A seguir, reportagem feita por Summer Harlow para o blog do Knight Center for Journalism in the Americas, postada em 8/6/2012:
A primeira vez que Isabela Horta ouviu falar sobre Reportagem com Auxílio do Computador foi durante uma palestra da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Na Universidade de Brasília, onde ela estuda, a técnica é relativamente nova e ensinada somente por poucos professores, ela disse.
Isabela, estagiária do canal SBT, decidiu então se inscrever no curso Introdução para Reportagem com Auxílio de Computador, oferecido online pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. O curso foi ministrado pelo jornalista brasileiro José Roberto de Toledo, de 12 de abril a 9 de maio de 2010.
(...) "Não dá pra contar tudo que aprendi. Todo dia era um conhecimento novo", disse Horta.
O curso online em português teve como público-alvo jornalistas interessados em aprender como conduzir investigações usando o computador. Durante o curso, que já foi oferecido três vezes pelo Centro Knight, os jornalistas aprenderam técnicas avançadas de busca pela internet, como criar base de dados e como utilizar o Excel para analisar informações.
O jornalista Rodrigo Piscitelli disse que participou do curso por necessidade e curiosidade: "A enorme quantidade de informações e ferramentas disponíveis na internet não podem ser ignoradas pelos jornalistas, sob risco destes se tornarem arcaicos nos 'novos tempos'", disse Piscitelli, que hoje trabalha em um noticiário de TV e leciona jornalismo.
Toledo, instrutor do curso, afirmou estar impressionado com o alto nível de participação dos estudantes, tanto nas discussões em fóruns online quanto nas tarefas solicitadas. "Além das técnicas de pesquisa, cálculo e montagem de bancos de dados", disse ele, "espero que os estudantes tenham aprendido a desenvolver um método de trabalho para filtrar, organizar, conectar e sintetizar informações. Pelo desempenho nos exercícios, eu acredito que uma boa parte atingiu esse objetivo."
Para Horta, a parte mais interessante do curso foi aprender sobre o Atlas do Desenvolvimento Humano. "Fiquei impressionada com as tabelas e as ferramentas que o Atlas apresenta," ela disse. "Quando fazia os exercícios já pensava em reportagens, e aguardo com ansiedade a atualização do programa, com o censo 2010. Mas o mais importante foi aprender a cruzar dados e 'entrevistar os números', descobrindo as informações e notícias que eles podem ter."
Piscitelli também disse ter percebido a importância do que os dados podem revelar quando se aprende a buscá-los: "Descobrir a importância de organizar bancos de dados e saber como usá-los é essencial no jornalismo, seja para agilizar o trabalho (na medida em que facilita o encontro de informações), diversificar as fontes e permitir análises mais amplas de um determinado assunto."
Os dois jornalistas disseram que as técnicas aprendidas no curso serão usadas diariamente em seus empregos. Isabela mencionou que usará em seu trabalho "tudo" o que aprendeu em aula. Ela mencionou como exemplo a cobertura das próximas eleições.
Se levarmos em conta que a informação pública está se tornando cada vez mais transparente, e que a cada dia os governos postam mais dados na Internet, disse Piscitelli, o curso do Centro Knight possibilitou um maior conhecimento sobre onde encontrar e comparar dados preciosos.
Toledo destacou que o curso foi um aprendizado para ele também: "Sempre se aprende algo novo: um site, um programa, um software, um jeito diferente de fazer algo que já fazemos, ou recordar algo que estava esquecido," ele disse. "Este curso não foi exceção. E a turma trocou ótimas dicas de sites de informação, das quais eu me beneficiei." Toledo é um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e pioneiro no uso de Reportagem com o Auxílio do Computador no Brasil.
O Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas em Austin, foi criado em 2002 pelo professor Rosental Calmon Alves. Graças às generosas doações da Fundação John S. e James L. Kinght, o centro tem auxiliado milhares de jornalistas da América Latina e Caribe. (...)
* Para ler a versão em inglês, clique aqui.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 09:30 | 0 comentários
A matéria - relembrando (3)
Marcadores: curso, jornalismo, Knight Center
quinta-feira, 5 de julho de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 21:07 | 0 comentários
O alvo: jornalistas
A maior parte dos crimes contra jornalistas é cometida por políticos e policiais, informou a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) em audiência pública da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado realizada na terça-feira, 3 de julho, segundo a Agência Câmara de Notícias.
A Fenaj também alertou para o alto número de jornalistas assassinados no Brasil em 2012, quando seis profissionais já morreram por causas relacionadas à profissão.
