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segunda-feira, 23 de março de 2015 | | 0 comentários

A questão das TVs públicas: um debate necessário

Dois livros recém-lançados no Brasil debatem uma questão cada vez mais premente na sociedade: o papel das TVs públicas.

Consideradas modelos bem sucedidos em vários países (o Reino Unido, com a BBC, talvez seja o melhor exemplo no que diz respeito à gestão, financiamento e conteúdo), as TVs públicas brasileiras vira e mexe vão parar no noticiário, seja pela qualidade de algum produto ou pelas costumeiras interferências políticas e/ou baixa audiência.

Segundo o jornalista Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás e autor de “O Estado de Narciso”, o problema “começa na submissão das emissoras às autoridades de plantão, que controlam verbas e indicam diretores”, conforme resenha assinada pelo jornalista Bernardo Mello Franco na “Folha de S. Paulo”.

Já Ernesto Rodrigues em “O traço da Cultura” analisa especificamente o caso da TV Cultura de São Paulo, emissora da qual foi ombudsman por três anos (em tempo: a experiência de ter um ouvidor foi encerrada na Cultura – emissora da qual estou funcionário).

Para ele, a TV pública paulista é um “parque de diversões da elite cultural paulistana em que todos trabalhavam de costas para o público, sem querer saber se ele estava satisfeito. Ou mesmo presente”.

Conforme resenha feita pelo crítico de TV do UOL, Mauricio Stycer, Rodrigues defende para a Cultura (o que, no caso do Brasil, vale para outras emissoras públicas) “a inclusão de conteúdos, personagens e temáticas ‘mais populares’ na grade. Na sua visão, isso não significa ‘abrir mão do senso crítico ou adotar a mediocridade como parâmetro cultural ou jornalístico’”.

Este debate sempre teve sua particular relevância, acentuada neste momento em que parte da sociedade coloca em xeque a independência dos meios de comunicação e que o partido do governo cobra a aprovação no país de uma nova lei de mídia.

Leia também:

sexta-feira, 20 de março de 2015 | | 0 comentários

Aula de edição de vídeos

Para quem curte rap ou edição de imagens, os vídeos a seguir - com Brian Williams, da rede norte-americana NBC - são imperdíveis!





terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Esporte: um negócio em questão

Usar o esporte como fonte de lucro e, ao mesmo tempo, impedir a necessária divulgação daqueles que ajudam a manter a atividade não parece uma boa equação.

Pois é o que ocorre no Brasil há tempos, em várias modalidades. O caso mais recente e flagrante envolveu a transmissão de uma partida do Red Bull Brasil, clube-empresa criado em 2007 que chegou à primeira divisão do futebol paulista este ano.

Para não citar o nome do patrocinador (que, neste caso, mais que patrocinador é o nome OFICIAL do time), a TV Globo alterou até o logotipo do clube em suas transmissões.

A situação não é nova. Envolve, por exemplo, as novas arenas esportivas do país, cujos “naming rights” (os nomes comerciais adquiridos por patrocinadores) são rigorosamente apagados de jornais, revistas, TVs e sites.

No basquete, há tempos os times ganharam apenas o nome das cidades onde atuam. Assim, a Winner Limeira (nome de um patrocinador, mas também nome fantasia OFICIAL da equipe desde sua fundação) é chamada apenas de Limeira.

E assim ocorre com Bauru, São José dos Campos, Rio Claro...

Mas não com Flamengo – que não é chamado de Rio de Janeiro. Tampouco o Paulistano ou o Pinheiros são chamados de São Paulo.

Aliás, por que nas transmissões de Fórmula-1, por exemplo, a tradicional Ferrari (nome de uma marca de automóveis) não vira “Itália”?

Não defendo que os times sejam chamados com nomes de todos os patrocinadores, mas que recebam a nomenclatura que considerarem oficial. O Reb Bull Brasil não é o “time X” que ganhou o nome de um patrocinador; ele nasceu como Red Bull. É o Red Bull.

Por mais que se possa alegar que a emissora nada ganha com o merchandising alheio, não se pode esquecer que ela só paga pelos direitos de transmissão dos esportes em geral porque estes conferem audiência e lucro. Do contrário, não estariam na grade de programação.

