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quinta-feira, 24 de abril de 2014 | | 0 comentários

A cidade: entre o real e o ideal

“Pelas ruelas estreitas da personalização do poder desfila a pós-modernidade de nossas cidades grandes e médias. Como átomos sociais perdidos em hiperespaços, as pessoas circulam de maneira atabalhoada, esbarrando nos congestionamentos, enfrentando barreiras quase intransponíveis, respirando poluição, ouvindo insuportáveis decibéis de ruídos contínuos e gastando horas preciosas de vida.

No dia em que a cidade respeitar o cidadão, a recíproca poderá ocorrer. Enquanto esse dia não chega, podemo-nos contentar com a poesia de Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti, na versão cantada de Chico Buarque: ‘Deve ter alamedas verdes / a cidade dos meus amores / e, quem dera, os moradores / e o prefeito e os varredores / e os pintores e os vendedores / as senhoras e os senhores / e os guardas e os inspetores / fossem somente crianças’.”

Fonte: Gaudêncio Torquato, “Era uma vez... mil vezes – O Brasil de todos os vícios”, ed. Topbooks: São Paulo, 2012, p. 316.

domingo, 9 de março de 2014 | | 0 comentários

Um retrato do mundo atual

“A preocupação central do autor de O Espírito das Leis era, porém, com a degradação do espírito geral das Nações, com a vitória dos vícios sobre as virtudes. Infelizmente, esse parece ser um cenário cada vez mais visível, eis que, ao lado do progresso material, se distingue na estampa internacional um quadro de exaustão, cujos matizes agregam fatores como quebra da lei e da ordem, anarquia crescente, Estados fracassados, ondas de criminalidade, máfias transnacionais, debilitação da família, declínio da confiança nas instituições, cartéis de drogas, enfim, o paradigma do caos.

Fonte: Gaudêncio Torquato, “Era uma vez... mil vezes – O Brasil de todos os vícios”, ed. Topbooks: São Paulo, 2012, p. 73.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014 | | 0 comentários

Brasil de hoje, de ontem e de amanhã

"Presidencialismo de coalizão" é o eufemismo cunhado por acadêmicos cínicos para nomear um sistema político hostil ao interesse público, endemicamente corrupto, que se reproduz parasitando as pessoas comuns. Nas jornadas de junho, a sociedade rebelou-se precisamente contra isso, provocando pânico visível entre gregos e troianos. 

Fonte: Demétrio Magnoli, “Flores no jardim”, Folha de S. Paulo, Poder, 8/2/14.

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(...) Rui Barbosa, em junho de 1899, descrevia “um Congresso de mendicantes, janízaros do chefe de Estado e de agentes de negócios dos governadores”. (p. 132-3)

(...) o Reino da Mentira, descrito pelo senador Rui Barbosa, nos idos de 1919, volta à ordem do dia: “Mentira por tudo em tudo e por tudo. Mentira na terra, no ar, até no céu. Nos inquéritos. Nas promessas. Nos projetos. Nas reformas. Nos progressos. Nas convicções. Nas transmutações. Nas soluções. Nos homens, nos atos, nas coisas. No rosto, na voz, na postura, no gesto, na palavra, na escrita. Nas responsabilidades. Nos desmentidos”. (p. 162)

“Reformar a cultura política significa, sobretudo, reformar o cidadão. Cidadãos mais exigentes, cultos e preparados, serão o oxigênio para a gestão mais racional de nossa democracia. Até chegarmos a esse estágio civilizatório, teremos de conviver com partidos do faz de conta, administrações que mais se assemelham a capitanias hereditárias, tensões políticas constantes, justiça lenta e contingentes apinhados no balão político das trocas.” (p. 274)

Fonte:
Gaudêncio Torquato, “Era uma vez... mil vezes – O Brasil de todos os vícios”, ed. Topbooks: São Paulo, 2012.