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terça-feira, 4 de agosto de 2015 | | 0 comentários

Nós, os imbecis (?)

(...) O escritor italiano (Umberto Eco) não tem boas palavras para as redes sociais. Há um mês, ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Turim, disse que "a mídia social dá voz a uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar depois de beber uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".

"Hoje eles têm o mesmo direito de palavra de um Prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis", afirmou, no discurso de agradecimento. "O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade."

As palavras soam duras e reducionistas. O saldo da popularização da internet e da facilidade de divulgação de opiniões que dela advém é mais positivo que negativo. Hoje, qualquer pessoa com uma conexão ou um celular diz em poucos segundos o que pensa sobre qualquer tema e, em países como a Itália ou o Brasil, sem censura.

O problema é que, assim como nos bares, no Facebook, no Twitter e no Instagram os imbecis fazem mais barulho que os sensatos. (...)

Fonte: Sérgio Dávila,
“Os imbecis estão ganhando”, Folha de S. Paulo, Opinião, 12/7/15.

***

(...) Segundo estudo recente da consultoria americana A.T. Kearney, o Brasil é o país com maior porcentagem de pessoas na faixa mais alta de permanência on-line: 51%, ante 37% do segundo colocado, a Nigéria, e 25% dos americanos. Somos um povo conectado/ disponível/on-line.

Isso tem implicações. Uma delas o canadense Michael Harris chama de "o fim da ausência", no poético título de livro recém-lançado nos EUA ("The End of Absence", Penguin). Estamos o tempo todo não só acessíveis virtualmente como compartilhando tudo o que vivemos. Isso faz com que tenhamos pouco tempo para digerir nossas experiências – para viver. (...)

Fonte: Sérgio Dávila,
“A gente somos ‘smupids'", Folha de S. Paulo, Opinião, 26/7/15.

* Leia também:


quarta-feira, 1 de julho de 2015 | | 0 comentários

Uma caixa de música pós-moderna

Você conhece aquelas antigas máquinas de música, geralmente encontrada nos bares dos Estados Unidos, as "jukeboxes"? Então, imagine agora uma moderna "jukebox", ou algo que utilize como ressonância os canais modernos - a Internet. O resultado é uma "PostmodernJukebox", assim mesmo, porque trata-se do nome de uma banda.

Tudo começou por iniciativa de um garoto apaixonado por música. Scott Bradlee decidiu reunir um grupo e produzir novas versões de clássicos, em ritmos que vão do jazz ao estilo Motown. Acrescente a isto instrumentos de qualidade, vozes afinadas e uma apresentação performática (que inclui até um palhaço de visual triste e voz arrepiante - ou "dourada" - interpretando a clássica "Royals").



O projeto começou arrecadando patrocínio por meio de um site de financiamento coletivo (crowdfunding). Nele, Bradlee explica a origem da sua ideia:

“Quando eu era criança, estava mais interessado na música da geração dos meus avós do que da minha própria. Decidi que queria aprender a tocar gêneros mais antigos, como o ragtime, jazz, blues, e gastei incontáveis ​​horas ouvindo LPs antigos e tentando imitar no piano os sons que ouvia. Eu me tornei um pianista profissional e mudei-me para Nova York. 

Lutei por alguns anos para encontrar trabalho e aprendi (surpreendentemente!) que o piano ragtime não era tão popular como antes. Eu não estava prestes a desistir; em vez disso, decidi pegar músicas atuais - os hits pop de hoje - e colocá-las em uma máquina do tempo para descobrir como soariam se fossem gravadas nos anos 20, 30, 40 e 50. Eu postei estas experiências no YouTube e de repente descobri que as pessoas realmente gostavam das minhas ideias. Decidi que queria usar meu canal para imaginar um universo alternativo em que as canções de hoje fossem escritas há meio século, durante os primeiros anos da indústria fonográfica.”


Atualmente, o PMJ posta toda quinta-feira um novo vídeo no Youtube. O material fez e faz tanto sucesso (o vídeo de "Royals" tinha mais de 13 milhões de visualizações meados de 2015) que o grupo já tem cerca de cem apresentações agendadas para este ano e 2016 em países como Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e, claro, várias cidades dos EUA. 

Quem sabe qualquer hora eles não aparecem no Brasil?



Descobri o grupo numa conversa com o professor Marcelo Zuffo, diretor do Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas (Citi), da USP (Universidade de São Paulo). É realmente impressionante a qualidade do trabalho, com um leve e refinado toque de humor. 

Fica a dica: música de qualidade unida à tecnologia!

sexta-feira, 10 de abril de 2015 | | 0 comentários

Trabalhando...