Para que este negócio seja sustentável, porém, há que se permitir que meios de angariar patrocínio (e a divulgação na mídia é um dos principais) vinguem. Clubes rentáveis são um passo importante para campeonatos melhores. Neste sentido, esconder os nomes-fantasia não parece ser uma forma de contribuir com o esporte.

Uma última questão: por que os clubes se rendem a contratos “leoninos” em troca de algumas migalhas se, quando podem efetivamente faturar algo mais com as transmissões de TV, são impedidos inclusive de colocar placas de publicidade em seus ginásios, como ocorre na Liga Nacional de Basquete?

quarta-feira, 17 de setembro de 2014 | | 0 comentários

A "velha nova" classe média fez sucesso na TV

Chegou ao final na semana passada (11/9) - num episódio emocionante, inteligente, ousado e metalinguístico - um dos melhores (senão o melhor) e dos mais longevos seriados da TV brasileira nas últimas duas décadas: "A Grande Família".

Não me atreverei a falar do programa porque os entendidos já fizeram isto de forma muito melhor (leia aqui coluna do crítico de TV da "Folha de S. Paulo" e UOL, Maurício Stycer).

Gostaria apenas de fazer um registro que escapou às análises que li: à parte a qualidade imensurável do elenco, o que ajuda a explicar o sucesso de "A Grande Família" foi o fato básico de que ela conseguiu reproduzir, de modo muito simples, personagens, personalidades e o cotidiano de uma típica família de classe média brasileira. 

E isto numa época (14 anos atrás, quando o seriado começou) em que a tal "ascensão da nova classe média" nem era tema dos debates...

Simples assim.

* A imagem que ilustra esta postagem foi retirada da Internet (busca via Google)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

Bastidores 1

Visitando os colegas dia desses:




PS: a última foto foi acrescentada em 24/1/14.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014 | | 0 comentários

Na TV, também é possível escrever bem

Como um gênio da música clássica chegaria aos ouvidos de uma adolescente da Amazônia?

Fantástico: Pensa em Vivaldi, o que você sente quando ouve?

“São loucuras, muitas notas, muito rock, muito pesado”, diz a estudante Yandra Roberta Silva.

O que uma suíte para violoncelo despertaria em uma garota quilombola? “Música desperta um sentimento de amor, de alegria, de emoção”, afirma a estudante Larissa Ramos.

Para que serve um violino em uma palafita? “Fazer com que os alunos alcem voos maiores. Aqui é apenas a plataforma. Daqui o céu é o limite”, afirma o maestro Elias Tavares Sampaio.

Isso tudo acontece em Macapá, às margens do grande rio. O Amazonas é testemunha de um surpreendente projeto de massificação da música erudita. Com uma abrangência e uma rapidez que ninguém esperava, crianças pobres da capital do Amapá ganham a inusitada companhia de um Mozart, de um Bach, de um Tchaikovsky.

Lago dos Cisnes num jorro tropical. É apenas uma das muitas orquestras nascidas no local.

“A grande maioria começou comigo aos 9 anos de idade, há cinco anos. Sempre pensando que, no futuro, eles seriam os multiplicadores para que a gente pudesse criar um sistema de orquestras”, conta o maestro.

Cada um desses garotos integra o exército de músicos do subtenente Elias, do Corpo de Bombeiros do Amapá. “A quantidade de alunos vai crescendo. Então, os meus braços, os braços do sistema, têm que crescer também”, ele destaca.

Um sistema que se instalou onde sobram poeira e lama, onde falta oportunidade. “O Lago da Vaca é um dos bairros mais pobres da periferia. E aqui nós temos um polo do nosso sistema nessa igreja. Têm em torno de 70 crianças, todas de famílias pobres”, explica Elias.

Quem aprende vai ensinando ao outro. Yandra é fascinada por Bach. Mas, para ela, cada grande compositor tem uma personalidade musical. “Bethoven é mau. Um cara muito sombrio, muito cheio de coisas sombrias”, define.

O que acabou iluminando um caminho que ela não conhecia: “Eu não tinha concepção de vida, entendeu? Depois que eu conheci o projeto, eu vivi de novo. Foi a minha vida, a música é a minha vida”, ela diz.

