quarta-feira, 27 de abril de 2011 | | 0 comentários

Flagrante italiano 6

Colegas trabalhando antes do clássico Milan x Juventus no San Siro, em Milão, em 30 de outubro do ano passado.

Quem sabe um dia eu estarei lá no lugar deste colega...?

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Recortes da história

Recentemente, a “Folha de S. Paulo” publicou duas interessantes e reveladoras reportagens sobre momentos importantes da história do Brasil. Recomendo a leitura (é preciso ter senha do jornal ou do UOL para acessar o material):

Em 7 de abril de 1831, o imperador Pedro 1º. abdicou da Coroa brasileira em favor de seu filho Pedro e zarpou para Paris. Após seis meses de badalações e tertúlias, viu nascer a filha Maria Amélia e moveu ofensiva militar contra o irmão, d. Miguel, rei de Portugal, a quem derrotou, deixando o trono livre para d. Maria 2ª.

O historiador Cesar Campiani Maximiano, da PUC-SP, está lançando o livro "Barbudos, Sujos e Fatigados", pela Editoria Grua. Maximiano entrevistou 98 veteranos num período de 20 anos e levantou documentos históricos em arquivos civis e militares no Brasil e nos Estados Unidos.

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Cortez renuncia e avisa: "Vou voltar"

Envolvido no escândalo da merenda acusado de ter recebido propina (R$ 140 mil) da empresa SP Alimentação para barrar na Câmara Municipal uma investigação sobre a terceirização do serviço pela Prefeitura de Limeira, o vereador Antonio César Cortez (PV) – que estava afastado do cargo por decisão da Justiça – renunciou ao mandato. O comunicado foi feito na noite de ontem e tornado público agora à tarde, momentos antes da reunião derradeira da CPI da Merenda.

Político experiente, Cortez abandona o quarto mandato de vereador para evitar uma provável cassação que viria e a consequente inelegibilidade.

Conversei há pouco com Cortez por telefone. Ele pareceu-me tranquilo e seguro do que fez. A seguir, a entrevista:

- Cortez, você quer falar sobre a renúncia?
Cortez: Hoje não. Vou esperar a reunião da CPI. Mas pode anotar aí os motivos da minha renúncia. 1º) ganhei na Justiça de São Paulo o direito de voltar (ao cargo de vereador); 2º) foram seis meses de massacre; 3º) foi uma injustiça muito grande. O foco totalmente direcionado de maneira incorreta, acabei virando o bode expiatório de uma situação que não é minha. Não há nos autos que estão na Justiça nem da CPI prova contundente de qualquer nível que me incrimine. Reafirmo que sou inocente.

- Você pensa em voltar?
Cortez: Saio temporariamente. Vou voltar na eleição do ano que vem, vou decidir ainda se vai ser para prefeito ou vereador.

- Você sai magoado de todo esse processo?
Cortez: Não digo magoado, saio com um sentimento grande de injustiça. Contra o homem, o médico, o ser humano. Sei que a política é suja, é a arte de dar rasteira em um, em outro e em outro. E aconteceu comigo perto de uma eleição em que eu era favorito (ele se refere à candidatura a deputado federal em 2010) e ia sair forte para prefeito. Foi o alvo por causa de outros interesses.

- Você continua no partido?
Cortez: Sim, sou presidente do PV. Mas a gente pode falar com mais calma amanhã.

segunda-feira, 25 de abril de 2011 | | 0 comentários

"Empire State of Mind"



Fantástico! Empolgante! Estimulante! Como Nova York!

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Aos amigos

"A vida é a arte do encontro embora haja tantos desencontros nesta vida...". Sábias palavras do poeta Vinícius de Moraes. Deve ter sofrido muito com a dor da saudade. Bebia e escrevia e cantava como poucos para afogar mágoas (e que ninguém entenda isso como sinônimo de rancores).

Vinícius de Moraes é um mestre. Da música, das palavras. Eu não. Ainda assim, compartilhamos a mesma melancolia. De encontros e desencontros desta vida.

No fundo, acredito que viver seja isto mesmo: uma arte. Conheço pessoas que convivem bem – e tranquilamente – com ela. Eu não. Frustro-me! A ponto dos álbuns de fotografia transformarem-se quase num martírio. Que enfrento quase como um remédio. São lembranças. De tantas pessoas que encontrei nesta vida.

Algumas delas vejo pouco, muito pouco. Raramente até. Ainda assim, não as esqueço nunca. Outras estão constantemente ao meu lado – e sou grato por isso (não sei se saberia viver essa distância). Algumas, poucas, nunca mais vi – e tampouco queria revê-las. Tiveram sua missão no meu caminho e basta. Há as que passaram por essa estrada uma única vez (e foi suficiente para criar um laço eterno).

Existem amizades de infância que pareciam eternas e se dissolveram (e isto é comum, afinal). Há encontros efêmeros e marcantes. Existem amizades novas – e torço para que sejam duradouras.

Interessante lembrar de pessoas que conheci por pouco tempo e que deixaram saudade. Seja porque sabiam ouvir, seja porque sabiam falar, seja porque compunham, cantavam, escreviam poesias, discordavam dos meus pensamentos (e como isto faz bem...!).

Entre tantos encontros e desencontros desta vida, somo ganhos e perdas e vejo como aprendi. O fato é que todas as pessoas que conheci, de algum modo, tiveram sua importância.

Ainda assim, sou forçado a admitir que alguns desencontros deixaram marcas doídas. De saudade. Confesso que às vezes não entendo porque tem que ser assim. Enfim, é a vida, esta “arte do encontro embora haja tantos desencontros...". Uma arte que, tal como Vinícius fez, preciso aprender a enfrentar.

