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quinta-feira, 16 de agosto de 2012 | | 0 comentários

Afinal, vale a pena sediar as Olimpíadas?

Quando se fala em Olimpíadas, um dos principais temas em discussão é o tal legado – ou seja, o que vai restar para a comunidade após as duas semanas de jogos e gastos cada vez mais bilionários para sediar o evento.

Dia desses, conversando com um amigo sobre o assunto, argumentei que os custos para realização dos Jogos Olímpicos estão saindo do controle. Ou, dito de outra forma, assumindo valores estratosféricos. Será, afinal, que vale a pena?

Este amigo citou, como legado, o caso de Barcelona, na Espanha, sede dos jogos de 1992. Contra-argumentei afirmando que já se passaram cinco olimpíadas (considerando só as de verão) e todo mundo ainda se baseia no mesmo exemplo. Qual foi, afinal, o legado para as demais cidades? O que podem falar os moradores de Atlanta (1996), Sidney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e agora Londres (2012)?

Uma ajuda para responder esta pergunta pode ser encontrada no trabalho dos fotógrafos Jon Pack e Gary Hustwit. Eles acabaram de realizar o projeto “The Olympic City”, cujo objetivo foi justamente registrar o legado olímpico para as cidades ao redor do mundo.

De acordo com eles, sediar um evento desse porte se apresenta como uma oportunidade para as cidades se mostrarem ao mundo e atraírem dólares com o turismo. Ao mesmo tempo, gastam milhões ou até bilhões para organizar a festa. “Mas depois que o evento acaba, que as medalhas foram distribuídas e a tocha olímpica é extinta, o que vem? O que acontece com uma cidade depois que as Olimpíadas acabam?”, citam.

Será que cidades como Rio de Janeiro e Londres precisam dos Jogos Olímpicos como divulgação internacional e para atrair turistas? Será que de fato o evento atrai turistas de modo a justificar tantos investimentos?

No “The Olympic City”, financiado por meio de um site especializado em captação de recursos junto a internautas, os fotógrafos buscaram “exemplos de sucesso e fracasso, restos esquecidos e fantasmas do espetáculo olímpico”. Segundo eles, algumas construções foram adaptadas e usadas para fins distintos daqueles para as quais foram erguidas: viraram prisões, shoppings, igrejas.

“Outros lugares estão sem uso por décadas e se tornaram ‘trágicas cápsulas do tempo’, exemplos de planejamento equivocado e promessas não cumpridas de benefícios que os jogos trariam. Estamos interessados nestas ideias díspares – decadência e renascimento – e como alguns lugares parecem ter seguido um caminho ou outro, seja por escolha ou pelas circunstâncias. Estamos igualmente interessados na vida das pessoas cujas vizinhanças foram transformadas pelo desenvolvimento olímpico”.


Foram captadas imagens em Atenas (Grécia), Barcelona, Cidade do México, Los Angeles (EUA), Montreal (Canadá), Lake Placid (EUA), Roma (Itália) e Sarajevo (Bósnia). Também estão no roteiro Pequim (China), Londres (Inglaterra) e outras cidades ainda a serem definidas.

É interessante ver nas imagens que até o “modelo Barcelona” apresenta problemas.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Jornalismo pago e game-notícia

O jornalista Bill Keller liderou a construção do mais discutido modelo de negócios para a mídia no ano: o chamado "muro de cobrança" do jornal "The New York Times".

Inaugurado em março, o "paywall" do diário envolveu todas as plataformas e abriu um novo caminho para a velha discussão sobre cobrar ou não pelo conteúdo.

O pulo do gato do "NYT" foi montar um sistema flexível, que busca conciliar o modelo de assinaturas, originado do jornal impresso, com a corrida por audiência na web.

Cada internauta pode ler gratuitamente 20 textos do "NYT" por mês. A partir daí, o jornal oferece pacotes para leitores que querem ver o jornal sem restrições - o sistema contempla tablets e celulares. A assinatura começa em US$ 15 mensais (R$ 26).

O modelo, porém, tem "furos" propositais. A "home page" não é contada entre os 20 cliques gratuitos. Links colocados em redes sociais também não. Em seu mais recente balanço, divulgado no mês passado, o jornal disse ter 324 mil assinantes digitais.

