sexta-feira, 30 de novembro de 2012 | | 0 comentários

"Da verdade não quero mais que a vida"

Sob a leve tutela 
De deuses descuidosos, 
Quero gastar as concedidas horas 
Desta fadada vida. 
Nada podendo contra 
O ser que me fizeram, 
Desejo ao menos que me haja o Fado 
Dado a paz por destino. 
Da verdade não quero 
Mais que a vida; que os deuses 
Dão vida e não verdade, nem talvez 
Saibam qual a verdade. 

(Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, em "Odes")

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Um filme necessário

Um dos melhores programas da televisão brasileira nos últimos tempos, formato inovador, cada vez merecendo mais destaque, é o “Profissão Repórter” (TV Globo).

Coordenado pelo jornalista Caco Barcellos e contando com uma equipe de jovens profissionais que carregam uma série de qualidades do bom jornalismo (coragem, entusiasmo, curiosidade, rigor na apuração), ele traz a cada semana uma abordagem diferenciada de temas conhecidos ou introduz novos temas.

Via de regra o programa é fantástico. A edição desta semana, porém, passou do limite (no bom sentido) ao acrescentar às qualidades acima descritas um caráter histórico. O programa tratou do conflito Israel-Palestina e trouxe os olhares e as narrativas diretamente do “front”.

Durante o programa, chamou minha atenção a citação de um documentário a respeito do conflito. Chamado “Cinco câmeras quebradas”, trata-se de uma produção feita pelo documentarista palestino Emad Burnat. Casado com uma brasileira, ele filmou os acontecimentos na vila onde mora durante a construção de uma cerca (inicialmente, depois um muro) por Israel.

O documentário foi premiado e exibido com sucesso mundo afora. Para aguçar a curiosidade, segue o trailer:


Eu assisti ao original em francês. Dá para entender sabendo antecipadamente um pouco sobre a história. Vale a pena ver. Acredite: é jornalismo e cinema feitos com paixão e qualidade!


quinta-feira, 29 de novembro de 2012 | | 0 comentários

O que tenho a dizer (palavras emprestadas)

Eu vim de uma quinta-feira chuvosa
Pela avenida
Pensei ter ouvido você falando suavemente.

Eu liguei as luzes, a TV
E o rádio,
Ainda não consigo escapar de seu fantasma

O que está acontecendo com isso tudo?
Louco, alguns dizem.
Onde está a vida que eu conhecia?
Foi embora...

Mas eu não vou chorar pelo ontem,
Há um mundo normal
De algum modo eu tenho de encontrar.
E enquanto eu tento trilhar o meu caminho
Para este mundo normal,
Eu aprenderei a sobreviver.

Paixão ou coincidência,
Certa vez induziu você a dizer:
"O orgulho destruirá nós dois em pedaços"
Bem, agora o orgulho saiu pela janela,
Cruzou os telhados
Fugiu
Me deixou no vácuo do meu coração.

O que está acontecendo comigo?
Louco, alguns dizem.
Onde está meu amigo quando mais preciso de você?
Foi embora...

Mas eu não vou chorar pelo ontem,
Há um mundo normal
De algum modo eu tenho de encontrar.
E enquanto eu tento trilhar o meu caminho
Para este mundo normal,
Eu aprenderei a sobreviver

Jornais ao lado da estrada
Contam sobre sofrimento e ganância,
Temido hoje, esquecido amanhã.
Oh, aqui, ao lado das notícias
De guerra santa e necessidade santa,
A nossa é apenas uma conversinha de mágoa...

E eu não vou chorar pelo ontem,
Há um mundo normal
De algum modo eu tenho de encontrar.
E enquanto eu tento trilhar o meu caminho
Para este mundo normal
Eu aprenderei a sobreviver

(Tradução copiada tal qual postada no letras.mus.br da música "Ordinary World")

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Frase

"Antes de ser um grande jornalista é preciso ser uma grande pessoa."
Mauro Beting, jornalista, em carta em homenagem à memória do pai, Joelmir Beting

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O Titanic cem anos depois

Li em um portal de notícias que irá a leilão uma foto do suposto (ou provável) iceberg contra o qual o famoso navio RMS Titanic colidiu na madrugada do dia 14 para 15 de abril de 1912 – ou seja, há cem anos. 

A notícia me trouxe à mente uma exposição que vi justamente em abril deste ano em Washington D.C., a capital dos Estados Unidos, a respeito do centenário do famoso naufrágio.

A exposição foi montada pelo Newseum, o Museu da Notícia. Para se adequar ao tema do museu, a mostra reproduzia as primeiras páginas dos principais jornais do país nos dias posteriores ao acidente, que causou a morte de 1.523 pessoas nas águas gélidas do Atlântico Norte.



Em tempo: o Newseum tem uma iniciativa permanente bem legal. Chama-se “Today´s Front Pages”. São reproduções diárias das primeiras páginas de alguns dos principais jornais do mundo. Elas ficam em placas expostas diretamente na calçada de modo que qualquer pessoa possa vê-las.




Em tempo: o projeto "Today´s Front Pages" também está acessível no site oficial do museu. Ontem (28/11), por exemplo, havia 903 primeiras páginas de jornais de 89 países.

