terça-feira, 3 de setembro de 2013 | |

As lições que a vida ensina

À beira dos 37 anos, peguei-me pensando nas lições que a vida me ensinou até aqui.

Algumas foram ditadas pelos “adultos”. Cresci ouvindo minha mãe dizer: “você só sabe quem são seus amigos quando está na pior”.

Ela dizia isto sempre agregado ao exemplo de um tio quando jovem. “Enquanto ele teve carro para sair (numa época em que isto era raro) sempre esteve rodeado de ‘amigos’. Quando ficou sem carro pergunta se alguém o procurava...”.

Depois, já crescido, aprendi a mesma lição na pele. Amigos a gente descobre nos momentos de necessidade. “Amigos” para festas, para viagens, para tomar cerveja encontramos de monte.

Também cresci ouvindo minha mãe dizer que “coisa dos outros em casa incomoda”. Talvez por isso eu faça tanta questão de pagar minhas dívidas e devolver meus empréstimos.

Meu pai certa vez, durante um evento festivo, viu um amigo – em estado de embriaguez – fazer uma oferta um pouco generosa numa espécie de leilão de uma leitoa. Gritou um valor um pouco alto (e eles tinham combinado de dividir a conta). Minha mãe ficou incomodada até que meu pai sentenciou: “Não vou perder um amigo por causa de 150 cruzeiros”.

Anos depois, quando meu pai teve um sério problema de saúde que quase o deixou incapaz, foi este mesmo amigo que passou noites e noites com ele no hospital, olhando, ajudando a dar banho, medicamento, etc.

O trabalho também me trouxe lições. Uma delas é que não adianta você querer mais do que as empresas querem. Elas dificilmente irão entender sua disposição.

Também aprendi que basta subir um degrau a mais que outros para alguém querer derrubá-lo. E estas pessoas são capazes de cometer as maiores atrocidades para isto.

Deparei-me ao longo do tempo, no trabalho, com gente “boazinha” que, no fim, revelou fortíssimos traços de psicopatia. Faziam coisas que até Deus duvida. Via de regra estas pessoas se dão bem por algum tempo. Não por todo o tempo – espero.

Descobri que você só tem valor enquanto presta. Isto vale para empregos, amizades, família. Infelizmente, prevalece no mundo a lógica do “usou e jogou fora”.

Custei a entender que querer não é poder. Definitivamente!

Vivenciei experiências que reforçam minha convicção de que não se deve depender dos outros para nada. Isto é angustiante. Das pequenas às grandes coisas, nunca dependa de ninguém.

Aprendi, tardiamente, que sonhos não movem moinhos e que a fé nem sempre remove montanhas. Talvez porque ela falte? Pode ser. Se assim for, entendi que somos limitados. “Homens de pouca fé”.

Descobri que somos capazes de ofender e magoar as pessoas que mais amamos. E também somos ofendidos por elas e nos magoamos.

Isto leva a outra importante lição que a vida tenta a todo momento nos ensinar: a arte de perdoar. E de pedir perdão - embora nem sempre isto surta o efeito desejado.

Compreendi, decepcionado, que discurso e prática nem sempre seguem na mesma direção. Muitos, a maioria talvez, não fazem aquilo que pregam – ou, dito de outra forma, dizem uma coisa e fazem outra.

Talvez sejamos todos assim – devemos, portanto, vigiar nossas palavras e ações.

Aprendi, acima de tudo, que o tempo não volta (sei que isto é uma lógica científica, física, matemática, mas falo do tempo em outro sentido). Que cada um é cada um; que ninguém muda ninguém (por que achamos que as pessoas devem mudar, afinal?).

Como canta Roberto Carlos, chorei e sorri – não deixei de viver emoções.

Li dia desses num blog que “o segredo da felicidade é a redução das expectativas”.

Talvez seja mesmo este o segredo – um amigo falava algo semelhante quando viajávamos, dizia que nossa surpresa ou decepção com um lugar era proporcional à expectativa que nutríamos.

O mesmo vale em relação às pessoas: esperamos muito de algumas e nos decepcionamos; de outras, pouco ou nada esperamos e elas nos surpreendem.

E ainda que seja assim, por vezes damos mais valor a umas que a outras. Porque certas lições custamos a aprender...

2 comentários:

Anônimo disse...

voce vivia em um mundo de fantasia antes. nossa e vou dizer que sua vida é tão melancolica que espanta as pessoas ate de ler seu blog. eu gostava tanto. meu vai ser feliz e dar a volta por cima, vai mudar a sua vida. porque ficar assim voce vai ficar sozinho e ninguem vai ter pena de voce porque voce quem quer isso pra voce, so vai espantar as pessoas de voce. te vi na rua, voce esta todo desleixado, nem reconheci direito. a gente que escolhe o que queremos para gente, a gente que faz nosso destino. e se uma coisa nao deu certo, faz outra, cara voce é inteligente.

Rodrigo Piscitelli disse...

Sim, talvez eu vivesse num mundo de fantasia, foi assim que vivi então.

E, sim, minha vida pode parecer melancólica, se assim você acha. Apenas manifestei algumas coisas que aprendi talvez por "viver num mundo de fantasia", como você - que não se identificou, portanto não posso dizer o nome - escreveu.

Quanto a me achar desleixado, desculpe se meu visual não agrada, sempre procuro sair razoavelmente bem vestido e de banho tomado, apenas deixei o cabelo crescer um pouco, como costumava usar antes de trabalhar em TV.

Quanto a ler meu blog, este é meu espaço, no qual coloco fotos, reportagens, músicas que ouço ocasionalmente e algumas manifestações pessoais, não escrevo para agradar ninguém. Aliás, se vivesse para agradar os outros talvez estivesse em outro lugar.

Seja como for, obrigado.