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domingo, 22 de janeiro de 2012 | | 0 comentários

Neoliberalismo secular

Estou a ler um livro saboroso (quem ousa dizer que os livros não possuem sabor?). "Paris - Quartier Saint-German-des-Prés", do ministro Eros Grau. Recém-lançado, fresco ainda. Poucas vezes viajei tanto ao ler uma obra quanto agora. Viajei mesmo, quase literalmente. Posso dizer que estive algumas boas tardes no Le Flore compartilhando um café com o autor.

Mas não é exatamente dele nem do livro que quero falar. Ou melhor, é do livro, óbvio, mas não exatamente das sensações que ele me despertou nem dos segredos germanopratins que revela.

Aprendi, ao ler "Paris...", de Eros Grau, que o neoliberalismo privatizante tão criticado pela esquerda nos anos FHC no Brasil é coisa antiga. Inclusive em um dos seus símbolos maiores em São Paulo, os pedágios das rodovias concedidas à iniciativa privada a partir do governo tucano de Mário Covas.

Conta o ministro em seu livro que a ideia de conceder obras viárias para a iniciativa privada surgiu na Franca em 1560, por iniciativa do rei Charles IX. Ele deu a concessionários o direito de cobrar pedágio em troca da responsabilidade pela conservação de pontes, caminhos e passagens. Se o serviço não fosse feito, a arrecadação do pedágio seria tomada pelo reino para o mesmo fim (pág. 76).

Mais: em 1604, por determinação do ministro Sully, foi aplicado pela primeira vez um instrumento hoje recorrente na esfera pública, a desapropriação mediante "prévia e justa" indenização do proprietário para realização de obras (pág. 77).

Sem contar que partiu de Sully também o que se pode considerar o embrião da Comunidade Europeia atual. Isto há 400 anos! No início do século 17, ele pensou um sistema político que integraria a Europa em torno de seis monarquias hereditárias, três repúblicas federativas mais a Itália. Haveria ainda conselhos regionais, uma assembleia supranacional e um conselho geral (pág. 80-1).

Bem que se vê que neoliberais mesmo eram os franceses, estes revolucionários...

quinta-feira, 22 de julho de 2010 | | 0 comentários

Um festival para o impressionismo

Algumas cidades, regiões, países, são privilegiados em alguns aspectos. Vago, não? Pois bem. De junho a setembro deste ano, acontece na França, mais precisamente na região da Normandia, o Festival Impressionista. A programação reúne uma série de atividades, como pintura, cinema, teatro, fotografia, música, tudo ligado ao movimento impressionista que aflorou na região no século 19 e teve em Claude Monet talvez o seu maior expoente.

Dois fatos datam o nascimento do impressionismo: o Salon des Refusés (Salão da Recusa), ocorrido em 1863 em Paris e que reuniu os pintores excluídos do salão oficial, e o quadro “Impression, soleil levant”, pintado por Monet em 1872. “Uma tela que reflete maravilhosamente um modo de pintura que pretendia captar momentos efêmeros”, segundo o site oficial do festival, “um modo que prefere a cor à forma e que permite ao público reconstituir o que as pinceladas fragmentadas do artista dissociaram”.

Bem, teve ainda um outro fato: uma crítica (no sentido negativo mesmo) assinada por Louis Leroy sobre o quadro de Monet e que acabou por dar nome ao movimento ao satiricamente classificar os pintores como “impressionistas”.


Se a Normandia já era por si só um local de atração turística, o festival deu-lhe um brilho que promete fazer daquela região o coração do que há de melhor em arte na Europa nesta temporada de verão (lá). Não é à toa que essa área da França foi o destaque do caderno de Turismo da “Folha de S. Paulo” desta quinta-feira.

Encabeçando o festival está a exposição “Uma cidade para o Impressionismo: Monet, Pissarro, Gaughin em Rouen”, no Rouen Fine Arts Museum, em Rouen, uma cidade que Pissarro disse ser "tão bonita como Veneza”, “um lugar simbólico da pintura moderna”. E Rouen é só uma delas. Haverá também projeções de luzes nos monumentos, shows pirotécnicos, cruzeiros pelo rio Sena (cenário frequente dos artistas) e outras atividades ao ar livre, um verdadeiro roteiro pelos caminhos impressionistas na região.

A ideia é proporcionar uma “excepcional celebração” baseada no “espírito deste fascinante e ilustre movimento artístico”.

E se não bastassem os eventos, existem as paisagens da Normandia que tanto fascinaram os pintores impressionistas. Elas estão por toda parte, nas praias e suas falésias, nas igrejas, pelo rio e pelos campos. Os jardins de Monet em Giverny já foram tema de postagem neste blog (veja aqui). Uma mostra dessas paisagens e das atividades do festival pode ser vista no vídeo a seguir (em francês), disponível no site oficial:


Déjeuners sur l'herbe
Enviado por NormandieImpressionniste. - videos de Arte e de animação

O site traz uma lista de pintores por cidade. Tem também informações históricas e sobre os eventos do festival, além da programação completa.

Um aspecto interessante do festival é a união de forças para sua realização, incluindo os governos, as organizações da sociedade e a iniciativa privada – algo muitas vezes raro no Brasil.