sexta-feira, 7 de março de 2014 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:49 | 0 comentários
"Histórias de verdade"
Marcadores: Brasil, escravidão, história, Rubens Ricupero
quarta-feira, 20 de novembro de 2013 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 00:30 | 0 comentários
Liberdade, liberdade!
Este é o registro de venda de um garoto de 8 anos de idade. Sim, venda, mercadoria. Um escravo.
O documento era parte de uma exposição sobre a escravidão, que vi na sede das Nações Unidas (ONU) em Nova York (EUA) em abril de 2012.
Posto a foto hoje, nesta data tão significativa para os negros, a que celebra o líder Zumbi dos Palmares, como lembrança de uma parte triste da história da humanidade, uma barbárie que não se deve esquecer para que nunca mais se repita.
Em tempo: no mundo atual ainda existem muitas formas de escravidão, em muitos lugares. Sobre isto, recomendo assistir às reportagens da fenomenal série "Freedom Project", da CNN (no Facebook aqui).
Marcadores: CNN, escravidão, história, ONU, viagens
sexta-feira, 15 de abril de 2011 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 11:22 | 0 comentários
Um poema (e uma lembrança)
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
(Castro Alves, "Navio Negreiro")
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sexta-feira, 11 de março de 2011 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:33 | 0 comentários
E a história ressurge...
Há muito tempo o Rio de Janeiro não recebia notícias tão boas de seu passado. É provável que uma equipe de arqueólogos do Museu Nacional tenha encontrado nas escavações da zona portuária as lajes de pedra do cais do Valongo. Entre 1758 e 1851, por aquelas pedras passaram pelo menos 600 mil escravos trazidos d'África. Metade deles tinham entre 10 e 19 anos.
Devolvido à superfície, o cais do Valongo trará ao século 21 o maior porto de chegada de escravos do mundo. Se ele foi soterrado e esquecido, isso se deveu à astuta amnésia que expulsa o negro da história do Brasil. A própria construção do cais teve o propósito de tirar do coração da cidade o mercado de escravos.
A região da Gâmboa tornou-se um mercado de gente, mas as melhores descrições do que lá acontecia saíram todas da pena de viajantes estrangeiros. Os negros ficavam expostos no térreo de sobrados da rua do Valongo (atual Camerino). Em 1817, contaram-se 50 salas onde ficavam 2.000 negros (peças, no idioma da época).
Os milhares de africanos que morreram por conta da viagem ou de padecimentos posteriores, foram jogados numa área que se denominou Cemitério dos Pretos Novos.
Ele foi achado em 1996, durante a reforma de uma casa e, desde então, está sob os cuidados de arqueólogos e historiadores. O cemitério foi soterrado por um lixão, verdadeiro monumento à cultura da amnésia. Devem-se à professora americana Mary Karach 32 páginas magistrais sobre o Valongo. Estão no seu livro "A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro - 1808-1850".
Com o possível achado do cais, o prefeito Eduardo Paes anunciou que transformará a área num museu a céu aberto. (Cesar Maia prometeu algo parecido com o cemitério, mas deu em pouca coisa.) Felizmente, as obras do porto respeitarão as restrições recomendadas pelos arqueólogos, até porque, se o Cais do Valongo não estiver exatamente onde se acredita, estará por perto.
(...) Quem quiser saber mais (e muito) sobre o Valongo e o Cemitério dos Pretos Novos, pode buscar na internet, em PDF:
- Valongo: O Mercado de Escravos do Rio de Janeiro, 1758-1831, do professor Cláudio de Paula Honorato.
- À flor da terra: O Cemitério dos Pretos Novos do Rio de Janeiro, de Júlio César Medeiros da Silva Pereira.
Fonte: Elio Gaspari, “O Rio ganhou dois presentes da história”, Folha de S. Paulo, Poder, 9/3/2011.
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