PS: este texto é um desabafo e uma homenagem a todos os amigos de ontem, de hoje e de sempre. Que sejam amizades eternas (enquanto durem...).

terça-feira, 19 de abril de 2011 | | 1 comentários

Frase (uma lição de vida)

Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
Darcy Ribeiro, antropólogo

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Luzes da madrugada

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A esquerda

O artigo autobiográfico do economista Persio Arida na revista "Piauí" é uma preciosidade. Num texto primoroso, ele coloca as coisas no seu devido lugar, mostrando os erros horrendos dos militares da época, mas também reconhecendo o quão equivocada foi a luta armada. Não apenas na tática, mas igualmente nos propósitos.

Sem querer, Persio dá um roteiro impecável para a Comissão da Verdade que tramita no Congresso e se propõe a reconstituir a história como ela é, pelo lado que ganhou à época e pelo que ganhou agora.

Ali estão, contados com a serenidade possível, praticamente dispensando adjetivos, a sua prisão, a tortura, a asfixia pela asma não medicada, o impacto do assassinato do militante Bacuri. É o que a esquerda quer da comissão.

Mas ali está igualmente uma reflexão madura, honesta e corajosa sobre os erros da militância armada - e avaliação, execução e objetivo. E é isso o que os militares reivindicam da comissão.

Ao falar sobre a luta armada, Persio lembra sua angústia ao finalmente admitir para si próprio: "O que teria acontecido com os direitos humanos se aquele movimento tivesse dado certo?". E responde: "Sua dinâmica continha o mesmo vírus que fez, em outros momentos da história, militantes de excepcional pureza revolucionária se transformarem, no poder, em mandantes de mortes em massa e de torturas. (...) O terror legitimado pela utopia revolucionária. Teríamos trocado seis por meia dúzia".

Então, vamos trucidar mais uma vez os militantes que já foram literalmente trucidados? Desdenhar dos que foram presos, torturados, humilhados e alquebrados? Não. Nem Persio o fez.

Sua conclusão, machadiana, diz tudo numa única frase: "A militância contribuiu, por vias tortas, para a volta da democracia - mas nisso se esgotara todo o seu sentido".

Eis uma boa reflexão para a história -não só a dele, mas a do país.

Fonte: Eliane Cantanhêde, “A verdade”, Folha de S. Paulo, Opinião, 17/4/2011, p. 2.

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A América Latina despede-se hoje de Cuba como a conheceu no último meio século e que foi incorporada à memória sentimental do subcontinente, para ser amada ou odiada.

O 6º Congresso do Partido Comunista Cubano aprovará reformas econômicas que transformarão a ilha caribenha. Não se pode, impunemente, cortar a quinta parte dos postos de trabalho. Nem criar do nada impunemente um setor privado, mesmo limitado.

Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático de Dilma Rousseff, voltou de recente viagem à ilha convencido de que às reformas econômicas que serão lançadas hoje seguir-se-á a prazo relativamente curto a reforma política.

O Brasil, aliás, está sendo partícipe das reformas, embora involuntário. Financia a construção do porto de Mariel, que, segundo Marco Aurélio, só tem sentido se for para exportar para os Estados Unidos. Se é assim, implica o restabelecimento de relações, com todo o cortejo de consequências.

Espero que uma das consequências seja o fim do silêncio sobre Cuba por parte da intelectualidade de esquerda, tema de ensaio de Claudia Hilb, socióloga argentina, lançado pela Paz e Terra.

Claudia, militante de esquerda quando a revolução cubana incendiou corações, lamenta agora o silêncio, que atribui à ilusão de que haveria uma "parte boa" do legado revolucionário, qual seja o nivelamento social, dissociada da "parte ruim", a ditadura, "o domínio total do Estado sobre a sociedade.

A socióloga contesta a tese: "O processo de nivelamento das condições [sociais] e o processo de constituir uma forma política com vocação de dominação total são indissociáveis", diz ela.

Na hora em que a esquerda continua sob os escombros do Muro de Berlim, começa a cair mais um muro. Talvez seja a hora de construir algo com tantos tijolos.

Fonte: Clóvis Rossi, “Adeus, Fidel; adeus, silêncio?”, Folha de S. Paulo, Opinião, 17/4/2011, p. 2.

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Que tal uma gelada?


Isto é que é gelada!

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Homenagem a um "rei"

Há 70 anos, num distante 19 de abril de 1941, nascia em Cachoeiro de Itapemirim (ES) o quarto filho do casal Robertino e Laura Braga. Seu nome: Roberto Carlos.

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Comentários sobre uma tragédia – a imprensa

“Sensacionalista", no jornalismo, é sempre um xingamento. Uma cobertura que incomoda pelo exagero é logo rotulada assim, como se ela não estivesse à altura de quem lê, assiste ou navega na rede.

Levam a pecha de sensacionalistas os programas de TV policiais do tipo ""Brasil Urgente", o extinto jornal "Notícias Populares", os tabloides ingleses com seus inúmeros escândalos sexuais...

Um caso excepcional como o do massacre em Realengo confunde, porém, os parâmetros convencionais. Está certo mostrar foto do atirador morto? Faz sentido filmar o momento em que uma mulher avisa o marido que a filha deles foi morta? Uma revista pode titular na capa que ""o monstro mora ao lado"?

Não há resposta correta para essas perguntas, tiradas de exemplos da Folha, "Jornal Nacional" e ""Veja", e não de publicações consideradas populares. Em uma história tão trágica, é difícil distinguir a informação legítima da tentativa única de provocar comoção.

A imagem de Wellington Menezes de Oliveira caído na escada, ensanguentado, criticada por muitos internautas ("Exploração do sangue, coisa de tabloide"), é justificável quando se pensa que, naquele dia, era a única foto recente do atirador e que ela mostrava as circunstâncias da sua morte. Havia informação ali, não era gratuito.

Expor o sofrimento é outro problema sempre delicado. A Folha não foi tão longe quanto a televisão, mas mesmo assim criou desconforto. "Infeliz a foto de capa no dia 9, na qual uma mãe chora no túmulo da filha. A dor da mãe não é notícia, é exploração do sentimento alheio. Francamente, esta não é a Folha que eu conheço", revoltou-se o produtor José Américo Magnoli, 46.

