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terça-feira, 31 de março de 2015 | | 0 comentários

"Fora do Facebook"

Uma bomba atingiu o mundo das notícias esta semana: dois sites jornalísticos muito importantes, o sacrossanto “The New York Times” e o irreverente “Buzzfeed”, estão a ponto de liberar seus conteúdos para que sejam lidos dentro dos domínios do Facebook.

É uma revolução, uma profunda quebra de paradigma. Hoje, se o leitor clica em um link de notícia que aparece no Facebook, é levado para o site que originalmente produziu o material - o “Buzzfeed” e os próprios jornais “The NYT”, “The Guardian”, “El País”, “G1”, “Folha” etc.

(...) Proposta do “Feice”: trazer a notícia para dentro dele mesmo e assim agilizar a parada. Isso significa um monte de coisas, mas a principal é que o produtor do conteúdo perde controle sobre quem está lendo sua notícia. As informações, estatisticamente tão relevantes, ficam na mão do Facebook. (...)

Fonte: Álvaro Pereira Júnior, "Folha de S. Paulo", Ilustrada, 28/3/15 (íntegra aqui).

quinta-feira, 19 de março de 2015 | | 0 comentários

"Jornal da Cultura": "o bom combate"


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

A lei de mídia argentina: enfrentar ou não enfrentar o problema?

escrevi neste blog sobre a conveniência de discutir uma lei de mídia no Brasil, a rigor do que especifica a Constituição (e sem paixões partidárias ou ideológicas – para deixar claro, não é a “imprensa golpista” que investiga as denúncias da Operação Lava Jato, tampouco manda prender ou soltar; é a Polícia Federal do governo do PT, o Ministério Público e a Justiça Federal a partir de delações de executivos – convenhamos que ninguém aceitaria se incriminar em troca de redução de pena se de fato não tivesse cometido crime).

Feita a ressalva, queria tomar por base a sempre citada lei de mídia da Argentina, sancionada e promulgada em 10 de outubro de 2009. Pelo que tenho lido, o projeto em discussão no Brasil, ainda no forno, traz uma diferença substancial em relação ao que se aprovou no país vizinho.

Aqui, talvez para facilitar a discussão e tramitação da proposta, defensores da lei dizem que não se pretende tirar concessões de ninguém, ou seja, mexer no que já está feito. O objetivo seria, pois, regular o que virá.

Se assim for, perde-se talvez o principal objetivo de uma lei desse gênero, principalmente para fazer jus ao que exige a Constituição, ou seja, evitar oligopólios. De que valerá uma lei de mídia se empresas poderão seguir detendo várias (dezenas?) cadeias de TV, rádio, jornais e revistas?
  
Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual N.º 26.522 
 Artículo 45 - Multiplicidad de licencias. A fin de garantizar los principios de diversidad, pluralidad y respeto por lo local se establecen limitaciones a la concentración de licencias. 
 En tal sentido, una persona de existencia visible o ideal podrá ser titular o tener participación em sociedades titulares de licencias de servicios de radiodifusión, sujeto a los siguientes límites: 
 1- En el orden nacional: 
 a) Una (1) licencia de servicios de comunicación audiovisual sobre soporte satelital. La titularidade de una licencia de servicios de comunicación audiovisual satelital por suscripción excluye la posibilidad de ser titular de cualquier otro tipo de licencias de servicios de comunicación audiovisual. 
 b) Hasta diez (10) licencias de servicios de comunicación audiovisual más la titularidade del registro de una señal de contenidos, cuando se trate de servicios de radiodifusión sonora, de radiodifusión televisiva abierta y de radiodifusión televisiva por suscripción con uso de espectro radioeléctrico. 
 c) Hasta veinticuatro (24) licencias, sin perjuicio de las obligaciones emergentes de cada licencia otorgada, cuando se trate de licencias para la explotación de servicios de radiodifusión por suscripción con vínculo físico en diferentes localizaciones. La autoridad de aplicación determinará los alcances territoriales y de población de las licencias. 
 La multiplicidad de licencias - a nivel nacional y para todos los servicios - en ningún caso podrá implicar la posibilidad de prestar servicios a más del treinta y cinco por ciento (35%) del total nacional de habitantes o de abonados a los servicios referidos en este artículo, según corresponda. 
 2 - En el orden local: 
 a) Hasta una (1) licencia de radiodifusión sonora por modulación de amplitud (AM). 
 b) Una (1) licencia de radiodifusión sonora por modulación de frecuencia (FM) o hasta dos (2) licencias cuando existan más de ocho (8) licencias en el área primaria de servicio. 
 c) Hasta una (1) licencia de radiodifusión televisiva por suscripción, siempre que el solicitante no fuera titular de una licencia de televisión abierta. 
 d) Hasta una (1) licencia de radiodifusión televisiva abierta siempre que el solicitante no fuera titular de una licencia de televisión por suscripción. 
 En ningún caso la suma del total de licencias otorgadas en la misma área primaria de servicio o conjunto de ellas que se superpongan de modo mayoritario podrá exceder la cantidad de tres (3) licencias. 
 Artículo 158 - Régimen de licencias vigente. Los actuales titulares de licencias legalmente otorgadas para explotar algunos de los servicios regulados por esta ley, que hayan obtenido renovación de licencia o prórroga, no podrán solicitar una nueva extensión de plazo por ningún título, quedando expresamente habilitados para participar en concursos y/o procedimientos de adjudicación de nuevas licencias.  

