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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013 | | 0 comentários

Piora desempenho de limeirenses no Enem

O sinal amarelo acendeu nas escolas de ensino médio de Limeira – públicas e particulares. Todas as que tiveram nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2009 pioraram o desempenho em 2011. Algumas delas não só apresentaram um desempenho inferior de seus alunos como também perderam posições no ranking municipal, casos do Colégio Acadêmico e da Einstein.

Mais uma vez, as melhores notas foram das escolas particulares. Entre as dez primeiras, oito são privadas – as únicas duas públicas que figuram no “top ten” são de ensino técnico (Cotil, ligado à Unicamp, e “Trajano Camargo”, ligado ao Centro Paulo Souza).


O Ministério da Educação (MEC) só divulga as notas das escolas cuja participação dos alunos no exame foi igual ou maior a 50%. Em 2011, receberam nota 10.076 instituições em todo o país. A média de todas elas caiu em relação ao ano anterior – ou seja, o fenômeno não é exclusivo de Limeira, sendo necessário um alerta nacional.

A nota média das escolas participantes no Enem 2011 foi de 519,08. Isto significa que 11 escolas de Limeira ficaram acima da média nacional.

Para efeito de comparação, a melhor escola do Brasil foi o Colégio Objetivo Integral, de São Paulo, com nota 737,15. Há dois anos, a melhor nota tinha sido 749,7.

Em 2009, 35 escolas de Limeira apareceram na lista do MEC, embora nove delas não tivessem nota. Em 2011, o número de unidades apresentadas foi de 19 – todas com nota.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Educação brasileira: o "x" da questão

Pesquisa da Faculdade de Educação da USP mostrou que quase metade dos alunos que ingressam nos cursos de licenciatura em física e matemática da universidade não estão dispostos a tornar-se professores. O detalhe inquietante é que licenciaturas foram criadas exatamente para formar docentes.

A dificuldade é que, se os estudantes não querem virar professores, fica difícil conseguir bons profissionais e, sem eles, o sistema de ensino brasileiro seguirá colecionando fracassos.

Embora exista muita polêmica sobre o que funciona ou não em educação, não há dúvida de que a qualidade do professor é fundamental. Trabalho de 2007 da consultoria McKinsey comparou sistemas de educação de todo o mundo e concluiu que o elemento de maior destaque nas redes de excelência era a capacidade de "escolher as melhores pessoas para se tornarem professores".

Na Coreia do Sul, por exemplo, os futuros mestres são recrutados entre os 5% de alunos com notas mais altas no equivalente ao vestibular. Na Finlândia, os docentes são selecionados entre os "top ten". Por aqui, segundo levantamento de 2008 da Fundação Lemann, apenas 5% dos melhores alunos do ensino médio pensam em abraçar o magistério. Ser professor no Brasil se tornou a opção dos que não têm melhores opções.

Resolver essa encrenca é o desafio. Salários são por certo uma parte importante do problema, mas outros elementos, como estabilidade na carreira e prestígio social, também influem. O tratamento quase reverencial que a sociedade coreana dispensa a seus mestres ajuda a explicar o sucesso educacional do país.

Essas considerações tornam difícil a situação do Brasil, que precisa transitar de um modelo em que os piores alunos viram docentes para um que prime pela excelência. E, como o deficit de professores já é enorme (200 mil só na área de exatas), teremos de achar um jeito de trocar o pneu com o carro em movimento.

Fonte: Hélio Schwartsman, “Encrenca educacional”, Folha de S. Paulo, Opinião, 13/10/12, p. 2.

terça-feira, 30 de agosto de 2011 | | 0 comentários

O desafio da educação de qualidade

Poderia até funcionar como propaganda do ProUni brasileiro: em 20 anos, o número de estudantes universitários multiplicou-se por cinco, passando de 200 mil a 1 milhão. Melhor ainda: 70% dos universitários de hoje são filhos de pais que jamais tiveram acesso à universidade.