Na audiência, também foram discutidas propostas para reforçar a segurança dos profissionais de imprensa no país. A Polícia Federal garantiu estudar alternativas, embora organizações do setor tenham reivindicado a aprovação da lei de federalização das investigações de crimes contra jornalistas, informou o Estado de Minas, com informações da Agência Estado.
O projeto da lei prevê a investigação de crimes contra a atividade jornalística pela Polícia Federal é de autoria do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB). No entanto, durante a audiência, o delegado-chefe da Divisão de Direitos Humanos da PF, Delano Cerqueira, disse que a federalização dos crimes não é suficiente e que é preciso oferecer outras "ferramentas legislativas" aos policiais, como a delação premiada, noticiou o G1.
O projeto de lei atualmente tramita na Câmara Federal, segundo o Diário de São Paulo.
Fonte: Isabela Fraga, "Maioria dos crimes contra jornalistas é cometida por agentes do poder público, afirma Fenaj", blog "Jornalismo nas Américas", Knight Center for Journalism in the Americas.
Marcadores: blog, jornalismo, jornalista, Knight Center, profissão, violência
sexta-feira, 15 de junho de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 09:24 | 0 comentários
Profissão: perigo
O último domingo, 3 de junho, marcou os 10 anos da morte do jornalista brasileiro Tim Lopes, torturado e assassinado enquanto fazia uma reportagem investigativa numa favela carioca. Ao final desta mesma década, entretanto, 2012 já é considerado o ano mais violento para jornalistas brasileiros, informou o jornal Estado de São Paulo. Em apenas cinco meses, quatro jornalistas já foram assassinados por causas relacionadas à profissão.
(...) "Houve sim uma mudança de comportamento das empresas de comunicação e dos próprios jornalistas em relação à cobertura jornalística de conflitos e de investigações", disse (Bruno) Quintella (jornalista, filho de Tim Lopes) em entrevista por telefone ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
No entanto, para o jornalista, apesar de as empresas terem incorporado aparatos de proteção no seu cotidiano – coletes, capacetes etc. –, ainda há uma concorrência interna que por vezes incita os jornalistas a passar por riscos desnecessários. "Se dois repórteres vão cobrir uma mesma pauta e um se arrisca muito para gravar boas imagens, a empresa vai colocar os registros no ar mesmo assim, e o repórter que não se arriscou vai ser impelido a se arriscar na próxima vez. Nenhum chefe fala 'não vou publicar'", opina.
Quintella também chama atenção para uma diferença entre os tipos de crime contra jornalistas: aqueles que acontecem durante confrontos armados (guerras, tiroteios etc.) e os de retaliação. O número de mortes de repórteres em crimes de retaliação é maior do que aqueles ocorridos durante confrontos armados. "Há treinamentos para jornalistas em situações de conflitos, como guerras, mas não para situações de retaliação bastante comuns em reportagens investigativas, de denúncias", alerta Quintella.
(...) Quintella exibiu trechos do documentário sobre seu pai, que será lançado no final de 2012. Intitulado "Histórias de Arcanjo - um documentário sobre Tim Lopes", o filme faz referência ao nome verdadeiro do repórter: Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento. Segundo Quintella, aliás, era esse o nome que Lopes dava para fontes em reportagens investigativas para a Rede Globo.
Fonte: Isabela Fraga, "10 anos após a morte do repórter Tim Lopes, 2012 já é o ano mais perigoso para jornalistas brasileiros", blog Jornalismo nas Américas (Knight Center for Journalism in the Americas).
Marcadores: jornalismo, jornalista, Knight Center, Tim Lopes
sexta-feira, 11 de maio de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 21:36 | 0 comentários
"Como pensar o texto para a mídia digital?"
O consumo de notícias online
vem ganhando importância ao redor do mundo, com exponencial aumento de
audiência e investimento. Nos EUA, veículos digitais já dão mais lucro com
conteúdo e publicidade que os meios tradicionais e no Brasil, a tendência é que
o mesmo ocorra em 2015. Contudo, nem todos os profissionais que lidam com
notícias estão preparados para adaptar seus textos do papel para a tela,
levando em conta a forma como o leitor lê na internet.
A “via crucis” para alguns jornalistas, no entanto, é ter de abrir mão de seu estilo próprio. “Em webwriting, ‘estilo’ é algo com que você se preocupa depois que conseguiu produzir um conteúdo que atenda a todos os requisitos necessários à sua visualização e consumo”. alerta Rodrigues, em conversa com o Centro Knight.
Segundo o consultor, há quatro princípios básicos na escrita para a web:
- Persuasão: criar mecanismos de interesse pela informação produzida, e muito além de pensar em um texto 'bem escrito', que é condição “sine qua non”;
- Objetividade: dar aos usuários os aspectos da informação que o leitor deseja, sem “despejar” detalhes desnecessários;
- Visibilidade: tentar trabalhar com “camadas” em um site, oferecendo informações aos poucos, porém sem criar uma estrutura muito profunda;
- Navegabilidade: usar a informação como recurso de orientação em um site, ajudando o usuário a cruzar informações e produzir conhecimento.
