terça-feira, 28 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Jogo dos erros

Ou ache a jornalista (as fotos são dos bastidores da cobertura do carnaval 2012): 



Tá, eu sei que isto é uma inutilidade, mas é só para descontrair mesmo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Silvio Félix em “A traição”

Conta-me o advogado Reynaldo Cosenza, um dos defensores do prefeito cassado Silvio Félix (PDT) junto à Câmara Municipal, que o agora ex-chefe do Executivo sentiu-se traído. Isto mesmo, traído.

Sempre tive curiosidade em saber o que os protagonistas da história (e Félix, queira ou não, foi um dos protagonistas de sua derrocada política) pensam, dizem e fazem em momentos cruciais. Assim, questionei Cosenza no final da tarde desta segunda-feira sobre quais foram as primeiras palavras do ex-prefeito tão logo deixou o plenário da Câmara na última sexta-feira.

(“Flash-back”: Félix e seus advogados deixaram o plenário tão logo o vereador Carlos Rossler, do PRP, manifestou com veemência e uma certa raiva seu “não”, que na verdade significava “sim” à cassação. Eram, naquele momento, ainda dois votos contra um pela cassação, mas o pedetista sabia que o jogo estava perdido.)

Pois bem, Félix deixou o plenário com seus advogados. Certo de que seria cassado, disse que se sentia traído por dois vereadores que teriam prometido votar a seu favor. “Por quem?”, perguntei a Cosenza. “Pelo ´Piuí´ e pelo Rossler”, respondeu.

Antonio Brás do Nascimento, o “Piuí”, mostrou-se governista desde sempre. Migrou para o PDT do então prefeito após ser expulso do PR, sigla pela qual se elegeu. O caso da expulsão envolveu justamente a fidelidade dele ao chefe do Executivo. “Piuí” contrariou a orientação do partido e votou a favor da candidata de Félix na eleição para o comando da Mesa Diretora da Câmara, em dezembro de 2010. Votara também a favor do então prefeito afastado na reunião final da comissão processante, sepultando o relatório do vereador Ronei Martins (PT) que recomendava a cassação.

De modo que “Piui” era, até quinta-feira, primeiro dia do julgamento de Félix, um voto certo a favor do então prefeito afastado.

Mas, como no pôquer e na vida, o jogo vira. E “Piuí”, quem diria, mudou seu voto. Com um simples e histórico “não”, passou de vilão a heroi. Ao invés de sair da Câmara sob escolta policial, como ocorrera dez dias antes, foi carregado nos braços do povo.

Rossler manteve-se em silêncio durante todo o processo de cassação. Pouco se ouvia falar a respeito de seu voto. Sempre que questionado, respondia superficialmente. Na hora “H”, porém, bradou um sonoro e retumbante “não”. Félix contava com ele. Minutos antes da votação, o vereador foi visto dando um sinal para o prefeito afastado nos bastidores da Câmara. Indicava para Félix ficar tranquilo que estava tudo certo. O gesto chegou a despertar a ira momentânea do oposicionista Mário Botion (PMDB), que vira tudo.

Puro jogo de cena de Rossler. Ele queria apenas evitar pressão. Já estava decidido a votar pela cassação - amigos de entidades das quais participa foram decisivos para seu voto.

Félix contava com um e/ou outro. Perdeu o apoio de ambos. Ficou sem um quinto e decisivo voto a seu favor.

Cosenza, tranquilo como de costume, criticou a postura de “Piuí” e Rossler. Disse que os vereadores deviam ter deixado claro que votariam pela cassação e ponto. Seria mais “leal”.

Como, porém, Félix podia cobrar lealdade de alguém naquele momento? Justo ele que pautou sua administração e sua política de alianças por práticas não republicanas.

Félix conhece bem o ditado: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Ou, dito de outra forma e parafraseando o título de uma novela exibida em 1984 pela TV Globo, “Traição com traição se paga”.

Em tempo: Cosenza disse que até o momento de nossa conversa, às 17h30, não havia decisão sobre um eventual recurso à Justiça para tentar anular a cassação. “A decisão vai ser dele (Félix)”, falou. O advogado contou ter se encontrado com o prefeito cassado na manhã desta segunda-feira, mas garantiu que a conversa girou apenas em torno de amenidades. “Não se falou nada daquele processo”, afirmou.

PS: os vereadores “Piuí” e Rossler foram avisados sobre a manifestação de Félix, via Cosenza, e devem comentá-la nesta terça-feira.

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Pitacos políticos noturnos

- Os bastidores estão fervilhando na Câmara Municipal. Três dias após a inédita e histórica cassação do prefeito Silvio Félix (PDT), o nome dele continua nas rodas de conversas.

- Uma figura bastante conhecida nos meios políticos, que já ocupou uma vaga na Câmara Municipal e teve seu nome envolvido de modo indireto no xadrez da votação para a cassação – ou não – de Félix foi alvo de debate nos bastidores do Legislativo. O rearranjo pós-cassação e pré-eleição passa pelo nome dessa figura (que, por isso, está em alta).

- Praticamente ninguém, aliás, atentou para a importante participação indireta desta figura na cassação de Félix.

- Na sessão desta segunda-feira, a primeira reunião ordinária após a cassação, prevalecia nos corredores - entre vereadores da oposição, assessores e público - um clima de festa.

- A cassação de Félix mostrou dois fatos evidentes e indiscutíveis (para tristeza de muitos): 1) a oposição engordou com a adesão de três governistas; 2) a oposição definitivamente dominou o Legislativo como poucas vezes se viu na história recente da cidade (ao menos não nas últimas duas décadas).

- A definição das candidaturas com vistas ao Edifício Prada deve passar, necessariamente, pelos acordos visando a Prefeitura de São Paulo. Alianças lá com reflexos cá (como a que PSDB e PSB fizeram na capital e em Campinas, com apoios alternados).

- A prevalecer a atual fase de articulações pré-eleitorais, alguém deverá levar um tombo nos próximos meses.

- O cenário eleitoral só começará a ser definido com precisão após o início de maio, data-limite para saber se a cidade terá ou não eleitores suficientes (200 mil) para um segundo turno – o que mudaria toda a configuração de alianças e candidaturas. Atualmente, faltam pouco mais de dois mil eleitores para atingir o número necessário.

- É sensação comum nas conversas políticas que o próximo prefeito de Limeira ocupa uma cadeira no Legislativo limeirense hoje. Só resta saber quem (são ao menos três pré-candidatos).

- As paredes da Câmara de Limeira ouviram falar nesta segunda-feira em novas comissões processantes. Com alvos distintos.

- Suplente de vereador foi visto no Legislativo. Terá sido à toa...?

- O vereador Almir Pedro dos Santos (PSDB) mudou de lugar no plenário. Deixou a cadeira junto à oposição para ocupar a vaga na mesa ao lado das governistas Nilce Segalla (PTB) e Iraciara Basseto (PV). Logo à frente, Carlinhos Silva (PDT) e Carlos Rossler (PRP), ambos governistas que votaram a favor da cassação de Félix. Em tempo: com a mudança de lugar de Almir, Ronei Martins (PT) voltou para o lado da oposição (fisicamente falando).

- Almir, o Calado, falou grosso no corredor da Câmara nesta segunda-feira. Provocado por um popular após ter votado a favor de Félix, o parlamentar do PSDB – ligado à Igreja do Evangelho Quadrangular – disparou irritado para o popular: “Você não é meu parceiro!”.

- O presidente da Câmara, Raul Nilsen Filho (PMDB), não perdeu a oportunidade de brincar com a nova condição de oposicionista de Antonio Brás do Nascimento “Piuí” (PDT). Ao citá-lo em duas ocasiões para justificativa de voto, dr. Raul chamou-o de “Piuí, o Corajoso” e “Piuí, o Destemido”.

- “Piuí”, aliás, está curtindo seu momento de celebridade. Virou peça-chave para a oposição.