Internet influencia o comportamento para o bem e o mal:


Frango passou de símbolo do Real a sinônimo da crise - a partir do minuto 21:02:

terça-feira, 17 de junho de 2014 | | 0 comentários

Os jornais e o jornalismo têm futuro, diz Carr

(...) Ele (o jornalista David Carr) diz não ser pessimista em relação ao jornalismo e aos problemas que enfrenta devido à queda de circulação dos diários impressos e a competição com a internet.

"Pelo contrário, é uma época estimulante para estar no jornalismo. As pessoas vivem me perguntando se há futuro para o ofício, e eu respondo que, se alguém me dissesse há alguns anos que um blogueiro do (jornal britânico) ‘Guardian’ daria o furo do século, não acreditaria", diz Carr.

"Um fenômeno como o Wikileaks surgiu e precisou de jornais tradicionais para dar forma ao seu conteúdo. E, ainda, o dono da Amazon acaba de comprar o Washington Post'. Não me interesso tanto pelo futuro mais distante, mas sim pelo que vai acontecer agora, e o panorama é estimulante", defende.

Ativo em blog e no Twitter, por outro lado, Carr admite que há um risco na perda de leitores dos jornais impressos, embora reafirme a importância dos grandes jornais.

"Há métodos e modos de tratar certos assuntos, de cobrir os bastidores da política, que não vão ser suplantados por posts no Facebook ou tuítes. Considero ainda importante que existam grandes organizações por trás do ofício."

Para Carr, porém, discutir se o digital matará o impresso é uma abordagem equivocada. "Esses dois mundos já caminham juntos. E já há uma maneira de imaginar novas estratégias, de mudar a relação com o consumidor de notícias e com a produção de conteúdos, integrando novos atores e organizações."

Acrescenta, ainda, que considera as novas gerações muito bem informadas. "Eu convivo com gente jovem, tenho filhas, dou aulas. Eles sabem muito. Pode-se questionar a qualidade, mas não há como negar que a informação tem lugar importante na nossa sociedade", afirma.

Fonte: Sylvia Colombo, "A novela da mídia", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 2/6/14.

quarta-feira, 28 de maio de 2014 | | 0 comentários

As mudanças no "NYT"

(...) O relatório diz que o "New York Times" vai desenvolver times de análise e estratégia e que departamentos focados no leitor têm que estar mais próximos do setor de negócios do jornal.

O destaque do memorando é sobre a formação de audiência. Se antes, todo o trabalho era distribuir o jornal e ter certeza que ele chegasse à porta dos leitores (com todo o esforço do processo), hoje o jornal precisa "buscar" a audiência mais fragmentada, especialmente em celulares e tablets.

Entre as prioridades indicadas no estudo, estão promover as reportagens nas redes sociais, "reembalar" conteúdos para novas plataformas, saber otimizar reportagens para os mecanismos de busca e personalizar o conteúdo para o leitor.

(...) Em "Making News at The New York Times" [Fazer notícia no New York Times], a professora de comunicação Nikki Usher relata os quatro meses em que ficou dentro da Redação do jornal, acompanhando a produção das versões on-line e impressa.

Usher descobriu a mudança na hierarquia noticiosa e dos "fechamentos e atualizações permanentes".

Ela viu como um editor do site, lido por milhões de pessoas no mundo todo, publica reportagens de diferentes assuntos e seções sem nenhuma supervisão editorial além de seu próprio julgamento e olfato, com uma mentalidade de "publicar antes".

(...) “A cada dez minutos, um novo texto de blog aparece no site, reportagens mudam de lugar no site a cada 20 ou 30 minutos, e novas notícias são postadas tão logo chegam - em uma Redação de 1.100 jornalistas, o problema não era rotatividade."

Para ela, a Redação precisou se habituar a leitores que esperam sempre uma página "nova" na internet e de mudança contínua de assuntos.

Fonte: Raul Juste Lores, "'NY Times' troca comando da Redação", Folha de S. Paulo, Mercado, 15/5/14.

terça-feira, 20 de maio de 2014 | | 0 comentários

Vida visualizada - uma crítica sobre as redes sociais

"I forgot my phone", escrito por Charlene deGuzman e dirigido por Miles Crawford:



"Look up", dirigido por Gary Turk:



Leia também:

- Retrato de uma juventude

segunda-feira, 17 de março de 2014 | | 0 comentários

Uma revolução em três letras - www

(...) O que os criadores da internet conceberam foi, na prática, uma máquina global para produzir surpresas. A web foi a primeira surpresa realmente grande, e ela veio de um indivíduo, o físico Tim Berners-Lee. Em 12 de março de 1989 ele escreveu a primeira proposta do que viria a ser a web e, com um grupinho de auxiliares, escreveu os softwares e arquitetou os protocolos necessários para implementá-la. E então a lançou para o mundo, colocando-a no servidor de internet da Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) em 1991, sem precisar pedir a autorização de ninguém.

