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domingo, 17 de julho de 2011 | | 0 comentários

Teixeira e os rojões

Confesso que me surpreendi com os rojões. Estava na igreja quando ouvi o espocar dos fogos. Na hora, pensei: o Brasil se classificou na Copa América. De imediato, meu celular emitiu um sinal. Havia pedido para um amigo me indicar o resultado da partida. Quando olhei, não acreditei: o Brasil perdera nos pênaltis.

Não fiquei surpreso com o resultado, mas com a reação dos torcedores. Não me recordo de ter vivido uma manifestação irônica e de revolta em Limeira contra a seleção como neste domingo. Pela primeira vez, ouvi muitos rojões comemorando uma desclassificação do Brasil.

Obviamente, isto revela um descontentamento do torcedor com o futebol apresentado em campo (se bem que, olhando os melhores momentos, não vi sequer um lance do Paraguai).

Eu, porém, tenho uma suspeita mais profunda e complexa a respeito: acredito que os torcedores estão se cansando dos desmandos e da corrupção no futebol brasileiro – e abrindo os olhos para isto. Se tal situação ainda é difícil de enxergar nas disputas clubísticas, com a seleção parece que não.

A falta de escrúpulos e de interesse público dos que comandam o futebol nacional está cada vez mais em voga. Naturalmente, isto está ligado ao fato do Brasil ter sido escolhido para sediar a próxima Copa do Mundo em 2014. O país está na “crista da onda” e na mira de todo o mundo.

A euforia inicial pela escolha do país rapidamente está dando lugar ao temor anunciado por gente muito séria. Pessoas que previram que a roubalheira correria solta, que a Copa serviria para o bolso de poucos, que as obras dos estádios teriam preços astronômicos, que o país não conseguiria fazer a infraestrutura de modo organizado e transparente.

Os descalabros têm se confirmado dia após dia. E o torcedor brasileiro está vendo tudo isso.

Se muita gente ainda prefere ignorar os desmandos e fazer parte da festa, há um número cada vez maior de pessoas que querem um basta!

Neste caso, o “basta!” tem nome: Ricardo Teixeira, o todo-poderoso presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Alvo de CPIs e denúncias de corrupção mundo afora, o mandatário não faz questão de esconder sua má educação, sua truculência e o uso do esporte mais popular do país em proveito próprio (ainda que seja só para detratar adversários). Isto ficou muito claro na reportagem de Daniela Pinheiro publicada pela revista “Piuaí” (edição 58).

Na reportagem, Teixeira ataca adversários, critica a imprensa local (notadamente os órgãos que não o bajulam e se mostram críticos e isentos) e diz que fará o que for preciso para prejudicar seus “inimigos” durante a Copa. Assim, sem meias palavras.

Não é à toa que o diário “Lance!” publicou na primeira página um editorial pedindo a intervenção do governo federal no Comitê Organizador Local (COL) – órgão máximo da Copa no país – no sentido de destituir Teixeira do comando. O tema também foi abordado na coluna deste domingo do jornalista Juca Kfouri na “Folha de S. Paulo” (leia aqui – é preciso ter senha do jornal ou do UOL).

Acreditar que o governo vá fazer algo é quase uma utopia. Infelizmente, nos últimos anos até o Executivo deste país tem se curvado perante o todo-poderoso do futebol.

No entanto, só o fato da imprensa cobrar e de muitos brasileiros começarem a abrir os olhos já é um bom sinal. Talvez a Copa no Brasil possa produzir este efeito colateral: escancarar os desmandos e as negociatas (vide a questão do estádio de São Paulo no Mundial) daqueles que fazem uso do esporte bretão.

Se assim for, a Copa ainda terá sido útil. Do contrário, nada restará – nem a taça (pelo jeito que nossos atletas estão jogando...).

Em tempo: não foram só os fogos que me surpreenderam neste domingo de jogo do Brasil. Raras vezes estive tão desinteressado em assistir à seleção como hoje. Aliás, praticamente não assisti. Troquei o futebol por um excelente bate-papo com amigos. 

É minha forma de protestar!

quarta-feira, 2 de junho de 2010 | | 0 comentários

Um iracemapolense na Copa

Entrevistei Elano pela primeira vez logo que ele foi campeão brasileiro pelo Santos em 2002. Formava o meio campo e o ataque com os até então desconhecidos Diego e Robinho. Eram os “Meninos da Vila” versão 1. De posse do seu primeiro título de expressão, o iracemapolense Elano estava numa academia um tanto simples no Parque Nossa Senhora das Dores, em Limeira, perto da sede da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

Falou pouco – normal para um jogador de futebol. Pareceu não querer muita conversa mesmo. Pareceu-me tímido.

Oito anos depois, o mesmo Elano – já famoso e jogando no exterior (passou por Ucrânia, Inglaterra e Turquia) - estava na mais requintada academia de Limeira. Não quis dar entrevista nos poucos dias que teria de descanso antes de embarcar para a África do Sul. Pediu compreensão pelo seu silêncio.

Elano vai para sua primeira Copa do Mundo com a confiança do técnico Dunga, que deve lhe dar um lugar no time titular. O iracemapolense vai para a sua primeira Copa do Mundo com a torcida de Iracemápolis, cidade que tão bem representa mundo afora.

Provavelmente vai demorar anos, talvez décadas, quem sabe até um século, para que Iracemápolis volte a ter um filho numa Copa do Mundo – façanha que Limeira ainda não teve.



Em tempo: a série de reportagens feita pelo repórter Tino Marcos com os jogadores da Seleção Brasileira para o “Jornal Nacional”, da TV Globo, foi fenomenal. Emocionante, provocou lágrimas. Bela edição, magnífico texto, belas imagens.

Boa sorte Elano. Boa sorte, Brasil!

PS: por volta do ano 2000, quando ia aos jogos da Internacional, ao me informar sobre o desempenho do Leãozinho - como é chamado o time de juniores – na preliminar, ouvia que um “moleque” tinha feito gol (eventualmente gols). Jogo após jogo. Diziam que era craque. Infelizmente, a Inter não tinha dinheiro para comprar o jogador, que era do Guarani e estava emprestado para o time limeirense. Ah, o nome dele: um tal Elano...