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segunda-feira, 22 de novembro de 2010 | | 0 comentários

Os fins justificam...?

Argentina, Chile, Japão, EUA e a Europa, num total de 80 países, aprovaram resolução na ONU, encaminhada pelo Canadá, contra as "recorrentes violações dos direitos humanos" por parte do governo do Irã. O Brasil se absteve. Votou como Sudão, Síria, Líbia, Cuba e Venezuela, entre outros.

Na resolução, está em jogo o repúdio às execuções por apedrejamento, às execuções de menores, à tortura, às mutilações, à perseguição a mulheres, minorias e presos políticos pelo Estado iraniano.

Ao justificar a posição brasileira, a embaixadora Maria Luiza Viotti defendeu que os direitos humanos devem ser examinados "de uma maneira holística, multilateral, despolitizada e não seletiva".

Maneira "holística"? Cabe um "voto de protesto" contra esse jargão eufemístico, a serviço da empulhação diplomática? Diante da iraniana que está prestes a morrer apedrejada, a fala brasileira soa simplesmente cínica.

Mas a abstenção do Brasil também é política. Ela faz eco à posição do próprio Irã, que vê na defesa dos direitos humanos uma cortina de fumaça para os interesses da política externa norte-americana.

O Brasil se nega a criticar o Irã publicamente. Insiste que a cooperação e o diálogo são preferíveis ao isolamento de Ahmadinejad. Na prática, transige com a barbárie, negociando vergonhosamente os direitos humanos, em nome, talvez, de um antiamericanismo fora de época e de lugar, como quem quisesse acertar contas do passado por razões equivocadas.

Lula, ao oferecer asilo a Sakineh Ashtani, acredita ter feito a sua parte. Lavou as mãos. Mas o Brasil será cobrado, e com razão, se sua execução se consumar. Por que não tratar o caso Sakineh como um divisor de águas? Ou melhor: por que, sabendo que ele assumiu essa dimensão, emprestar solidariedade aos facínoras? Por que jogar o peso político do país na simpatia acovardada e covarde pelo obscurantismo? Pois é disso, afinal, que se trata.

Fonte: Fernando de Barros e Silva, ” Abstenção pela pedra”, Folha de S. Paulo, Opinião, p. 2, 22/11/10.

Está nítido que a posição brasileira é política. A única dúvida é: a afronta aos direitos humanos aceita – ou permite – concessões, ainda que politicamente justificadas?

terça-feira, 13 de julho de 2010 | | 0 comentários

Exportações se recuperam - e Limeira vende até para o Irã de Ahmadinejad

A balança comercial de Limeira no primeiro semestre confirma o reaquecimento da economia este ano após uma queda de 24% nas vendas para o exterior verificadas em 2009 (leia mais aqui).

De janeiro a junho, o volume de exportações da cidade chegou a US$ 216,687 milhões (ou R$ 381 milhões pelo cotação do dólar nesta terça-feira, 13/9). Isso representa um aumento de 20,15% em relação ao volume registrado no mesmo período do ano passado (US$ 180,337 milhões).

As importações também cresceram: 42,9%. Saltaram de US$ 53,927 milhões no primeiro semestre de 2009 para US$ 77,070 milhões este ano (ou R$ 135,643 milhões).

Chama a atenção o desempenho da China no comércio com Limeira. O país caiu da segunda posição em 2008 para o 15° lugar este ano no ranking dos principais destinos dos produtos limeirenses - em 2009, já havia registrado uma queda, ficando na quinta posição. O principal destino dos produtos de Limeira, disparadamente, são os Estados Unidos. Os norte-americanos responderam por US$ 61 milhões das nossas vendas no primeiro semestre, 28% do total. Para efeito de comparação, a China comprou US$ 3,577 milhões em produtos limeirenses (1,65% do total).

Os chineses caíram também no ranking das importações. Depois de atingir no ano passado o topo na lista dos países que mais venderam para Limeira, a China voltou para o segundo lugar este ano, posição que ocupou em 2008 (em 2007, era a quinta colocada).

Até junho, os chineses tinham vendido para Limeira US$ 10,620 milhões (13,78% do total das importações limeirenses), pouco menos do que as vendas norte-americanas, que somaram US$ 11,442 milhões (14,85% do total). O terceiro lugar é da Itália, com US$ 10,567 milhões em vendas - 13,71% do total, muito perto do desempenho chinês. Estes mesmos três países lideravam o ranking no ano passado, em posições diferentes (China, Itália e EUA).

Os dados do comércio exterior, fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, apresentam um fato curioso. Na lista de destinos dos produtos limeirenses, em 29° lugar está o polêmico Irã, terra do presidente Mahmoud Ahmadinejad. O país islâmico comprou de Limeira no primeiro semestre deste ano um total de US$ 980.765 (ou R$ 1,726 milhão). Isso representa modestos 0,45% do total das exportações limeirenses.

Parece pouco, mas é mais do que Limeira vende para a Espanha, a 30ª colocada (US$ 882.491 ou 0,41%). Cuba, dos irmãos Raul e Fidel Castro, é a 28ª no ranking com um total de US$ 1,013 milhão comprados de Limeira no primeiro semestre (0,47% do total).

Tentei apurar quais produtos Limeira vende para o Irã, sem sucesso. No setor de folheados, alguns dos principais empresários e diretores da Associação Limeirense de Joias (ALJ) disseram desconhecer alguma negociação com o país de Ahmadinejad. No setor de alimentos, uma multinacional japonesa também negou ter vendas para aquele país. No setor de autopeças ninguém soube – ou quis - dar informações.

Na lista do Ministério do Desenvolvimento, os principais produtos vendidos por Limeira ao exterior este ano são “rodas, partes e acessórios para automóveis”, “ácido glutâmico”, “sais do ácido glutâmico”, “pectinas”, “papel fibra”, “aminoácidos e sais”, “freios e partes para tratores e automóveis”, “amidas acíclicas, derivados e sais”, “partes para motores a diesel ou semidiesel” e “outros bronzes”.