(...) Em 1455, Johannes Gutenberg lançou sozinho uma transformação no ambiente de comunicações que vem moldando a sociedade desde então. Antes de Berners-Lee ninguém fizera algo comparável.

(...) Escritores como Nick Carr estão convencidos de que sim. Carr acha que as pessoas são menos contemplativas hoje porque a web as distrai. "À exceção dos alfabetos e dos sistemas numéricos", ele escreve, "a internet é possivelmente a mais poderosa tecnologia de alteração da mente que jamais se disseminou". Mas se a tecnologia tira, ela também dá. Para cada tecnopessimista como Carr há pensadores como Clay Shirky, Jeff Jarvis, Yochai Benkler, Don Tapscott e muitos outros (entre os quais eu me incluo) para os quais os benefícios superam, por muito, os custos.

Fonte: John Naughton (Clara Allain, trad.), “Estrada sem fim”, Folha de S. Paulo, Ilustríssima, 16/3/14.

domingo, 16 de março de 2014 | | 0 comentários

"Ciberescapismo"

(...) Se Samantha é um avatar avançado de Siri, Theodore em nada difere dos cibernautas do presente que vivem vicariamente num mundo à parte, como almas penadas do limbo digital em busca de uma saída distanciada, clean, para sua solidão. São zumbis, e não apenas usuários, das mídias sociais, viciados no Facebook, no Twitter e serviços afins. Diversos estudos recentes, e não tão recentes, sobre os efeitos negativos da convivência virtual revelam dados preocupantes. Conclusão unânime: quanto mais vazia nossa vida pessoal, maior a tendência para preenchê-la na realidade virtual. Quanto mais ocupados e ativos, menos nos deixamos seduzir pelo ciberescapismo.

Permanecer muito tempo nas redes sociais pode provocar insônia, ansiedade, estresse, distúrbios digestivos (revelação da última edição do Journal of Eating Disorders), anorexia, afetar a autoestima, incitar a inveja e o ciúme. A psicoterapeuta Sherri Campbell defende essa tese com ardor: "As mídias sociais nos dão um falso sentimento comunitário, uma falsa conectividade com o mundo e as pessoas. As trocas que nelas se processam são meros simulacros das relações interpessoais no mundo físico. Milhares de contatos, amigos, seguidores e curtições não valem o sucesso real, palpável, que podemos desfrutar no mundo real".

(...) Nas mídias sociais a vida dos outros parece perfeita e isso pode nos deixar complexados e deprimidos, ainda que o que os outros nos mostram seja apenas um instantâneo da realidade, eventualmente edulcorada, falsificada, "porque também produto de um complexo de inferioridade", acrescenta a psicoterapeuta (...)

Fonte:
Sérgio Augusto, “O Estado de S. Paulo”, Aliás, 16/3/14, p. E9 (íntegra aqui).

sábado, 18 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

"Papel = Internet"

(...) Vinte anos depois, o "NYT", tão imitado e influente, dá um passo corajoso: em identidade visual, papel e on-line praticamente não têm mais distinção. A "homepage" do site e a capa do jornal físico são gêmeas quase idênticas.

(...) O mundo está mesmo assim: rádios transmitem imagens, jornais e revistas fazem vídeos, a TV se aproxima da internet, o próprio conceito de canal ficou muito mais amplo.

Na segunda década do século 21, uma palavra antiga alcança finalmente seu significado pleno: multimídia. A gente já usava, mas não sabia que ela queria dizer tanta coisa.

Fonte: Álvaro Pereira Júnior, “Folha de S. Paulo”, Ilustrada, 18/1/14 (íntegra aqui).

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

"Uma boa-nova"

O produto multimídia "Tudo sobre Belo Monte" (...) impressiona porque fazia muito tempo que não se via tamanho investimento em reportagem. Foram dez meses de preparo, 19 profissionais envolvidos e várias viagens à Amazônia.

O conteúdo foi apresentado em textos, (lindas) fotos, vídeos, infográficos animados e até em um game. O objetivo era mostrar o andamento da obra da mega-hidrelétrica, a terceira maior do mundo, e discutir seu impacto numa região vital para o país.

A iniciativa lembra os projetos multimídia do "New York Times". O primeiro deles, chamado "Snow Fall", descrevia uma avalanche numa estação de esqui em Washington que matou três pessoas. Com infográficos impressionantes, depoimentos em vídeos e texto quase literário, ganhou um Prêmio Pulitzer neste ano e obteve 3,5 milhões de visualizações.