- Só para saber: com a posse de Orlando Zovico (PMDB) como prefeito, quem é oposição e quem é situação?

domingo, 26 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Silvio Félix em "A queda"

Não se pode analisar a queda de Silvio Félix (PDT) com base em um único fator. Nem sob um único ponto de vista. Nesse sentido, diante de tudo o que já foi colocado pela imprensa, gostaria de acrescentar um aspecto psicológico que me parece ter sido decisivo para a sua derrocada: a soberba.

Antes de prosseguir, vale registrar a definição da palavra: “orgulho, arrogância, presunção”, segundo o Dicionário Online de Português.

Desde que tomou posse em 2005, Félix optou pela cooptação como tática. Naturalmente, este tipo de prática tende a funcionar num primeiro momento. Contudo, trata-se de uma ação frágil. Simplesmente porque quem aceita ser cooptado hoje – por dinheiro ou outra benesse qualquer – pode facilmente ser cooptado amanhã por uma outra oferta.

A partir de 2009, escudado pelo estrondoso resultado das urnas em 2008 (fruto de uma conjuntura que ele preferiu ignorar, qual seja o excelente momento da economia nacional que deu a todos os prefeitos cofre cheio, mais a ausência de opositores qualificados), o pedetista elevou à potência máxima as práticas nefastas que vinha adotando desde o seu primeiro mandato.

Somou à cooptação uma atitude ainda mais arrogante do que sua natureza já apresentava. Acreditou que os 81% de votos que lhe garantiram o segundo mandato seriam suficientes para perdoar qualquer pecado e passar por cima de quem quer que fosse.

Assim, aos poucos foi perdendo aliados. Eliseu Daniel dos Santos (PDT), um dos cooptados por interesses alheios à ideologia e ao programa de governo apresentado por Félix, abandonou o barco quando se viu ignorado na eleição para deputado em 2010. Parceiro de chapa da então primeira-dama Constância Félix (PDT), Eliseu viu o então prefeito e sua esposa fazerem campanha ignorando-o. Em seu lugar, pediam voto para outros candidatos a deputado federal, como a hoje deputada Aline Correa (PP).

Depois, Félix perdeu o apoio do presidente interino da Câmara, Raul Nilsen Filho (PMDB), alvo de pressões de toda sorte do grupo governista – culminando com a possível tentativa de extorsão denunciada pelo peemedebista durante a sessão de julgamento do então prefeito afastado, na última sexta-feira.

O pedetista também viu arranhada sua relação com Elza Tank (PTB). Afastada da vida pública por motivos de saúde, nos bastidores comentou-se que a petebista não fez nenhum esforço para tentar ajudar Félix durante a crise política. Farid Zaine (PDT) tampouco quis voltar ao Legislativo para tentar lhe dar um voto contra a cassação agora concretizada (seria um voto decisivo pelo que se apresentou). Félix perdeu ainda o apoio de Carlinhos Silva (PDT), maltratado por motivos ainda não sabidos pelo blog. Nos dois primeiros casos, a falta de apoio foi sutil; no último, veio por meio de um voto a favor da cassação.

O fato é que Félix passou como um trator em cima de aliados durante quase oito anos. Fez o mesmo com a imprensa. Quando se viu em apuros, faltaram-lhe mãos estendidas. Pagou o preço de sua soberba. Achou que era mais sábio que o rei. Assistiu a seu reinado despencar como nunca se viu em Limeira. Sua queda foi do tamanho da altura que havia alcançado (quanto mais alto se sobe, maior é a queda, diz o velho ditado).

Félix saiu da política (sim, porque ninguém duvida que sua vida pública está sepultada) pelas portas do fundo. Muitas vezes covarde, mentiroso, demagogo e egocêntrico, o pedetista teve tudo para ser um grande político. Preferiu a política mesquinha, baixa, rasteira. Comandou um time de asseclas que agora deve estar temendo parar atrás das grades.

Como eu disse no encerramento da transmissão da sessão de julgamento pela TV Jornal, “Silvio Félix da Silva saiu da Câmara escoltado pela polícia e entrou para a história como o primeiro prefeito de Limeira a ser cassado”.

Triste fim para Félix (o fim que ele pediu e mereceu).

Em tempo: o clã Félix e todos os que estiveram ao seu lado terão certamente muita dor de cabeça com a Justiça já a partir de março.

Importante: muitas pessoas saíram maiores do processo de cassação de Félix. São os casos dos vereadores da oposição, da sociedade organizada e da imprensa livre. De última hora, Antonio Brás do Nascimento “Piuí” (PDT) também se juntou ao grupo.

Da mesma forma, muitos saíram menores. São a imprensa vendida e os vereadores Nilce Segalla (PTB), Silvio Brito (PDT), Iraciara Basseto (PV) e Almir Pedro dos Santos (PSDB) – os três últimos eleitos graças a votos de fieis da Igreja Católica e do Evangelho Quadrangular, prática deplorável que, espera-se, também tenha chegado ao fim junto com a era Félix. Afinal, o nome de Deus não merece ser usado para práticas tão nefastas como as que estes vereadores demonstraram.

PS: para o advogado José Roberto Batochio, também possuidor de uma grande soberta: "Aqui não, jacaré!". Esta "comarcazinha menor, de interior" tem dignidade!

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As câmeras

Isto é trabalhar na imprensa:



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Registro histórico

Terminou hoje o Segundo Reinado.

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Reflexão de fim de noite 2

"Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final!"
Elisa Lucinda, atriz e poeta

Esta frase já apareceu aqui no blog, na íntegra do poema "Só de sacanagem" (leia
aqui). Reproduzi este trecho por julgar bastante oportuno para esta sexta-feira, 24 de fevereiro.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

O elo perdido (Félix cada vez mais na berlinda)

Se restarem provadas as evidências que se tornaram públicas hoje por meio de reportagem da EPTV Campinas (veja aqui) envolvendo possíveis fraudes em licitações da Prefeitura de Limeira – assunto que deve estampar a primeira página dos jornais locais nesta quinta-feira -, estará fechado o elo que faltava entre a provável origem do dinheiro do possível enriquecimento ilícito do prefeito afastado Silvio Félix (PDT) e de seus familiares.

Enriquecimento materializado por meio da compra de dezenas de imóveis de valor milionário nos últimos anos.

Tem-se, pois, as respostas que faltavam às indagações de vereadores e da população:

1) Félix está sendo investigado?
Sim, desde o último sábado foi oficializada, por meio de portaria publicada no Diário Oficial do Estado, a situação do prefeito afastado como investigado criminalmente pela Procuradoria-Geral de Justiça em relação aos mesmos crimes supostamente praticados por seus familiares, quais sejam formação de quadrilha, sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Em outras palavras, CORRUPÇÃO.

2) Se supostamente houve enriquecimento ilícito, de onde veio o dinheiro?
Das possíveis fraudes cujas evidências agora vêm à tona.

Não há mais perguntas sem respostas. O que dirão os vereadores governistas então? Os argumentos que apresentavam ruíram como areia em apenas cinco dias. De modo que o voto de cada um no julgamento de Félix, que começará nesta quinta-feira, deverá ser devidamente explicado aos cidadãos.

Quando – e se – restarem comprovadas as evidências surgidas hoje, terá se firmada a constatação de que uma verdadeira quadrilha se apossou do Poder Executivo limeirense para obter benefícios e vantagens indevidas.

Em tempo 1: pelo menos um dos membros agora denunciados, que costumeiramente se apresentava como detentor de uma modesta casa em Limeira, é citado como proprietário de um luxuoso sítio na região de Conchal, onde um amigo prestou serviços há cerca de dois ou três anos.

Em tempo 2: a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) de Limeira, representada pelos pastores Cyro Cabral do Lago e sua esposa Ozaide, devem responder sim pelo modo como os dois vereadores ligados à denominação – Almir Pedro dos Santos (PSDB) e Iraciara Basseto (PV) – votarem na Câmara Municipal. Afinal, não é de hoje que se sabe a quem os parlamentares servem. E não é a Deus. Não na Câmara Municipal...