Mas não estamos falando do Brasil e, sim, do Chile. Aliás, os estudantes chilenos de 15 anos ficaram no primeiro lugar na América Latina, no mais recente exame internacional comparativo, o Pisa, conforme lembrou ontem, em "El País", o colunista Andrés Oppenheimer.

Esses números indicam que são ingratos os estudantes chilenos, que não saem das ruas há meses, reclamando educação pública gratuita e de qualidade? Não. Indicam duas coisas, a saber:

1 - O chileno, ao contrário do acomodado brasileiro, é um bicho afeito à mobilização desde sempre.

2 - O sistema educacional chileno nem é público nem é gratuito nem é de qualidade.

O Chile, como o Brasil, resolveu o problema da quantidade (conseguiu universalizar o acesso ao ensino básico), mas não o da qualidade: 40% dos alunos deixam o ensino fundamental sem entender o que leem (como no Brasil).

Vale o mesmo raciocínio para a universidade. No modelo chileno, o Estado praticamente afastou-se do ensino superior, limitando-se a financiar as escolas privadas para que aceitem o maior número possível de alunos. 

Em consequência, a metade praticamente dos jovens em idade universitária está na escola superior, índice melhor do que o de quase todos os vizinhos.
Mas a legislação é frouxa no que tange ao controle da qualidade do ensino (como no Brasil).

Pior: o custo é o mais elevado da América Latina, o triplo do italiano, 19 vezes maior do que o francês, conforme os dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o que levou o endividamento (do estudante e de sua família, avalista do débito durante a graduação) a um ponto insuportável e empurrou a moçada para a rua.

Em um país em que o salário médio (não o mínimo) equivale a R$ 1.755, os jovens desembolsam entre R$ 580 e R$ 1.370 mensais conforme o curso escolhido. 

Consequência inescapável: 70% dos estudantes estão endividados e 65% dos mais pobres interrompem os estudos sufocados por problemas financeiros insuperáveis.

Os custos levam ainda à reprodução, no acesso à universidade, da desigualdade que existe no conjunto da sociedade (como no Brasil, aliás): entre os 10% mais pobres, só 16% conseguem chegar ao ensino superior, ao passo que, nos 10% mais ricos, a taxa é de 61%.

Tudo somado, fica evidente que a América Latina tem um nó formidável na educação, posto que há deficiências colossais nos dois modelos (o público gratuito do Brasil, complementado por proliferação descontrolada do ensino privado, e a escola privada financiada pelo Estado, como no Chile, também com setor estritamente privado igualmente sem controle de qualidade).

O que surpreende, pois, não é que os jovens chilenos ganhem a rua, mas que os brasileiros só o façam para reivindicar meia entrada.

Fonte: Clóvis Rossi, “Chile e Brasil, dois fracassos”, Folha de S. Paulo, Mundo, 30/8/11.

segunda-feira, 19 de julho de 2010 | | 1 comentários

As melhores escolas de Limeira, segundo o Enem

Alunos do ensino médio das escolas particulares de Limeira têm um desempenho melhor do que os colegas da rede pública – com exceção das unidades técnicas. É o que revela o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola, divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Educação.

Das dez melhores escolas da cidade no Enem, seis são particulares. Considerando apenas as cinco melhores, quatro são privadas. A destoar nesta lista está o Colégio Técnico de Limeira (Cotil), que exibe a grife Unicamp.

Apenas sete escolas limeirenses tiveram média total (a soma das notas da prova objetiva e da redação) acima de 600 (para efeito de comparação, a escola com melhor desempenho do Brasil, o Colégio Vértice, de São Paulo, teve média de 749,7). Cinco dessas sete são particulares. Além do Cotil, a única pública com esse desempenho é a Etec “Trajano Camargo". Talvez não seja coincidência que as duas melhores unidades da rede pública tenham como foco o ensino técnico.