* As fotos são minhas e de Carlos Giannoni de Araujo

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Jornalismo: as lições do professor Geneton

Descubro, em algum escaninho virtual, uma espécie de carta que escrevi, faz alguns anos, para um estudante de jornalismo imaginário. A carta seria parte de um manual de jornalismo que nunca foi publicado:

A primeira obrigação do jornalista é ser claro e objetivo. Aos fatos, pois:

1 - Se, depois de tantos anos de convivência em redações, eu fosse convocado a dar um “conselho” a uma turma de recrutas do jornalismo, diria simplesmente:  em nome de todos os santos, por favor, please, s`il vous plâit,  não percam nunca a capacidade de se espantar diante dos fatos. Vejam tudo com os olhos curiosos de um menino descobrindo a maravilha do mundo. O olhar faz toda a diferença. É o que distingue um jornalista burocrata de um jornalista interessante. Não existe assunto chato: o que existe é jeito chato de tratar de um assunto.  

(...) 

3 - O jornalista pertence a uma categoria especialíssima: de tanto conviver com fatos extraordinários, ele corre o risco de um achar tudo “normal” e “ordinário”. Neste momento, ele se transforma naquele sujeito entediado que, para o bem do Jornalismo, deveria estar exercendo outra profissão. Cuidado para não se transformar num desses inimigos da notícia. Parece incrível, mas existem, às pencas, nas redações. 

(...) 

7 - Seja saudavelmente pretensioso. Faça a si mesmo uma pergunta antes de resmungar porque foi escalado para entrevistar uma celebridade que já deu mil entrevistas: quem sabe se, na milésima primeira entrevista, eu não consigo arrancar uma história nova, uma declaração inédita, um detalhe que ninguém conhece?  Não jogue fora a notícia antes de tentar.

8 - Fazer bom jornalismo é dar, ao leitor, ouvinte ou telespectador, uma informação que ele não conhecia. Tente ser o porta-voz da novidade.  

9 - Ainda não inventaram uma fórmula mágica. A velha regra vale para todos os filhos de Deus: só escreve bem quem lê muito. Ponto final. Revogam-se as disposições em contrário. Cansei de ver nas redações: nem todo mundo que lê consegue ter um texto claro, límpido e atraente. Mas, invariavelmente, quem não lê não sabe escrever. Os maiores absurdos que já li foram escritos por gente que sofre de bibliofobia – horror a livro. Preferem ler revista de celebridade na sala de espera do dentista. (...)

Fonte: Geneton Moraes Neto, "Dez coisas que aprendi sobre ela, a profissão de Jornalista", blog Dossiê Geral, 8/11/12.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012 | | 1 comentários

Constatação

Dizem que a esperança é a última que morre. É verdade, mas ela também morre.

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Muito prazer, Sue!

Sempre sonhei ver de perto um fóssil de dinossauro (quando criança, costumava ir à biblioteca municipal, no Centro, e passava as tardes vendo livros sobre astronomia e paleontologia). Tenho, como grande parte do público, uma curiosidade especial pelo famoso T-rex, o temido tiranossauro rex - um dos mais ferozes animais do período cretáceo (entre 65 milhões e 67 milhões de anos atrás).

A primeira vez que eu fiquei frente a frente com um desses gigantescos animais foi em 2007 numa visita ao Museu de História Natural de Nova York (EUA). Este ano, em abril, voltei ao local. Reencontrei o T-rex e tantos outros dinossauros. E não só lá.

O mais famoso T-rex, porém, está no Field Museum, de Chicago (EUA). O nome dele é Sue (o que não significa que seja fêmea; trata-se apenas de uma homenagem à paleontóloga que o achou). É o mais perfeito e completo fóssil de tiranossauro já encontrado. Vê-lo é algo incrível e assustador:


  
  



O esqueleto exposto no museu é original, com exceção do crânio - pesado demais para ficar junto do restante. O crânio original de Sue está exposto no andar superior, protegido por um vidro. Para quem entende inglês, é possível ler nas placas que o famoso T-rex tinha "dor de dente":





Fiz a foto abaixo para ter uma noção do tamanho do crânio em proporção com uma pessoa:


PS: numa próxima postagem mostrarei outros fósseis de dinossauros e de outros T-rex que cruzaram meu caminho.

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"Tenho mais almas que uma"

Vivem em nós inúmeros; 
Se penso ou sinto, ignoro 
Quem é que pensa ou sente. 
Sou somente o lugar 
Onde se sente ou pensa. 

Tenho mais almas que uma. 
Há mais eus do que eu mesmo. 
Existo todavia 
Indiferente a todos. 
Faço-os calar: eu falo. 

Os impulsos cruzados 
Do que sinto ou não sinto 
Disputam em quem sou. 
Ignoro-os. Nada ditam 
A quem me sei: eu 'screvo. 

(Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, em "Odes)

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O futuro (ou o presente) é "mobile"

Entre tantas revoluções nas comunicações, uma das mais importantes é a migração das telonas para as telinhas, da conexão por PCs e laptops para aparelhos móveis como celulares e tablets.

É a revolução da mobilidade, ou "mobile", em globish. Que está nos transformando.

