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sexta-feira, 14 de junho de 2013 | | 0 comentários

Coragem e ousadia para mudar as cidades

Já escrevi neste blog sobre a necessidade de ousadia e coragem dos administradores públicos para mudar a realidade das nossas cidades, de Limeira a São Paulo (e em várias outras mundo afora).

Retomo o assunto em razão de uma recente reportagem que li sobre mudanças no urbanismo de Paris. A reportagem, brilhantemente redigida, ilustra bem o que falei sobre "ousadia" e "coragem". Por isto, reproduzo-a a seguir. Vale a pena!

***

O Sena, que corta Paris, é um rio ideal. Ele não é tão largo e profundo quanto o londrino Tâmisa, e está longe de exibir a vastidão marinha do lisboeta Tejo. Comparado ao Tibre, que serpenteia por Roma como um velho cansado, aparenta a vivacidade de uma história recém-começada, mas sem a volubilidade do Danúbio colecionador das capitais Viena, Budapeste, Bratislava e Belgrado (esclareça-se que os demais regaços urbanos do rio de Paris são mera contingência hidrográfica). O Sena é ideal porque proporcional ao magnífico e ao romântico, ao transporte fluvial e aos arrebatamentos de uma caminhada, à alegria dos apaixonados e à tristeza dos realistas, como Honoré de Balzac, o romancista, que o considerava tão somente uma tentação para o suicídio. Em suas margens, direita e esquerda, aportaram palácios, museus, pontes monumentais, pontes arquetípicas e barraquinhas de sebos resistentes à era digital. Essa visão ganhará em meados de junho, se tudo sair de acordo com o previsto, outro contorno encantador, para usar um daqueles clichês que só Paris permite. Trata-se de um parque esportivo e cultural de 2,3 quilômetros de extensão, logo ali, próximo às águas que, nesta primavera fria, correm mais caudalosas do que na do ano passado, e na penúltima, e na anterior a essa, e por aí vai.

O rio de Paris apresenta dois níveis de orla – o dos quais, ou cais, mais altos, interligados pelas pontes e onde trafega o grosso dos carros, e o das berges, as margens propriamente ditas, descontínuas, coladas ao leito do Sena e, algumas delas, ancoradouros dos barcos turísticos hoje apinhados de chineses que, em terra, vagam pelos bulevares em chinelos. Boa parte das berges, com pouco espaço destinado a quem se move a sola, funciona como rota alternativa ao trânsito pesado dos quais. O novo parque representa uma mudança nessa lógica, ao abolir os carros de uma bela porção de beira de rio. Localizado no lado esquerdo do Sena, ele cobrirá a distância que vai da Ponte de l’Alma, perto do túnel onde a princesa Diana morreu, à Ponte Royal, que leva ao Louvre.

O parque foi projetado para que uma multidão use a pista dedicada às corridas perpétuas contra a gordura, o stress, a morte cardiovascular, O parque foi concebido para que abrigue um jardim flutuante, composto de cinco ilhas artificiais. O parque foi pensado para que, na altura da monumental Ponte Alexandre III, sirva de palco a manifestações artísticas – que, espera-se, não signifiquem apenas algazarras multiculturais. Consta do cardápio um restaurante vizinho que… terá igualmente programação artística. Melhor pular esse trecho. Continuando: o parque foi imaginado para que, quase em frente ao Museu d’Orsay, abrigo da maior e melhor coleção de pinturas impressionistas do mundo, uma escadaria conecte margem e cais. Nas noites de verão, principalmente, ela se transformará em arquibancada de um cinema ao ar livre, o telão colocado sobre o rio, adaptação parisiense do extinto costume das vilas do interior. O parque foi imaginado, não menos importante, para que se veja o rio passar.