Em tempo 3: é cada vez mais vergonhosa a situação dos vereadores Almir, Antonio Brás do Nascimento “Piuí” (PDT) e Nilce Segalla (PTB), os três responsáveis por aprovar um voto absolvendo Félix na comissão processante. A eles, dependendo do que fizerem no julgamento final do prefeito afastado, podem-se somar os governistas Iraciara e Silvio Brito (PDT).

E pensar que muitos destes usam o nome de Deus para angariar votos... Que tipo de cristãos são os que não respeitam os mandamentos do Deus que dizem seguir?

PS: algemas tilintaram nesta quarta-feira em Limeira...

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O que é quadrilha?

Segundo o Moderno Dicionário Michaelis de Língua Portuguesa, trata-se de um "pequeno grupo de malfeitores associados, dirigidos por um chefe e dedicados especialmente ao roubo e latrocínio".

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Frase

"Eu diria que pode haver pessoas que ficam marcadas pelos fatos dolorosos, tristes da vida para sempre. Eu não deixo que essas coisas me marquem, porque se não a gente segue considerando a realidade como foi naquele momento. Hoje a realidade é outra. O mundo vai variando."
Jaime Ortega y Alamino, cardeal-arcebispo de Havana (Cuba), em entrevista à "Folha de S. Paulo" (para ler a íntegra, clique aqui - é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

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"Não cassa", diz experiente político

Conversei com um experiente político. Ele está um pouco afastado da cena local neste momento, mas conhece bem o meio e seus meandros. Dele, ouvi uma frase inequívoca: "Eu tenho certeza que não cassa". A referência, claro, era ao julgamento do prefeito afastado Silvio Félix (PDT) pela Câmara Municipal, marcado para começar na próxima quinta-feira.

A experiência desse político e sua facilidade de interlocução com os diversos atores envolvidos neste episódio, da situação e oposição, levaram-me a crer que suas palavras - repito, ditas de modo inequívoco - devem se confirmar nos próximos dias.


Depois que o
"Jornal de Limeira" mostrou em sua edição do último sábado o encontro de Félix com vereadores de sua base aliada (ou o que restou dela, notadamente Iraciara Bassetto, do PV, e Silvio Brito, seu fiel escudeiro, do PDT), tendo a concordar com a avaliação feita pelo tal político com quem conversei.

A cassação sempre foi uma tarefa difícil - reunir dez votos contra Félix na Câmara era algo quase impensável. Contudo, ela se tornou mais palpável depois que os vereadores votaram, por unanimidade, pela abertura da comissão processante (CP). O balde de água fria, a confirmar o que se previa originalmente, foi jogado na reunião final da CP, no último dia 14. Mudar esse quadro, desde então, tornou-se uma tarefa praticamente intransponível.


Até que vereadores da oposição animaram-se com o que consideraram um erro estratégico dos governistas em mexer no vespeiro antes do tempo (deviam deixar para jogar a pá de cal diretamente na sessão de julgamento e não antecipar isso na reunião derradeira da CP).


Noves fora, tudo somado, tendo a seguir o que disse o experiente político: "não cassa". Embora saiba que, em política, tudo pode mudar - e Limeira já cansou de assistir a viradas de mesa aos 45 minutos do segundo tempo.


Em tempo: confirmando-se a previsão do tal experiente político, há que se considerar o restante de sua análise. Para ele, o cenário político tende a se transformar num verdadeiro "inferno" com a volta de Félix ao comando do Executivo. Fala-se numa "caça às bruxas" (e o prefeito afastado é expert nisso) e também em novas articulações de oposicionistas para eventualmente afastar o pedetista do cargo mais uma vez, sem contar os problemas que certamente surgirão para ele perante a Justiça.


Assim, vai faltar tempo e tranquilidade para algo crucial: discutir e planejar o futuro da cidade, o que passa necessariamente pela eleição de outubro.

sábado, 18 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Agora, Almir tem que falar!

Os vereadores Nilce Segalla (PTB), Almir Pedro dos Santos (PSDB) e Antonio Brás do Nascimento “Piuí” (PDT) conseguiram uma proeza: levaram para dentro do Legislativo uma crise que era exclusivamente do Executivo. Ou, dito de outra forma, jogaram a Câmara dentro da crise política que atinge Limeira.

Esta proeza é exclusivamente deles (ainda que outros possam se somar a isso na próxima semana). E por ela terão que responder perante a sociedade e os colegas de Legislativo.

Nilce, Almir e “Piuí” conseguiram mais: criaram um verdadeiro turbilhão na cidade. Colocaram o dedo no vespeiro e despertaram as abelhas.

Nos últimos dois dias, anúncios pagos publicados nos jornais dão o tom desta “guerra”. Ontem, o PSDB local comunicou formalmente a decisão de expulsar Almir de seus quadros. Neste sábado, foi a vez do filho de Almir, Silas Pedro dos Santos, partir para o ataque na tentativa de defender o indefensável. E também a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) viu-se obrigada a se manifestar depois que um de seus membros mais expoentes, justamente Almir, tornou-se pivô do mais recente capítulo do escândalo político em Limeira.

Nos três casos, as manifestações são deprimentes. Do PSDB, uma reação tardia a um parlamentar que nunca – frise-se, nunca! – respeitou a fidelidade partidária. Ensaiou conversas com a oposição, mas nunca passou disso. Querer expulsá-lo agora é legítimo, embora soe como demagogia e hipocrisia. “Antes tarde do que nunca”, dirão alguns. Que seja, então, o despertar de um partido sem comando e sem força em Limeira (ainda que tenha em seus quadros um ex-prefeito).

Da IEQ, uma manifestação do tipo “não temos nada com isso”. Pois tem! É sabido aos quatro cantos de Limeira (e o momento delicado que a cidade vive exige um basta à demagogia) que Almir se elege vereador desde 1989 (ficou fora apenas uma legislatura) em razão dos votos dos fieis da igreja. O mesmo vale para a vereadora Iraciara Bassetto (PV). Não se pretende dizer que nem um nem outro não tenham votos fora do reduto religioso; podem – e devem – ter. O fato, porém, é que nenhum deles provavelmente se elegeria se não fossem os “fieis fieis”.

Agora que a crise respinga no seio da IEQ, com suas práticas eleitorais que se assemelham aos tempos do voto de cabresto, o comando da igreja tenta se eximir de responsabilidade. Se é certo que a IEQ pode realmente não ter determinado o voto de Almir (e não é isso que está em questão), é inegável que a igreja tem, sim, responsabilidade pela presença dele no Legislativo. E deve responder por isso – afinal, ajuda a eleger um vereador que em momentos cruciais da história recente da cidade tem virado as costas para o interesse público. Inclusive – e principalmente – agora no episódio da comissão processante contra o prefeito afastado Silvio Félix (PDT).


A manifestação de Silas é daquelas típicas de quem se sente acuado. O filho do vereador Almir ataca os colegas do partido onde até ontem ele esteve. “Usam o nome do meu pai benefícios (sic) de seus amigos e profissionais. Há interpostas pessoas com cargos e gente ligada a diretoria (sic) realizando obra pública”, escreve o filho.

Ora, se o partido defendia interesses mesquinhos ou escusos, por que o pai não deixou a sigla? Por que não fez as devidas denúncias a quem de direito? Se sabe de práticas não republicanas, como deixa claro, por que não as tornou públicas até então?

Quer dizer que o próprio filho vem a público afirmar que o pai - vereador, representante legítimo do povo, a quem deve prestar contas de sua atuação - tem sido conivente com práticas escusas?

Simplesmente inaceitável e patético.

De tudo o que disse Silas, só me forço a concordar com um trecho: “Limeira precisa saber dos bastidores, das conversas reservadas, dos grupos secretos e dos escaninhos podres e ‘tubulares’ que passam a política local”.