Das 35 escolas de Limeira que oferecem ensino médio (EMR) ou educação de jovens e adultos (EJA), 18 tiveram nota acima da média nacional – 500 (o que, embora positivo, não deve ser motivo de tanta comemoração considerando o baixo nível da educação no Brasil). Oito, porém, sequer atingiram a média do país. Fosse uma prova, estariam reprovadas. Nove unidades não tiveram médias.


Em Limeira, 1.536 alunos se inscreveram no Enem 2009, exatamente um terço do total de estudantes do ensino médio das 35 escolas.

Há quem considere o Enem um parâmetro de desempenho meramente individual e não da escola em si. Não são os alunos, contudo, o fruto do ensino de uma unidade? Obviamente há em qualquer escola estudantes de desempenho muito acima da média e outros muito abaixo. Neste sentido, checar quantos estudantes de cada unidade fizeram o Enem pode ajudar a evitar distorções.

Entretanto, não se deve negar que o exame é, sim, um parâmetro da qualidade do ensino. Não deve ser o único, mas não pode ser desconsiderado.

Tenho certeza de que se outras ferramentas de avaliação forem adotadas, o ranking não ficará muito diferente do apresentado pelo Enem. Sinal de que muitas escolas têm muito a melhorar.

DIFERENÇAS

No Brasil, segundo o MEC, persistem as agudas diferenças regionais. Não é à toa que das 20 melhores escolas do país no Enem, 12 ficam na região Sudeste. Também persiste o abismo - verificado em Limeira - que separa unidades particulares e públicas. Das 20 melhores, 18 são privadas (leia mais aqui).

Para corrigir essa distorção, não há outro caminho que não seja investimento. Atualmente, 25% do orçamento da União, estados e municípios são obrigatoriamente destinados à educação. Das duas, uma: o dinheiro é insuficiente (e neste caso é preciso investir mais) ou é mal gasto (neste caso é preciso garantir maior eficiência dos recursos).

Enquanto o Brasil tiver professores mal remunerados, desestimulados e mal preparados; metodologia atrasada e escolas com infraestrutura deficiente (em Limeira, há unidades onde os alunos não conseguem ficar na classe por causa do calor em razão do telhado de zinco, sem contar as instalações elétricas precárias), o ensino não vai melhorar.

É inaceitável que em pleno século 21, na era da produção e disseminação do conhecimento e da informação, persistam as velhas lousas de giz, a cópia da tarefa e a posição passiva dos estudantes.

* Para ler mais sobre educação neste blog, especificamente o desafio do ensino em Limeira e no Brasil, clique aqui.

quinta-feira, 8 de julho de 2010 | | 0 comentários

O ensino em Limeira e o desafio brasileiro

Quanto mais difícil o ensino fica, menor é o nível de conhecimento dos alunos no Brasil. É o que revelou o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), divulgado recentemente pelo Ministério da Educação (MEC). Feito a cada dois anos, ele aponta a qualidade do ensino no país a partir de dois conceitos: aprovação e desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática. As notas variam de zero a dez (leia mais aqui).

Na região, o cenário não foge à regra nacional. Estudantes da 8ª série/9° ano do ensino fundamental têm nota inferior aos do chamado primeiro ciclo (4ª série/5° ano). Nas duas faixas, houve evolução em Limeira (após uma queda em 2007), Americana, Piracicaba, Araras e Rio Claro.

No primeiro ciclo, os melhores desempenhos são de Americana e Araras (notas 6,1 e 6,0 respectivamente). Piracicaba, Rio Claro e Limeira estão juntas com 5,6.

4ª série/5° ano
Cidade .......... 2005 .......... 2007 .......... 2009
Americana ....... 5,2 ........... 5,3 ............ 6,1
Piracicaba ....... 4,9 ........... 4,9 ............ 5,6
Araras ........... 5,2 ........... 5,2 ............ 6,0
Rio Claro ........ 5,1 ........... 5,3 ............ 5,6
Limeira ......... 5,3 ........... 5,1 ............ 5,6

No segundo ciclo, Araras e Rio Claro têm as melhores notas (4,9). Limeira aparece em seguida, com 4,8. Americana tem 4,7 e Piracicaba 4,5. Considerando as duas faixas, pode-se dizer que Araras tem o melhor ensino da região – ou que ao menos seus alunos têm os melhores desempenhos.

