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terça-feira, 15 de maio de 2012 | | 0 comentários

"Next in line!" (uma pequena crônica)

“Time is money”. Por isso, lentidão é quase proibida nos Estados Unidos. No país das redes “fast-food”, ser “fast” é uma imposição. Nas lanchonetes, restaurantes e lojas, o atendimento costuma ser tão rápido que às vezes mal dá tempo de oferecer as moedas como pagamento para evitar um troco “quebrado”.

Você, cliente, tenta dizer: “talvez eu tenha 34 centavos...”. E quando vê o caixa já registrou o valor e o troco “quebrado”. Porque um outro cliente tem que ser atendido, a fila tem literalmente que andar, o dinheiro precisa girar, o estabelecimento faturar, a economia crescer e o capitalismo vencer.

Às vezes, a pressa provoca cenas engraçadas. No Aeroporto Ronald Reagan, em Washington D.C., enquanto aguardava o embarque, comecei a reparar na fila do quiosque de café. No caixa, uma mulher rechonchuda, braços gordos e longos, andar difícil e desajeitado, repetia exaustivamente as mesmas três palavras, tal qual o refrão de uma música: “Next in line”.

E ai se o próximo cliente não surgisse na frente da mulher em três segundos. Vinha um novo “Next in line”, agora mais impaciente.

Carregando os óculos na ponta do nariz, com seus cabelos grisalhos presos por uma tiara, a atendente se debruçava sobre o balcão, esparramando-se, e rapidamente registrava o valor dos produtos, anunciava o total e empurrava tudo de volta para o cliente. Garrafas, pães, salgados, café.

Ah, o café. Sempre que alguém pedia algo que exigia preparação, lá ia a mulher arrastando-se pelo pequeno espaço entre o balcão e as máquinas que preparam cafés, achocolatados, empunhando o mal-humor porque, por um breve período, teria que deixar a fila parada. E fila parada é sinônimo de prejuízo.

Então, se você ainda precisa pagar sua compra, preste atenção: quando ouvir “Next in line!”, apresse-se. Afinal, “time is money”.

segunda-feira, 20 de junho de 2011 | | 0 comentários

"O tempo"

A coisa mais misteriosa que existe: o tempo.

O tempo acaba com tudo: com as árvores, com as montanhas, com as pedras, com a água - que se evapora -, com os sentimentos, com os bichos, com os homens.

O tempo acaba com o vigor físico, com o paladar, com o olfato, com o interesse pelas coisas; com a vontade de viajar, de comprar uma roupa nova, de reencontrar um velho amigo, até com a vontade de viver. É cruel, o tempo.

Quem se salva do passar do tempo? Os que não pensam, talvez, ou talvez os que só pensem no momento, aquele que estão vivendo; mas mesmo assim podem pensar que já viveram momentos parecidos e muito melhores que nunca mais vão se repetir, por culpa do tempo.

Qual de nós não foi mais feliz do que agora? E se não éramos, achávamos que iríamos ser um dia, quando tivéssemos mais dinheiro, quando encontrássemos o verdadeiro amor, quando tivéssemos filhos, quando eles crescessem, quando, quando, quando. E agora, você espera exatamente o quê, e a culpa é de quem? Apenas do tempo.

Dele, nada escapa: é o tempo que acaba com os grandes amores, e com os grandes entusiasmos que não resistem a ele, que passa e passa. Não são as coisas que passam: é ele.

Passar é modo de dizer: quando se está muito feliz, ele voa, e quando se está esperando muito por alguma coisa, é como se ele tivesse parado.

É como se estivesse sempre contra nós, e quando acontece de se ter uma vida razoavelmente feliz, um dia se vê que ela já passou, e com que rapidez.

Mas o tempo às vezes é amigo; quando se tem uma grande dor, não há dinheiro, viagens, distrações, trabalho ou aventuras que ajudem: só o tempo.

Não chega a ser um tratamento de choque, rápido, como se gostaria; é uma coisa vaga, lenta, que não dá nem para perceber que está acontecendo, mas um dia você acorda e se dá conta de que o sol está brilhando - coisa que passou meses sem perceber que acontecia diariamente -, se olha no espelho, tem uma súbita vontade de abrir a janela e respirar fundo.

Ainda não sabe, mas está salva. E um dia, muito depois, vai saber que foi o tempo, e só ele, que a salvou.

Nunca se pensa no poder do tempo, do quanto ele comanda nossa vida; também nunca se pensa no quanto ele é precioso, mas um dia você vai lembrar que ele passou e não volta mais. Lembra quando você tinha 20, 30 anos, e se achava infeliz? Se achava, não: era mesmo.

E quando era adolescente, não era também profundamente infeliz, como é obrigação de todos os adolescentes?

Mas será que ninguém tem um tio, desses meio doidos que todo mundo tem, que pegue um desses meninos ou meninas de 13, 15 anos, sacuda pelos ombros e diga "pare de achar que tem problemas, viva sua juventude, não perca tempo sendo complicada, neurótica, reclamando que sua mãe não te entende e que seu pai não te dá a devida atenção. Danem-se seu pai e sua mãe, aproveite a vida".

Para ter uma maturidade com poucos arrependimentos, é preciso não perder tempo, e mesmo fazendo uma bobagem atrás da outra, é melhor do que não fazer nada. Os pais querem que os filhos estudem para ter uma profissão, e estão certos; mas quem vai dizer aos adolescentes para eles aproveitarem o tempo para serem felizes em todos os minutos da vida? Quem?

PS - Quando terminei de escrever esta crônica, lembrei de uma entrevista que fiz há mais de 20 anos com Pedro Nava, dez dias antes de sua morte. Ele disse que os jovens, até 30 anos, não deveriam fazer nada, nem estudar, nem trabalhar, apenas viver a vida. Ele talvez tivesse razão.

Fonte: Danuza Leão, "Folha de S. Paulo", Cotidiano, 19/6/2011, p. C2.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011 | | 0 comentários

Mais crônicas direto de Nova York



Esta é mais uma matéria da série “Crônicas de Nova York”, assinada pela jornalista Giuliana Morrone, correspondente da TV Globo na cidade norte-americana. Já falei sobre o assunto neste blog (leia aqui). A série é exibida pelo “Jornal Hoje” aos sábados.

Das últimas matérias, separei outras três que me chamaram a atenção. Infelizmente, não consegui o código de incorporação dos vídeos. Portanto, eles podem ser acessados apenas pelos links a seguir:

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Nova York atrai fotógrafos de todo o mundo

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Cores e romantismo do outono transformam Nova York

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Escadas de incêndio são símbolo cultural de Nova York