(...) Um sujeito usa a rede do Planalto e não deixa a impressão digital? Admitamos que uma pessoa resolva fazer isso para transmitir dados confidenciais, segredos de Estado. A Chelsea Manning e o Edward Snowden contrabandearam segredos, mas não usaram a rede do Estado para passá-los adiante. (...) O que seu governo diz é que não rastreia permanentemente as comunicações de sua rede. Esses dados precisam ficar armazenados pela eternidade, não por seis meses.
Senhora, a segurança de suas comunicações está bichada. Além da necessidade do rastreamento e do arquivo, nenhum servidor público pode tratar de assuntos oficiais com endereços eletrônicos privados. Faço-lhe uma confidência, há funcionários do seu palácio que, além de manterem endereços privados, armazenam assuntos de Estado na memória de seus computadores pessoais, sem passá-los aos arquivos oficiais. Acham que estão seguros porque podem apagá-los. São tolos. Apagar disco é tarefa complexa e demorada. Se por acaso o computador vai para oficina, um curioso esperto pode extricar do disco quase tudo o que foi apagado. Ademais, arquivando em computadores pessoais informações do Estado, cometem uma infração. (...)
Fonte: Elio Gaspari, "De Obama@edu para Dilma@gov", Folha de S. Paulo, Poder, 13/8/14.
quinta-feira, 14 de agosto de 2014 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 10:17 | 0 comentários
Pode isto, Arnaldo?
Marcadores: Brasil, Dilma, Elio Gaspari, governo
quarta-feira, 19 de março de 2014 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:01 | 0 comentários
Quando a política eleitoreira fala mais alto
Fonte: Elio Gaspari, “O comissariado destruidor”, Folha de S. Paulo, Poder, 19/3/14.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 05:00 | 0 comentários
A raiz de todos os males
Marcadores: corrupção, eleições, Elio Gaspari
quinta-feira, 11 de julho de 2013 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:00 | 0 comentários
Ei, governo, não está lendo jornal?
Marcadores: Brasil, Elio Gaspari, espionagem, EUA
quarta-feira, 12 de junho de 2013 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:02 | 0 comentários
Lições de jornalismo
Marcadores: Elio Gaspari, jornalismo
domingo, 13 de maio de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 18:01 | 0 comentários
Frase
"A CPI do Cachoeira difere de todas as outras, que começaram com perguntas para desembocar em inquéritos. Ela começou com um inquérito, onde estão quase todas as respostas. Até agora, o que se vê é uma teologia da blindagem para evitar novas perguntas. Felizmente, a couraça da quadrilha de Cachoeira foi furada pela Polícia Federal com seus grampos."
Elio Gaspari, jornalista, em sua coluna deste domingo (13/5) no jornal "Folha de S. Paulo" (para ler na íntegra, clique aqui - é preciso ter senha do jornal ou do UOL)
Marcadores: Congresso, CPI, Elio Gaspari, Folha, política
quarta-feira, 2 de novembro de 2011 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 18:57 | 0 comentários
"Lula, o câncer, o SUS e o Sírio"
Em 2010, Lula inaugurou uma Unidade de Pronto Atendimento do SUS no Recife dizendo que "ela está tão bem localizada, tão bem estruturada, que dá até vontade de ficar doente para ser atendido". Horas depois, teve uma crise de hipertensão e internou-se num hospital privado.
Lula percorreu todo o arco da malversação do debate da saúde pública. Foi de vítima a denunciante, passou da denúncia à marquetagem oficialista e acabou aninhado no Sírio-Libanês, um dos melhores e mais caros hospitais do país. Melhor para ele. (No andar do SUS, uma pessoa que teve dor de ouvido e sentiu algo esquisito na garganta leva uns 30 dias para ser examinada corretamente, outros 76, na média, para começar um tratamento quimioterápico, 113 dias se precisar de radioterapia. No andar de Lula, é possível chegar-se ao diagnóstico numa sexta e à químio, na segunda. A conta fica em algo como R$ 50 mil.)