Yandra é parte do milagre da multiplicação de instrumentistas. Mil e quinhentas crianças já aprenderam a tocar. Em alguns casos, com inesperada facilidade.

“As crianças nascem praticamente musicalizadas. Porque dentro do quilombo, eles têm os ritmos chamados batuque e marabaixo”, destaca o maestro.

No quilombo do Curiaú, perto de Macapá, Larissa aprendeu a dançar com o avô, no ritmo do marabaixo.

“É bom demais para eles aprenderem. Vai depender dela, da força de vontade. O pessoal vem aí, ensinando. Pode aprender, e muitos outros mais”, destaca o avô, João da Cruz.

A primeira orquestra quilombola do Brasil não podia deixar de ter uma caixa de marabaixo na percussão.

“Nós só fomos lá no quilombo e juntamos a orquestra com o veio artístico natural deles”, diz Elias.

O que a nova violoncelista achou? “Foi o máximo. No primeiro dia que a gente tocou uma música, ficou muito bom”, diz Larissa.

“Algum maestro pode até dizer:’ mas você está tocando Vivaldi com caixas de marabaixo?’ Por que não?”, questiona Elias.

E por que não entrar tocando tango nos alagados de Congós, na periferia de Macapá? Por que não Luiz Gonzaga com a regência coletiva da plateia? Por que não criar orquestras mesmo sem dinheiro, mesmo sem instrumento para todo mundo?

“Uma orquestra com o que tu tens. Tu tem que fazer música com aquilo que tu tem”, afirma o maestro.

Uma orquestra imaginária com instrumentos de isopor é a nova façanha do projeto. “Eles fazem a brincadeirinha do arco. Ponta, talão, meio, aquele negócio todo. Mas o objetivo mesmo é que o aluno tenha conhecimento do instrumento sem tê-lo”, explica Elias.

A aula é optativa. Mas a iniciação da escolinha pública está sempre lotada. Com os pais acompanhando da porta, muito mais que ensino musical. “Conceito de harmonia, obedecer a quem está à frente. É uma gama de informações”, destaca o maestro.

A professora Elisângela é a mãe de Abner e Ezequias, a quem dedica tudo o que lhe é possível. “Não posso dar riqueza, às vezes não é o de melhor, que eu sei que eles merecem. Mas o que eu tenho, que o meu pai me deu, eu tenho que passar para eles da melhor maneira possível”, afirma.

Ao ensinar o filho a tocar, Elisângela viu o talento aflorar na música preferida do violinista de 10 anos.

Quando Vivaldi ecoa nos barracos do bairro pobre, a aspiração do garoto vai muito além de Macapá. “Quero tocar na orquestra de Berlim”, diz Abner.

“Um dia eu ei de ver meu filho brilhar. Muito, muito. Eu ouço as músicas e fico imaginando ele tocando, as pessoas vendo, aplaudindo, e eu falando: ‘esse é meu filho’”, diz Elisângela.

O maestro Elias também se alimenta da esperança dos alunos e dos pais. Mas se um dia a orquestra de Berlim aparecer na vida de alguém, será apenas a consequência de uma conquista muito maior.

“Existe a oportunidade. Para você ser qualquer profissão, você tem de ser cidadão primeiro. Tem de ser responsável, tem que estar no horário, tem que obedecer às regras, então é isso que a gente pensa, usando a ferramenta música”, diz Elias.

Como não se vive sem sonhos, o do maestro, embora possível, tinha mesmo de ser imenso como um grande rio.

“O meu sonho é que em cada escola pública do estado do Amapá tenha uma orquestra”, conta, emocionado, o maestro.

PS: este é o texto de uma reportagem de Marcelo Canellas, apresentada no “Fantástico” (TV Globo, dom., 21h) do último dia 21/1/14.

Com texto magnífico, a reportagem foi espetacular: poético e tocante sem ser piegas. Vale a pena conferir
aqui.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013 | | 0 comentários

Notas sobre um encontro

Como já mencionei “en passant” neste blog, na semana passada fui a um seminário no Sesc Pompeia que abordou o telejornalismo. O evento, intitulado “Invadir a Programação”, fez parte do programa “ContraTV – práticas experimentais do vídeo nos anos 1980” – que, por sua vez, é parte da pré-abertura do 18° Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (que começa no próximo dia 6).