De novo, é muito difícil determinar a linha que separa o que faz sentido do que é apelação. Um drama dessas proporções, ocorrido em uma escola, não é um assunto estritamente familiar. As vítimas choram em público e com o público - não parecia haver gente incomodada com a presença das câmeras.

Para não resvalar no sentimentalismo fácil, o segredo é não carregar nas tintas. O simples relato dos acontecimentos e as falas dos alunos já impressionam tanto que não é preciso ""forçar a barra".

A Folha cedeu a essa tentação na hora de relatar o enterro das crianças, quando publicou que "apenas o choro de uma mãe amparada por parentes, o ranger dos carrinhos carregando caixões e o murmúrio das lágrimas contidas quebravam o silêncio com que 11 das 12 crianças mortas no massacre na escola Tasso da Silveira foram enterradas no Rio".

Só que não foi um enterro único, foram pelo menos três. Todos tiveram o mesmo clima, o mesmo silêncio opressor? Pouco provável.

A descrição do atirador é outro ponto que continua gerando controvérsia. Mesmo as publicações que recusaram a saída fácil de xingar Wellington ("animal", "psicopata", "monstro") estão sendo censuradas por darem destaque demais a ele.

"Especialistas são unânimes em afirmar que quanto maior a divulgação do assassino, maiores as chances de haver novos casos, pois a sociedade está cheia de malucos como o de Realengo. A Folha, em nome do sensacionalismo e do número de acessos, coloca o vídeo do atirador em destaque, dando-lhe exatamente o que ele queria", criticou o engenheiro José Luiz Perez, 54.

Assim que novas fotos do atirador de Realengo fazendo pose com armas apareceram no site da Folha, na sexta-feira, uma nova onda de revolta surgiu. "É uma irresponsabilidade da imprensa, que, tirando o máximo proveito da tragédia, veicula informações que pouco acrescentam, mas que premiam o comportamento do louco", "Não aguento mais entrar na Net e olhar para a cara desse @#$%¨!", "Estão fazendo do atirador um mártir", criticaram vários internautas.

A carta-testamento, as fotos e os vídeos de Wellington não deixam muita dúvida de que ele esperava que o seu feito ganhasse repercussão, que a explosão de violência acabaria por dar algum sentido à vida que ele logo perderia. Mas não dá para privar os leitores dessas informações em nome de uma discutível consequência sobre outras mentes atordoadas.

Não há outro jeito de fazer uma boa cobertura de um caso como esse sem traçar um perfil alentado do responsável por tanta desgraça, mesmo que seja numa tentativa vã de encontrar lógica onde não há.

É necessário evitar a redundância, mas sem impor uma interdição em torno do que é mais intenso. São desagradáveis as fotos de Wellington colocando o leitor sob a mira do revólver. Mesmo assim, é melhor ter a chance de virar a página rapidamente do que nem ter essa opção.

Fonte: Suzana Singer, “Exagerado”, Folha de S. Paulo, Poder, 17/4/2011, p. 8.

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Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do público. Se a celebridade "x" está saindo com o ator "y", isso não tem nenhum interesse público. Mas, dependendo de quem sejam "x" e "y", é de enorme interesse do público, ou de um certo público (numeroso), pelo menos.

As decisões do BC para conter a inflação têm óbvio interesse público. Mas quase não despertam interesse, a não ser dos entendidos.

O jornalismo transita entre essas duas exigências, desafiado a atender as demandas de uma sociedade ao mesmo tempo massificada e segmentada, de um leitor que gravita cada vez mais apenas em torno de seus interesses particulares.

Um caso como a tragédia de Realengo reúne interesse público e interesse do público em grau máximo. Como combater a circulação de armas no país? Como aumentar a segurança nas escolas? Como enfrentar o problema do bullying? São questões de interesse público e de interesse difuso do público.

Aquém delas, porém, há o fato trágico. Como fazer sua cobertura? Até onde saciar a curiosidade (mórbida) das pessoas? Até onde devassar o sofrimento das famílias? Deve-se expor sem limites os vídeos "preparatórios" do assassino? Deve-se preservar as crianças disso tudo? Até que ponto? E como?

Não há respostas conclusivas a essas perguntas. Mas não fazê-las, sob pretexto de que seriam ingênuas numa época de informação instantânea, equivaleria a deixar o jornalismo e suas opções fora do debate público. É preciso refletir melhor sobre os nossos critérios.

Sobretudo quando o jornalismo se converte em "infotainment" e parece inclinado a se guiar quase exclusivamente pelos interesses "do público". A superexposição midiática, apelativa e, afinal, monótona do assassino serve bem de exemplo. Nunca um vídeo foi tão visto e comentado. É contra esse espetáculo que deveríamos nos opor. Mesmo, ou principalmente, que isso nos pareça uma batalha perdida.

Fonte: Fernando de Barros e Silva, “O jornalista e o assassino”, Folha de S. Paulo, Opinião, 18/4/2011, p. 2.

sexta-feira, 15 de abril de 2011 | | 0 comentários

Tempos modernos



Homenagem a um gênio chamado Charles Spencer Chaplin. O ator, diretor, produtor e muito mais faria aniversário hoje se estivesse vivo. Em tempo: ele nasceu em 1889.

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Um poema (e uma lembrança)

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

(Castro Alves, "Navio Negreiro")

quinta-feira, 14 de abril de 2011 | | 1 comentários

Jornalismo online: cobrar ou não cobrar? (Pagar ou não pagar?)

Desde o último dia 28, o “The New York Times” – um dos principais jornais do mundo – retomou a cobrança por seu conteúdo na Internet. A iniciativa, que já havia sido anunciada em 2010, foi implantada inicialmente para leitores do Canadá, como teste. Agora chegou aos norte-americanos e a todo o mundo.