Lula, Dilma Rousseff e José Alencar trataram seus tumores no Sírio. Lá, Dilma recebeu uma droga que não era oferecida à patuleia do SUS. Deve-se a ela a inclusão do rituximab na lista de medicamentos da saúde pública.
Os companheiros descobriram as virtudes da medicina privada, mas, em nove anos de poder, pouco fizeram pelos pacientes da rede pública. Melhoraram o acesso aos diagnósticos, mas os tratamentos continuam arruinados. Fora isso, alteraram o nome do Instituto Nacional do Câncer, acrescentando-lhe uma homenagem a José Alencar, que lá nunca pôs os pés. Depois de oito anos: 1 em cada 5 pacientes de câncer dos planos de saúde era mandado para a rede pública. Já o tucanato, tendo criado em São Paulo um centro de excelência, o Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira, por pouco não entregou 25% dos seus leitos à privataria. (A iniciativa, do governador Geraldo Alckmin, foi derrubada pelo Judiciário paulista.)
A luta de José Alencar contra "o insidioso mal" serviu para retirar o estigma da doença. Se o câncer de Lula servir para responsabilizar burocratas que compram mamógrafos e não os desencaixotam (as comissões vêm por fora) e médicos que não comparecem ao local de trabalho, as filas do SUS poderão diminuir. Poderá servir também para acabar com a política de duplas portas, pelas quais os clientes de planos privados têm atendimento expedito nos hospitais públicos.
Lula soube cuidar de si. Delirou ao tratar da saúde dos outros quando, em 2006, disse que "o Brasil não está longe de atingir a perfeição no tratamento de saúde". Está precisamente a
Marcadores: Elio Gaspari, Lula, saúde
domingo, 17 de julho de 2011 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 19:18 | 0 comentários
Frase
Marcadores: corrupção, Elio Gaspari, frase, governo
sexta-feira, 11 de março de 2011 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:33 | 0 comentários
E a história ressurge...
Há muito tempo o Rio de Janeiro não recebia notícias tão boas de seu passado. É provável que uma equipe de arqueólogos do Museu Nacional tenha encontrado nas escavações da zona portuária as lajes de pedra do cais do Valongo. Entre 1758 e 1851, por aquelas pedras passaram pelo menos 600 mil escravos trazidos d'África. Metade deles tinham entre 10 e 19 anos.
Devolvido à superfície, o cais do Valongo trará ao século 21 o maior porto de chegada de escravos do mundo. Se ele foi soterrado e esquecido, isso se deveu à astuta amnésia que expulsa o negro da história do Brasil. A própria construção do cais teve o propósito de tirar do coração da cidade o mercado de escravos.
A região da Gâmboa tornou-se um mercado de gente, mas as melhores descrições do que lá acontecia saíram todas da pena de viajantes estrangeiros. Os negros ficavam expostos no térreo de sobrados da rua do Valongo (atual Camerino). Em 1817, contaram-se 50 salas onde ficavam 2.000 negros (peças, no idioma da época).
Os milhares de africanos que morreram por conta da viagem ou de padecimentos posteriores, foram jogados numa área que se denominou Cemitério dos Pretos Novos.
Ele foi achado em 1996, durante a reforma de uma casa e, desde então, está sob os cuidados de arqueólogos e historiadores. O cemitério foi soterrado por um lixão, verdadeiro monumento à cultura da amnésia. Devem-se à professora americana Mary Karach 32 páginas magistrais sobre o Valongo. Estão no seu livro "A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro - 1808-1850".
Com o possível achado do cais, o prefeito Eduardo Paes anunciou que transformará a área num museu a céu aberto. (Cesar Maia prometeu algo parecido com o cemitério, mas deu em pouca coisa.) Felizmente, as obras do porto respeitarão as restrições recomendadas pelos arqueólogos, até porque, se o Cais do Valongo não estiver exatamente onde se acredita, estará por perto.