No palco, os cineastas Fernando Meirelles e Marcelo Machado, o apresentador Marcelo Tas e o jornalista Goulart de Andrade (aquele do “Vem comigo!”).


Os três primeiros fizeram parte de uma experiência, coordenada (ou avalizada) por Goulart, que revolucionou o telejornalismo brasileiro na década de 80 ao renovar a linguagem vigente. Trata-se do projeto Olhar Eletrônico, que virou uma produtora independente.  

Não pretendo resumir o debate, apenas mencionar alguns registros.

De Goulart, ouvi algumas características necessárias para um bom jornalista: “sou curioso, um garimpeiro, um contador de histórias”.

De Tas, um comentário que ilustra bem o Brasil: “estamos há 30 anos perguntando se o Maluf é ladrão. País curioso este”.

De Meirelles, uma leitura dos novos tempos, que dificultam um trabalho mais profundo e autêntico como o “Olhar Eletrônico” fez nos anos 80: “vivemos uma ditadura dos advogados”.

De todos, em comum, uma recomendação: criatividade.

A seguir, alguns vídeos que ilustram um pouco do que foi debatido na ocasião e um pouco do trabalho do “Olhar Eletrônico”:


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Trabalhando...

Primeira matéria do bloco:


Primeira entrada do bloco: 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013 | | 0 comentários

"Ready to play?"

Ready to Play from Turner Brasil on Vimeo.

sexta-feira, 10 de maio de 2013 | | 0 comentários

Futebol na TV aberta está ficando chato

Está ficando quase insuportável assistir a jogos de futebol na TV aberta. Falta emoção, sobram falas inúteis (agora a Globo inventou de ficar levando "convidados" para as partidas, como se já não houvesse gente suficiente na equipe para ficar falando...). Não percebem que as falas em demasia tiram a emoção da disputa?

E por que, afinal, os narradores não narram? Está se tornando comum perderem lances de gol porque no lugar de narrar os jogos ficam fazendo comentários, observações, etc. Quando se dão conta a bola já está na rede e aí simplesmente soltam o grito de "golllll!!!".

Sem contar as perguntas (geralmente tolas) de telespectadores apresentadas durante as partidas.

Essa gente viaja sempre para a Europa e os Estados Unidos e não aprende como se narra de verdade um jogo de futebol.

Em tempo: com a proximidade da Copa das Confederações e da Copa do Mundo e a (re)inauguração de estádios país afora, qualquer mequetrefe virou "arena". Aliás, o Brasil não tem mais estádios, agora só possui arena. Já virou mania: "Arena Joinville", "arena isto, "arena aquilo"...

terça-feira, 5 de março de 2013 | | 0 comentários

Nós, os jornalistas

Tanto quanto políticos e advogados, jornalistas sempre renderam bons vilões na ficção -primeiro, na literatura; depois, no cinema e, mais recentemente, na televisão. O seriado "House of Cards", disponível desde 1º de fevereiro na Netflix, tem merecido reparos pelo retrato nada edificante que pinta de um tipo específico, e poderoso: o repórter de política.

Jornalistas costumam ser críticos e até maledicentes com colegas de ofício, mas não gostam de ouvir avaliações vindas "de fora" a respeito de suas práticas.

A série se passa em Washington, nos dias atuais. O protagonista, Frank Underwood (Kevin Spacey), um experiente e poderoso deputado democrata, acaba de saber que o presidente dos Estados Unidos ignorou um acordo que parecia certo e não o nomeou secretário de Estado.

Destinado a se vingar, mas sem perder a proximidade com o presidente, Underwood faz tudo o que o senso comum imagina ser da alçada de um político sem escrúpulos: ajuda a queimar o nome do político indicado para o cargo com que sonhava, manipula votações, mente, troca cargos por votos, destrói carreiras, faz lobby suspeito etc..

A jornalista Zoe Barnes (Kate Mara) tem um papel central neste projeto de poder de Underwood. Sonhando voos mais altos no "Washington Herald", onde trabalha, a jovem repórter se aproxima do deputado interessada em conseguir notícias exclusivas mesmo que em troca de sexo.

