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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014 | | 0 comentários

Dilma - passado e futuro

Resumo da era Dilma 1.0:

(...) Ao assumir, Mantega encontrou um país que crescia algo mais que 3% ao ano, com a inflação na meta (4,6%) e um superavit de US$ 13 bilhões (1,4% do PIB) nas contas externas. O superavit primário não era maquiado e equivalia a 3% do PIB, enquanto a dívida bruta do governo caíra para 56% do PIB. Naquele momento, o Brasil gerava 1,3 milhão de empregos formais por ano e pavimentava seu caminho para receber o grau de investimento. 

O país que entrega não poderia ser mais diferente. O crescimento neste ano mal deve superar zero, a inflação (6,6% nos últimos 12 meses) segue perigosamente próxima ao teto da meta e o deficit externo supera US$ 84 bilhões (3,7% do PIB) nos 12 meses até outubro.
 

O superavit primário (maquiado) caiu para 0,6% do PIB (sem maquiagem, trata-se de deficit de 0,2% do PIB), e a dívida governamental atingiu 62% do PIB. A geração de empregos formais nesse contexto caiu para pouco menos de 300 mil postos por ano. (...)
 

Fonte: Alexandre Schwartsman, “Uma fotografia na parede”, Folha de S. Paulo, Mercado, 17/12/14.

Desafios da era Dilma 2.0:

(...) 1) Gastar menos do que se dispõe, bidu; 

2) Não esconder dívidas no armário (esqueletos ou caveirinhas), assumir as que estão debaixo do tapete, não maquiar a contabilidade;
 

3) Preços de verdade: tarifas de eletricidade sem subsídios (repassar custos para o consumidor), por exemplo. Aumentar a taxa de juros, a TJLP, dos empréstimos e doações do BNDES a empresas;
 

4) Estimativas realistas de crescimento do PIB e de receita de impostos, de juros ou inflação. Isto é, projeções de mercado, acompanhadas de estimativas paralelas do governo, como de resto o faz o BC;
 

5) Revisar subsídios e desonerações a fim de verificar se os benefícios dessas políticas, no fundo despesas ("gastos tributários"), foram eficazes pelo menos segundo seus objetivos iniciais. Isto é, ainda tem imposto para aumentar, além dos comentados na praça (IPI, Cide, Imposto de Importação, IOF etc.);
 

6) Bancos públicos devem ajustar a concessão de crédito às suas possibilidades e aos riscos maiores de uma economia estagnada, o que de resto é um auxílio ao BC, que talvez assim possa maneirar no juro se a banca estatal maneirar no crédito.
 

7) O que o governo não tem tempo, dinheiro ou capacidade de fazer será feito pelo setor privado. "Deu certo em aeroporto e em certas rodovias. Vai ter disso também em porto, setor de gás, internet". (...)
 

Fonte: Vinicius Torres Freire, “As dores de cair na real”, Folha de S. Paulo, Mercado, 17/12/14.

quinta-feira, 10 de abril de 2014 | | 0 comentários

"A gente não quer só comida"

Tenho ouvido frequentemente a seguinte pergunta: "Por que se preocupar tanto com o crescimento se há pleno emprego?". Na mesma linha, apareceu nova afirmação: "Ninguém come PIB". Em comum, tratam de reduzir o peso atribuído ao crescimento econômico em troca de variáveis mais facilmente observáveis, como emprego ou o consumo de alimentos.

(...) De volta ao Brasil, ao ritmo observado entre 2003 e 2010 nossa renda per capita dobraria a cada 25 anos; no ritmo registrado de 2011 a 2013 (ou 2014), contudo, seriam necessários 65 anos para obtermos o mesmo resultado. A equação do crescimento é, portanto, simples: queremos dobrar nosso padrão médio de vida para nossos filhos ou teremos que esperar até depois de nossos netos? A insatisfação que aos poucos transparece na sociedade brasileira sugere que a resposta não está na segunda alternativa.

(...) E, mais cedo ou mais tarde, os apologistas de plantão aprenderão que a gente não quer só comida, mas diversão e arte e, principalmente, uma saída para qualquer parte (salve Titãs!).

Fonte: Alexandre Schwartsman, “Folha de S. Paulo”, Mercado, 9/4/14 (íntegra aqui).