A comunicação, quanto mais intensa, mais interfere em nossas vidas. A comunicação, afinal de contas, é o que nos une. Ela já é total e segue evoluindo rapidamente.

Unir a comunicação à mobilidade é como unir o território ao movimento, o espaço dos lugares dando lugar ao espaço dos fluxos. É nessa torrente que você, seus amigos, sua empresa, sua marca e seu produto estão navegando.

A mobilidade é a nova dimensão, o 4D. Um ponto infinito dentro do bolso. É só tirar e acessar... tudo. Sua conta bancária, suas lojas favoritas, seus jornais, seus programas de TV, suas músicas, os restaurantes da redondeza, o tempo, o trânsito, o caminho. Em resumo, tudo e o seu contrário. O mundo.

Mas, principalmente, acessar seus amigos e seus relacionamentos. E carregar os amigos no bolso é genial.

Entre 2013 e 2015, o reinado dos PCs vai acabar, e a maioria dos acessos à internet será feito por aparelhos móveis.

Em países emergidos, como o Brasil, os aparelhos móveis serão cada vez mais a forma dominante de acesso por serem mais baratos que os computadores tradicionais.

E a propaganda precisa ir aonde a audiência está. Basta olhar em sua volta e no espelho: nossa atenção está cada vez mais nas telinhas que carregamos no bolso ou na bolsa. Você pode esquecer tudo em casa, mas, se esquecer do celular, vai voltar.

Enquanto a TV, o aparelho dominante das últimas décadas, nasceu junto com o marketing, a nova pequena tela para o mundo oferece pouco espaço para a publicidade como a conhecemos.

No começo da internet, muita gente simplesmente pegou o anúncio off-line e o adaptou à web, mas off e on são obviamente muito diferentes. No "mobile", aprendemos com nossos primeiros erros digitais. Não faz sentido adaptar estratégia web para o "mobile".

É preciso usar o que há de específico e elementar nesse ambiente, como localização do usuário, conectividade com agenda e calendário, capacidade de fazer ligações telefônicas.

Em cima dessas capacidades, uma indústria de aplicativos difusa e inovadora constrói velozmente serviços tão específicos quanto a criatividade de milhões e milhões de desenvolvedores espalhados pelo mundo. Um desenvolvimento que, como Steve Jobs, consegue unir a compreensão do humano com a compreensão da tecnologia.

O resultado são serviços fáceis de acessar que os usuários consideram relevantes e úteis, do mais frívolo ao mais importante.

Na sexta-feira passada, nas promoções da "Black Friday", a grande sensação nos Estados Unidos foram aplicativos que mostravam as melhores ofertas de lojas próximas de acordo com escolhas do usuário.

Existem ainda aplicativos que literalmente salvam vidas, previnem e auxiliam na cura de doenças. Na África do Sul, uma operadora de telefonia atuou com ativistas sociais e pesquisadores para enviar 1 milhão de torpedos diários incentivando ligações para serviço de informações sobre Aids, com resultados espetaculares.

(...) Eric Schmidt, presidente do conselho de administração do Google, disse na Clinton Global Initiative que a mobilidade é o fator que mais pode ajudar na mobilização das causas sociais. Certamente, ela pode fazer o mesmo com causas comerciais.

Se você quer um insight desta coluna, é o seguinte: a telinha do seu celular será brevemente uma das principais vitrines da sua atividade. É melhor dar à devida atenção a ela desde já.

O pequeno ficou grande.

Fonte: Nizan Guanaes, "Tudo, de bolso", Folha de S. Paulo, Mercado, 27/11/12.

PS: durante visita à CNN em Atlanta (EUA) em abril deste ano, um dos "chefões" de lá já havia afirmado que o futuro da comunicação passa pelas tecnologias móveis - ou "mobile".

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Menu norte-americano

Está com fome? É só dar uma olhada no cardápio:


A placa ficava no café anexo ao hotel Travelodge, em Chicago (EUA). Era lá que eu começava os dias...

terça-feira, 27 de novembro de 2012 | | 0 comentários

Sim, o mundo acaba em 2012

Sim, os maias estavam certos. O mundo acaba em 2012.

Todo mundo já deve ter ouvido falar, ainda que sem profundidade, da tal teoria maia que teria previsto o fim do mundo para 21 de dezembro próximo.

Desde que o tema ganhou certa evidência, surgiu uma outra corrente buscando explicar que não se trata do fim do mundo tal como imaginamos, apocalíptico, e sim de uma passagem, uma transformação, digamos assim.

Para mim (e para muitos com os quais tenho contato), 2012 foi um ano estranho. De alguma forma, um ano que serviu para abalar estruturas, colocar abaixo certas certezas, mexer com sentimentos e provocar com tudo isso um turbilhão. A vida foi, inevitavelmente, chacoalhada.

Talvez não seja mera coincidência que muitas pessoas que conheço tenham manifestado ao longo do ano (e mais precisamente agora) dúvidas e incertezas a respeito do próprio futuro.

É natural que seja assim, diriam os maias?

A resposta, confesso, não sei ao certo (aliás, nada mais sei ao certo depois deste 2012). O fato é que, sob determinado aspecto, sim, o mundo acaba este ano. Ao menos aquele mundo de algum modo confortável no qual havíamos ancorado nossas vidas.