É uma aposta inovadora: em vez da mera transposição do impresso ou da linguagem de televisão para o on-line, busca-se um formato jornalístico próprio da internet que subverta a máxima de que só textos telegráficos fazem sentido na rede.

(...) A pauta sobre Belo Monte foi importante para tentar reverter esse quadro de apatia. Um levantamento de textos sobre desmatamento publicados entre 2007 e 2012 em jornais e revistas, feito pela ONG Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), mostrou que apenas 11% das pautas nasceram de iniciativas das Redações (não eram reportagens sobre ações do governo) e só 1% caberia na definição de jornalismo investigativo.

(...) Em um momento em que as Redações estão mais enxutas e sobrecarregadas (precisam alimentar o impresso e o on-line), a decisão de mobilizar recursos para a produção de reportagens de fôlego é, sem dúvida, uma boa-nova.

Fonte: Suzana Singer, “Folha de S. Paulo”, Ombudsman, 29/12/13 (íntegra 
aqui).

quarta-feira, 30 de outubro de 2013 | | 0 comentários

Sintomas dos novos tempos

(...) Essa é uma discussão antiga, sobre os limites do público e do privado, mas que ganhou muito mais urgência e abrangência na era da comunicação total, que é também a era da exposição total. E não só na área política ou policial mas também na esfera econômica.

Nossos comportamentos estão cada vez mais intermediados por softwares, aplicativos, transações eletrônicas. O cidadão digital está nu. O Google sabe muito mais das pessoas do que muitos dos seus amigos e parentes mais próximos.

Nós somos o que buscamos.

Por isso, como protegemos (e também como usamos) essas informações é uma das grandes novas discussões do nosso tempo e do futuro.

Por enquanto, é um universo em formação, horas depois do Big Bang da internet, que juntou o mundo todo e todo mundo em relações recém-nascidas ou ainda em gestação. (...)

Fonte: Nizan Guanaes, “Somos o que buscamos”, Folha de S. Paulo, Mercado, 29/10/13.

domingo, 22 de setembro de 2013 | | 0 comentários

Dez minutos no Facebook - uma experiência

Dia desses, um amigo chegou e me disse: “Olha as fotos do meu sobrinho no Rio”. 

As fotos estavam no Facebook. Eu não tenho Facebook e mal sei mexer (fuçar?) nele.

Pois bem: em cerca de dez minutos que “facebookei” me vi xereteando nos fatos e fotos de umas oito pessoas pelo menos (estas foram as que eu lembrei no momento em que escrevo esta postagem).

Dez minutos bisbilhotando a vida alheia – que, por sua vez, estava lá exposta publicamente.

É este tipo de situação que me incomoda no Facebook (como já me incomodava no Orkut e, em certo grau, no Twitter): a mania (vício?) de xeretear a vida dos outros e permitir que os outros bisbilhotem a nossa vida.

Aí alguém poderá dizer: basta se controlar.

E é aí que eu respondo: o “sistema”, o Facebook no caso, faz com que você navegue pela vida dos outros. É quase inevitável. Até porque qual o sentido de estar numa rede social se não para “compartilhar” (é este o termo, não?) as experiências?

A questão é que este “compartilhamento” passou dos limites.

Qual o sentido de alguém dizer que está no shopping com fulano e beltrano? Ou que está no zoológico com o(a) namorado(a)? Ou no cinema? Ou em Paris?

Qual o sentido de postar tantas fotos, transformando a vida diária praticamente num “book”, num diário visual? Que narcisismo é este? Qual a finalidade de tanto exibicionismo?

Eu, por exemplo, descobri certa vez por meio de uma foto no Facebook que um ex-colega de trabalho tinha sido “traído” (esta não é bem a palavra, mas não vem ao caso). Como? Porque um outro colega tinha postado uma foto de um beijo dele com a “pegadete” do outro.

Esta minha experiência recente, fuçando nos perfis dos outros, trouxe-me à mente uma entrevista do jornalista e escritor Bernardo Carvalho sobre o seu mais recente livro, “Reprodução”. Detalhe: na obra, ele trata da Internet em geral, ou seja, o Facebook é apenas uma parte do problema.