O NYT é um dos primeiros jornais a limitar o acesso ao seu conteúdo, uma medida polêmica e de resultado ainda incerto. Nos últimos anos, a liberação ou não do acesso aos sites foi um dos pontos mais discutidos pelos veículos de comunicação impressos. Ao mesmo tempo, eles iniciaram uma cruzada contra serviços de busca, como o Google, que utilizam conteúdos de terceiros para replicar em suas páginas de notícias (sem pagar por isso).

O fato é que o acesso irrestrito começou a se tornar insustentável – não exatamente para o meio digital, mas para o meio impresso. Restava, porém, as dúvidas: como reagiriam os internautas caso o conteúdo passasse a ser cobrado novamente? Estariam eles dispostos a pagar por isso?

O NYT pagou para ver. Numa carta aos leitores, o publisher do jornal, Arthur Sulzberger Jr. justificou da seguinte maneira a iniciativa de voltar a cobrar pelo conteúdo: “a introdução da assinatura digital é um investimento em nosso futuro”.

Sulzberger Jr. explicou: “Isto nos permitirá desenvolver novas fontes de receita para fortalecer nossa capacidade de continuar nossa missão jornalística bem como promover as inovações digitais que irão nos permitir oferecer um jornalismo de alta qualidade em qualquer ferramenta que você escolher”.

Seja como for, o publisher foi honesto ao dizer claramente a intenção de obter novas fontes de receita. Caberá agora aos leitores – do papel e do meio digital – conferir se o restante da promessa estará mesmo sendo cumprido.

De qualquer modo, a iniciativa coloca algumas perguntas: qual o custo do “jornalismo de alta qualidade”? Quem deve pagar por ele? Haverá outra forma de financiamento que não a cobrança pelo conteúdo online?

Em tempo: não é todo o conteúdo do NYT que passou a ser cobrado. Os leitores têm direito a um determinado número de artigos grátis por mês. As regras do sistema estão na carta escrita por Sulzberger Jr. aos leitores. Ela pode ser lida na íntegra aqui.

E você, pagaria pelo acesso ao conteúdo online de um jornal?

PS: acabei de ler um artigo sobre o mesmo tema no blog do Knight Center for Journalism in the Americas, ligado à Universidade do Texas. O título é "Diretor do jornal Dallas Morning News defende cobrança por conteúdo online". Para ler, clique aqui.

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O mundo pelas lentes de uma inglesa

Para apaixonados por fotografia como eu (embora não tenha a pretensão de ser fotógrafo), recomendo o acesso a dois sites incríveis. Neles, é possível encontrar o trabalho da inglesa Patrícia Rogers. Ela esbanja categoria ao clicar – em p&b e cores - lugares, paisagens e pessoas em situações do cotidiano.


As imagens em preto e branco, das quais Patrícia se diz apreciadora, são particularmente belas.

No site “On the set of New York”, a galeria traz 100 fotos que a inglesa fez da “capital do mundo”, a Big Apple norte-americana.

(Em tempo: o site é um filé para quem gosta de cinema. Ele traz detalhes dos locais de Nova York que serviram como cenário para diversos filmes ao longo das últimas décadas. É possível ver as cenas, encontrar a localização no mapa, ver informações sobre os filmes, etc.)


Pelo “On the set...”, é possível acessar o site oficial de Patrícia Rogers com centenas de imagens divididas em oito categorias: arquitetura, p&b, paisagens, macro, vida selvagem, rua, retratos e noite.

A inglesa se descreve como uma fotógrafa freelancer que busca imagens “vibrantes e criativas”. Ela defende o sistema digital, ao qual aderiu há anos, destacando a possibilidade de tirar muito mais fotos e de ver o resultado de imediato, o que permite aprimorar seu trabalho. Para os críticos do Photoshop, Patrícia considera que nenhuma foto é definitiva sem uma pós-produção (leia-se correções, retoques ou acréscimos artísticos).

Vale a pena conferir o trabalho dela.

PS: para quem, além de fotos, é apaixonado por viagens, os dois sites são um prato cheio!

* Imagens retiradas do site “On the set of New York”

quarta-feira, 13 de abril de 2011 | | 0 comentários

De novo, as redes sociais

Qual o papel da mídia em tempo de redes sociais? Esta seja talvez uma das perguntas mais frequentes nas universidades e meios de comunicação. Uma pergunta que vem recebendo muitas respostas, nenhuma definitiva. Até porque neste “admirável mundo novo” da web, as respostas costumam durar o tempo de um “big bang”, ou seja, uma fração de segundo. O que vale para agora pode não mais valer para... agora (isto mesmo, os poucos segundos que se passaram entre a digitação de umas poucas palavras).

Este assunto vem atormentando e intrigando pesquisadores e profissionais da mídia há anos. Teorias diversas foram expostas à arena dos leões. Apocalípticos veem nas redes sociais o capítulo derradeiro da saga da imprensa dita tradicional. Outros, por sua vez, enxergam um mundo novo de possibilidades se abrindo. Talvez um e outro estejam certos – as redes sociais são mesmo o fim e o começo. Só não se sabe exatamente do que. Seria uma nova era?

Já escrevi sobre este tema neste blog no episódio da queda de parte do teto do Shopping Pátio Limeira (veja aqui). Decidi retomá-lo diante de algumas manifestações que ouvi e vivi desde então. Tenho notado, como receptor de informações, que os primeiros relatos dos acontecimentos estão chegando sempre pelas redes sociais – notadamente o Twitter. Assim foi com a morte de Elizabeth Taylor e o massacre de Realengo, só para ficar em dois fatos recentes.

Isto se deve à velocidade da propagação da informação nas redes sociais, fruto da quantidade de gente interligada – como emissoras e receptoras.