PS: não esperava que este processo todo fosse tão dolorido quanto se apresentou. Infelizmente, ou inevitavelmente (sei lá), as pessoas (algumas delas, frise-se) fizeram ou fazem questão de tornar tudo mais difícil quando um pouco mais de amor e diálogo entre os seres humanos poderia ajudar a enfrentar estes "mares nunca dantes navegados".

Até isto, porém, talvez faça parte do "fim do mundo". Afinal, neste aspecto, 2012 me colocou diante de situações com as quais nunca tinha convivido. Perdas doloridas como poucas vezes senti, palavras doloridas como poucas vezes ouvi.

Espero que o mundo novo que surgir após 21 de dezembro traga algumas respostas (ou ao menos algumas explicações) e, quem sabe, algum conforto. Afinal, ninguém resiste a um segundo "fim do mundo".

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Afinal, Deus deve ser louvado?

Uma ação do Ministério Público Federal tentando retirar das cédulas de real a expressão "Deus seja louvado" colocou novamente em evidência uma polêmica que vira a mexe aparece no noticiário e, por conseguinte, na sociedade: a dos limites do estado laico.

O assunto é, por si só, polêmico. Discutir religião (como de resto futebol e política) é sempre um problema porque envolve paixões. E quando há paixão, falta razão.

A "Folha de S. Paulo" colocou o tema em pauta em "Tendências/Debates". Como é praxe, dois especialistas defenderam pontos de vista opostos. Vale a pena ler os artigos para, quem sabe, formar (ou reforçar) sua convicção a respeito do tema.

Para facilitar, reproduzo a seguir alguns dos principais trechos dos artigos, com os respectivos links para quem desejar ler na íntegra:

"(...) Tem-se confundido Estado laico com Estado ateu. Estado laico é aquele em que as instituições religiosas e políticas estão separadas, mas não é um Estado em que só quem não tem religião tem o direito de se manifestar. Não é um Estado em que qualquer manifestação religiosa deva ser combatida, para não ferir suscetibilidades de quem não acredita em Deus.

Há algum tempo, a Folha publicou pesquisa mostrando que a esmagadora maioria da população brasileira, mesmo daquela que não tem religião, diz acreditar em Deus, sendo muito pequeno o número dos que negam sua existência.

Na concepção dos que entendem que num Estado laico, sinônimo para eles de Estado ateu, só os que não acreditam no criador é que podem definir as regras de convivência, proibindo qualquer manifestação contrária ao seu ateísmo ou agnosticismo. Isso seria uma autêntica ditadura da minoria contra a vontade da esmagadora maioria da população."

Fonte: Ives Gandra da Silva Martins, "Estado laico não é Estado ateu", Folha de S. Paulo, Opinião, 26/11/12, p. 3.

"(...) Um pouco sobre o laicismo: ele deriva diretamente do princípio da liberdade religiosa: se todo brasileiro é livre para ter a religião que quiser (ou não ter religião nenhuma), então é errado que o governo, que representa e é sustentado pela totalidade dos cidadãos, eleja favoritos.

(...) Há ainda a objeção de que 'o Estado é laico, mas não ateu'. Sim, o Estado não é ateu! Só que ninguém exige que o real passe a dizer 'Deus não existe', mas apenas que o dinheiro pare de falar de Deus e ponto. Confunde-se neutralidade com oposição, o que é tolice ou má-fé."

Fonte: Carlos Orsi, "Analisando as principais críticas à proposta", Folha de S. Paulo, Opinião, 26/11/12, p. 3.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012 | | 0 comentários

A amizade (e as pontes que construímos)

Meu amigo
Amigo, hoje a minha inspiração
Se ligou em você
E em forma de samba
Mandou lhe dizer
Tão outro argumento
Qual nesse nomento
Me faz penetrar
Por toda nossa amizade
Esclarecendo a verdade
Sem medo de agir
Em nossa intimidade
Você vai me ouvir

Foi bem cedo na vida que eu procurei
Encontrar novos rumos num mundo melhor
Com você fique certo que jamais falhei
Pois ganhei muita força tornando maior
A amizade...
Nem mesmo a força do tempo irá destruir
Somos verdade...
Nem mesmo este samba de amor pode nos resumir

Quero chorar o seu choro
Quero sorrir seu sorriso
Valeu por você existir amigo

("A Amizade", de Djama Falcão, Bicudo e Cleber Augusto)



Após dois velórios em 15 dias, dois adeus (um deles a um colega de 32 anos), não me resta dúvida de que nós somos apenas e tão somente memória.

É isto, no fim, o que restará de nós, o que podemos deixar para os que ficam. 

Memória do que construímos (ou deixamos de construir na vida), das pontes que ligamos, dos elos que estabelecemos, das relações de amor e afeto que cultivamos. Este é o nosso legado - não são casas, carros, contas bancárias polpudas, nada disso.

Apenas memória. Lembranças. É isto que busco construir a cada dia.

E você, que memórias está construindo em seu caminho?

PS: a música desta postagem marcou a despedida a um colega. Foi entoada pelos corações que ele cultivou durante a vida.