Veja a seguir alguns trechos:

Folha - Não é de hoje que você questiona uma "banalização" promovida pela internet. Como essa ideia virou livro?
Bernardo Carvalho - Tive um processo longo de percepção de uma fascistização do mundo, de um jeito ambíguo, porque as pessoas criam o fascismo achando que estão encontrando a liberdade. A internet é libertária, democrática, mas também faz você entregar sua privacidade e se relacionar com corporações como se fossem Deus ou a natureza. Elas dizem: "Você não precisa pagar nada". E você se entrega acriticamente, porque a ideia de não fazer esforço é sedutora. E há o narcisismo, a exposição no Facebook, que pega um ponto central. É perverso, a conquista vai em pontos frágeis da psique, você se sente uma celebridade. Do ponto de vista político, você acha que está usando, mas está sendo usado. O livro expressa esse desconforto.
Na sua opinião, a internet apenas reflete um comportamento humano ou o reforça?
Talvez tenha acirrado algo que sempre existiu em potencial. Você não tem privacidade, mas pode ter anonimato, o que permite uma manifestação de imbecilidade sob a proteção do anonimato. Estava incomodado com isso e pensei nesse narrador que representa o ódio absoluto, o anonimato da internet. No livro há uma frase do [filósofo espanhol] Ortega y Gasset: "Todo povo cala uma coisa para poder dizer outra. Porque tudo seria indizível". O personagem tem a informação absoluta, mas nada do que ele diz quer dizer muito. Não adianta você saber um monte de coisas, ser informado na superficialidade midiática sem uma compreensão do mundo. Você só reproduz, não consegue mais produzir.
Fonte: Raquel Cozer, “Você acha que usa a Internet, mas estásendo usado por ela”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 21/9/13.

domingo, 15 de setembro de 2013 | | 0 comentários

O futuro do "Grande Irmão"

Entre a prisão domiciliar e o asilo na embaixada do Equador, Julian Assange, 42, está confinado há dois anos e nove meses no Reino Unido.

Mas o fundador e editor-chefe do WikiLeaks (site conhecido por publicar documentos sigilosos) não se lamenta, em entrevista por telefone à "Folha". Lista o que tem de importante para fazer, como editar novo vazamento e manter o apoio a Edward Snowden, ex-analista da CIA que revelou a espionagem em curso do governo dos EUA. (...)

Folha - O livro (“Cypherpunks – Liberdade e o futuro da Internet”) soa premonitório quando foca o acesso do governo dos EUA às comunicações latino-americanas, através de fibra ótica. Snowden, depois, comprovou o acesso no Brasil.
Julian Assange - Estudo a Agência Nacional de Segurança [dos EUA] há 20 anos. A imagem foi composta de vazamentos, telegramas, inquéritos do Congresso, testemunhos de ex-funcionários. Uma imagem complexa, que precisava ler milhares de coisas. O importante das revelações de Snowden é que alguns documentos tornaram isso claro para as pessoas.

(...) Seu livro cita uma trajetória alternativa mais positiva.
Há uma tendência importante na direção contrária. O que estamos vendo, com o fracasso da intenção de erguer um ataque à Síria, com as revelações, é o desenvolvimento de um novo corpo político internacional, de um novo consenso, de um novo "demos" [povo como unidade política]. Se a internet, por um lado, ampliou imensamente o poder dos Estados Unidos como Estado, por outro também produziu uma nova sociedade. É um tempo muito interessante, porque ou vamos derivar para essa distopia ou para esta nova cultura internacional fortalecida, que vai fornecer uma força prática e política de equilíbrio.

Fonte: Nelson de Sá, “Internet levará à distopia ou a uma cultura mais forte”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 15/9/13, p. E1.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013 | | 0 comentários

Você se sentia 100% seguro na Internet?

Como diz a canção, "deu no 'New York Times'" que a agência nacional de segurança dos Estados Unidos, a NSA, consegue "quebrar" qualquer código de segurança e privacidade na Internet.

Esta história toda da espionagem norte-americana me deixou com uma pulga atrás da orelha. Não em relação à minha segurança como internauta, ao contrário, como público das notícias. Afinal, sinceramente, alguém acreditava que existe algum meio de fazer da Internet 100% segura?

Desde que comecei a usar a rede mundial de computadores sempre soube que NÃO EXISTE segurança absoluta.

Daí a saber que alguém fica bisbilhotando as coisas é outra história, mas ficar espantando porque um bando de arapongas consegue romper ferramentas de segurança é uma certa inocência.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013 | | 0 comentários

Os jornais e a Internet como negócio

O indiano Avinash Kaushik tem um cargo peculiar: ele é evangelista de marketing digital do Google. Entre as suas atribuições, estudar e palpitar sobre o comportamento das pessoas na rede.

Para ele, medir o sucesso de um site pelo número de acessos é "estupidez". Muito mais importante, afirma, é ter leitores ou clientes fiéis. (...)

Folha - Page-views (...) ainda são um sinônimo de sucesso digital...
Avinash Kaushik - É uma estupidez!