Nisto ele tem toda razão. Já é passada a hora. E Almir Pedro dos Santos daria uma enorme contribuição se contasse o que sabe. A sociedade espera com ansiedade. A democracia pede justiça! O povo quer transparência.

Almir definitivamente perdeu o direito de se manter calado. 


PS - correção feita em 21/2, às 21h30: o partido da vereadora Iraciara tinha constado erroneamente nesta postagem como sendo o PPS.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Frase

"A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a alegria da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você."
Ralph Waldo Emerson, escritor e filósofo norte-americano

(No original: "The glory of friendship is not the outstretched hand, nor the kindly smile, nor the joy of companionship. It is the spiritual inspiration that comes to one when he discovers that someone else believes in him and is willing to trust him".)

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Desculpas para não agir (provocativo)

Nas últimas semanas, perdi a conta dos leitores que me encorajaram a comentar "A Separação", de Asghar Farhadi. Para não estragar o prazer de quem ainda não assistiu ao filme, só algumas anotações.

1) Em Teerã, num tribunal, um homem e uma mulher discutem, cada um tentando ganhar a guarda da filha. Eles tinham o sonho comum de ir embora do país (oferecendo à menina, como se diz, um futuro melhor) e já estavam com visto e autorização para viajar, mas eis que o marido desistiu do projeto porque ele deve se ocupar do velho pai, doente e demente. Adiar a viagem é impossível: a autorização que eles conseguiram logo vencerá.


A mulher quer se separar do marido, para viajar e levar a filha para o exterior, como planejado. O marido se opõe.


Provavelmente, no lugar do juiz, eu apoiaria o dever para com o velho genitor contra o sonho (quem sabe, frívolo) de um futuro diferente. Esta mulher quer o quê? Enfiar o sogro num asilo só para respirar o ar de Paris ou Nova York?


Agora, se, em vez de juiz, eu fosse terapeuta do casal, talvez não me deixasse enternecer pela "nobre" decisão do marido. Afinal, qual melhor desculpa do que um pai doente para justificar nossas desistências? É frequente: a gente "se sacrifica" em nome de obrigações sagradas e tradicionais, e, de fato, esses compromissos nos servem para renegar nossos desejos.


Você também conheceu uma tia que nunca se casou porque "teve que" criar o sobrinho cuja mãe morreu cedo? Ótimo, sobretudo para o sobrinho; mas há uma chance de que esse nobre sacrifício tenha sido o jeito que a tia encontrou para fugir de uma vida amorosa e sexual que ela desejava, mas que ela também sobretudo temia.


2) Aparentemente, é a mulher que, insensível à devoção filial do marido, pede a separação. Alguém poderia suspeitar, aliás, que ela esteja apenas se aproveitando da ocasião para decretar o fim de uma relação que talvez já tenha acabado há tempos.


Mas é possível que o verdadeiro responsável pela separação seja o marido: será que a opção de cuidar do velho pai não é o jeito que ele encontrou para forçar a mulher a querer se separar dele? Eu não fiz nada, só "tenho que" honrar meu pai, é você que não me aguenta e é você que quer se separar. É o estilo passivo-agressivo: a iniciativa sempre parece ser do outro.


3) Mesmo se eu não professasse nenhuma ideia oposta às do regime, mesmo se meu desejo sexual fosse integralmente permitido pela polícia dos costumes, eu fugiria de Teerã -apenas por saber que há direções nas quais meus sonhos seriam punidos, caso se aventurassem por lá. Também fugiria de qualquer Irã ou Cuba do mundo porque não tolero ficar num lugar de onde é difícil, se não proibido, sair.


4) O marido não é um santo, mas parece fazer uma escolha generosa: renuncia ao projeto de emigrar por fidelidade ao pai.


Mas nunca é fácil saber no que consiste a verdadeira fidelidade. No caso, ela consiste em cuidar do pai demente ou em correr atrás do que ele talvez quisesse para nós?


Ou seja, imaginemos que (banalmente) meu pai sonhasse com a minha liberdade: será que eu lhe seria mesmo fiel no dia em que, para assisti-lo, eu renunciasse a meu próprio desejo?


5) O diretor do Ministério da Cultura do Irã declarou à Folha que "A Separação" é "contrário ao sistema político iraniano", o que, segundo ele, seria demonstrado pelo sucesso do filme no Ocidente.


Bizarro, entre outras coisas, porque o filme contém uma defesa do islã popular como grande e necessária garantia moral.


Seja como for, as ditas plateias ocidentais talvez estejam um pouco cansadas de assistir a visões caricaturais de mundos exóticos, nos quais, graças a alguma tradição, sempre se sabe qual é a coisa certa.


Talvez nós, plateias ocidentais, notoriamente narcisistas, estejamos mais interessadas no cotidiano de nossa própria experiência, ou seja, no conflito nunca resolvido entre as dívidas com nosso passado e as dívidas com nosso futuro.


A dívida com o passado pode ser exigente e incômoda (como ocupar-se de um pai demente), mas ela é, por assim dizer, pacífica: estabelecida e tranquila. Enquanto a dívida com o futuro é sempre inquietante, sem resposta: qual será a viagem que devo a mim mesmo?


Caro diretor do Ministério da Cultura do Irã, não gostamos de "A Separação" porque seria anti-iraniano (que não é), mas porque conta uma história próxima das histórias da gente.


Fonte:
Contardo Calligaris, "A Separação", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 16/2/12

Em tempo: como costuma dizer um amigo - "Será?"

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Espetáculo da natureza

O crepúsculo num dia desses visto a partir da porta do meu quarto:

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Tempo das cavernas

"No messages
No e-mails
No calls"

Tecnologia pra quê?

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O enterro da CP em 5 atos

A decisão dos vereadores Almir Pedro dos Santos (PSDB), Antonio Brás do Nascimento “Piuí” (PDT) e Nilce Segalla (PTB) de enterrar as denúncias contra o prefeito afastado Silvio Félix (PDT), aprovando um relatório de absolvição na comissão processante da Câmara Municipal, exige reflexões e comentários:

1) fala-se, nos bastidores, que o PSDB estuda expulsar Almir após o voto dele em favor de Félix. Ora, demagogia e hipocrisia de um partido sem comando que, durante os últimos sete anos, não exerceu controle algum sobre seu único representante no Legislativo;

2) o mesmo vale para o PTB, cujo comando na cidade assinou um ato pró-cassação (ou pró-investigação) e viu sua representante na Câmara liderar a tratorada pró-Félix;

3) para uma delegada de polícia, de quem se espera o mínimo conhecimento de Direito, é lamentável assistir à leitura de um relatório que questiona o fato do Ministério Público “não ter conseguido provar nada” contra os familiares de Félix. Ora, as investigações do MP ainda não terminaram, de modo que nada há ainda de ser provado. Em tempo: uma ação judicial contra o clã Félix já está no forno do MP.

4) se Nilce citou em seu voto em separado não haver na denúncia original que resultou na abertura da CP nada de concreto e objetivo contra o prefeito afastado, pergunta-se: por que, então, ela votou a favor da investigação? Da mesma forma, por que votou a favor da juntada de documentos sigilosos se desde o princípio considerava a comissão ilegítima? Ou Nilce jogou para a plateia nas votações anteriores ou algo ocorreu que a fez mudar de opinião na reta final da comissão.