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Frase

"Ao invés de encarar nossas diferenças e compreender que só assim podemos evoluir, tentamos agradar um ao outro."
Paulo Coelho, escritor, em texto do seu blog

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"Meninos, eu vi": o gol antológico de Dener

No final dos anos 1980, a TV Globo levou ao ar uma novela chamada “O Salvador da Pátria”. Nela, havia um personagem – pelo que me lembro um radialista – que usava um bordão que se tornou famoso. Ele dizia: “Meninos, eu vi!”

Estou contando esta breve história em razão de uma notícia que li nos portais. A Portuguesa, tradicional clube paulistano, está lançando uma camisa para homenagear um gol antológico feito pelo meia-atacante Dener, um dos craques da história da equipe.

Foi numa noite de 14 de novembro de 1991, véspera de feriado, no Canindé, o estádio da Portuguesa, às margens da Marginal Tietê, em frente ao Shopping Center Norte. A partida valia pelo quadrangular semifinal do Campeonato Paulista. O grupo tinha, além da Lusa, o Corinthians, o Santo André e a Internacional de Limeira.

Era a segunda rodada. Jogavam Portuguesa e Inter. Os dois times precisavam da vitória. O tempo corria e o placar apontava um empate sem gols. O jogo se aproximava dos 40 minutos da etapa final quando a equipe de Limeira teve um escanteio a seu favor. Eis que a bola sobrou para Dener pouco além da entrada da grande área da Portuguesa. Um passe vindo da direita. Ele dominou, driblou um, dois, três, quatro, cinco – incluindo o famoso drible da vaca no zagueiro Lica.

Aquilo parecia inacreditável. Mágico. Super-humano. Do além. Quando restou o último jogador da Inter, viu-se uma tentativa em vão de um carrinho quase criminoso para derrubar o meia-atacante. E aí a tensão: será que Dener conseguiria fazer o gol? Sim, ele conseguiu. Os “deuses” do futebol não permitiriam outro final para aquele momento. Um verdadeiro gol de placa, lembrado mais de duas décadas depois.

Na arquibancada, a pequena torcida lusa foi à loucura. Nos camarotes, a “portuguesada” (como eu costumava me referir aos carrancudos portugueses diretores da Lusa) pulava eufórica. Os diretores trocavam abraços, gritavam, aclamavam o craque do time: “Ele é um gênio!”, diziam – com razão, admitíamos forçosamente os torcedores da Inter.

Naquele dia, após o jogo, algumas pessoas abordaram o zagueiro Lica questionando a razão dele não ter cometido uma falta em Dener para barrar a jogada – e, consequentemente o gol e a derrota que, àquela altura, praticamente eliminava a Inter da disputa. Ele temeu levar o cartão vermelho e ser expulso. Havia, ainda, a esperança do atacante fracassar ou do goleiro barrá-lo. Enfim, milionésimos de segundo para tomar uma decisão.

A derrota da Inter nos entristeceu. Pensando com a distância e a frieza do tempo, porém, como foi bom Lica não ter derrubado Dener. E a tentativa de um carrinho criminoso não ter passado disso, uma tentativa. O jogador merecia aquele gol. O futebol merecia aquele gol.

Foi, sem dúvida, o gol mais bonito que eu já vi em toda a vida. Porque sim, eu estava lá naquela noite no Canindé.

“Meninos, eu vi!”

PS: infelizmente, as imagens disponíveis na Internet referentes a este gol não mostram o brilho de toda a jogada, desde o escanteio.

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Clube Erdinger "revival"

Encontro de amigos regado às melhores cervejas - não tem preço!




E para fechar, só de leve:


PS: o "seo" Tales não saiu na foto porque estava sem copo e teve que usar um emprestado. O Thiago ficou na Bud mesmo.

domingo, 25 de novembro de 2012 | | 0 comentários

A vida... (momento de reflexão)

Num domingo novamente cinzento, em que mais uma luzinha se apaga no ciclo da vida, vou reproduzir uma mensagem lida numa rede social. Acho que vale para todos como reflexão do que fazemos das nossas vidas:

"Às vezes a vida é tão curta... Nesse momento paramos e pensamos o porque trabalhar tanto, ficar longe da família e amigos, brigar, ficar de 'mal', para quê? Acho que é hora de parar e dar mais valor à vida."

Em tempo: o céu vai ficando mais iluminado - e a vida por aqui mais sem brilho.

Deus abençoe a todos!

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Bastidores da reportagem: lições de jornalismo

Deixar a presidência da entidade máxima do futebol no Brasil a dois anos da realização da Copa do Mundo no país não estava nos planos de Ricardo Teixeira. O mandato do até então mais poderoso cartola do esporte que é a paixão nacional só terminaria em 2015. Mas sua saída acabou sendo antecipada graças ao trabalho jornalístico de uma equipe de repórteres que ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo de 2012, anunciado na semana passada.

Publicada pelo jornal Folha de S. Paulo no caderno de Esportes, a série "O jogo suspeito e a queda de Ricardo Teixeira" foi o estopim da crise que levou à renúncia de Ricardo Teixeira da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cargo que ocupava há 23 anos. Ela conseguiu comprovar o elo entre o ex-presidente da CBF e a empresa do presidente do Barcelona, a Ailanto, que recebeu R$ 9 milhões do governo do Distrito Federal para organizar um amistoso da seleção brasileira. Reportagens da editoria de esportes não levavam a principal premiação do jornalismo brasileiro desde 1968.

