrigo Piscitelli
às
11:32 |
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Visitei há cerca de um mês a exposição “Fotonovela –
Sociedade/Classes/Fotografia”, no Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, São
Paulo).
Trata-se de uma mostra de fotos e trabalhos artísticos de
nomes latino-americanos. O objetivo é mostrar o lado “B” (ou seria mesmo o lado
“A”) da porção sul e latina do continente americano, longe dos tradicionais
estereótipos de pobreza, favelas e belezas naturais.
Como o título da mostra prega, o foco é a sociedade em seu
aspecto comum cotidiano, em casa, na rua, em casas chiques, em casas mais
modestas, uma outra América Latina conhecida por todos nós que a vivemos, mas
muitas vezes ignorada pelo resto do mundo.
Um dos trabalhos que achei mais legais é “Miss Fotojapón,
1998 até hoje”, do colombiano Juan Pablo Echeverri. Durante o período citado no
título da obra, ele tirou fotos do tipo 3x4 diariamente. O quadro mostra,
portanto, a mudança do visual do próprio artista.
Além de ter um sentido antropológico, do ponto de vista
artístico o quadro ficou muito legal, bem colorido. Uma espécie de mosaico.
Também chamaram minha atenção os trabalhos do argentino
Marcos López, “Pop Latino”, principalmente pelo aspecto “vintage” (as cores
também conferem uma alegria à obra e, em consequência, ao ambiente), e da
brasileira Helena de Castro, que recorreu a fotos de família para mostrar o
cotidiano de modo artístico.
Um ambiente que não fotografei, mas achei muito interessante
foi do coletivo peruano “Lima Foto Libre”. Os trabalhos me lembraram certos
aspectos de São Paulo, o que confere uma dose de identidade à América Latina,
com suas qualidade e defeitos (que prefiro chamar de desafios).
As imagens retratam o dia-a-dia da capital peruano por meio
de seus moradores. É uma trabalho intensamente urbano, de rua.
Quem tiver interesse em conhecer mais desse coletivo basta
entrar no site do grupo. Vale a pena!
O “Lima Foto Libre” inspirou uma mostra alternativa – “Selva
SP” - espalhada em alguns pontos da cidade. Vi em dois locais, um deles ali
mesmo na Paulista, num tapume de construção na esquina do Itaú Cultural ou
perto. Isto mesmo, um tapume. Se é que pode-se chamar de uma mostra, mas as
imagens eram bem interessantes, num caráter às vezes mais de denúncia e crítica
social.
Em tempo: a mostra segue até 22 de dezembro e é grátis. Para
ver o catálogo, clique aqui.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
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Postado por
Rodrigo Piscitelli
às
09:28 |
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Larry Clark é considerado um dos mais importantes e influentes fotógrafos de sua geração. Nascido em 1943 na cidade de Tulsa, em Oklahoma (EUA), sofreu influência da mãe - fotógrafa itinerante de bebês. Contudo, e isto foi determinante em sua carreira, mudou o foco: do inocente trabalho materno para algo profundo e, sob certo aspecto, antropológico. Clark retrata de modo nu (literalmente) e cru a realidade de sexo, violência e uso de drogas pela juventude norte-americana entre as décadas de 1960 e 90, primeiro em fotos e depois no cinema. Como cita o vídeo incluído nesta postagem, "um retrato devastador de uma tragédia americana". Seu livro mais renomado, "Tulsa", traz uma série de fotos feitas entre 1963 e 71 mostrando atividades do seu círculo de amigos em sua cidade natal. É a trajetória de três jovens "do idealismo e êxtase ao trauma e paranoia durante tardes desoladas" nos EUA da era Vietnã, segundo Brian Wallis, curador de uma exposição sobre o fotógrafo no ICP Museum - o Centro Internacional da Fotografia, em Nova York (EUA). Larry Clark // Tulsa from haveanicebook on Vimeo. As imagens, explícitas, podem chocar olhos mais sensíveis. Elas combinam "um estilo de documentário e narrativa sequencial de um ensaio da tradicional revista 'Life' com uma surpreendente intensidade emocional e íntima", conforme definição feita para a exposição do ICP.
Em "Teenage Lust", livro no qual volta a mostrar - com fotos feitas entre 1960 e 80 - cenas de sexo e drogas, Clark mergulha no seu passado e faz um trabalho quase autobiográfico a partir da imagem de outros.
Na década de 1990, o renomado fotógrafo transportou sua temática para as telonas, tornando-se diretor de cinema. Seu filme mais famoso é o polêmico "Kids", de 1995. No Brasil, alguns trabalhos de Clark podem ser vistos no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG). Lá estão cem fotos da série "Teenage Lust" e dez da série "Tulsa".
A temática e o estilo de Clark me remeteram à obra de Jack Kerouac, ícone e gênio da geração "beat", que se notabilizou também por uma obra (no caso literária) bastante autobiográfica (ainda que recorrendo às vezes a personagens amigos seus), realista, íntima e profunda. Com traços existencialistas em seus trabalhos, ambos - Clark e Kerouac -fizeram, sem dúvida, o retrato de uma geração. Ou de parte dela, uma parte significativa.
Mais informações sobre o fotógrafo-diretor podem ser obtidas aqui. * As imagens foram retiradas dos sites lincados nesta postagem
Repórter da TV Cultura, apresentador e mestre de cerimônia.
Ser jornalista está no meu DNA. Logo, sempre gostei de escrever. Adoro ouvir histórias, conhecer pessoas e lugares. Portanto, adoro viajar.
Este blog foi criado como ferramenta para estas paixões - a escrita e a viagem. Minha intenção com as crônicas e dicas postadas aqui é simplesmente inspirar outros viajantes a descobrir novos lugares (ou, quem sabe, a se aventurar por novos recantos em lugares já conhecidos).
Se você ainda está em dúvida sobre o destino e se pergunta "por que ir...?", a resposta pode estar aqui!
Boa viagem!