Integrar ainda mais o Sena à vida da cidade, e preservá-lo da degradação do trânsito, é a cruzada do prefeito socialista Bertrand Delanoë. Em “berges” da direita, foram realizadas reformas no ano passado. Para a raiva dos motoristas, afunilou-se a via asfaltada, ampliou-se um calçadão e construiu-se um jardinzinho perto do Hotel de Ville. Simpático, com uma vista linda. Em 2002, em seu primeiro mandato, Delanoë decidiu interditar um trecho do mesmo lado do rio, para criar a Paris Plage – um montinho de areia, com palmeirinhas e chuveiros, que nos verões é usado, conceda-se, como praia. As medidas do prefeito atravancaram os “quais”, embora a administração municipal tente negar a evidência. É verdade que Paris conta com um sistema de transporte público eficiente. No entanto, por causa dos preços impraticáveis dos imóveis, muita gente se mudou para os arredores – e passou a pegar o automóvel para trabalhar na cidade, já que a malha de trens não dá conta desse novo público. Entre o Sena e os carros, Delanoë escolheu o rio. Fez a opção certa. Que, mais dia, menos dia, se desatem os nós de trânsito, não importa o preço. O Sena é o rio ideal.

Fonte: Mario Sabino, “Paris ainda mais perto do Sena”, Veja, ed. 2.323, ano 46, número 22, 29/5/13, p. 108-12.

segunda-feira, 6 de maio de 2013 | | 0 comentários

Um templo da leitura

escrevi neste blog sobre a famosa livraria Shakespeare and Company, de Paris (França). Agora ela pode ser conhecida melhor por meio do vídeo a seguir.

É, sem dúvida, um inspirador templo da leitura e arte.


quinta-feira, 7 de julho de 2011 | | 0 comentários

Mega Jump 2011 (para loucos) em Paris

quinta-feira, 26 de maio de 2011 | | 0 comentários

"Meia-noite em Paris"

Saiu o trailer do novo – e inspirador – filme de Woody Allen. Desta vez o cenário é a charmosa e encantadora Cidade Luz.



* Para ler mais sobre Paris, clique
aqui.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010 | | 2 comentários

Dois templos da leitura

Tenho uma dívida com o velho continente – e prometo, de antemão, pagá-la. Nas vezes em que lá estive, nunca (eu disse nunca) entrei numa livraria. Tirando aquelas lojinhas dos museus, nunca gastei um minuto do meu tempo para entrar num desses templos da leitura. Justo eu, um apaixonado pelos livros.

Recentemente, navegando pela Internet, descobri algumas preciosidades que, com certeza, estarão nos meus próximos roteiros. Em Paris, existe uma livraria chamada Shakespeare and Company. Ela foi aberta em agosto de 1951 por George Whitman, um imigrante norte-americano que chegou à capital francesa após a Segunda Grande Guerra.


Durante o tempo em que estudou, ele acumulou uma coleção de livros e usou seu quarto como uma espécie de livraria e biblioteca. Incentivado por um amigo, decidiu abrir um negócio. Nascia a Shakespeare and Company, ao lado de Notre-Dame, no Quartier Latin, centro da criatividade e da “inteligentsia” parisienses. Desde então, a Shakespeare and Company "vem mantendo seus ideais num mundo em transformação".

Para quem não pode ir a Paris agora, uma visita ao site da livraria já vale a pena. Só o design do site merece admiração.

A especialidade da casa são os livros de literatura – clássica e contemporânea -, história, filosofia, ensaios, poesia e arte. Mais parisiente, impossível. O lugar é tão interessante que oferece espaço para estudantes trabalharem, de modo voluntário, como uma espécie de estágio. E também promove eventos, como workshops e festivais.

Mais do que uma livraria, a Shakespeare and Company é uma instituição cultural em Paris.

Em Londres, a dica é a Stanfords, loja surgida em 1901 e especializada em livros de viagens. São guias, mapas, obras com relatos de viagens e aventuras, acessórios, etc. Não faltam guias para os países mais exóticos. Sem falsa modéstia, a Stanfords se vangloria de ter um “conhecimento incomparável de livros de viagens e mapas”.


São três andares dedicados aos amantes das viagens e do turismo. Como diz a jovem que deu a dica dessa livraria no site
“Spotted by locals” (Deanna Romano, autora também da foto acima, tirada do mesmo site), visitar o lugar é uma maneira idílica de passar uma tarde chuvosa em Londres – porque a chuva e a capital inglesa são praticamente inseparáveis.

Para quem também não pode ir a Londres agora, uma passada no
site da Stanfords pode se revelar um grande barato. Entre as seções, estão a “Como obter mais de suas viagens...”, “Comida no mundo”, “Caminhada do mês”, “Nós estivemos lá no Natal...”. No site, é possível também baixar alguns guias gratuitamente.