Foram quatro meses de apuração envolvendo acompanhamento das investigações feitas pela polícia e pelo Ministério Público, entrevistas e buscas por documentos, trabalho desenvolvido pelos jornalistas Filipe Coutinho, Julio Wiziack, Leandro Colon, Rodrigo Mattos e Sérgio Rangel.

“Esta não foi a primeira vez que o Teixeira esteve envolvido em um caso de suspeita de desvio de verbas. Porém, pela primeira vez ficou comprovado de forma documental que ele havia recebido valores - R$ 705 mil - em sua conta relacionados a um jogo da Seleção. O grande mérito destas reportagens é que a gente conseguiu fazer o caminho do dinheiro”, explicou Filipe Coutinho. Ele e o repórter Leandro Colon conversaram sobre o trabalho de apuração da série premiada com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

Segundo eles, paciência e persistência foram os principais recursos para chegarem à notícia. “Foi um trabalho duro de convencimento com as fontes, pois o Teixeira era um cara muito poderoso e havia uma certa resistência. Recebemos muitos 'nãos' nesse período de apuração. Mais de uma vez tivemos dia e hora marcados pra conseguir um documento e, na última hora, a fonte refugava. Não foi preciso usar grandes tecnologias, tabelas de Excel ou coisas do tipo na apuração. Foram só noites mal dormidas e metodologia de pesquisa, um princípio básico da reportagem”, revelou Colon.

Se a pauta surgiu a partir das investigações feitas pelo Ministério Público e pela polícia, ir além dos dados oficiais foi essencial para o bom resultado da série. “Durante o processo da ação civil pública, o promotor que cuidava do caso morreu. Então o andamento ficou mais lento. Por isso foi fundamental uma investigação jornalística. Mesclamos as informações oficiais com as que recolhemos por conta própria em cartórios, juntas comerciais, etc. Fomos buscando o nosso próprio caminho", contou Coutinho.

Não faltou faro jornalístico para isso. De uma mera fofoca de pessoas ligadas ao futebol, os jornalistas conseguiram uma revelação. Após ouvir dizer que o Teixeira estava de malas prontas para se mudar para Miami, eles checaram o site da junta comercial da cidade e descobriram que o dirigente havia registrado uma empresa cuja sede era uma mansão. É lá que Teixeira vive desde março deste ano.

Um dos desafios da apuração foi ouvir e publicar o outro lado, princípio básico do jornalismo. Todos os envolvidos, procurados diversas vezes, optaram pelo completo silêncio desde o início da divulgação do caso. Nenhuma reportagem foi desmentida até hoje. "O que fizemos, já que eles não queriam se explicar, foi usar as argumentações que a própria Ailanto deu no processo. Mesmo quando eles não queriam, fazíamos questão de registrar a versão deles", salientou Colon.

Ao todo, 20 reportagens compuseram a série que conquistou o Esso, disputado este ano por mais de 1300 trabalhos jornalísticos. "Não planejamos ganhar este prêmio. Aliás, notícia a gente não planeja, encontra. Então o segredo é fazer o seu papel de jornalista. Na rotina do jornalismo, não é simples você ficar três, quatro meses correndo atrás de uma mesma coisa. Só deu certo porque foi um trabalho em equipe e porque os cinco jornalistas envolvidos acreditaram muito na história até o fim. O Esso foi a recompensa disso", completou Colon.

Fonte: Natalia Mazotte, "Os bastidores da série de reportagens vencedora do Grande Prêmio Esso deJornalismo 2012", blog Jornalismo nas Américas, Knight Center for Journalism in the Americas, 20/11/12.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012 | | 0 comentários

Quer conhecer museus diferentes?

Você já pensou em conhecer um museu só sobre sapatos? Pois ele existe e fica em Toronto, no Canadá. Quer mais detalhes? Veja no blog Piscitas - travel & fun.


E que tal um museu sobre as guerras? Ele também existe e fica em Ottawa, a capital do Canadá. E também está retratado no blog Piscitas.


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"Jornalismo, ética e segurança pública"

Na última segunda-feira, dia 19, a Folha publicou uma entrevista comigo. A sua chamada na Primeira Página: "País deve negociar com criminosos, afirma sociólogo", atribuindo-me posições que me são completamente estranhas.

Jamais diria uma sandice destas.

(...) Quando saiu a publicação, fiquei surpreso porque se confundiu deliberadamente mediação com negociação, e não foi feita referência aos diversos temas e propostas que estavam sendo discutidos. Fui vítima do sensacionalismo do título que terminou desconstruindo totalmente minha fala a ponto de quase ninguém ler o que estava sendo dito na entrevista.

Afora as implicações éticas, é interessante notar o processo social que este tipo de jornalismo suscita.

Após a publicação da entrevista, o site da Folha publicou mais de 400 comentários de internautas que, além de ameaças, adjetivos e palavrões, muito pouco se debruçavam sobre o texto da entrevista.

(...) Será este é o público que estamos informando para debater temas de segurança pública? Estamos condenados às trevas da truculência e ameaças ao tentar discutir soluções mais além das corporações ou dos eventos episódicos?