5) numa análise mais complexa, a “conta” do resultado da votação frustrante da CP deve ser creditada a grupos que, em pleno século 21, ainda se deixam levar pelo voto de cabresto, seguindo a ordem de pastores, padres e afins. Incluem-se nesta conta também os cidadãos que trocam seus votos por favores prestados por políticos. Afinal, quem colocou o trio Nilce, Almir e Piuí na Câmara foi a comunidade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Frase

"A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio." 
Carlos Drummond de Andrade, poeta

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Flagrante italiano 18

O trote - de saída, não de entrada - na Universidade de Pádua (ou Padova):




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Obituário

Aqui jaz uma carreira e um sonho:

* 13/8/1998

+ 14/2/2012

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O relatório de Ronei

A seguir, reproduzo - para quem interessar possa - a conclusão do relatório final do vereador Ronei Costa Martins (PT) referente à comissão processante que apurou eventual quebra de decoro por parte do prefeito afastado Silvio Félix (PDT) após denúncias de suposto enriquecimento ilícito por parte de seus familiares - caso em investigação pelo Ministério Público.

Em tempo: o relatório foi rejeitado com votos em separado dos vereadores Nilce Segalla (PTB), Antonio Brás do Nascimento "Piuí" (PDT) e Almir Pedro dos Santos (PSDB).


V - CONCLUSÃO


Vislumbra-se, claramente, que existem indícios e provas suficientes para caracterizar o envolvimento do denunciado com os crimes imputados aos seus familiares e assessores.


A trama de relacionamentos aponta para uma sofisticada estrutura jurídica e humana destinada a cometer ilícitos que perpassam a vida pública e privada do denunciado.


Debate-se em sua defesa, sobretudo na obra de arte cartesiana de suas alegações finais, que o seu problema seria provar a compatibilidade entre patrimônio adquirido e renda. Ai se engana, seu problema de fundo e de profundidade diz respeito a própria licitude do dinheiro que alega ser renda a lastrear aquisições patrimoniais. 


Existe farta documentação nestes autos e devidamente articulada neste relatório, que demonstram nitidamente enormes dúvidas sobre a licitude de parte de renda do denunciado e familiares. E carece justamente isso ao denunciado, espancar as dúvidas sobre a origem lícita da renda de seus familiares e assessores desde que tomou posse do cargo de Alcaide em 2005. 


Apenas para finalizar as argumentações pela procedência da denúncia, necessário ainda duas informações finais.


A primeira diz respeito às notas fiscais e contratos de prestação de serviços para a campanha eleitoral do dr. Hélio, em 2008, ex-prefeito de Campinas, cujas apreensões pelo GAECO localizaram R$ 110.000,00 de notas fiscais em poder das empresas da família do denunciado, fls.142 e seguinte, pasta 4139. Ato contínuo, depois de 2008, a empresa FÊNIX passa a prestar serviços milionários para a prefeitura de Campinas e suas autarquias (SANASA e EMDEC).


A outra, trago à colação outras anotações do contador DANIEL HENRIQUE apreendidas pelo GAECO:


- VENDAS DE MERCADORIAS SEM NOTA FISCAL.

- VENDAS DE MERCADORIAS SEM TER EFETUADO COMPRAS LEGALMENTE, POR EXEMPLO, ADUBOS, LIVROS, MÁQUINAS ACESSÓRIOS, ETC.
- RETIRADA DE DINHEIRO DA PESSOA JURÍDICA PARA A PESSOA FÍSICA SEM TER ARRECADAÇÃO DE IMPOSTO.
- MOVIMENTAÇÃO DE DINHEIRO DA EMPRESA FÉLIX EM CONTA CORRENTE DA PESSOA FÍSICA SÍLVIO E CONSTÂNCIA.

Repise-se, são anotações do contador do próprio denunciado, do contador das empresas da família do denunciado, do contador da campanha da esposa do denunciado, do contador da empresa em que LUCÉLIA BALIANI, namorada de RICKO, o assessor do denunciado, é sócia. 


Feito isso, passo ao exame dos critérios estabelecidos para objetivamente verificar a caracterização da quebra do decoro e dignidade do cargo.


- a existência de fundados indícios ou provas da prática de ilícitos penais ou civis pelos familiares do denunciado; 

SIM, EXISTEM FUNDADOS INDÍCIOS DA PRÁTICA DE ILÍCITOS PELOS FAMILIARES DO DENUNCIADO.

- a existência de fundados indícios ou provas da prática de ilícitos penais ou civis pelos assessores e/ou funcionários do denunciado;

SIM, EXISTEM FUNDADOS INDÍCIOS DA PRÁTICA DE ILÍCITOS PELOS ASSESSORES DO DENUNCIADO.

- a relação pessoal e política entre os investigados pelo GAECO e o denunciado;

INCONTROVERSA LIGAÇÃO PROFISSIONAL, POLÍTICA E PESSOAL ENTRE OS INVESTIGADOS E O DENUNCIADO.

- a repercussão das acusações aos familiares do denunciado em sua vida pública;

INCONTROVERSA REPERCUSSÃO NEGATIVA, NÃO SENDO MAIS POSSÍVEL AO DENUNCIADO OCUPAR O CARGO DE COMANDO DA CIDADE, EVIDENTE QUEBRA DA CONFIANÇA, AUSÊNCIA DE AUTORIDADE MORAL E POLÍTICA, POSTURA INADEQUADA E IMPRÓPRIA PARA O EXERCÍCIO DO CARGO.

- a repercussão das acusações aos assessores e/ou funcionários do denunciado em sua vida pública;

INCONTROVERSA REPERCUSSÃO NEGATIVA, NÃO SENDO MAIS POSSÍVEL AO DENUNCIADO OCUPAR O CARGO DE COMANDO DA CIDADE, EVIDENTE QUEBRA DA CONFIANÇA, AUSÊNCIA DE AUTORIDADE MORAL E POLÍTICA, POSTURA INADEQUADA E IMPRÓPRIA PARA O EXERCÍCIO DO CARGO.

- se houve culpa manifesta ou dolo do denunciado com relação aos crimes imputados aos familiares, assessores e funcionários;

FORTES INDÍCIOS DE DOLO DO DENUNCIADO NA ORGANIZAÇÃO DE UMA ESTRUTURA JURÍDICA E HUMANA DESTINADA A PRATICAR ILÍCITOS QUE PERPASSAM OS CARGOS PÚBLICOS OCUPADOS, TANTO PELO DENUNCIADO COMO POR ASSESSORES E ESPOSA (CANDIDATA, DEPUTADA SUPLENTE). NA PIOR HIPÓTESE, O DENUNCIADO AGIU COM CULPA GRAVÍSSIMA AO PERMITIR QUE ILÍCITOS FOSSEM PRATICADOS POR FAMILIARES E ASSESSORES EM NOTÓRIA UTILIZAÇÃO DOS CARGOS POLÍTICOS.

- se houve ação, omissão ou negligência do denunciado, de forma gratuidade, com relação aos crimes imputados aos seus familiares, assessores e funcionários;

O DENUNCIADO AGIU GRATUITAMENTE EM EVIDENTE PARA OBTER E FACILITAR VANTAGENS.
NA PIOR HIPÓTESE O DENUNCIADO FOI NEGLIGENTE AO PERMITIR QUE, SOB SUA ORIENTAÇÃO PESSOAL, ILÍCITOS FOSSEM PRATICADOS POR FAMILIARES E ASSESSORES. 

- se caracterizada eventual descompostura, impropriedade ou inadequação do denunciado com relação à sua vida pública e sua vida particular, se era dispensável tal violação a preceito legal e, sobretudo, constitucional, encartado pela moralidade administrativa;

ABSOLUTAMENTE DISPENSÁVEL A DESCOMPOSTURA, IMPROPRIEDADE E INADEQUAÇÃO DE SUA POSTURA EM SUA VIDA PARTICULAR EM CONFUSÃO COM SUA VIDA PÚBLICA, OCASIONANDO A QUEBRA DO DECORO.

- se do “complexo de elementos objetivos” que instruíram os autos, cotejados com a defesa do denunciado, verifica-se o rompimento dos laços sociais que fundam o próprio exercício da democracia, inviabilizando o exercício de comando do Poder Executivo pelo denunciado;

CARACTERIZADO O ROMPIMENTO DOS LAÇOS SOCIAIS QUE FUNDAM A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA. MANIFESTAÇÕES SOCIAIS COTIDIANAS E REITERADAS PEDINDO A CASSAÇÃO DO DENUNCIADO. SITUAÇÃO SOCIAL INSUSTENTÁVEL.