"Está funcionando tão bem quanto esperávamos ou melhor", afirma Keller. Em setembro, após a implantação do novo modelo, ele deixou, a pedido, o cargo de editor-executivo do "NYT" e retomou sua função anterior, de colunista do jornal.

Folha - A era da informação totalmente gratuita acabou?
Bill Keller - Não sei se é o final de uma era, mas é certamente o fim de um mito. Os profetas da internet argumentavam que tudo era gratuito e que as pessoas não pagariam por nada, que a informação em todos os seus formatos seria livre. Mas então apareceu o iTunes e viu-se que as pessoas ainda queriam pagar por música. Desapareceu toda essa noção, que é um eco dos anos 60, de que tudo deveria ser gratuito, que o comércio é de certa maneira ilícito. É natural que as notícias sigam [esse caminho]. Isso não significa que as pessoas vão pagar por todo tipo de coisa. Jornalismo de serviço público exige muito tempo e investigação. É preciso ter advogados do seu lado. Jornalismo que exige ir a lugares longínquos e perigosos não estará disponível gratuitamente. Jornalismo muito local, aquele tipo realmente importante de jornalismo sobre o que está acontecendo na sua vizinhança, ou na capital do seu Estado, esse tipo de coisa ninguém está fazendo gratuitamente.

Em uma famosa palestra em 2007, o sr. chamou a internet de elemento de ruptura da imprensa. As coisas mudaram em que sentido desde então?

Keller - A internet mudou quase tudo na maneira como colhemos informação, como disseminamos informação e como pagamos pela informação. Ela causou ruptura de uma maneira que é ameaçadora, mas também de algumas maneiras muito boas. Nós agora usamos a internet não apenas para transmitir notícias, mas também para colher informação. Um exemplo óbvio é o da Primavera Árabe. Se só tivéssemos as mídias sociais, não seria suficiente. Mas as mídias sociais foram muito importantes em dar uma percepção do que estava acontecendo nas ruas. Algumas vezes você não tem como chegar até a rua, ir até o país. A maneira como apresentamos a informação hoje é totalmente diferente da de dez anos atrás. É mais rápido, mais gráfico, com vídeo e áudio quando achamos que eles acrescentarão algo. Todo mundo fica focado na circulação impressa, mas nós agora temos 40 milhões de usuários únicos. Estamos chegando a mais pessoas.

Fonte: Roberto Dias, “Caiu mito do jornalismo grátis, diz Keller”, Folha de S. Paulo, Mercado, 16/11/11 (para ler a íntegra, clique aqui - é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

***

Videogame: plataforma versátil de entretenimento que pode ser utilizada em parceria com o jornalismo para noticiar acontecimentos.

A definição é do pesquisador e designer norte-americano Ian Bogost, um dos pioneiros no uso do termo "newsgames", modelo de jogo eletrônico que usa fatos em suas narrativas.

Ele é professor do Georgia Institute of Technology e fundador da Persuasive Games, que cria esse tipo de jogo.

(...) A seguir, trechos da conversa com Bogost:

Folha - Como é possível explorar jogos no jornalismo?

Ian Bogost - Os "newsgames" podem trazer ao campo do jornalismo propriedades dos jogos, como simulações de sistemas complexos e ferramentas de RPG. Além disso, indicam uma (de talvez muitas) novas formas de fazer jornalismo, além dos textos, dos vídeos e das trasmissões de áudio.

Folha - Você os vê como uma ferramenta complementar na tarefa de informar as pessoas?
Bogost -
Os "newsgames" só vão se tornar importantes se os jornalistas o utilizarem. Não estou sugerindo a substituição das formas atuais de distribuição de notícias pelos games: eles são complementares ao jornalismo tradicional. Esses jogos têm a capacidade de atrair pessoas para o conteúdo tradicional, como cartuns e charges fazem.

Fonte: Alexandre Orrico, “Game-notícia complementa o jornalismo, diz professor”, Folha de S. Paulo, Tec, 16/11/11 (para ler a íntegra, clique aqui)