Por quê? E o senhor acha que isso está mudando?
Se você tem um site, o seu retorno publicitário está relacionado com page-views. O problema, eu acho, é o que o page-view incentiva o modelo mental que ele cria. Você pode criar o site mais estúpido. As pessoas vão acessar, mas o que você, como negócio, ganha? Quer dizer, como você faz dinheiro? Por exemplo, eu amo o "New York Times"...

Essa era a próxima pergunta...
[Risos.] Eu pago para acessar o "New York Times" na internet. Onde eu vou no mundo, o consumo de notícias está aumentando, mesmo que o papel vá embora. Assim, o "Times" pode oferecer reportagens sobre o novo cachorro do Obama pela audiência. Mas eu não pago pelo cachorro, pago pelo conteúdo de alta qualidade. Jornais na internet não lucrarão com quem aparece uma vez, mas com quem vai ao site sempre, que vai pagar. Fidelidade é o que importa.

Mas, como o senhor mesmo aponta, o faturamento publicitário está ligado aos acessos.
Sim, infelizmente. Me parte o coração que a indústria da propaganda ainda trabalhe do mesmo modo antigo: uma revista tem tal circulação, então sua propaganda custa tanto e atinge tantos - mesmo que o sujeito nem olhe para o anúncio. Fomos para a internet e a mentalidade continuou a mesma. Meu conselho para os veículos: OK, jogue o jogo deles por enquanto, porque, se você parar de jogar, você quebra. Mas trabalhe forte para conseguir se rentabilizar de outras maneiras. É difícil dizer se o "paywall" [sistema de cobrança por conteúdo] é o futuro. Está funcionando no "New York Times", no "Financial Times". Com o tempo, anunciantes mudarão também. Verão que visitantes fiéis são um ativo dos sites - porque são "premium", porque não há como encontrá-los em outro lugar.

Como o senhor tem certeza dessa mudança futura?
Tenho filhos de 11 e 9 anos. Quando digo que íamos a lojas de discos, eles simplesmente não entendem. Eu digo "mas era gigantesco, tinha muitos andares", eles acham que estou mentido. (...)

Fonte: Ricardo Mioto, “Preocupar-se com número de acessos éuma estupidez”, Folha de S. Paulo, Mercado, 25/8/13.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013 | | 0 comentários

O mundo da aviação na tela do computador

Conheci há pouco tempo um site muito legal. É o Flight Radar 24, um verdadeiro tesouro para as pessoas que, como eu, são apaixonadas pelo mundo da aviação. Ele permite visualizar, em tempo real (ou, no máximo, com atraso de cinco minutos), todos os voos no mundo.

Você escolhe uma determinada região e vê os aviõezinhos se locomovendo. Basta clicar em um deles para saber de qual companhia se trata, o número do voo, rota, tipo de aeronave, altitude, velocidade, etc. Uma riqueza de informações!

Se quiser fazer um teste, vale a pena: procure a região onde você mora e aguarde a passagem de algum avião. Quando avistá-lo no site, pode procurá-lo no céu. Já fiz isto várias vezes e sempre dá certo. Aliás, tornou-se uma diversão - minha e da minha mãe - procurar os aviões cruzando Limeira. "É batata!", como diria um conhecido.


Se você curte aviação e ainda não conhece o Flight Radar, uma dica: ao clicar num avião e ver todas as informações já mencionadas nesta postagem, observe um link azul, logo abaixo, escrito "cockpit view". Clique e mais do que dados do voo, você o acompanhará em tempo real a partir da visão dos pilotos (atenção: é preciso instalar o plug-in do Google Earth). É pura adrenalina! 

Eu já cansei de ver aviões pousando no aeroporto internacional de Guarulhos. Dia desses, ao acompanhar um voo, vi até uma arremetida (ou aterrissagem descontinuada, na linguagem oficial). Conforme o avião se aproximava, ia descendo, descendo... até que na reta final começou a subir, subir... Foi até uns 1,8 mil metros, fez um longo círculo e retomou o procedimento de aterrissagem.





Aliás, por meio do site é possível ver as rotas de aproximação dos aeroportos, como a fila para descer em Guarulhos. 


Também é possível deduzir quando há tráfego excessivo, já que os aviões começam a fazer curvas estranhas, como a que eu também flagrei.


Agora é com você: aperte o cinto e boa viagem!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013 | | 0 comentários

Os riscos à vida privada

"A luta do WikiLeaks é uma luta de muitas facetas. Em meu trabalho como jornalista, lutei contra guerras e para forçar os grupos poderosos a prestarem contas ao povo. Em muitas ocasiões, manifestei-me contra a tirania do imperialismo, que hoje sobrevive no domínio econômico-militar da superpotência global.