Vê-se, portanto, que a quebra do decoro e dignidade do cargo foi devidamente caracterizada mediante fundamentação fático-jurídica e critérios que asseguraram a objetividade do relatório e podem servir para pautar o eventual julgamento plenário da infração político-administrativa.


Acosto a este relatório final um INFOGRÁFICO a demonstrar todas as relações entre denunciado e investigados, de modo a facilitar o entendimento da estrutura jurídica montado ao longos dos últimos sete anos.


Por todo o exposto, Senhores Vereadores, sugiro que esta Comissão rejeite as preliminares apresentadas pela defesa e, no mérito, seja julgada PROCEDENTE A DENÚNCIA para que o denunciado sofra o derradeiro processo de CASSAÇÃO do seu mandato eletivo.


Termino vos dizendo, em alusão ao jurista e juiz norte-americano Louis Brandeis, que "A luz do sol é o melhor dos desinfetantes".


RONEI COSTA MARTINS

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Reflexão de fim de noite

(...) os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
Darcy Ribeiro, antropólogo


Esta frase já apareceu aqui no blog, na íntegra, há quase um ano (leia
aqui). Reproduzi este trecho por julgar bastante oportuno para esta terça-feira, 14 de fevereiro.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Frase

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Antoine de Saint-Exupéry, em seu célebre “O Pequeno Príncipe” (frase "batida", mas verdadeira)

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#prontofalei

Sinto que minha profissão está acabando. Ao menos para mim.

Confesso que nunca sequer cogitei isso.

domingo, 12 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

A crise da Inter: mais um capítulo

Acompanhei pela rádio Educadora, neste domingo, a cobertura pós-jogo do dérbi limeirense entre Internacional e Independente, válido pela Série A3 do Campeonato Paulista. O jogo terminou 2 a 0 para o Galo da Vila – para tristeza dos leoninos, que jogaram em casa (no Limeirão).

Uma derrota assim, num dérbi, por mais que o futebol limeirense esteja moribundo, mexe com os ânimos. E, naturalmente, o efeito colateral pelos lados da Inter não foram positivos. Atual presidente da equipe, o advogado e empresário Ailton Vicente de Oliveira manifestou à rádio seu descontentamento com as críticas que recebeu da torcida e de alguns conselheiros em razão do resultado da partida.

Ouvi parte da entrevista do dr. Ailton, como é conhecido. Ele reclamou que não tem apoio da prefeitura nem das empresas locais e dos conselheiros. Manifestou a vontade de deixar o cargo caso continue sem apoio (financeiro inclusive e, talvez, principalmente). Por mais de uma vez, destacou que nunca teve apoio algum da administração municipal, ao contrário do Independente.

É um direito do dr. Ailton reclamar da falta de apoio. Só não entendo porque ele, como presidente da equipe, permitiu que se colocasse na entrada do Limeirão, durante os jogos da Copa São Paulo de Juniores, em janeiro último, uma faixa que dizia justamente o contrário do que agora aponta: “Obrigado ao prefeito Silvio Félix pelo apoio”.

A faixa, aliás, foi alvo de comentários de torcedores. “Por que colocaram aquela faixa? Que apoio o prefeito deu?”, comentou um deles, sentado no degrau logo acima do meu, no Limeirão.

Das duas, uma: ou o dr. Ailton sabia da faixa e foi conivente com ela, de modo que sua crítica agora soa estranha, ou não sabia da faixa e permitiu que algum “puxa-saco” do então prefeito a colocasse lá (o que indica um certo desmando).

Em tempo: embora o atual presidente esteja mantendo (até onde se informa) os compromissos da Inter em dia, é preciso registrar que ele apareceu na cidade vindo de São Paulo com o intuito de lucrar investindo no Leão da Paulista.

Não há nada de ilegal nisso. Contudo, não se pode tirar de foco que ninguém foi atrás dele na capital, onde atua como empresário na famosa – e polêmica - feira da madrugada, no Brás. Foi ele que procurou a Inter (até o estatuto do clube foi alterado para que ele pudesse se tornar presidente). Logo, questionar a falta de apoio financeiro me parece injustificável (ou ele desconhecia a real situação financeira da Inter e o custo de se manter uma equipe de futebol quando se apresentou com a intenção de comandar o clube?).

PS: presidente do Conselho Deliberativo da Inter, o jornalista e empresário Wagner Barbosa tentou colocar panos quentes nas declarações do dr. Ailton. Disse à Educadora que o conselho não aceitaria um pedido de renúncia do atual presidente e que as críticas a ele são injustas.

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"Mona Lisa e o caos"

Pesquisadores anunciaram que a cópia da Mona Lisa encontrada no Museu do Prado é quase tão autêntica quanto o original. Isso dá o que pensar. O que torna a Gioconda o quadro mais célebre do mundo? E a resposta, que relutamos em aceitar, é: sua celebridade.

Não há dúvida de que Da Vinci era bom e Mona Lisa é uma grande pintura. Mas, tecnicamente, ela está no mesmo nível de outros trabalhos do polímata toscano e de outros grandes mestres. Por que ela, e não La Fornarina, de Rafael, por exemplo, se tornou o ícone da arte pictórica?


A rigor, até meados do século 19, Da Vinci não era páreo para Ticiano, Rafael, e a Mona Lisa era um quadro relativamente obscuro. Sua fortuna começa a mudar depois que foi roubada do Louvre por um italiano em 1911. Acabou sendo devolvida, já como celebridade. Sofreria dois outros "atentados" e se tornaria objeto de paródia de autores pop como Duchamp, Dalí e Warhol. Hoje, o Louvre estima que 80% de seus visitantes vão ao museu primariamente para ver a Gioconda, segurada em US$ 700 milhões.


A tese do físico Duncan Watts é que o sucesso é circular: a fama do quadro advém de sua fama, que foi precipitada por eventos aleatórios.


O interessante é que Watts tem um experimento para corroborar sua teoria. Ele recrutou 14 mil voluntários que deveriam escutar, avaliar e baixar 48 músicas inéditas de bandas desconhecidas. Os recrutas foram divididos em oito "mundos" incomunicáveis, onde podiam conferir a popularidade da canção pelo número de downloads naquele mundo.


Cada mundo evoluiu de modo independente. O que mais pesou foi a fama. A qualidade importou, mas pouco. Músicas muito bem avaliadas nunca foram um desastre, mas, com as canções médias, tudo podia acontecer. Elas podiam estourar ou ser esquecidas. Quem mandava era o caos.


Isso deveria bastar para relativizar as explicações usuais para coisas como sucesso, fracasso e o próprio gênio.


Fonte:
Hélio Schwartsman, "Folha de S. Paulo", Opinião, 5/2/12, p. 2

PS: escrevi sobre o assunto no blog Piscitas - Travel & Fun. Leia
aqui.

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Profissão: jornalista

Conversei na semana passada com alguns colegas de imprensa. Foi um encontro casual, no intervalo da sessão da Câmara Municipal. Papo sério sobre a profissão. Confesso que senti um certo conforto ao constatar que algumas angústias não são exclusivamente minhas. Ao mesmo tempo, senti um desalento por constatar que as situações que me angustiam estão espalhadas por todos os lugares – principalmente em Limeira.

A continuação desta postagem já está escrita. Um dia, quem sabe, eu a publico...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Flagrante italiano 17

Uma escada (que aparenta seguir rumo ao infinito) no Palazzo Reale de Milão (onde hoje funciona um museu e um centro de artes e eventos):

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Frase (uma definição de amizade)

"São pessoas a quem a gente conta tudo. Somos psicólogos um do outro."
Carlinhos Brown, músico, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, publicada na "Folha de S. Paulo" do último domingo (5/2), caderno "Ilustrada", p. 2, referindo-se aos também músicos Marisa Monte e Arnaldo Antunes (para ler na íntegra, clique aqui - é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

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Jornalismo e história (ou faz história)

A reportagem que foi manchete da "Folha de S. Paulo" no último domingo (5/2) é daquelas preciosidades que todo brasileiro deveria ler - e todo jornalista em particular.

