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sábado, 20 de agosto de 2016 | | 0 comentários

Museu da Imigração

O belo jardim e o prédio histórico aberto em 1887 para receber os imigrantes chamam a atenção na divisa entre o Brás e a Mooca, na zona leste de São Paulo. 


Lá dentro, kits de barbear, objetos médicos, placas e fotos lembram as primeiras atividades dos dois milhões e meio de estrangeiros que passaram pela hospedaria em quase um século: o controle de saúde e o registro. Búlgaros, portugueses, ucranianos, japoneses, italianos, alemães... Pessoas que deixaram suas origens e se aventuraram em longas viagens até uma terra distante e desconhecida. ]


“Migrar, passar de um lugar para outro, uma definição que não consegue traduzir a força e a importância desse ato que é inerente ao ser humano.” O museu - aberto em 1993 - mostra de modo didático como as migrações contam a história da humanidade há dois milhões de anos.





No final do século 19, o governo brasileiro incentivou a criação de núcleos coloniais para atrair mão de obra. A maior parte dos imigrantes teve a hospedaria como primeiro abrigo. 



Os refeitórios e dormitórios são reproduzidos hoje no museu ao lado de móveis e máquinas do passado. Nas cartas, como a da esposa italiana para o marido, os registros da nova vida e a da saudade. 






“As pessoas estão muitas vezes procurando entender o próprio percurso. A gente é eternamente um país novo , mas a gente é um pais que tem uma boa história e o museu de fato traz essa contribuição para essa construção dessa identidade, mesmo no nível mais individual”, diz Marilia Bonas, diretora executiva do Museu da Imigração.



O museu abre de terça a sexta, das nove às cinco da tarde, e aos sábados, domingos e feriados das dez às seis.

* Texto original de reportagem feita para o programa "Ordem do Dia" (TV Cultura, sex. 23h30, sáb. 8h30)

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Memorial da Resistência

Na exposição temporária, a história do prédio de 1914 criado como armazém e escritório da antiga estrada de ferro sorocabana e que sediou a partir de 1940 o temido Dops. Um lugar marcado pelo sangue de muitos brasileiros, como cita a placa. 


No vídeo, a trajetória de um dos principais órgãos de polícia política do país, criado em 1924 e extinto no fim do regime militar. “Ele foi inaugurado em 2002 como Memorial da Liberdade, mas como não havia atividades educativas e culturais, mais ou menos em 2006, 2007 os ex-presos políticos solicitaram ao governo do Estado que o lugar fosse melhor aproveitado em termos educativos e culturais. Nós queríamos, de fato, trabalhar neste lugar de memória um conceito de resistência, porque ela não pode ficar só lá no passado, é uma coisa atual e que deve continuar no futuro. Neste lugar as pessoas podem tomar conhecimento de fatos que aconteceram no Brasil recente, então ela pode se educar para cidadania, para valorização dos princípios democráticos, do respeito aos direitos humanos”, diz Katia Regina Neves, coordenadora do memorial.

Em uma sala, uma linha do tempo histórica mostra casos de repressão e resistência desde a proclamação da República, em 1889. Episódios que nem a redemocratização do país impediu, como o assassianto do líder seringueiro Chico Mendes em 1988, as chacinas do Carandiru, em 92, da Candelária e de Vigário Geral em 93 e o massacre de Eldorado dos Carajás em 96.

O ponto alto da visita são as celas que abrigaram presos políticos. Uma delas reproduz o ambiente na época da ditadura. Os rabiscos na parede são atuais, um grito silencioso de quem sobreviveu. Nas celas, o som da abertura da porta indicava o destino de cada um. 





As máscaras representam 436 desaparecidos políticos. “Muitas continuam desaparecidas até hoje. E outras morreram em consequência da tortura." Aqui, como diz o painel, lembrar é resistir. 


“Isso é tão impressionante porque eu acho que as pessoas , quando elas visitam o memorial, conseguem entender isso, se a gente olhar, por exemplo, no livro de visitas que as pessoas deixam comentários, falam assim: ‘as pessoas falam que deveria voltar a ditadura porque não conheceram este lugar, eles não falariam um absurdo desses’. É impossível uma pessoa sair de um lugar como este, se ela tiver disponibilidade para aprender, e para perceber o que é você viver numa ditadura, etc, que ela não se eduque para ser um cidadão de fato, que exija seus direitos, mas também que respeite o direito dos outros”, fala Katia.
 