Casado, o deputado adverte a repórter de que ela vai se machucar no fim, mas Zoe está mais interessada nos benefícios no curto prazo. Estabelece-se, então, uma relação de negócios, com benefícios para ambos.

Com as informações passadas por Underwood, a carreira da jornalista dá um salto. Logo é convidada pelo chefe a assumir o cargo de principal repórter na Casa Branca, mas recusa. "É onde as notícias morrem", diz. A ocupante do posto, uma repórter veterana, suspeita que Zoe esteja trocando notícias exclusivas por sexo. Em um episódio, dirá para a colega: "Também fiz isso no início da carreira".

Numa discussão com a dona do jornal, o chefe de Zoe Barnes diz que a repórter, assim como o Twitter e blogs, é superficial. O jornal foi fundado sob outras bases e não são essas novidades que o manterão vivo, diz. É demitido.

Depois de dar uma série de "furos" no "Herald", ela troca o jornal por um site, Slugline, onde ouve da nova chefe que não precisa mostrar previamente os seus textos. "O objetivo aqui é que todos publiquem com mais velocidade do que eu tenho a capacidade de ler."

Tanto os diálogos entre Zoe e Underwood, quanto os que a repórter tem com os demais jornalistas na série são de uma crueza assustadora. Beau Willimon, autor do texto, trabalhou com uma série de políticos, inclusive Hillary Clinton, no final dos anos 1990. É autor da peça "Farragut North", que virou o filme "The Ides of March" ("Tudo pelo Poder"), dirigido por George Clooney em 2011.

Enquanto a série "The Newsroom" apresenta uma visão do que o jornalismo poderia ser, mas não é, "House of Cards" expõe o que ele não deveria ser. Não espanta que o retrato da repórter Zoe Barnes, bem como o da profissão hoje, pintado nesta série, desagrade muito mais.

Fonte: Mauricio Stycer, "Trocando 'furos' por sexo", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 3/3/13.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012 | | 0 comentários

Frase

"A força da TV vem do noticiário, do que seleciona para noticiar. A simples escolha de uma notícia é uma decisão editorial, em TV mais forte que qualquer editorial explícito."
Paulo Francis, jornalista, em "Televisão, o grande eleitor americano" (crônica tirada do livro "Paulo Francis - Diário da Corte", p. 22)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012 | | 0 comentários

A visão do outro

Assistindo à primeira temporada de “Clube dos Correspondentes”, série da Globo News, comecei a pensar no Brasil e nas nossas falhas (ou desafios, chame como preferir).

Ouvir um correspondente é, como disse certa feita um amigo, “olhar a garrafa pelo lado de fora” para quem sempre esteve dentro dela. Em outras palavras, ter outra visão.

Naturalmente, fazer esse exercício exige boa dose de humildade e abertura para ouvir, enxergar e refletir (como você se comporta diante da crítica ou do apontamento de um colega ou amigo?).

Voltando à questão principal: dos tantos apontamentos feitos, dois chamaram mais a atenção. Um deles veio do correspondente da rede de TV Al-Jazeera, a principal emissora de notícias do mundo árabe. Questionado sobre o que lhe causava mais espanto no Brasil, ele respondeu sem titubear: o modo como o brasileiro assimilou a violência no dia-a-dia.

Segundo esse correspondente, é comum no mundo ocidental as pessoas imaginarem que as cidades e os países árabes vivem um eterno conflito bélico, com tiros e mortes todos os dias pelas ruas.

Ao contrário, disse ele: há, sim, guerras estabelecidas, mas em locais específicos. Em geral, falou o jornalista, as cidades são pacíficas e pode-se sair às ruas, ir ao supermercado e ao cinema com toda tranquilidade, sem o aparato de segurança (oficial e não-oficial) que se vê no Brasil.

O correspondente contou que a filha, quando esteve no Brasil, assustou-se ao ver tanta gente armada em tantos lugares – nos bancos, hospitais, casas noturnas, nas ruas. De acordo com ele, o brasileiro acostumou-se a este estado de violência e não se dá conta do clima de insegurança e terror em que vive.

Ontem, no último programa da série (foram quatro na primeira temporada), o correspondente de uma agência de notícias da China enumerou os três problemas que mais chamam a atenção dele no Brasil: corrupção, burocracia e baixa eficiência.

