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segunda-feira, 22 de junho de 2015 | | 0 comentários

“Jornalismo e emoções”

(...) com pixels e telas cada vez mais substituindo a tinta e o papel, pesquisas indicam que nossa maneira de vivenciar aquilo que lemos pode ser alterada de maneiras profundas. As telas podem reduzir o tempo que dedicamos à leitura mais concentrada – o tipo de leitura que desenvolve o raciocínio abstrato e criativo, como destacou a cientista Maryanne Wolf. Outros cientistas indicam que nossa maneira de processar as palavras nas telas pode até afetar a empatia que sentimos pelos personagens das histórias que lemos. Em “The Shallows: what the Internet is doing to our brains”, o autor Nicholas Carr escreve até que a Internet pode estar “alterando a profundidade das nossas emoções e pensamentos”.

Será que a mudança da forma impressa para a digital realmente afeta nossa capacidade de sentir empatia pelos personagens das reportagens? Quais seriam os efeitos disso no jornalismo?


(...) A pesquisa a respeito da leitura digital oferece uma hipótese clara: parece possível que os leitores digitais se sintam menos transportados por uma reportagem de revista por causa da velocidade mais acelerada e do nível de distração incentivados pelas telas. Se os leitores não investirem seu tempo e adquirirem informação suficiente a respeito do personagem de uma reportagem, seu nível de transporte deve ser mínimo. Em outras palavras, se as telas estão reduzindo a capacidade do leitor de ser transportado pela reportagem, o jornalismo terá menos impacto. Os leitores podem se tornar mais seletivos em relação às reportagens que desejam ler e podem até evitar deliberadamente os relatos sobre incompreendidos e sub-representados da sociedade em favor de grupos e narrativas com os quais já sintam à vontade. (...)


Fonte: Lene Bech Sillesen, Chris Ip e David Uberti, “O Estado de S. Paulo”, Aliás, p. E5, 14/6/15, reproduzido da “Columbia Journalism Review”, com tradução de Augusto Calil (íntegra aqui).

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011 | | 0 comentários

Assassinatos em Limeira, em SP e no Brasil

Limeira reduziu em 39% o número de assassinatos em uma década. Desempenho praticamente idêntico ao verificado na Região Metropolitana de Campinas, da qual Limeira não faz parte. Os dados constam do “Mapa da Violência 2012”, feito pelo Instituto Sangari e divulgado nesta quarta-feira.

Como resultado, a taxa de homicídios em cada grupo de 100 mil moradores também caiu. Com 9,1 casos, a cidade tem o segundo menor índice da região considerando as cidades de maior porte. A taxa abaixo de dez é considerada padrão de primeiro mundo pelos organismos internacionais.

A cidade com menor índice de assassinatos na região é Americana (7,6). Em números absolutos, o destaque é para Araras (embora a taxa deva ser considerada com prioridade em razão de levar em conta a proporção da população).


Entre os 645 municípios paulistas, Limeira ocupa a posição 218 no ranking dos assassinatos (quanto mais perto do topo, pior a situação). Em nível nacional, é a 2.115ª colocada.

A cidade se destaca também se consideradas algumas outras de porte semelhante no estado. O índice de Limeira só perde para o de São Carlos num grupo que inclui ainda Bauru, Araraquara e Ribeirão Preto.


O desempenho de Limeira vai ao encontro dos números de São Paulo. Em uma década, entre os anos de 2000 e 2010, o estado passou do 4º para o 25º lugar entre as 27 unidades da federação no ranking dos assassinatos. A cidade de São Paulo aparece na última posição entre as capitais (lembrando que quanto mais perto do topo, pior o quadro).

Já o cenário nacional não é animador. Segundo a Agência Brasil, órgão oficial de divulgação do governo federal, “em 30 anos, o Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de vítimas de homicídio. Dados do Mapa da Violência 2012 (...) apontam que o número de homicídios passou de 13,9 mil em 1980 para 49,9 mil em 2010, o que representa um aumento de 259%. Com o crescimento da população nesses 30 anos, a taxa de homicídios passou de 11,7 em cada grupo de 100 mil habitantes em 1980 para 26,2 em 2010” (leia a íntegra aqui).

segunda-feira, 16 de maio de 2011 | | 0 comentários

Felicidade tem preço?

Você por acaso conhece os segredos de uma vida feliz? Pois é, eles foram tema no ano passado de uma reportagem na “FT Magazine”, a revista do renomado jornal “Financial Times”. E chamaram a atenção de muita gente.

Assinada por Nick Powdthavee – um economista comportamental, autor do livro “The Happiness Equation” (“A Equação da Felicidade”) - e Carl Wilkinson, a reportagem cita que “a maioria de nós tem dificuldade em prever como vamos reagir quando confrontados com muitas das experiências da vida”. Por isso, tendemos a superestimar o impacto de muitas experiências.

Contudo, conforme indica a reportagem, a felicidade pode estar justamente nas coisas mais simples. Segundo o texto, uma nova pesquisa sugere que a resposta para a pergunta "Onde encontrar a felicidade?" está no que já temos: amigos, familiares, etc. “O segredo para ser feliz é simplesmente dedicar mais do nosso tempo e atenção a essas experiências ricas e gratificantes de felicidade”.

A reportagem traz inclusive uma tabela do que seria o “preço da felicidade”. Pela tabela, baseada num estudo, ter saúde representaria um ganho de 1,3 milhão de libras (cerca de R$ 3,9 milhões), enquanto a morte de um amigo equivaleria à perda de oito mil libras (R$ 24 mil). Soa matemático demais, não...?

Conforme a reportagem, os sete segredos de uma vida feliz são:

1) O dinheiro compra pouco a felicidade;
2) Amigos valem mais do que uma nova Ferrari;
3) Ganhar na loteria não vai fazê-lo instantaneamente feliz;
4) Perder o emprego o faz infeliz - mas não tanto quando outros também perderam;
5) Amigos gordos o fazem mais feliz do que os magros;
6) O divórcio pode fazê-lo feliz; 
7) A felicidade é contagiosa.

Alguns itens são estranhos (como o segundo); outros, curiosos (como o quinto). Uns são previsíveis (como o sétimo); outros, surpreendentes (como o sexto).

Por exemplo: ao estabelecer que o dinheiro compra menos a felicidade do que imaginamos, o economista Richard Easterlin explica na reportagem que isso se deve em parte ao fato de que nos preocupamos muito mais com quanto os outros ganham do que com quanto nós ganhamos.

Já a comparação da amizade com a Ferrari exige uma conta exata demais para algo tão subjetivo e abstrato como a felicidade. De acordo com a reportagem, na Grã-Bretanha, um aumento salarial de mil libras equivale a um aumento na felicidade de 0,0007 ponto. Ver os amigos com mais frequência, por sua vez, representa um aumento de 0,161 ponto. Isso significa dizer que ter uma vida mais sociável equivaleria a um aumento salarial de 230 mil libras – mais do que custa uma nova Ferrari 612 Scaglietti.

Para quem ficou interessado, a reportagem completa (em inglês) está disponível no site da “FT Magazine” e pode ser acessada aqui.

* A imagem que ilustra esta postagem foi retirada da própria reportagem.