O resumo, divulgado pelo próprio jornal, é este: "
A foto de Vladimir Herzog morto nas dependências do DOI-Codi em outubro de 1975 tornou-se um símbolo da repressão promovida pela ditadura (1964-85). A tentativa falhada de simular o suicídio do jornalista enfraqueceu a linha dura. Pela primeira vez, o fotógrafo Silvaldo Leung Vieira fala à imprensa".

A matéria é assinada pelo repórter Lucas Ferraz. A seguir, reproduzo os primeiros parágrafos, com link para a íntegra da reportagem na menção da fonte (lembrando que é preciso ter senha do jornal ou do UOL para acessar):


"
Henri Cartier-Bresson, fundador da mítica agência Magnum e mestre francês da fotografia, definiu num célebre ensaio de 1952 a arte do fotógrafo como a capacidade de captar um instante decisivo, para o qual deve estar alerta.

'Enquanto trabalhamos, precisamos ter certeza de que não deixamos nenhum buraco, de que exprimimos tudo; depois será tarde demais, e não haverá como retomar o acontecimento às avessas', escreveu ele.


O instante decisivo na vida do fotógrafo santista Silvaldo Leung Vieira foi também um instante decisivo para a vida política brasileira. Aluno do curso de fotografia da Polícia Civil de São Paulo, Silvaldo fez em 25 de outubro de 1975, aos 22 anos, a mais importante imagem da história do Brasil naquela década: a foto do corpo do jornalista Vladimir Herzog, pendurado por uma corda no pescoço, numa cela de um dos principais órgãos da repressão, o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna).


Publicada na imprensa, a imagem corroborou a tese de que o 'suicídio' de Herzog era uma farsa. No mesmo local, três meses depois, o mesmo fotógrafo testemunharia a morte do metalúrgico Manoel Fiel Filho. Assassinado sob tortura, ele também foi apresentado pelo regime como 'suicida'.


Historiadores são unânimes: ambas as mortes foram decisivas para mudar os rumos da ditadura.


A Folha localizou Silvaldo em Los Angeles, onde vive desde agosto de 1979, quando saiu de férias do cargo de fotógrafo do Instituto de Criminalística para nunca mais voltar. Pela primeira vez, ele contou detalhes sobre sua atuação na polícia técnica de São Paulo. 'Ainda carrego um triste sentimento de ter sido usado para montar essas mentiras', afirmou, por telefone."


Fonte:
Lucas Ferraz, "O instante decisivo", Folha de S. Paulo, "Ilustríssima", 5/2

PS: vale a pena ler também a análise de Carlos Fico, publicada na mesma "Folha", nesta terça-feira (7/2), no caderno "Poder":
"Dificuldade é saber como lidar com colaborador 'marginal' do regime".

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Ser governo e oposição (ou o PT ontem e hoje)

Há algo de pedagógico na alternância do poder: percebemos com que facilidade situação e oposição trocam de papéis - e de princípios. A greve da PM baiana é uma oportunidade sem igual de ver a natureza humana em ação.

Em 2001, membros da corporação deflagraram uma paralisação, que também degenerou em violência. Na ocasião, o PT, por intermédio de Lula, defendeu a legitimidade da greve e responsabilizou o governo baiano, que era do PFL, pela barbárie. Hoje, o governador petista Jaques Wagner chama alguns dos grevistas de bandidos e se recusa a negociar. Denuncia a utilização política do movimento.


Ainda mais instrutivo é ver como os blogs de simpatizantes e antipatizantes do PT tratam a disputa, que ainda ganha pitadas do caso Pinheirinho.


A pergunta que fica é: as pessoas não se dão conta de suas contradições? E a resposta é "muito pouco".


O psicólogo Drew Westen mostrou que, na política, emoções falam mais alto que a lógica. Ele monitorou os cérebros de militantes partidários enquanto viam seus candidatos favoritos caindo em contradição. Como previsto, eles não tiveram dificuldade para perceber a incongruência do "inimigo", mas foram bem menos críticos em relação ao "aliado".


Segundo Westen, quando confrontados com informações ameaçadoras às nossas convicções políticas, redes de neurônios associadas ao estresse são ativadas. O cérebro percebe o conflito e tenta desligar a emoção negativa. Circuitos encarregados de regular emoções recrutam, então, crenças capazes de eliminar o estresse. A contradição é apenas fracamente percebida.


A surpresa foi constatar que esse processo de relativização não se limita a desligar as emoções negativas. Ele também dispara sensações positivas, acionando circuitos do sistema de recompensa, que coincidem com as áreas ativadas quando viciados em drogas tomam uma dose. Em suma, políticos e simpatizantes sentem prazer ao ignorar suas contradições.


Fonte: Hélio Schwartsman, "O prazer da contradição", Folha de S. Paulo, Opinião, 7/2/12, p. 2

***

Na Bahia, o governador Jaques Wagner (PT) partiu para o confronto com policiais em greve, chamou o Exército e bateu o pé mesmo diante dos cadáveres que se amontoam por falta de segurança.

Em Brasília, o governo federal comemora alegremente o sucesso dos leilões de privatização dos aeroportos da própria capital, de Guarulhos e de Campinas, com resultado de R$ 24,5 bilhões, bem acima das expectativas.

Indaga-se: por que o PT condenou tão acidamente a repressão do governo do PFL-DEM a um movimento semelhante na Bahia em 2001? E por que não só criticou ferrenhamente as privatizações do governo FHC como as usou contra os adversários nas campanhas de 2002, 2006 e 2010?


Ou as greves dos policiais na era DEM eram legítimas e na era PT passaram a ser ilegítimas, ou o PT tem um discurso na oposição e uma prática na situação. Ou... o PT mudou.


Ou as privatizações eram ruins e agora são boas para o país, ou o PT de Lula e agora de Dilma aderiu ao vale-tudo eleitoral e mentiu, ironizou e foi sarcástico contra uma política que não apenas aprovava como agora aplica, feliz da vida.


Durante três campanhas seguidas, o partido recorreu ao mesmo discurso, atribuindo aos adversários tucanos a intenção até de privatizar o BB, a CEF, a Petrobras e a mãe de todos os eleitores. Era o PT antiprivatização versus o PSDB privatizante, o PT patriótico versus o PSDB impatriótico.


E agora, qual o discurso? Dilma e Lula deveriam pedir desculpas: ou mentiram aos eleitores ou estavam errados e agora reconhecem que greve de policiais era e é inadmissível e que a política de privatizações do governo adversário era e é correta. Suspeita-se que não vão fazer nem uma coisa nem outra. Vão deixar pra lá, como se nada tivesse acontecido.


Moral da história: greve no governo dos outros é bom, mas no nosso não pode; privatização no governo dos outros é impatriótica, mas no nosso é um sucesso do patriotismo.


Fonte: Eliane Cantanhêde, "Quem te viu, quem te vê", Folha de S. Paulo, Opinião, 7/2/12, p. 2

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Testando...

A mais recente aquisição para degustação:


Em tempo: boa, mas cara (R$ 11,90 a unidade). E viva o Hommer!!!

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Os erros ensinam (uma aula de jornalismo)

A Agência Brasil errou no processo de apuração, edição e publicação da notícia OAB de São José dos Campos diz que houve mortos em operação no Pinheirinho, no dia 23 de janeiro. A notícia foi publicada com base em entrevista concedida à TV Brasil pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto. No entanto, não houve a devida checagem da veracidade da informação sobre supostos mortos na operação de reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho.