Por meio desse trabalho, aprendi a dinâmica da ordem internacional e a lógica do império. Vi países pequenos sendo oprimidos e dominados por países maiores ou infiltrados por empreendimentos estrangeiros e forçados a agir contra os próprios interesses. Vi povos cuja expressão de seus desejos lhes foi tolhida, eleições compradas e vendidas, riquezas de países como o Quênia sendo roubadas e vendidas em leilão a plutocratas em Londres e Nova York. Expus parte disso e continuarei a expor, apesar de ter me custado caro.

Essas experiências embasaram minha atuação como um cypherpunk. Elas me deram uma perspectiva sobre as questões discutidas nesta obra, que são de especial interesse para os leitores da América Latina.

A próxima grande alavanca no jogo geopolítico serão os dados resultantes da vigilância: a vida privada de milhões de inocentes. (...)"

Fonte: Julian Assange, “Mensagens de um ativista digital”, Folha de S. Paulo, Tec, 4/2/13.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Qual o sentido da briga entre Google e ANJ?

(...) Não há mais dúvidas de que o modelo convencional de negócios das empresas jornalísticas é inadequado para a produção de notícias na internet. Desde o surgimento deste Código Aberto, há oito anos, alertamos que a Web inverteu as regras do mercado de notícias. Passamos de uma era de escassez (poucos jornais) para uma era de abundância informativa (só de blogs são 55 milhões no mundo inteiro), o que reduziu a commodity notícia a quase zero ao mesmo tempo em que acelerou a diversificação e recombinação de dados e informações graças às facilidades das redes virtuais.

A notícia está hoje em todos os lugares e cercá-la com os muros do direito autoral equivale a tentar enxugar gelo. A rentabilidade não está mais em guardá-la como uma commodity, mas na sua circulação. Quanto mais uma notícia circular mais pupilas e cérebros ela alcançará, ampliando a reputação de quem a produziu, distribuiu e comentou. Ter informação não é mais sinônimo de ter poder. Pelo contrário, o poder de influenciar outras pessoas depende da intensidade com que a informação circular entre estas pessoas.

(...) A decisão da ANJ responde ao interesse de executivos da indústria da comunicação jornalística de arrancar toda a rentabilidade possível antes que chegue um momento fatal, como ocorreu há dias com a revista norte-americana Newsweek, que aqui no Brasil foi o modelo seguido pela Veja. Para os executivos pode ser uma estratégia inteligente para garantir uma aposentadoria dourada, mas para nós, consumidores de informações, é uma péssima notícia.

Fonte: Carlos Castilho, "Jornais vs. Google: a briga que ninguém ganha", Observatório da Imprensa, Código Aberto, 23/10/12.

***

(...) Além da exigência de remuneração financeira, há na decisão da ANJ também uma disputa por poder na cadeia de valor da indústria jornalística, na opinião do jornalista Eugenio Bucci, professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). "Com o surgimento dos buscadores e agregadores de notícias na internet, os jornais perderam parte importante dessa cadeia de valor. Acho que a movimentação de sair de um serviço de busca é uma tentativa de dominá-la novamente", explica Bucci.

No caso de um jornal impresso, a empresa é dona da totalidade da cadeia de valor - da produção da notícia à entrega da publicação aos leitores. Na internet, para o conteúdo chegar ao leitor, parte desse valor fica com a indústria de telecomunicações, com a indústria de computadores e, mais recentemente, também com os intermediários como o Google.

"A questão é como vai ser remunerado o jornalismo independente", sintetiza Bucci. "(A saída dos grandes jornais do Google Notícias) pode ser um movimento infeliz, que se mostrará errado daqui a algum tempo". Mas, como ainda não há um modelo que garanta essa remuneração em longo prazo, as redações independentes têm que preservar o valor do que oferecem. No cenário que está se formando, uma matéria do New York Times acaba tendo o mesmo valor de uma matéria produzida por uma organização partidária", compara o jornalista.

Fonte: Isabela Fraga e Natalia Mazotte, "Boicote ao Google News resultou em queda de apenas 5% do tráfego na web, afirmam jornais brasileiros", Blog Jornalismo nas Américas, Knight Center for Journalism in the Americas, 25/10/12.

terça-feira, 16 de outubro de 2012 | | 0 comentários

A Net voltou (a dar problemas...)

Então é assim: todos os dias você, cliente, tem problemas com a conexão de Internet da Net. Aí um dia você liga na central de atendimento e ouve o seguinte:

- A conexão do sr. está normal.
- Mas eu estou sem sinal há horas. Não é possível agendar a visita de um técnico?
- A visita pode ser agendada, sr., mas o sr. vai ter que pagar. Porque o sinal do sr. está normal.
- Eu estou com problemas, sem receber o serviço pelo qual pago, e ainda terei que pagar a visita do técnico? Deixa quieto.

