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segunda-feira, 12 de maio de 2014 | | 0 comentários

Propor e escutar, os deveres da TV

(...) o primeiro verbo que a TV nunca deve parar de conjugar: propor.

Toda a forma de narrativa televisiva tem que estar sempre propondo alguma coisa nova. Não falo só das histórias que nos são contadas - afinal, o que há de realmente novo embaixo do sol? Amor, traição, segredos de família - se formos pensar assim, tudo já foi fundamentalmente coberto pelo teatro grego clássico (e lapidado de maneira definitiva por Shakespeare). Mas as inovações sempre são possíveis na maneira como contamos essas histórias.

(...) Mas junto com isso vem um outro verbo também: escutar.

Ele é tão ou mais importante do que o "propor", já que é ele que nos faz parar e pensar na próxima coisa que vamos propor. Temos que saber a opinião de quem nos assiste e respeitá-la. Essa atenção com o telespectador é a base de tudo. E por isso essa pausa é tão necessária. Bem aproveitada, é ela que nos dá novas ideias e nos estimula a inovar mais ainda. (...)

Fonte: blog do Zeca Camargo, “Dois verbos que a TV nunca pode parar de conjugar”, postado em 8/5/14.

sexta-feira, 4 de abril de 2014 | | 0 comentários

"Como ler as notícias" - a era da (des)informação

(...) No "outro lado", com frequência alarmante, sou abordado por jornalistas que não têm a mínima ideia do que estão perguntando e procuram, invariavelmente, apenas as aspas (como chamamos no jargão jornalístico uma declaração) que possam causar um choque, um mal entendido, e um consequente desconforto - obviamente induzido. Vejo isso repetidas vezes - e não só comigo, mas em infinitas "reportagens" na internet. Seria tudo muito válido, se um elemento não fosse constantemente desrespeitado nesse ciclo feroz de notícias hoje em dia: a verdade.

(...) quando ouvi isso pela primeira vez, abri espaço para falarmos de "verdadices" - minha tradução do termo que, se não me engano, foi popularizado pelo comediante/apresentador americano Stephen Colbert: "truthiness", algo que alguém acredita ser verdade não pelos fatos apresentados, mas pela mera repetição da informação (ou, no caso, desinformação). Esse é um fruto indigesto de uma cultura que consome cada vez mais a própria informação sem nenhum critério para avaliar os detalhes que absorve. Estamos, tristemente, mais e mais atolados na era da desinformação descrita por Bill McKibben. E podemos sair desse cenário? Bem, Alain de Botton acha que sim. Mas não sem transformações radicais - e, na minha avaliação, praticamente impossíveis de serem alcançadas.

(...) Mas assim como o "mundo ideal" imaginado pelo autor está longe (longíssimo) de existir, a estupidez que vemos diariamente na internet - e que passa por notícia - é também uma ficção. Nesse sentido, as palavras de Botton são um bálsamo para quem acredita que ainda é possível reinventar uma sociedade baseada na verdade e na transparência.

No entanto, transparência é justamente algo que vemos cada vez menos na informação de hoje. Blogs e twitters contribuem cada vez mais para a confusão - e no meio de pequenos interesses, que só recompensam as más fontes de desinformação (e nunca o leitor / ouvinte / telespectador / internauta), só acrescentam ruído ao já cacofônico cenário do jornalismo. E nossa melhor chance é torcer para que as pessoas fiquem cada vez mais atentas às armadilhas da desinformação. (...)

Fonte: blog do Zeca Camargo, postado em 4/4/14.