Obviamente, como já discutido na postagem anterior quando do incidente no shopping, trata-se de relatos muitas vezes sem precisão, o que tem me levado aos meios tradicionais de informação – TV, jornal e sites de notícias – para confirmar os eventos e obter mais detalhes. Ainda assim, não deixa de ser interessante que por meio de 140 caracteres, em qualquer lugar que se esteja, seja possível estar minimamente informado.

E não é só o mundo da informação que está sendo afetado (esta palavra me parece mais neutra e cautelosa para algo que não se sabe o fim). Até o meio de sustentação da mídia – a propaganda – está descobrindo novos caminhos nas redes sociais.

No último domingo, fui a um café e a proprietária ofereceu um novo produto, um bolo (ou “cupcake’, os famosos bolos de xícara, como queiram). Qual não foi minha surpresa quando ela emendou ao apresentar a bandeja com quatro exemplares do produto: “só sobrou isso. Inventei de colocar no Facebook hoje e fez o maior sucesso...”. Sucesso de publicidade, sucesso de vendas, sucesso das redes sociais.

E assim caminha a comunicação, reinventando-se, recriando sua arte, buscando novas formas de contar histórias e vender produtos. Parece que está dando certo..., mas qual é o mesmo o papel da mídia em tempos de redes sociais?

(Sim, isto foi uma provocação!)

segunda-feira, 11 de abril de 2011 | | 0 comentários

"Tiro à ararinha"

"Rio", o desenho animado americano, mal estreou e já foi cobrado pelo que omitiu na tela. Ouvi resmungos de que o filme, uma esfuziante celebração da cidade, deixou de fora as mazelas, e que tudo nele é cartão-postal -o céu, o mar, o recorte das montanhas, as praias, o humor do carioca, as mulheres, a arquitetura. Não tem guerra de facções, nem batidas no morro, nem balas perdidas, nem mesmo bueiros explodindo.

Incrível como somos rigorosos. Quando se trata do nosso quintal, exigimos realismo e criticamos o estrangeiro que nos enxerga de forma ingênua e positiva. Já quando se trata desse estrangeiro e do que ele nos apresenta de si próprio, somos mais lenientes.

Quando Woody Allen rodou "Manhattan", em 1979, Nova York estava no auge da falência, sujeira, violência, insegurança e corrupção. Mas a NY que Woody mostrou foi um cenário de conto de fadas. E por que não? Afinal, "aquela" Manhattan também existia.

Cobra-se a falta de mazelas em "Rio", mas não se cobrou a falta dos cartões-postais em filmes de exploração da violência, como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite". No entanto, enquanto os tiroteios cruzavam a tela, os cartões-postais continuavam intocados na vida real e habitados pela maioria da população do Rio, que não vivia a "realidade" daqueles filmes.

Temos agora nova queixa: na trilha sonora de "Rio", não se ouve o "pancadão" do funk -como se este já fosse a nova música oficial da cidade, silenciando o samba, o choro e a bossa nova. Bem, em 1979 as ruas de Nova York estavam infestadas de disco music, break e hip-hop. Mas, para a trilha sonora de "Manhattan", Woody preferiu usar 13 melodias de George Gershwin, de ""S Wonderful" a "Rhapsody in Blue". Alguém se queixou?

O que a turma quer? A ararinha-azul abatida a tiros de fuzil ao sobrevoar a Rocinha, ao som da Tati Quebra-Barraco?

Fonte: Ruy Castro, "Folha de S. Paulo", Opinião, 11/4/2011.

quarta-feira, 6 de abril de 2011 | | 0 comentários

Saga lusitana

A crise chegou com tudo a Portugal. A antiga metrópole pede socorro. À antiga colônia, o Brasil. Ao mundo. Deixando de lado as agruras econômicas do povo, a situação não deixa de ser curiosa. Talvez este início de século 21 seja apenas a concretização de um processo iniciado 200 anos antes, com a transferência da família real de Lisboa para o Rio de Janeiro. Naquele momento, a então metrópole começava a perder importância política - a econômica já vinha sendo arranhada desde séculos antes.

Não vou discorrer aqui sobre a história de Portugal e do Brasil. Para saber mais sobre este processo, sobre o momento crucial em que a historia dos dois países se uniu e o destino de ambos mudou para sempre, recomendo a leitura dos dois livros do jornalista Laurentino Gomes, "1808" e "1822".

Quero falar do século 21. Notícias recentes vindas da corte, ou melhor, de Portugal, revelam uma situação dramática. Greves, desemprego altíssimo, renda em queda, déficit nas contas do país, falta de dinheiro. Fala-se abertamente, ainda que em tom de ironia, na anexação da antiga metrópole pelo Brasil. Obviamente, esta possibilidade não foi sequer cogitada nos círculos diplomáticos durante a recente visita da presidente Dilma Rousseff a Portugal, mas as vozes são ouvidas aqui e ali, nas ruas e nas páginas dos jornais.

Para a alma e o orgulho portugueses, trata-se de uma desfaçatez, uma desonra - como fora em 1807 a partida da corte para o Brasil fugindo das tropas de Napoleão. A verdade é que os portugueses nunca digeriram aquele episódio. Para muitos, dom João 6° não passa de um covarde traidor. Não é à toa que houve uma reação muito forte, quase um golpe de estado, exigindo a volta do rei para Portugal (de novo recomendo "1822").

O fato é que a decisão de dom João 6° - genial ou humilhante, conforme o ponto de vista - antecipou na então colônia um processo que viria mais dia, menos dia. Desde o início, em que pese a colonização predatória instalada pelos portugueses, o Brasil estava fadado a ser grande. E isto incomodou os portugueses.

Hoje, 200 anos depois, esse sentimento ainda é muito presente. Nas três vezes em que estive em Portugal, entre 2005 e 2007, presenciei várias manifestações de orgulho português. Um orgulho exacerbado porque, na realidade, contido. Desde 1808, quando a família real aqui aportou, a influência de Brasil sobre Portugal só cresceu. Em todas as áreas, da economia à cultura, passando pelo esporte.