A entrevista foi gravada por uma equipe da TV Brasil que se deslocou para São José dos Campos, mas a parte que denunciava a morte não foi utilizada no noticiário televisivo por falta de confirmação ou comprovação. No entanto, a reportagem da Agência Brasil em São Paulo teve acesso à íntegra da gravação e considerou a informação relevante e suficiente para ser publicada, tendo em vista o advogado ter se apresentado como representante de uma instituição respeitável.


A Agência Brasil, embora tenha atendido a exigência de identificação da fonte da informação, não seguiu os demais procedimentos da boa prática de apuração, como recomenda o Manual de Jornalismo da Radiobrás, que ainda está em vigência.


"O jornalismo deve procurar o equilíbrio. O equilíbrio é o cuidado de ouvir os principais envolvidos e de apurar os aspectos mais importantes da notícia, para reportar os acontecimentos com objetividade. Ao apurar um fato, o jornalista deve analisar o interesse de cada pessoa ou grupo a ele relacionado. Tem que se perguntar quem é o afetado pela notícia e ir além da velha agenda de fontes, trazendo novos interlocutores para comentar o tema. Ouvir sempre dois ou mais lados distintos de uma questão é fundamental  para a equidade e para o desenvolvimento do trabalho de qualidade que a Radiobrás se propõe a fazer. Fontes da sociedade civil organizada devem ser consultadas e cidadãos não organizados devem ser considerados. A edição tem que se estruturar  de maneira igualitária e seguir o bom senso. Cada personagem deve ocupar um tempo proporcional a sua importância relativa dentro da notícia. Quem foi criticado deve ter chance de responder”, diz o texto.


O Manual de Jornalismo da EBC, que está em fase de revisão, é claro ao exigir rigor nesse tipo de apuração. “Toda denúncia deve ser confirmada antes de ser publicada. A apuração de uma denúncia deve manter o seu caráter jornalístico, ou seja, a intenção de buscar informação para o cidadão não se confundir com a atuação da polícia, do Ministério Público ou de qualquer outro ente oficial de investigação. Se a denúncia tiver origem no trabalho do Jornalismo da EBC e não estiver publicizada por qualquer outro meio, deve-se conceder ao denunciado um prazo até 24 horas para sua manifestação”, diz o texto.


Neste caso, a denúncia estava publicizada, não apenas em redes sociais, mas até na imprensa internacional, que, antes mesmo da Agência Brasil, já mencionava a suposição de mortes. No entanto, a gravidade da denúncia requeria ao menos outra fonte fidedigna que a corroborasse.


Faz-se necessário assegurar aos nossos leitores que não houve má-fé da Agência Brasil ao publicar a matéria. Tampouco houve submissão desta agência a qualquer interesse de natureza política. O que ocorreu foi um erro jornalístico diante de uma situação de poucas e controversas informações em uma situação tumultuada.


A gravidade dos fatos e a urgência em noticiar informações sobre o assunto também levaram outros veículos a noticiar a possível ocorrência de mortes no conflito de Pinheirinho. É o caso do jornal britânico The Guardian, que informou ter recebido informações da mídia social que tratavam o despejo como um “massacre” e sobre a ocorrência de mortes não confirmadas.


“Ao longo do domingo [22], sites de mídia social estavam cheios de relatórios apocalípticos de um suposto "massacre" na comunidade. Um e-mail, enviado aos meios de comunicação internacionais, afirmou que havia relatos de que pessoas haviam sido mortas. A maior rede de TV do Brasil, a TV Globo, descreveu o despejo como "uma operação de guerra", publicou o jornal britânico, na segunda-feira (23), às 15h27.


A matéria da Agência Brasil foi publicada às 17h30.


As informações controversas, no entanto, não justificam a falta de rigor nos procedimentos de apuração da notícia. No mesmo dia, às 22h15, a Agência Brasil publicou a matéria "Terreno do Pinheirinho deve R$ 16 milhões em impostos, diz prefeitura de São José dos Campos", na qual o prefeito do município, Eduardo Cury, negava a ocorrência de mortes.


No dia seguinte, a Agência Brasil publicou uma reportagem com a negação da existência de mortes. A matéria "Autoridades negam que tenha havido morte durante desocupação em São José dos Campos" foi publicada às 14h01 de terça-feira, dia 24.


Para evitar o mau entendimento do leitor, a Agência Brasil ainda anexou à primeira matéria, que tratava da possibilidade de mortes, o link da segunda, que desmentia a informação. Além disso, cuidou de acrescer à primeira matéria uma explicação sobre o ocorrido.


A Agência Brasil reconhece, no entanto, que uma vez publicada uma informação, mesmo de uma fonte supostamente crível, sem a devida checagem, foi cometido um erro de difícil reparação. Ampliado pelo fato de o título da notícia não ter deixado claro que a informação era do presidente da Comissão de Direitos Humanos, e não da OAB.


Reconhece também que a tentativa de correção do erro no noticiário seguinte foi insuficiente. Deveria ter sido enfatizada para alcançar a mesma amplitude da denúncia incomprovada.


Por isso, a Agência Brasil está reorientando seus profissionais e revendo seus procedimentos internos para evitar que erros como esse ocorram novamente em seu noticiário.


Fonte:
Agência Brasil, "Agência Brasil reconhece erro em notícia sobre mortes no Pinheirinho", 6/2

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Direto da Câmara de Limeira

A poucos dias das sessões que podem mudar a história político-administrativa de Limeira, a Câmara Municipal apresentava nesta segunda-feira (6/2) uma mistura – aparentemente paradoxal - de tensão e descontração. Em público, vereadores exibiam sorrisos e faziam brincadeiras entre si e com os cidadãos. Em particular, sentia-se neles a tensão dos dias que virão.

Três vereadores manifestaram, em conversas reservadas, que a pressão nos bastidores é cada vez maior visando salvar o mandato do prefeito afastado Silvio Félix (PDT) – alvo de uma comissão processante que o investiga por suposto enriquecimento ilícito de seus familiares.

Nenhum dos vereadores admitiu abertamente ter ouvido algo concreto a respeito desta tal pressão ou ter recebido alguma abordagem direta, mas todos citaram que “ouviram falar” de supostas práticas não-republicanas em favor do prefeito afastado.

Dois vereadores manifestaram preocupação com o cenário político desta segunda-feira. “Hoje não teríamos voto (para a cassação)”, disse um deles. São necessários dez votos – de um total de 14 parlamentares – para cassar o mandato de Félix. “Vamos ter que lutar contra isso”, falou um outro, referindo-se às conversas que se ouve pelos corredores do Legislativo a respeito das tais supostas práticas não-republicanas.

No sentido oposto, pelo menos um vereador demonstrou confiança no que considera ser justiça no caso. Ele continua apostando que o placar mais recorrente desde que o escândalo político envolvendo Félix e seus familiares estourou, em 24 de novembro, vai se repetir nos próximos capítulos desta novela: a unanimidade dos votos dos vereadores. Ou seja: 14 a 0 pró-cassação.

Um quarto parlamentar preferiu esquivar-se de qualquer abordagem.

Quem está certo, só se saberá depois. O fato é que o jogo, pelos relatos ouvidos, está duro. E deve custar caro...

* Colaborou o jornalista Carlos Giannoni

domingo, 5 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Frase

"Aquele a quem só contentam as coisas do presente restringe muito o seu prazer. O futuro e o passado têm o seu encanto. Um é a espera, o outro, a lembrança."
Sêneca, em “Aprendendo a viver”, L&PM Pocket, p. 106

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Vitória da sociedade

Tenho defendido a tese de que o mundo está mudando - e o Brasil não está fora desta onda, claro!

Hoje, por exemplo, a sociedade teve uma importante vitória na luta por transparência nos poderes da República. O STF (Supremo Tribunal Federal) validou, por 6 votos a 5, o poder do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de investigar os magistrados.


Leia mais sobre a decisão do STF 
aqui

Comentários a respeito do tema, neste blog, podem ser conferidos
aqui e aqui.