Ao ouvir, refleti sobre como um problema está umbilicalmente ligado ao outro: a corrupção favorece a burocracia e se alimenta dela. O resultado de uma e outra é a pouca eficiência.

Será que poderemos um dia nos considerar desenvolvidos de fato sem resolver estas questões básicas de civilidade?

PS: a primeira temporada de “Clube dos Correspondentes” será reprisada a partir do próximo domingo, sempre às 17h05.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012 | | 0 comentários

Telejornalismo em questão

Renovar o jornalismo de TV, ousar, enlouquecer a concorrência, incomodar poderosos, remar na contracorrente. Essas são as intenções de um telejornal fictício, base da trama do seriado americano "The Newsroom", sensação nos EUA, agora na TV a cabo do Brasil.

Criação de Aaron Sorkin, o mesmo da série "The West Wing" e do filme "A Rede Social", "The Newsroom" não deixa ninguém indiferente. É cultuado com intensidade, e odiado também. Para jornalistas, assisti-lo vira hábito compulsivo (ainda mais para os de TV, meu caso).

Mas "The Newsroom" não surgiu do nada, a partir de algum "insight" genial do criador Sorkin (sujeito intragável, garante quem já esteve frente a frente com ele). Deve muito, e não sei se isso foi devidamente notado, a uma série inglesa exibida em 2011 pela BBC: "The Hour".

Assim como em "The Newsroom", em "The Hour" uma equipe de jornalistas muito jovens, chefiados por uma mulher, é chamada a criar uma atração inovadora. Em "The Newsroom", um telejornal diário. Em "The Hour", um programa semanal, com as principais notícias do período.

(...) Em "The Hour", os jornalistas repetem em todo episódio: "Não queremos entediar o espectador". O que não significa apelar para sensacionalismo ou banalidades. Vivem em tempos turbulentos, perfeitamente refletidos no programa. Falam da crise do canal de Suez, da invasão da Hungria pelas tropas soviéticas, dos titubeios do governo conservador de Anthony Eden.

No jornal fictício de "The Newsroom", a série americana, não há preocupação com formatos atraentes. Seus jornalistas se veem como arautos de uma missão que julgam civilizadora. "Notícia importante é notícia útil na hora de votar", sentencia, logo no primeiro capítulo, a editora-chefe. Ou seja: só cobrem política e economia, e na base de muita falação.

Fonte: Álvaro Pereira Júnior, "Notícias na TV", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 4/8/12.

***

Não, os Estados Unidos não são o melhor país do mundo. Estão em sétimo lugar em taxa de alfabetização, 27º em conhecimento de matemática, 22º em ciência, 49º em expectativa de vida, 178º em mortalidade infantil, terceiro em renda per capita, quarto em força de trabalho e exportações.

Lideram o mundo apenas em três categorias: porcentagem de cidadãos encarcerados, número de adultos que acreditam que anjos são reais e em gastos de defesa -despendem mais que os 26 países seguintes somados, 25 dos quais são seus aliados.

A ideia acima é do personagem Will McAvoy, exposta durante palestra a estudantes de jornalismo. Até ali um âncora anódino, chamado pelos pares de "Jay Leno do jornalismo" por sua capacidade de não desagradar ninguém, ele resolve se despir da mediocridade e começar a fazer telejornalismo para valer.

Assim se inicia a série "The Newsroom" (a Redação, em inglês), que o canal de TV paga HBO passa a exibir aos domingos no Brasil a partir de hoje, às 21h. Criada por Aaron Sorkin, de "The West Wing" e roteirista do longa "A Rede Social", conta os bastidores de um telejornal fictício com notícias de verdade.

No primeiro episódio, fala-se do vazamento de óleo no golfo do México, de abril de 2010. No terceiro, da ameaça de explosão de um carro-bomba na Times Square, em Nova York, no mês seguinte.

As situações reais são pano de fundo para que a qualidade do telejornalismo dos EUA seja discutida de maneira criativa e provocadora. A tese de Sorkin é que, ao buscar audiência a qualquer preço, os programas se tornaram mais superficiais e emburreceram os espectadores.