O que eu não havia me dado conta ainda é o quanto nossa imprensa contribui para esse nível de debate.

Sempre soube que ela era parte importante do problema de segurança pública, pois não reflete de forma mais arguta sobre os graves problemas estruturais que vivemos no Brasil. Se tomarmos os recentes eventos de São Paulo, por exemplo, ainda não vi uma matéria que busque compreender as raízes mais profundas da crise ou a real dimensão dela.

Nossa estrutura de segurança pública é disfuncional, pouco efetiva, bastante descrita na imprensa - mas raramente analisada. Abdica-se da investigação jornalística para lançar mão de "especialistas", autoridades e denúncias na busca de "furos" e manchetes de efeito efêmeras, mas com consequências perversas na construção de nossa cidadania incompleta.

Eis um setor da administração pública que se beneficiou pouco com a democratização brasileira: a segurança pública. Ela ainda é isolada, pouco transparente, avessa a debates e sem nenhum sentido de prestação de contas acerca do que fazem.

Se por um lado a imprensa teve o importante papel de denunciar suas mazelas, acabou sendo contaminada pelo espetáculo e sensacionalismo de nossas misérias cotidianas.

Nós, "especialistas", terminamos sendo algumas vezes vítimas involuntárias. Expostos de forma desnecessária, através de fotos e manchetes que desconstroem completamente o conteúdo do que dizemos em favor do espetáculo, acabamos alvos da irracionalidade e ira reinantes. (...)

Fonte: Claudio Beato, “Folha de S. Paulo”, Opinião, Tendências/Debates, 22/11/12, p. 3.

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Frase

“É preciso ter a honestidade intelectual para reconhecer que há um grande déficit de Justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração.”
Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), em discurso de posse ontem (22/11/12)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012 | | 0 comentários

Direto do toca-CD (24)

(...) A gente pensa que escolhe
Se a gente não sabe inventa

A gente só não inventa a dor
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor

A abelha nasce e morre
E a cera que ela engendra
Acende a luz quando escorre
Da vela que me orienta

Apenas os automóveis
Centenas se movem e ventam
Certeza é o chão de um imóvel
Prefiro as pernas que me movimentam

("A letra A", de Nando Reis)

terça-feira, 20 de novembro de 2012 | | 0 comentários

"Pousos e decolagens" (2)

A série com fotos que fiz durante minhas viagens retratando voos, pousos e decolagens traz agora a aproximação final no Aeroporto Internacional McCarran, em Las Vegas, estado de Nevada (EUA):






Já na pista do aeroporto, é possível ver dois dos mais renomados cassinos da cidade: o Luxor (em formato de pirâmide) e o Mandalay Bay:


Por fim, o avião igual ao que me levou até Las Vegas, da United Airlines:


Leia também:

- "Pousos e decolagens" (1)

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Brasil se dá bem por sorte, diz economista

O recente sucesso econômico brasileiro é uma grande obra do acaso. A afirmação é do economista Ricardo Amorim. Formado pela USP (Universidade de São Paulo), com pós-graduação em Paris (França), ele esteve em Limeira no último dia 12 para uma palestra. Ele abriu sua fala enumerando as razões pelas quais o Brasil não poderia, em tese, dar certo:

1) tem uma “educação que não ensina”, ocupando o 53° lugar entre 65 países no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos);

2) possui uma “saúde que não salva” e, pior, “às vezes ela mata”. “Mata gente e mata empresas”, já que o setor privado é obrigado a pagar o SUS (Sistema Único de Saúde) via tributos e planos particulares para os trabalhadores;

3) a infraesteutura é “decrépita”. “Um pouquinho de infraestrutura em volta de muito buraco”, afirmou;

4) a carga tributária é elevada, somando R$ 1,3 trilhão hoje. Segundo ele, de 156 países emergentes, só em três se paga mais impostos do que no Brasil;

5) a burocracia é grande. “É que nem futebol. O Brasil não inventou nenhum dos dois, mas aperfeiçoou ambos”, comentou;

6) a corrupção é elevada, atingindo um valor estimado de R$ 100 bilhões.

Por que, então, o Brasil começou a dar certo apesar de todos os problemas? “Não é por mérito, é por sorte, mas não interessa. Sorte faz parte do jogo igualzinho”, disse Amorim. E qual a origem da sorte? A China. Ou melhor: 400 milhões de desconhecidos chineses que saíram do campo rumo à cidade e, ao fazerem isso, “viraram o mundo de cabeça para baixo”.

Para se ter uma ideia, foi preciso construir moradias para toda essa gente. Enquanto no Brasil (onde a construção civil está aquecida) o consumo per capita de cimento soma 350 quilos, na China ele atinge 1,6 mil quilos. Em nada menos que 80 cidades chinesas há obras de metrô, só para ficar em um exemplo.

A expansão chinesa fez os produtos importados ficarem mais baratos. Como exemplo, o preço de uma TV caiu 20 vezes. Já o valor do petróleo subiu dez vezes. Ficou mais barato para o Brasil importar produtos industrializados e melhor para vender seus produtos – notadamente matérias-primas e artigos agrícolas.