Aí no dia seguinte você está novamente sem sinal. Contrariado, decide ligar de novo para a central:

- O sr. pode desconectar os aparelhos da tomada por cinco segundos?
- Já fiz isso um milhão de vezes. Este problema ocorre todo dia. Fico sem sinal e de repente volta. Na outra vez, após reclamar várias vezes, um técnico veio até aqui e descobriu que o conector do poste estava enferrujado. Será que não pode ser isso?
- Sr., se o técnico for até aí e não tiver problema o sr. terá que pagar a visita.
- Ok., o que podemos fazer então?
- O sr. tem que conectar o seu computador direto no modem.
- Mas eu preciso do roteador. Caso contrário não teria.
- Mas para fazer os testes o sr. tem que estar conectado direto com o modem.
- Mas eu estou no iPad, não no computador.
- O sr. precisa estar no computador.
- Mas eu quero usar o iPad. Eu pago pelo sinal de Internet, onde vou usar o problema é meu. Além disso, o cabo da Internet não chega até o computador, do contrário não precisaria do roteador.
- Não posso fazer nada sr. O teste só pode ser feito com o computador.
- Quer dizer que se eu contratar o serviço da Net só para usar o iPad eu não posso? Ninguém me falou isso na hora de vender.
- Sr., isto eu não sei. O sr. vai querer fazer o teste?

Para encurtar o diálogo, finalmente a visita foi agendada. O técnico não compareceu no dia combinado.

Ontem e hoje, novos problemas. Mais um telefonema, mais um protocolo:

- O sr. está sem IP por isso não tem sinal.
- Mas isto acontece todo dia. E de repente o sinal volta do nada.
- Vou monitorar o sr. por três horas e deixar um pré-agendamento de visita. O sr. volta a nos ligar amanhã.

Incrivelmente, o sinal voltou logo após o telefonema ter sido feito.

Infelizmente, amanhã estarei sem sinal de novo.

É a Net...

PS: certa vez, procurei o Procon. Fui orientado simplesmente a mudar de operadora, "quem sabe a Telefônica". Na Anatel, não consegui formalizar uma queixa. Cadastrei-me para o programa de monitoramento da qualidade e da velocidade do sinal de Internet.

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terça-feira, 21 de agosto de 2012 | | 0 comentários

"Jornalismo de qualidade é bom negócio"

O jornalismo de qualidade é importante para os cidadãos de todo o mundo e é também um bom negócio. Essa foi a mensagem do palestrante que abriu o nono Congresso Brasileiro de Jornais, ontem, em São Paulo.

Gerente do serviço noticioso do jornal "The New York Times", Michael Greenspon detalhou o sistema de cobrança de conteúdo digital que o diário americano adotou em março de 2011.

Conhecido pelo nome de "paywall poroso", esse modelo permite o acesso gratuito a alguns textos por mês e permite que apenas assinantes leiam sem restrições.

"Alguns gurus diziam que não ia dar certo. Agora esses mesmos gurus dizem que esse modelo só funciona para o 'NYT'", afirmou Greenspon. "O modelo pode funcionar para qualquer um que ofereça jornalismo de qualidade."

Ele comparou a situação do jornal hoje e há dez anos.

Segundo o executivo, o número de assinantes mais do que dobrou, superando agora 2 milhões. O total de leitores do site passou de 10 milhões, em 2002, para 45 milhões agora. E o modelo majoritariamente dependente de publicidade deu lugar a uma divisão mais igualitária entre receita de assinaturas e receita comercial (que cresceu 10% no primeiro ano de cobrança pelo conteúdo).

"Deveríamos ter começado a cobrar antes", afirmou Greenspon. Segundo ele, uma pesquisa feita com leitores do "NYT" indicou que 40% das pessoas aceitam pagar pelo jornalismo que consomem.

No Brasil, a Folha foi o primeiro jornal a adotar o "paywall poroso", em junho.

Em outra apresentação do congresso da ANJ, o americano Bill Kovach defendeu o jornalismo colaborativo.

"Temos de usar a internet para ter um envolvimento mais profundo do público. Isso o dinheiro não pode comprar." Kovach é autor do livro "Os Elementos do Jornalismo", clássico nas escolas.

Ele citou o furacão Katrina, em 2005, como exemplo de jornalismo colaborativo, pela participação do público nas narrativas. "O Katrina alterou o fluxo de informação do cidadão para a mídia e da mídia para o governo."

Fonte: Folha de S. Paulo, Poder, "Jornalismo de qualidade é bom negócio, diz executivo do 'NYT'", 21/8/12 (a reportagem está sem assinatura de repórter).

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