(...) Quem quiser saber mais (e muito) sobre o Valongo e o Cemitério dos Pretos Novos, pode buscar na internet, em PDF:
- Valongo: O Mercado de Escravos do Rio de Janeiro, 1758-1831, do professor Cláudio de Paula Honorato.
- À flor da terra: O Cemitério dos Pretos Novos do Rio de Janeiro, de Júlio César Medeiros da Silva Pereira.
Fonte: Elio Gaspari, “O Rio ganhou dois presentes da história”, Folha de S. Paulo, Poder, 9/3/2011.
Marcadores: Elio Gaspari, escravidão, história, Rio de Janeiro
segunda-feira, 11 de outubro de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 18:57 | 1 comentários
"O debate do aborto, Miriam Cordeiro 2.0"
Vinte e um anos depois da noite em que Mirian Cordeiro, a ex-namorada de Lula, surpreendeu o país acusando-o de ter sugerido que abortasse a criança que viria a ser sua filha Lurian, a palavra maldita voltou à agenda da sucessão presidencial. Em 1989 a questão do aborto foi fertilizada pelo comando da campanha de Fernando Collor. Desta vez, reapareceu com o mesmo formato oportunista, trazida pela infantaria do tucanato. Nos dois casos, ninguém mostrou-se interessado em discutir o assunto ao longo dos meses anteriores à eleição. O propósito, puramente eleitoral, sairá da agenda depois do dia 27. Até lá, terá emburrecido o debate, rebaixado a campanha e tisnado a biografia dos beneficiários da baixaria.
Há 19 anos tramita na Câmara um projeto que dá à mulher o direito de interromper voluntariamente uma gravidez. Em 2008, por unanimidade, ele foi rejeitado na Comissão de Seguridade Social e Família. Pelo andar da carruagem, se não morrer antes, levará anos para chegar ao plenário. Se e quando isso acontecer, caberá ao Congresso decidir.
Flertando com a transformação do aborto numa "bala de prata" eleitoral, o tucano José Serra expôs sua posição: "Nunca disse que sou contra o aborto porque eu sou a favor, ou melhor, nunca disse que sou a favor, porque sou contra". Em seguida, expôs a ferida petista: "O que está em questão nessa campanha não é ser contra ou a favor. É a mentira". O comissariado petista e Dilma Rousseff defenderam programática e pessoalmente a descriminalização do aborto.
Chegou-se a um conflito de oportunismos. O dos tucanos, que só lembraram do assunto na reta final da campanha, e o dos petistas que, na mesma reta, mudam de opinião.
Afora o oportunismo, o nível da discussão abortou a inteligência. Dilma Rousseff disse que "as mulheres ricas têm acesso a clínicas, mulheres pobres usam agulha de tricô". Propagou a lenda produzida pelo filme "Pixote", de 1981. Mesmo há 30 anos essa prática era desprezível. Hoje, nem pensar. A forma mais comum de aborto se dá com o uso da droga Cytotec. Em tese, sua comercialização é proibida. Na prática, custa em torno de R$ 400 e pode ser comprada pela internet. Estima-se que, de cada dez abortos, sete sejam feitos com Cytotec.
Em 1990, o professor Laurence Tribe, de Harvard, publicou um livro intitulado "Aborto - O Choque de Absolutos". (Entre os seus pesquisadores estava um estudante de direito chamado Barack Obama.) Tribe mostra que o aborto divide as sociedades e, sem uma certeza religiosa, não há como sair do debate seguro de que um lado está certo e o outro, errado. O aborto não é apenas uma questão de saúde pública, como a dengue. Trata-se de um conflito entre o direito do feto à vida e o direito da mulher à liberdade de interromper sua gravidez. (Sempre até o terceiro mês da gestação.)