Num dos episódios, depois de fazer um comentário engraçadinho sobre a política Sarah Palin, McAvoy (Jeff Daniels) pede desculpas no ar. Não apenas pelo erro, mas por anos de desinformação:

"Sou líder numa indústria que errou resultados de eleições [Bush x Gore, 2000], exagerou ameaças terroristas [Guerra do Iraque, 2003], inflou controvérsias e deixou de noticiar mudanças tectônicas em nosso país, do colapso do sistema financeiro [em 2008] a quão fortes nós realmente somos diante dos desafios que temos".

Fonte: Sérgio D´Ávila, "No calor da hora", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 5/8/12.

segunda-feira, 11 de junho de 2012 | | 1 comentários

Minha "primeira" (!) reportagem no Rio

Estive recentemente no Rio de Janeiro participando da 2ª Oficina Prática de Reportagem para TV ministrada pelo jornalista Flávio Fachel, repórter de rede da TV Globo e até meses atrás correspondente da emissora em Nova York (EUA).


Todos tivemos que produzir uma reportagem sobre o BRT, o novo sistema de transporte que estrearia dias depois, no Rio.




O resultado prático da oficina, no meu caso, é a reportagem que se vê a seguir:


PS: eu gostei bastante. E você?

Em tempo 1: gostei muito de "trabalhar" no Rio. Se alguém tiver vaga disponível é só entrar em contato!

Em tempo 2: repare no "primeira" que acrescentei ao título desta postagem... Rio?? Vaga??

segunda-feira, 5 de março de 2012 | | 0 comentários

"Proibir o MMA na televisão"

Um projeto de lei que propus em 2009, proibindo a cobertura de MMA (em inglês, artes marciais mistas), o "vale-tudo", pelas TVs, tem gerado polêmica, ainda mais após a realização, no Brasil, do UFC, principal campeonato da luta, e de sua transmissão pela maior rede de TV do país.

Nosso objetivo é proibir o televisionamento de lutas agressivas e brutais que banalizam e propagandeiam a violência pela violência, sem qualquer outra mensagem, pela TV, que é uma concessão estatal.

Basta assistir a um único embate para ver a brutalidade e a contundência dos golpes, desde pontapés e joelhadas na cabeça até cotoveladas no rosto, chaves de braço e "mata-leões" (chaves no pescoço).

Em dezembro, o brasileiro Rodrigo Minotauro quebrou o braço e teve de passar por cirurgia para colocar 16 pinos metálicos. Em outra apresentação recente, bastaram alguns segundos para o "vencedor" derrotar o adversário com dois únicos golpes. Há cenas de sangue jorrando longe após cotoveladas na boca e no nariz do oponente -que caiu, tremendo e com espasmos. E a luta continua!

O MMA nada tem a ver com as lutas de judô, taekwondo ou boxe, modalidades com regras previstas em competições olímpicas ou mesmo profissionais. Nem com o karatê, a capoeira ou o jiu-jítsu, destinados à defesa pessoal, ao autocontrole e ao treinamento físico dos atletas. São lutas em que, mesmo nas competições, a integridade física é preservada.

Éder Jofre, bicampeão mundial de boxe, é um dos veementes opositores ao MMA, que tem pouco de esporte e muito de "briga de rua", onde vale tudo.

No Brasil, rinhas de galo e de canário são proibidas legalmente. Há cidades, como São Paulo, por exemplo, que não permitem rodeios, porque ferem e machucam animais. Mas lutar MMA que maltrata, fere, machuca, lesiona, sangra o ser humano, pode! Rinha humana pode!

Em Nova York, desde 1997 são proibidas competições e outras atividades do MMA. Na França, elas também já foram proibidas. No Canadá, em 2010, a associação médica concluiu que o MMA provoca traumas e lesões que podem estar presentes pelo resto da vida do lutador.

A entidade sugeriu que o esporte seja banido do Canadá, que é o segundo maior mercado do UFC no mundo. No Brasil, médicos e pesquisadores têm se manifestado contra a prática, apontando riscos tanto de lesões, algumas permanentes, como de morte.

Ainda não há levantamentos oficiais de quantos praticantes de MMA morreram. Mas pelo menos três casos ficaram famosos, em apenas 13 anos da luta: o primeiro em 1998, na Ucrânia, e outros dois nos Estados Unidos (2007 e 2010).