Nos tempos modernos, isso se vê em vários momentos. Primeiro foi a invasão de dentistas brasileiros - ouvi alguém dizer que foram mais de 20 mil. Depois, a dos jogadores de futebol, que dominam os gramados lusos (a seleção nacional tem três brasileiros naturalizados, sem contar o técnico Luiz Felipe Scolari, que comandou o time durante anos). As prostitutas brasileiras também ocuparam seu espaço - o que faz, alias, muitos portugueses destratarem as mulheres do Brasil, conhecidas pelo "rebolado".

Até a língua pátria, quem diria, começou a mudar. Por influência das nossas telenovelas, sucessos em Portugal. Nossas gírias aos poucos começaram a ser incorporadas pelos jovens portugueses, para desgosto dos mais conservadores. E quando a dominação passa a ser cultural, como a dos EUA, a situação tende a se acentuar. Algo que os portugueses não querem aceitar.

Tudo isso, um processo histórico secular acentuado pela crise financeira atual, atinge diretamente a alma portuguesa (algo bem analisado pelo jornalista João Pereira Coutinho no artigo indicado abaixo).

Embora distantes geograficamente, portugueses e argentinos compartilham algo em comum: a melancolia típica de quem pretende ser novamente algo que um dia foi. Daí para uma certa soberba é um passo – e não é difícil encontrar argentinos e portugueses topetudos. Eles gostam de exaltar as glórias passadas (e ninguém mais vive do passado do que os portugueses, cuja alma ainda espera o retorno do rei dom Sebastião, e os argentinos, que vivem eternamente o legado de Eva e Perón). Consideram melhor tudo o que é local. Proclamam-se desenvolvidos e superiores. Ainda que inúmeras dificuldades batam à porta.

Ah, um último detalhe a uni-los: a soberba de um e outro está diretamente ligada ao crescimento do Brasil.

***

Para saber mais sobre a crise de Portugal, recomendo os artigos a seguir:

* Calote é a saída para Portugal – Clóvis Rossi

* Incerteza portuguesa – Vaguinaldo Marinheiro

* Sem governo e sem dinheiro, a festa acabou no país que vive das aparências – João Pereira Coutinho

terça-feira, 5 de abril de 2011 | | 0 comentários

Limeira? Faltou...

Um evento ocorrido na manhã desta terça-feira é o exemplo mais vivo do esquecimento de Limeira junto às esferas políticas estaduais. Pela terceira vez este ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Piracicaba. O objetivo foi lançar a obra do contorno da cidade, um novo anel viário com nove quilômetros de pistas duplas que vai custar R$ 78,1 milhões – dinheiro a ser investido pela concessionária Rodovias do Tietê.

Anel viário semelhante ao que Limeira luta há anos para tentar fazer com recursos próprios (o trecho da obra que teve um aporte de pouco mais de R$ 6 milhões do Estado está parado há meses...).


Durante a visita, o governador anunciou a abertura de licitação para a duplicação de 5,5 quilômetros da Rodovia SP-308, entre Piracicaba e Charqueada. O total a ser investido é de R$ 27,5 milhões, recursos dos cofres estaduais. Numa tacada só, mais de R$ 100 milhões de investimentos.


Muito disso se deve à instalação – com apoio do governo estadual – de uma unidade da montadora coreana Hyundai em Piracicaba (o anel viário dá acesso à futura fábrica).

 Nos discursos, deputados com base eleitoral em Piracicaba – como Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB, federal) e Roberto Morais (PPS, estadual) – destacaram o trabalho político de bastidores feito junto ao governo do Estado para garantir os investimentos. Trabalho reforçado pelo prefeito da cidade, Barjas Negri, expoente do PSDB paulista, ex-ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso e ex-secretário de Habitação no governo Alckmin.


Limeira, como se sabe, há anos carece de representatividade na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Desde 1998, quando os então deputados Elza Tank (estadual) e Jurandyr Paixão Filho, o Jurinha (federal), deixaram seus postos, a cidade contou só com a presença recente do pastor Otoniel de Lima (PRB), deputado estadual entre 2007 e 2010 e agora federal.

Otoniel, registre-se, eleito muito mais por sua representatividade junto à igreja da qual faz parte do que pela cidade que o acolheu (onde teve 4.090 de um total de 95.971 votos, ou seja, apenas 4% da sua votação partiu de Limeira).

Não bastasse a falta de representatividade política, o diálogo entre Otoniel e o prefeito de Limeira, Silvio Félix (PDT), caminha mal. Aliás, é exagero falar em diálogo – o deputado reclamou publicamente de não ter sequer recebido um telefonema do prefeito após a conquista de uma vaga no Congresso.

Para se somar a estes problemas, Félix optou por confrontar o então candidato Alckmin e o tucanato estadual durante a campanha de 2010 (leia aqui). E, fechando a história, o prefeito de Limeira não esteve no evento desta terça em Piracicaba (ao contrário de outros prefeitos, que prestigiaram a visita do governador) e sequer enviou um representante.

Arrisco-me a dizer que Limeira era a única cidade da região sem representante de nenhum poder (Executivo ou Legislativo) nem de entidades. NENHUM!

O único limeirense no evento foi o presidente do diretório municipal do PSDB, José Vanderlei de Carvalho. De Iracemápolis, por exemplo, estavam o vice-prefeito Denílson Granso (PMDB) e o vereador Cláudio Cosenza Filho (PSDB).

Deste jeito, não dá para Limeira reclamar da falta de prestígio. Afinal, para o governador, a cidade sequer “existiu” em sua visita.

Alckmin, aliás, rasgou elogios à cidade anfitriã. “Sou pindamonhangabense, mas apaixonado por Piracicaba. Tem cidade mais bonita do que Piracicaba?”. E, no encerramento do discurso, emendou: “Agora só falta o XV (de Piracicaba, tradicional time local) subir!”. Recebeu aplausos.