Com o aquecimento da economia, nos últimos cinco anos 500 mil brasileiros que viviam no exterior voltaram ao país. Já 550 mil estrangeiros entraram no Brasil no ano passado para trabalhar de modo legalizado (fora os ilegais). Na década, o país gerou 17 milhões de empregos. Só para se ter uma ideia, nos Estados Unidos houve queda de um milhão de vagas no período, enquanto a população norte-americana cresceu 30 milhões de pessoas.

Em resumo, o Brasil está atraindo talentos, vendendo caro e comprando barato. “Sem termos feito absolutamente nada acabamos ficando muito mais ricos”, falou Amorim.

Com a experiência de quem atua no mercado financeiro desde 1992, com passagens por Paris, Nova York (EUA) e São Paulo, ele data a sacudida econômica no mundo: dezembro de 2001. Foi quando a China entrou na OMC (Organização Mundial do Comércio). Desde então, as maiores economias mundiais – Japão, EUA e Europa - tiveram crescimento médio de 1,1%, metade do registrado nos 30 anos anteriores.

A demografia nestes países também é um problema sério: a população envelhece, crescem os gastos públicos com aposentadorias e diminuem as receitas, já que há menos gente contribuindo.

No Brasil, ao contrário, há menos crianças do que décadas atrás e o país ainda não tem muitos idosos (embora esta seja uma população crescente). Ou seja: do ponto de vista demográfico, o país vive o melhor momento. Não é à toa que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 4,3% em média nos últimos oito anos, mais que o dobro do registrado entre 1979 e 2003.

A situação em alguns países da Europa beira o desespero. A Grécia está no sexto ano seguido de recessão - algo inédito no mundo desde 1940 (fora o período da guerra). No país, 58% dos jovens não têm emprego. Sem renda, sem emprego e sem crédito não há consumo. A saída para a Grécia é exportar, disse o economista, mas aí entra o problema do euro.

O Brasil, ao contrário, está diante de uma série de oportunidades: sediará grandes eventos (Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016 no Rio), tem o pré-sal e o “know-how” na área de alimentos (o país possui 40% da área mundial disponível para plantações). Também recebe investimentos crescentes em infraestrutura e assiste à ascensão da classe C, que já soma 103 milhões de pessoas.

Aliás, não é por acaso que a Fifa (Federação Internacional de Futebol) escolheu como sedes das Copas a África do Sul em 2010, o Brasil em 2014, a Rússia em 2018 e o Catar em 2022. Todos países no topo da lista dos emergentes. Sim, a Copa é um grande negócio.

Amorim - que é colaborador do programa “Manhattan Conection”, do canal Globo News, desde 2003 – lembra que se a ascensão de 400 milhões de chineses revolucionou o mundo, há outros 300 milhões para seguirem o mesmo caminho (deixar o campo rumo às cidades). “E depois tem a Índia”, onde a população deve ter destino semelhante, citou.

Não é à toa, disse o economista, que 93% do dinheiro com lastro no mundo atualmente está nos países emergentes.

Leia também:

- Felizes, mas muito pobrinhos (Clóvis Rossi)

- O Brasil está emperrado (Vinicius Torres Freire)

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Mais um pouco da Filadélfia

Para fechar o álbum de fotos sobre a Filadélfia, primeira capital dos Estados Unidos, seguem as imagens de um dos recantos mais tranquilos e românticos da cidade, as margens do rio Delaware (que divide os estados da Pennsylvania e Nova Jersey). Em destaque, a famosa Benjamin Franklin Brigde:







Leia também:

- "Cidades aéreas" (2)

- A Filadélfia da minha infância

- Memórias da Filadélfia

- Os murais da Filadélfia

segunda-feira, 19 de novembro de 2012 | | 0 comentários

Frase

"O Judiciário é falho, claro, e tem de ser objeto de escrutínio. (...) Mas tentar imputar ao Supremo a pecha de tribunal de exceção é desrespeito institucional e, no limite, golpismo."
Igor Gielow, colunista da "Folha de S. Paulo", em coluna nesta segunda-feira (19/11/12)

domingo, 18 de novembro de 2012 | | 0 comentários

"Da areia e da pedra"

Malba Tahan conta que dois amigos, Salim e Fahid, viajavam numa caravana para a Pérsia. Ao cruzarem um rio, Salim foi pego na correnteza, e teria morrido se o amigo não o ajudasse.

Agradecido, pediu que seus empregados gravassem numa rocha que ficava na margem do rio: “Aqui, Fahid salvou a vida de seu amigo”.

Quando voltavam da Pérsia, depois de atravessarem o mesmo rio, uma discussão tola fez com que os dois brigassem. Fahid puxou uma espada, e quase mata o amigo a quem havia salvo meses antes.

Depois que os ânimos serenaram, Salim chamou de novo seus empregados e pediu que escrevessem na areia: “Aqui, Fahid tentou matar seu amigo”.

“Quando o salvei, você gravou meu gesto numa rocha.  Agora que quase o matei, você escreve na areia. Não vê que o vento logo apagará?”, perguntou Fahid.

“Esta é a sabedoria”, respondeu Salim. “Escrever as boas coisas na rocha, e as coisas negativas na areia”.

Fonte: blog do Paulo Coelho, postado em 18/11/12.