A veiculação das imagens dessas lutas pode incitar ainda mais a violência. São cenas que despertam instintos raivosos, maldosos. O UFC está avaliado em mais de US$ 1 bilhão e se tornou um fenômeno de mídia, recorde de vendas de pay-per-view. São poucos ganhando muito com o sangue, com a desumanidade e com o destempero alheios.

Na Roma antiga, os gladiadores, escravizados, lutavam entre si até a morte. O jornalista esportivo Milton Neves, referindo-se ao MMA do Brasil, pergunta: "Os gladiadores de Roma voltaram?" Galvão Bueno, nas chamadas da TV Globo, alardeia "os gladiadores do século 21".

Esta Folha, em editorial de 19 de dezembro, sinalizou a necessidade de regulação para as transmissões de MMA: "é o século 21 naquilo que tem de mais primitivo e troglodita".

O projeto de lei 5.534/2009 está agora na Comissão de Ciência da Câmara, já tendo passado pela de Desporto. Depois vai para a de Constituição e Justiça, podendo chegar ao Plenário, se houver recurso.

O debate é se o MMA é o tipo de atividade que queremos para formar, qualificar, graduar ou promover os valores esportivos e civilizatórios do cidadão brasileiro. É essa a discussão que devemos travar.

Fonte:
José Mentor, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 5/3/12, p. 3.

* Mentor é deputado federal pelo PT-SP

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012 | | 0 comentários

Jogo dos erros

Ou ache a jornalista (as fotos são dos bastidores da cobertura do carnaval 2012): 



Tá, eu sei que isto é uma inutilidade, mas é só para descontrair mesmo.

sábado, 1 de outubro de 2011 | | 0 comentários

Um pedaço da história da TV no Brasil

Recentemente, estive na casa de um dos ícones da televisão brasileira, a atriz Vida Alves. Lá, no bairro do Sumaré, em São Paulo, funciona o Museu da TV. Trata-se de uma iniciativa da Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira (a Pró-TV), entidade criada por Vida, há quase 20 anos.

Ela teve a iniciativa de coletar - junto de colegas que trabalharam nos primórdios da TV -imagens e objetos a fim de criar o museu e, acima de tudo, preservar a memória do principal veículo de massa do Brasil.

O acervo não é tão grande porque, como a própria Vida Alves explica, na época não se tinha a preocupação de guardar os registros dos trabalhos. Ainda assim, vale a pena ser visto. O museu também possui gravações de relatos de mais de uma centena de personagens que ajudaram a construir o que a televisão brasileira é hoje – uma das melhores do mundo.

Detalhes sobre o museu e sobre o trabalho da Pró-TV podem ser conferidos no site oficial.


 




Em tempo: Vida Alves ficou famosa por protagonizar o primeiro beijo da televisão. Foi na novela “Sua Vida me Pertence”, em 1951, na antiga TV Tupi, numa cena com Walter Forster, da qual não sobrou nenhum registro. Foi dela também o que se pode considerar o primeiro beijo gay. Foi na década de 1960 no teleteatro “Calúnia”, numa cena com a atriz Georgia Gomide.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011 | | 1 comentários

O câmera (e a câmera)

Será Cival Sanches no comando da câmera?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011 | | 1 comentários

Aventura no ar

Finalmente, após muitas madrugadas em claro e tentativas frustradas de fazer um “upload”, consegui postar minha aventura pelo céu de Rio Claro durante o 24° Campeonato Brasileiro de Balonismo. A reportagem foi realizada e veiculada no dia 23 de junho último no programa “A Hora Informação Verdade”, da TV Jornal. As imagens são do cinegrafista Max Ribeiro e a edição é de Danilo Fernandes.

Infelizmente, por limitações do YouTube, o vídeo teve que ser dividido em quatro partes para o “upload”. Aliás, esta tarefa só foi possível graças à ajuda do amigo Carlos Giannoni de Araújo, a quem agradeço.

Pensei em escrever algo sobre esta inesquecível aventura, mas como a descrevi na reportagem, acho melhor vocês assistirem-na. Ficou bem legal (graças às imagens e edição caprichadas!).





PS: para mais informações sobre balonismo, acesse www.mundialbalonismo.com.br.