Em 1973, a Corte Suprema dos Estados Unidos decidiu, por sete a dois, que as mulheres têm esse direito. No mesmo dia, julgaram dois casos. Uma das mulheres abortou. A outra perdeu o prazo e concebeu uma menina. Passaram-se 37 anos, a mãe mudou de ideia e tornou-se uma militante contra o aborto. A filha defende a decisão da Corte, que teria evitado seu nascimento.
No Brasil de hoje é improvável que o Supremo Tribunal Federal reconheça o direito das mulheres de interromper a gravidez. Também é improvável que o Congresso vote uma lei nesse sentido. A candidata Marina Silva, a única a expor uma posição que faz sentido, é contra o aborto, mas remeteria a questão a um plebiscito, no qual a proposta dificilmente seria aprovada.
Sobrou o lixo: a instrumentalização do tema para satanizar adversários políticos. Collor fez isso com rara maestria.
A baixaria circula na campanha presidencial de um país onde a rede pública de saúde do estado de São Paulo mantém, desde 1986, o Programa de Atenção Integral à Adolescente. Para júbilo internacional, entre 1998 e 2008 a internação de adolescentes por conta de abortos caiu de 10 mil por ano para 8.700. Mais: a gravidez de jovens de 10 a 20 anos caiu 38%, para 94 mil. Reduziu-se à metade os casos de segunda gravidez nessa faixa de idade.
Fonte: Elio Gaspari, em coluna na “Folha de S. Paulo”, 10/10/10 (para ler a íntegra, clique aqui – é preciso ter senha do UOL ou do jornal)
Marcadores: aborto, Dilma, eleição, Elio Gaspari, política
domingo, 28 de março de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:28 | 0 comentários
Lá e cá
Dois textos publicados neste domingo (28/3) na coluna de Elio Gaspari na "Folha de S. Paulo" merecem leitura e reflexão. Ambos ilustram bem as diferenças entre EUA e Brasil - especialmente no segundo caso, escancara-se a leniência da nossa sociedade com a infração e o crime, especialmente quando estes nos trazem alguma vantagem (como garantir vitórias ao time pelo qual torcemos). Trechos a seguir:
"O companheiro Obama conseguiu expandir a proteção do seguro-saúde para 32 milhões de americanos e, dias depois, chegou a um acordo com a Rússia para reduzir o arsenal de bombas atômicas, de 2.200 para 1.550, e de mísseis, de 1.600 para 800. Com isso, o relógio do terror nuclear volta aos níveis de 1970. Há dois anos, a conversa era outra. George Bush queria encurralar os russos com um escudo antimísseis na Europa. Obama jogou fora o mimo oferecido à indústria armamentista e foi conversar.
Essas vitórias indicam que há na Casa Branca um novo tipo de liderança política, de uma nova geração, com novas origens e novos métodos de fazer política."
"As ligações perigosas dos jogadores Adriano e Vagner Love com a bandidagem do Rio criaram um problema para as empresas que patrocinam o Flamengo. A saber: a Batavo, da Brasil Foods (R$ 22 milhões), a Olympikus (R$ 21,3 milhões) e o banco BMG (R$ 8,5 milhões). (...) Se as suas diretorias acham que não têm nada a ver com o que os atletas fazem fora do gramado, devem dar uma olhada no que aconteceu com o golfista Tiger Woods.
Ele se meteu num escândalo com uma modelo e 14 outras senhoras. (Nada a ver com golfe, muito menos com bandidagem, nem mesmo com o que Woods faz em pé.) O campeão perdeu perto de US$ 100 milhões anuais em contratos de patrocínio. As seguintes empresas decidiram afastar sua marcas da notoriedade de Tiger: Gatorade, Gillette, TAG Heuer e AT&T."
Para ler a coluna toda, clique aqui (é preciso senha do UOL ou da "Folha").
Marcadores: criminalidade, Elio Gaspari, futebol, Obama, política