Então não perca tempo: se você gosta de livros e viagens, reserve já sua passagem para se deliciar nestes dois lugares. Se isso não for possível, faça uma viagem virtual. Garanto que valerá a pena!

* Acrescentado em 27/8: o texto de Deanna no "Spotted by Locals" pode ser visto aqui (a pedido de um dos criadores do site em questão, que deixou uma mensagem nesta postagem).

sábado, 8 de maio de 2010 | | 0 comentários

Os jardins de Monet

A cena apareceu no capítulo de sábado (8/5) da novela “Viver a Vida”, da Rede Globo. E imediatamente despertou minha atenção – e não só a minha. Os recém-casados Miguel (Mateus Solano) e Luciana (Aline Moraes) foram passear nos jardins de Monet. Impressionismo puro!

Quem acompanha meu blog Piscitas Travel & Fun, que traz minhas crônicas de viagens, sabe o valor que eu dou às sensações que os lugares despertam. Uma dessas sensações é justamente saber que você está num local que fez parte da história. É uma sensação única, indescritível – e que depende essencialmente da capacidade da pessoa de se abrir a ela.

Pois nos jardins de Monet, esse sentimento é levado ao extremo. Como os próprios personagens falaram, lá você tem a plena sensação de estar num quadro de um dos mais famosos pintores impressionistas de todos os tempos.

Os jardins ficam em Giverny, cidade a cerca de 50 minutos de Paris, no vale do rio Sena. É lá que está a casa onde Claude Monet viveu por mais de quatro décadas. É lá que estão os famosos jardins (são dois). É lá que está a famosa ponte de estilo japonês, imortalizada pelo pintor em 45 quadros (um deles ilustra esta postagem, em foto feita por mim no Museu de Arte da Filadélfia, nos Estados Unidos).

Ainda em Giverny, é possível visitar o Museu dos Impressionistas, criado em 2009 e que possui jardins tão belos quanto os de Monet. No museu, o visitante conhecerá mais sobre a história do impressionismo e verá trabalhos de nomes como Seurat, Pissarro, além de Monet, é claro. A tarifa individual custa 6,50 euros (a entrada é livre sempre no primeiro domingo de cada mês).

Agora você já sabe: quando estiver em Paris, vale uma esticada até Giverny. Tenho certeza que você nunca mais verá um quadro de Monet da mesma maneira.

segunda-feira, 22 de março de 2010 | | 0 comentários

Os 100 anos de uma enchente

A “Folha de S. Paulo” trouxe recentemente (14/2) no caderno "Mais!" uma interessante entrevista com o autor de um livro igualmente interessante. O tema é a grande enchente que atingiu Paris no início do século passado. Um tema propício num momento em que a principal cidade do País – ou algumas das principais – estava debaixo d'água (de novo).

A grande enchente de Paris foi tão marcante que a capital francesa nunca mais foi a mesma. Não se tratava de uma tragédia comum, mas do alagamento daquela que era considerada símbolo de urbanização, ícone da arte e do progresso. “Era difícil acreditar que uma cidade tão famosa pudesse um dia correr tamanho perigo”, disse à "Folha" o entrevistado, Jeffrey Jackson.

E para aqueles que atribuem as tragédias unicamente à força da natureza, Jackson - historiador e autor de “Paris Under Water” - diz que a enchente se deveu a uma “combinação de condições climáticas extremas e decisões humanas relativas à engenharia”. Parece lógico, não?

O que não parece lógico é Paris ter sido inundada em 1910 e só, enquanto São Paulo é sistematicamente alagada ano após ano. E nossos governantes continuam impermeabilizando o solo, ampliando a marginal, abrindo caminho para mais carros quando está claro que o trânsito na Capital paulista está esgotado há tempos.

Do ponto de vista midiátivo, chama a atenção o fato da grande enchente parisiense ter recebido uma atenção maior em razão das “novas tecnologias” da época – a fotografia expôs a tragédia ao mundo.

E como Paris é Paris, o centenário da grande enchente não poderia ficar sem registro. Uma exposição foi especialmente montada na Galeria das Bibliotecas. A mostra – chamada “Paris Inundada – 1910” – abre até o próximo dia 28. Para quem não pode dar um pulinho até a capital da França, vale a pena visitar o site da exposição (clique aqui). Eu recomendo. Ainda que seja só para ver as imagens do dia em que o Sena invadiu as ruas parisienses.