Há diversos artigos que dão noções básicas de como aplicar as técnicas de webwriting. Alguns sites e organizações oferecem treinamentos voltados a melhorar a qualidade do texto online, como o Poynter Institute, o britânico Writingfortheweb e a HTML WritersGuild. Para quem está começando, a Radio Television Digital News Association (RTDNA) apresenta dicas em slides para "Melhorar a escrita para web em 30 minutos".
Também é possível encontrar webinários sobre o assunto. O site britânico eCPD Webinars oferece um sobre escrita e tradução para a web, que ocorrerá no dia 11 de abril, em inglês. A StateImpact dispõe de um seminário online em vídeo sobre Webwriting para radiodifusores.
Além disso, a Biblioteca Virtual do Centro Knight guarda vários títulos sobre webjornalismo e webwriting, todos disponíveis gratuitamente para download.
Ao escrever para a web, também é preciso estar atento às técnicas de SEO (do inglês Search Engine Optimization) para que seu texto seja encontrado com mais facilidade. Para isso, existem algumas dicas simples, como repetir palavras-chave, criar hiperlinks com palavras relevantes e construir títulos precisos.
O Google disponibiliza online um manual básico de SEO, com dicas que vão desde medidas básicas na estrutura do texto até a forma certa de promoção de sites. Também há cursos de SEO disponíveis, como o curso gratuito do SEO Master, site que ensina e faz consultoria sobre o assunto.
Sobre a forma como os algoritmos de busca influenciam o conteúdo digital, Rodrigues afirma: “Ele (SEO) dita 100% a produção de conteúdo e este é um caminho sem volta. Achar o conteúdo é tudo o que o usuário da web deseja - e exige”.
Fonte: Eric Andriolo, blog “Jornalismonas Américas”, do Knight Center for Journalism in the Américas.
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segunda-feira, 26 de março de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 08:55 | 0 comentários
Situação da Imprensa 2012 - novo relatório
Os dispositivos móveis desempenham um papel cada vez mais importante no consumo de notícias, enquanto o Twitter e o Facebook são pouco utilizados para tal, segundo o relatório Situação da Imprensa 2012, publicado no dia 19 de março pelo Projeto pela Excelência no Jornalismo do Centro de Pesquisas Pew. O estudo concluiu que as redes sociais são fontes de informação complementares, não substitutas, destacando, ainda, a importância dos agregadores no consumo de notícias.
Segundo o estudo, mais de um quarto (27%) dos americanos se informa por meio de dispositivos móveis, sendo que 44% dos adultos possuem um smartphone e aproximadamente 20%, um tablet. O volume de notícias consumidas pelas americanos parece estar aumentando, indica o relatório.
No entanto, o crescimento da audiência online não está compensando a queda na circulação dos veículos impressos, visto que, "em 2011, as perdas com publicidade superaram os ganhos com o digital", de acordo com o relatório. "Em suma, a indústria das notícias não está mais perto de um novo modelo de faturamento do que estava há um ano e perdeu mais terreno para os rivais na indústria tecnológica. Porém, cada vez mais evidências sugerem que as notícias estão se tornando uma parte importante da vida das pessoas. Isso, no fim das contas, poderá garantir o futuro do jornalismo".
Entre outras conclusões e tendências apontadas pelo estudo estão:
- Os dispositivos móveis aumentaram em 9% o tráfego nos sites de grandes jornais.
- 54% dos americanos usam ativamente o Facebook, passando 14 vezes mais tempo na rede social do que em grande sites de notícias a cada mês.
- Apenas 9% dos consumidores de notícias digitais dizem que "muito frequentemente" se informam por links postados no Facebook e no Twitter, enquanto 36% disseram ir diretamente aos sites de notícias. Já 32% usam serviços de busca e 29% frequentemente se informam por meio de agregadores.
- Pela primeira vez em uma década, a audiência da TV cresceu: o aumento foi de 4,5%.
- Mais 100 jornais deverão lançar sistemas de cobrança pelo acesso ao conteúdo digital, os chamados "paywalls", nos próximos meses, juntando-se ao cerca de 150 que já cobram pelas notícias online.
Fonte: Summer Harlow/AP, "Importância dos dispositivos móveis no consumo de notícias é cada vez maior, diz estudo", Blog Jornalismo nas Américas (Knight Center for Journalism in the Americas).
Marcadores: jornalismo, Knight Center, revolução digital