 

O Memoria da Resistência fica no largo General Osório, 66, junto da Estação Pinacoteca. A entrada é grátis. 
* Texto de reportagem feita para o programa “Ordem do Dia” (TV Cultura, sex. 23h30, sáb. 8h30)

sábado, 15 de agosto de 2015 | | 0 comentários

Na Pinacoteca, os retratos da família imperial

Para quem aprecia arte, principalmente pintura e escultura, a Pinacoteca do Estado de São Paulo é um programa imperdível. A exposição permanente reúne alguns dos melhores nomes da arte brasileira – e as mostras temporárias sempre apresentam novidades que costumam causar grandes filas, como foi com o trabalho do australiano Ron Mueck.

O prédio em si já mereceria uma visita. Feito todo em tijolos, é um palacete cercado de um belo jardim (pena que a área onde ele fica esteja mal cuidada; em uma das últimas visitas que fiz, o cheiro de urina e fezes na calçada era insuportável).






A seguir, trago alguns exemplos da mostra permanente, com destaque para o quadro “Emigrantes III” (1937), de Lasar Segall (o primeiro da sequência abaixo):




  






Uma das partes de que mais gosto é a que apresenta pinturas e retratos da família imperial brasileira. Não me lembrava, da primeira visita que fiz à Pinacoteca anos atrás, que esse material estava lá. É bastante interessante ver de perto as imagens da única família imperial das Américas (tirando o Canadá, que é da Commomwealth e não conta muito):

Dom João VI

Carlota Joaquina

Dom Pedro I e Dona Amélia

Dom Pedro II

Dona Maria Amélia


Dona Teresa Cristina

A Pinacoteca fica na Praça da Luz, 2 – largo General Osório, 66. Abre de terça a domingo das 10 às 17h30, com permanência até as 18h.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015 | | 0 comentários

Limeira e a história do trabalho

A longa transição da economia brasileira de um modelo escravagista para a abolição criou situações inesperadas aos próprios europeus que, por anos, haviam financiado e lucrado com o tráfico de africanos para as Américas: o surgimento de “escravos brancos” nos cafezais brasileiros.

Documentos dos arquivos diplomáticos suíços obtidos pelo "Estado" revelam que milhares de imigrantes que chegaram ao Brasil para trabalhar nas fazendas de café acabaram se transformando, na opinião de seus governos, em “escravos”. Os casos abriram uma crise diplomática entre a Suíça e o imperador d. Pedro II, além de revoltas em algumas fazendas e a emissão de um decreto no país alpino proibindo os suíços de emigrarem para o Brasil.

A situação, porém, não foi criada apenas pelos fazendeiros brasileiros, mas também pelos governos locais na Suíça, que levaram milhares de pessoas a optar pela emigração como forma de resolver os problemas internos de pobreza que sofriam as regiões rurais do país. Para isso, fizeram empréstimos a idosos, crianças órfãs e até para cegos que, com seu trabalho no “Novo Mundo”, teriam como quitar as dívidas.

O centro da crise foi o sistema de parceria promovido pelo senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro. Diante da decisão do Reino Unido de proibir o comércio de escravos entre a África e a América em 1845, o preço dos escravos africanos explodiu e passou-se a buscar alternativas. Uma delas foi o sistema criado na Fazenda Ibicaba, em Limeira (SP), em que europeus foram convidados a se mudar ao Brasil para trabalhar. Eram os colonos. (...)

Fonte: Jamil Chade, "Nos cafezais paulistas, os 'escravos brancos'", O Estado de S. Paulo, Economia, 10/8/15.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015 | | 0 comentários

A música canta e conta a história

Qualquer cidadão, em qualquer lugar do mundo, será capaz de lembrar de uma música que tenha marcado época por seu caráter histórico, de contestação ou retratação de um determinado momento. Das mais pops, como “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones...”, às mais rebuscadas, muitas delas contaram e fizeram história.

Confesso, porém, que nunca tinha parado para pensar na amplitude dessa relação quase umbilical até ver recentemente uma interessante exposição do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Intitulada “A música canta a República”, a mostra retratou a história do Brasil do final do século 19 ao início do século 21 por meio de canções populares, muitas das quais fizeram enorme sucesso, outras nem tanto.


A exposição foi construída de um modo que os visitantes passassem por uma espécie de linha do tempo. Nela, os fatos históricos mais relevantes eram apresentados em fotos e textos. Trechos de música apareciam como retratos daquele momento. Um guia auditivo podia ser usado para ouvir as canções conforme se avançava pela exposição.











   
A iniciativa acompanha o lançamento da trilogia “Quem foi que inventou o Brasil - a música popular conta a história”, escrita pelo jornalista e ex-ministro do governo Lula, Franklin Martins, cujos dois primeiros livros foram lançados recentemente.

Depois de São Paulo, a mostra passaria por Rio de Janeiro e Brasília.

Em tempo: as fotos acima não seguem a ordem cronológica dos fatos.