Em tempo 1: como chefe do Executivo e defensor dos interesses da cidade, Félix deveria deixar o estrelismo de lado e participar da recepção ao governador. Ou ele acha que sua atitude prepotente vai dar resultado para a cidade?

Em tempo 2: a obra do contorno de Piracicaba deve gerar dois mil empregos entre diretos e indiretos.

PS: a foto abaixo é para mostrar como a vida de jornalista é fácil...

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Trabalhadores e trabalhadores...

Para quem não entende os motivos do propalado rombo da Previdência Social, leia o trecho a seguir de uma entrevista dada pelo ministro Garibaldi Alves Filho ao jornal “O Estado de S. Paulo” no último dia 3 de abril.

“Há uma grave distorção (entre a previdência do servidor público e a da iniciativa privada) e o País perdeu a capacidade, às vezes, de se indignar. Os servidores não chegam a 1 milhão de pessoas e a necessidade de financiamento é de R$ 52 bilhões. Por outro lado, a outra Previdência (INSS) tem necessidade R$ 42 bilhões para beneficiar 24 milhões de pessoas. Não responsabilizo os servidores. Para mim, está muito claro que as vantagens atribuídas aos servidores no curso de suas carreiras, como as incorporações de vencimentos, acabaram gerando essa distorção. É essa despesa que o País não pode continuar a pagar. Por isso existe o projeto criando um fundo de pensão para os servidores. Hoje os servidores não têm teto de aposentadoria (no INSS é de R$ 3.689).”


O que o ministro chama de “grave distorção” é, via de regra, privilégio. Basta reparar que os servidores não têm, ao contrário dos demais trabalhadores, um teto para a aposentadoria.


E eu ainda achava que, conforme o artigo 5° da Constituição Brasileira, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.


* Para ler a íntegra da entrevista, clique
aqui.

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"Taxar os carros”

Pego o carro em casa e em 10, no máximo 15 minutos estaciono na garagem da Folha. Eventualmente faço o percurso a pé - uma caminhada de menos de 40 minutos. Ônibus? Metrô? Jamais.

Sou mais um paulistano acomodado a esbravejar contra o trânsito infernal da cidade. "Mas o transporte público não nos dá alternativa, é precário, de péssima qualidade" - é muito comum ouvir isso na classe média motorizada. Uma meia verdade que serve como álibi.

Público, para nós, não designa aquilo que é comum, a que todos têm direito, mas aquilo a que estão condenados os que não podem pagar pelo serviço privado. Vale para a escola particular, vale para o plano de saúde, vale para o carro...

É óbvio que os 70 km de metrô existentes na cidade são insuficientes (o dobro disso seria razoável). É sabido que o transporte público é deficiente. Mas isso vale sobretudo para a periferia. É o ônibus do morador do Grajaú que passa sempre atrasado e vive superlotado.

Em termos de conforto, é claro que nada substitui o carrinho -horários flexíveis, som à la carte, privacidade. Mais do que um meio de transporte, ele é um modo de vida. Encapsulados ali, travamos nas ruas uma espécie de guerra hobbesiana, de todos contra todos.

Mas veja que coisa: na liberal Inglaterra, 93% dos londrinos fazem uso do transporte público. Os estacionamentos foram proibidos nas regiões centrais da cidade e quem circula por ali paga um pedágio. Foi o arquiteto Richard Rogers, criador do Beaubourg, de Paris, quem lembrou isso à Folha nesta semana.

Por que não taxar a circulação de carros nas regiões mais saturadas da cidade? Que prefeito bancaria isso? Logo desconfiamos que o dinheiro não seria usado para financiar a melhoria do transporte coletivo e ainda lembramos que muitos políticos são só larápios de gravata.


Essa talvez seja uma verdade e meia. Mas é também um álibi para que tudo fique como está. Ou piore.


Fonte: Fernando de Barros e Silva, "Folha de S. Paulo", Opinião, p. 2, 2/4/2011.

sexta-feira, 1 de abril de 2011 | | 0 comentários

Santos: natureza e história

Quem pensa que Santos só atrai turistas por conta de suas praias está bastante enganado. A cidade, a 83 quilômetros da capital, tem muitas opções de lazer além do mar, como os prédios históricos, o passeio de bonde, o porto, a Vila Belmiro - estádio do time da baixada santista - e o orquidário municipal.

Visitar o porto ou o prédio da Alfândega pode ser uma boa opção de passeio. O local onde hoje ela funciona, na Praça da República, data de 1930 e passou por uma reforma em 2003. E depois disso, para continuar conhecendo a arquitetura e a história local, o turista pode passar pela Bolsa do Café, localizada num edifício ainda mais antigo, de 1922, construído em homenagem ao centenário da Independência do País. Era ali onde ficava a Bolsa Oficial, que servia para controlar, centralizar e organizar as operações comerciais envolvendo o café. Hoje, suas dependências funcionam como museu.

 Além disso, a Cadeia Velha, desativada e tomada em 1981, serviu de abrigo para as tropas brasileiras que lutavam na Guerra do Paraguai. Detalhe: nessa época, 1865, o prédio - que também é conhecido como Casa de Câmara e Cadeia - ainda estava em fase de construção. Outro ponto turístico que conta mais da história local é o Paço Municipal. O Palácio José Bonifácio, que o abriga, foi construído entre 1937 e 1939 e foi inspirado nas linhas clássicas dos prédios públicos gregos.

O Correio e Telegrapho teve seu prédio inaugurado em 30 de novembro de 1924, tem quatro pavimentos, conta com três portas em arco na fachada principal e foi reformado em 1988.

Localizada no Centro Histórico de Santos, a Rua do Comércio ainda guarda o charme do período colonial, ressaltada pelo projeto de revitalização. Já no Largo Marquês de Monte Alegre, o turista pode visitar os casarões do Valongo que tiveram seu auge na metade do século 20. Após revitalização do bairro, a Secretaria Municipal de Turismo se instalou por lá.

