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quinta-feira, 23 de outubro de 2014 | | 0 comentários

Um prédio, uma obra de arte, uma atração

Visitar a Bienal de Arte de São Paulo é sempre um entusiasmo - pela criatividade que desperta e por nos provocar. Até o pavilhão que a abriga, no Parque do Ibirapuera, é uma atração, com seus traços modernistas e as curvas características de Oscar Niemeyer. Vale a pena conferir:






 


* As fotos são minhas e de Mirele Parronchi

sábado, 18 de outubro de 2014 | | 0 comentários

31ª Bienal de Arte de São Paulo

Como sempre polêmica, a Bienal de Arte de São Paulo segue até dezembro no pavilhão do Parque do Ibirapuera. Nesta 31ª edição, ela parece mais política (não que as edições anteriores não tivessem este viés, até porque do ponto de vista conceitual pode-se dizer que toda arte é por princípio um ato político, mas é que desta vez parece ter havido um foco especial no tema).

Aspectos religiosos também chamam a atenção em muitas obras.

Segundo o folder oficial, a bienal pretende analisar "o conflito por meio de projetos que têm em suas bases relações e confrontos não resolvidos: entre grupos diferentes, entre versões contraditórias da mesma história ou entre ideias incompatíveis". Os organizadores falam ainda em ação coletiva, imaginação e transformação.





























* As fotos são minhas e de Mirele Parronchi

segunda-feira, 7 de abril de 2014 | | 0 comentários

Mobilidade urbana - questão social, olhar artístico

Mobilidade, todos sabemos, é tema caríssimo a qualquer grande cidade do mundo. Engana-se quem imagina que São Paulo é caso isolado de caos. Já usei o metrô em outras grandes capitais (Madrid e Tóquio, por exemplo) e constatei lotação semelhante às da capital paulista nos chamados horários de pico ou durante eventos de grande atração popular, como jogos de futebol.

Na tentativa (?) de amenizar o problema do transporte, São Paulo está testando vários modelos - até de modo um tanto tresloucado, com cada ente governamental seguindo um rumo. Do governo do Estado, por exemplo, os investimentos focam no sistema de metrô e nos monotrilhos (do ponto de vista urbanístico, as obras estão criando verdadeiros monstrengos nos bairros e avenidas).



São Paulo possui atualmente 74 quilômetros de trilhos de metrô, que transportam 4,7 milhões de passageiros por dia, além de 256 quilômetros de trilhos de trem da CPTM - o sistema conjunto de trilhos leva 7,3 milhões de pessoas todos os dias.

O foco, disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em evento promovido pelo jornal "Folha de S. Paulo" entre os dias 9 e 10 de outubro de 2013, é integrar cada vez mais os diversos modais. Ou seja, interligar os sistemas. Ele citou quatro obras de ampliação do metrô e outras três planejadas, além de três obras da CPTM e outras duas planejadas.


No mesmo evento, o prefeito Fernando Haddad (PT) defendeu seu projeto de mobilidade, que foca no transporte público com a abertura de corredores de ônibus. Ele lembrou que, historicamente, todo o investimento viário teve como beneficiário o carro, o que chamou de "privatização da superfície da cidade".

Disse também que a cidade não podia ter uma única aposta - sobre trilhos - para melhorar o transporte. E pregou um "redesenho" dos eixos de mobilidade paralelamente aos corredores. "O problema maior não é ter um carro, mas o modo de uso", falou.


***

A mobilidade urbana foi justamente o tema central da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 2013. A mostra - cujo slogan foi "Cidades: modos de fazer, modos de usar" - ocorreu em vários pontos da cidade, todos propositalmente próximos ao transporte público.

Estive em alguns deles. No Centro Cultural São Paulo (CCSP), o subtema foi "Modos de agir". Uma exposição estimulante e provocante, misturando textos, fotos e arte contemporânea. Logo na entrada, "Le grand ensemble" ("O grande conjunto"), de Matthieu Pernot:


Em um texto sobre o famoso edifício Copan, que possui 1.160 apartamentos, li uma expressão que me chamou a atenção, referência a um modelo habitacional soviético: "condensador social". 

No trabalho do fotógrafo alemão Michael Wolf, um conceito interessante: "arquitetura da densidade". Conceito que pode ser visto na foto das vilas urbanas de Taipei, na China.


O carro ganhou papel central na mostra. Como na referência a Los Angeles (EUA), talvez algo semelhante ao que se vê em São Paulo (aposta em grandes vias, regiões desconectadas, transporte público deficiente):



Em "Carrópolis", uma proposta de reflexão. "O automóvel transformou profundamente as cidades a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, quando os produtos de consumo foram se tornando cada vez mais acessíveis às massas. (...) O automóvel era, então, um signo de poder, liberdade e ascensão social, apontando para um futuro limpo e ordenado, feito de torres conectadas a vias amplas e atravessadas por máquinas velozes. Daí vieram Detroit, Los Angeles, Atlanta, Houston, Dallas, Brasília.

Acontece que a liberdade proporcionada pelo automóvel individual só funciona bem quando beneficia um número limitado de pessoas. No momento em que o carro se generaliza, o trânsito entope as ruas, os espaços públicos são sacrificados por obras viárias cada vez mais áridas e a mancha urbana se desmancha nos subúrbios: nos bairros-dormitórios, nas favelas, nos conjuntos habitacionais de baixa renda e nos condomínios de luxo", cita texto da mostra.


Tudo isso levado ao extremo em Las Vegas, onde a cidade praticamente se funde com a estrada.

Já em São Paulo, a necessidade das tais "obras viárias áridas" e a mancha urbana crescente podem ser vistas na evolução da marginal Tietê ao longo das décadas: 


E não existe cidade sem sociedade.


"Uma cidade muda não muda", dizia o cartaz. No Occupy Wall Street, o protesto dos 99% que não se beneficiam dos ganhos do capitalismo...






Um caos que vira notícia - e arte:




Que ganha inocência nas mãos e na mente das crianças:


Que tem como causa-efeito a verticalização desenfreada, representada pela junção de imagem e arte:


E, por fim, um dos resultados do caos urbano: a favela. E uma mostra do projeto de urbanização da favela "Nelson Cruz", no centro expandido da capital:






"Hoje, fica mais evidente que o espaço público não é o lugar do encontro, e sim do conflito, do atrito."

São Paulo, afinal, tem solução!?



Em tempo: evidentemente, falar de mobilidade em São Paulo sem discutir o chamado Minhocão, o elevado "Costa e Silva", não faz sentido. Ele talvez seja o símbolo mais polêmico de uma cidade que cresceu sem discutir esta questão. 

O Minhocão, claro, fez parte da bienal representando o subtema "Modos de negociar" - mas isto será tratado em outra postagem.