8ª série/9° ano
Cidade .......... 2005 .......... 2007 .......... 2009

Americana ....... 4,5 ........... 4,7 ............ 4,7
Piracicaba ....... 3,8 ........... 4,2 ............ 4,5
Araras ........... 4,3 ........... 4,4 ............ 4,9
Rio Claro ........ 4,7 ........... 4,7 ............ 4,9
Limeira ......... 6,4 ........... 4,5 ............ 4,8

No caso de Limeira, a nota do primeiro ciclo está dentro da meta (5,6) fixada pelo MEC – a da rede municipal é ainda maior (5,7). No segundo ciclo, porém, o cenário é outro. A nota dos alunos limeirenses está bem distante da meta (vale lembrar que este ciclo é oferecido apenas pela rede estadual).

4ª série/5° ano
Ano .......... Nota .......... Meta
2005 ......... 5,3 ............. ---
2007 ......... 5,1 ............. 5,3
2009 ......... 5,6 ............. 5,6
2011 ........................... 6,0
2013 ........................... 6,2
2015 ........................... 6,5
2017 ........................... 6,7
2019 ........................... 6,9
2021 ........................... 7,1

8ª serie/9° ano
Ano .......... Nota .......... Meta

2005 ......... 6,4 ............. ---
2007 ......... 4,5 ............. 6,5
2009 ......... 4,8 ............. 6,6
2011 ............................ 6,8
2013 ............................ 7,0
2015 ............................ 7,3
2017 ............................ 7,4
2019 ............................ 7,6
2021 ............................ 7,7


A educação é o grande desafio brasileiro no século 21 (até porque a melhoria do ensino provoca impactos positivos na saúde, na segurança e no emprego). Só ela poderá garantir o salto de qualidade e desenvolvimento de que o país necessita.

Para se ter uma ideia, a Coreia do Sul registrou em 2007 um total de 7.061 patentes, 18,8% a mais do que no ano anterior. Ficou em quarto no ranking mundial. A China somou 5.456 registros (sétimo lugar no ranking), uma alta de 38,1%, segundo dados da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI).

O Brasil ficou num modesto 24° lugar, com 384 patentes naquele ano – 14 vezes menos do que a China e 18 vezes menos que a Coreia do Sul (leia mais aqui). Há 30 anos, Coreia e Brasil estavam no mesmo patamar. O que garantiu o salto da primeira foi o investimento em... educação.

No Brasil, a falta de mão de obra qualificada até em funções básicas, como a de pedreiro, e o déficit de profissionais, como engenheiros, indicam que o ensino é, talvez, o grande gargalo estrutural que dificulta um crescimento maior da economia. Um gargalo que parece ter surgido do dia para a noite, já que durante anos falou-se somente na necessidade de investimentos em infraestrutura de transporte e energia, por exemplo.

Apenas como exemplo do abismo em que o Brasil se encontra, “cerca de 30 mil engenheiros saem das universidades por ano. Na Coreia do Sul, este número chega a 80 mil. Na China são 400 mil engenheiros por ano e na Índia 250 mil”, informou recentemente a Agência Brasil (leia aqui). Ressalvando o tamanho das populações, de cinco a seis vezes maior na China e Índia do que no Brasil, ainda assim o número brasileiro é muito pequeno.

Portanto, o desafio está colocado.

Sobre este assunto, o ministro da Educação, Fernando Haddad, concedeu uma interessante entrevista esta semana à rádio CBN comentando os resultados do Ideb – que tem como um de seus méritos o fato de estabelecer metas de melhoria do ensino.