Mas quem mesmo assim ainda quiser dar um passeio perto do mar, o Jardim da Orla, que se extende do José Menino até a Ponta da Praia, com seus 5.335m de comprimento, largura de 50m e 218.800 m2 de gramados, alamedas de palmeiras e mais de 70 espécies de flores, é reconhecido como o maior de praia do mundo pelo Guinnes World Records. Ainda há o Aquário Municipal que foi recentemente reformado e ampliado, sendo hoje a atração turística mais visitada da cidade. Reúne mais de 4.000 animais entre peixes, aves, répteis, anfibios e mamíferos de água doce e salgada.

Quem quiser continuar conhecendo plantas e animais, pode esticar o passeio e dar um pulo ao Orquidário Municipal. Seu lago abriga carpas, tartarugas e recebe aves migratórias. Diversos animais passeiam livre, como cotias, jabutis e saracuras. Num viveiro, é possível a interação de visitantes com tucanos, flamingos, socós, frangos d'água, entre outros.

A viagem pode ficar ainda mais divertida com uma voltinha no Bonde Turístico. Primeira cidade a ter um serviço de bondes (1871), Santos ainda mantém a tradição. Além da linha turística, um dos bondes que serviram a cidade funciona como centro de apoio aos turistas na Praia do Gonzaga, junto à Praça das Bandeiras.


Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo

* As fotos são de Rubens Chiri e Miguel Schincariol

PS: para ler mais sobre turismo, acesse o meu blog Piscitas - Travel & Fun.

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"Livros"

Eram várias filas de meninos e meninas, quase todos negros e de famílias pobres, que organizadamente saíam da escola. Um detalhe fez com que essa fosse para mim uma das mais inesquecíveis imagens de indivíduos que se transformam, apesar de todos os obstáculos, em seres apaixonados pelo prazer de aprender.

Muitas daquelas crianças, embrulhadas em imensos casacos e carregando pesadas mochilas, tinham dificuldade de caminhar. E por um simples motivo: estavam entretidas lendo livros enquanto andavam. Nem quando desciam as escadas interrompiam a leitura, segurando o corrimão com a mão livre.


Naturalmente, ninguém tinha pedido a eles que lessem coisa alguma, afinal isso seria um convite a tropeções.


A imagem se torna ainda mais interessante quando sabemos que o bairro onde fica essa escola em Nova York, chamado Crown Heights, é povoado de gangues, drogas, casos de gravidez precoce e famílias desestruturadas. A maioria dos adolescentes não consegue completar o ensino médio e os que conseguem têm notas ruins, o que os impede de ir para as melhores faculdades.


Não é difícil entender a cena quando se está sentado diante do diretor dessa escola pública, chamada Always Mentally Prepared Academy (traduzindo livremente, Academia das Mentes Sempre Preparadas).


Negro, com cabelos trançados, Ky Adderley foi treinado durante um ano em algumas das melhores universidades americanas para desenvolver a habilidade de gestão. Assim, aprendeu a recrutar equipes, estimular os professores, economizar dinheiro e trabalhar com metas. "As notas não são minha grande meta, apesar de serem o jeito de sermos avaliados. Nossos alunos têm notas altas. Minha meta é que sejam pessoas autônomas e com gosto por aprender."


A melhor tradução do sucesso dessa escola está num simples número: 70% dos alunos conseguem entrar na faculdade.


Desde o primeiro dia na escola, a criança recebe uma camiseta com um número grande escrito nas costas. É o ano em que ela vai entrar na faculdade. "Não é apenas o estudante que entra na nossa escola. A família entra junto", conta Ky, dizendo que é feito um trabalho especial com os pais para compartilhar os desafios.


As salas de aula têm nomes de universidades. Durante os feriados ou nas férias, são programadas viagens para várias dessas instituições.


Como está numa escola pública independente (recebe dinheiro do governo, mas pode escolher o currículo e os professores), Ky pode demitir o professor que não funciona.


Muitas vezes, ele fica no fundo da sala assistindo às aulas e, depois, conversa com os professores para ajudar a explicar as matérias. "Como sempre gostei de esporte, trouxe esse técnica inspirado nos técnicos", conta.


No dia em que eu estava lá, ele protagonizou uma cena insólita. No fundo da sala, Ky dava dicas em tempo real usando um quase imperceptível microfone para se comunicador com o professor, que tinha um receptor no ouvido. "Aprendi que, se cuidamos diariamente dos pequenos problemas, mesmo que pareçam insignificantes, eles não ficam grandes."


Os sinais da busca da excelência, da necessidade de esforço e do encanto do aprender estão em todos os lugares. Estão nas salas arrumadas e coloridas, estão nos corredores onde se pode ouvir tanto o som de jazz contemporâneo como obras clássicas e até música brasileira. "Sou louco pelo Brasil, especialmente pela Bahia."


As paredes dos corredores estão forradas de frases e ensinamentos de pensadores e escritores, como se fossem um livro aberto.


Assim, fica fácil explicar aquela cena na fila: se o livro entra vida das pessoas, as pessoas entram na vida dos livros.

PS - Uma ironia. Naquela escola, existe um professor baiano (Sabiá Silveira) que dá aula de capoeira. Ele transformou nossa luta-dança em fonte de ensinamentos sobre diversidade cultural, equilíbrio emocional, física e geometria. Ainda dá aula de português. Tive de viajar para tão longe do Brasil para ver o melhor uso da capoeira na educação.


Fonte: Gilberto Dimenstein, “Folha de S. Paulo”, Cotidiano, 27/3/2011.

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Novidade

Num intervalo entre as reuniões do Clube Erdinger, experimentei a Cevada Pura.

É boa – e é de Piracicaba! Para mais informações, clique aqui.