Sem discutir os limites impostos pela lei argentina, parece-me que o Brasil corre risco de criar uma jabuticaba jurídica, com pouco efeito prático.

* Leia também (acrescentado em 24/2):

Política de mídia está nacontramão da de EUA e Europa

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Reflexão

Dia desses, refletindo sobre os desafios da profissão, identifiquei a fonte da subsistência da imprensa no futuro: produzir informação de qualidade. 

Sim, não é nada novo, ao contrário, é bastante óbvio, mas resume bem diversas análises que tenho lido (muitas delas postadas aqui no blog) a respeito do futuro de jornais e do jornalismo em geral.

Porque a Internet trouxe, como nunca antes, facilidades para a existência daqueles que apenas reproduzem informação.

Quem não produz, só reproduz, está de fato ameaçado.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Regulação da mídia: um debate necessário

O assunto é espinhoso e vital para toda sociedade democrática.

Polêmico, mas inevitavelmente necessário.

Falo da regulação da mídia – desejo exposto por onze em cada dez petistas.

Vamos por partes e, ao mesmo tempo, sem rodeios: sou absolutamente a favor da regulação.

O que questiono – e temo – é quem irá definir as regras.

O capítulo 5 da Constituição Federal trata da comunicação social. Está lá no artigo 220:

Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. 
 § 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. 
 § 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

Portanto, em tese, não haveria riscos, nada a temer, já que a lei maior do país é mais do que clara. Contudo, é compreensível o temor de parte da sociedade. A alta cúpula do PT sempre traz à tona o tema quando o partido se vê alvo de denúncias na imprensa. Entre os petistas, é frase feita acusar a “mídia golpista”.

É indiscutível o desejo de ligar a necessidade de regulação da mídia ao conteúdo – o que a Constituição veda.

Ao mesmo tempo, é preciso considerar limitações que a mesma Constituição introduziu (e, para as quais, aparentemente, governo e sociedade fazem vista grossa):

§ 3º - Compete à lei federal: 
 II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. 
 § 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. (grifo meu) 
 § 6º - A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.

E o que diz, afinal, o citado artigo 221?

Art. 221 - A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: 
 I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; 
 II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; 
 III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; 
 IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Parece-me evidente que o assunto merece e necessita ser discutido.

Por fim, a Constituição estabelece no artigo 224 que “o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei”.

A sociedade brasileira deve discutir o que é um direito – a comunicação social. As regras básicas já estão estabelecidas. O que se deve fazer é garantir efetividade ao que a Constituição já determina. E isto passa, antes e acima de tudo, pela mais absoluta liberdade de opinião, de imprensa e de informação.

Não cabe ao governo e menos ainda ao PT liderar esta discussão, embora nem um nem outro devam estar ausentes desse processo.

Vale aqui, como de resto em toda sociedade, uma recomendação: mais racionalidade, menos paixão.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014 | | 0 comentários

Caso Adnet: público, privado, imprensa e sociedade

(...) Na verdade, acho muito mais feio o comportamento do paparazzo que seguiu Adnet até conseguir as fotos comprometedoras. Claro que eu sei que o cara estava trabalhando - mas há alguma coisa errada numa sociedade onde uma atividade dessas rende dinheiro.

Fico igualmente incomodado com a enxurrada de comentários agressivos, e também com os portais e sites que repercutiram a notícia. (...)

Mas me pergunto: será que não estamos indo longe demais?

Fonte: Tony Goes, “Estamos indo longe demais no caso de Marcelo Adnet?”, postado no F5/UOL, em 10/11/14.

*** 

(...) os brasileiros parecem muito à vontade para discutir a vida privada de atores ou celebridades. O frenesi recente, causado pela foto, obtida por um paparazzo, do humorista Marcelo Adnet beijando uma mulher que não a sua, mostra isso claramente.

Tenho uma dúvida: qual é a diferença? Por que expor a intimidade de um ator parece normal, corriqueiro, e tratar abertamente da vida privada de um político dá a impressão de ser tão chocante? Qual das duas atitudes está errada?

Fonte: Mauricio Stycer, “Por que a exposição da intimidade de Adnet foi aceita e a de Aécio não?”, Blog do Mauricio Stycer/UOL, postado em 10/11/14.

Leia também:

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013 | | 0 comentários

"Dos que tanto amam odiar a imprensa"

Primeiro, eles acusavam a imprensa de ser um "partido de oposição" e pouca gente se incomodou. A acusação era tão absurda que não poderia colar. Numa sociedade democrática, relativamente estável e minimamente livre, os jornais vão bem quando são capazes de fiscalizar, vigiar e criticar o poder. O protocolo é esse. A normalidade é essa. Logo, o bom jornalismo pende mais para a oposição do que para a situação; a imprensa que se recusa a ser vista como situacionista nunca deveria ser atacada. Enfrentar e tentar desmontar a retórica do poder, irritando as autoridades, é um mérito jornalístico. Sendo assim, quando eles, que se julgavam aguerridos defensores do governo Lula, brandiam a tese de que a imprensa era um "partido de oposição", parecia simplesmente que os jornalistas estavam cumprindo o seu dever - e que os apoiadores do poder estavam simplesmente passando recibo. Não havia com o que se preocupar.

Depois, as autoridades subiram o tom. Falavam com agressividade, com rancor. A expressão "partido de oposição" virou um xingamento. Outra vez, quase ninguém de fora da base de apoio ao governo levou a sério. Afinal, os jornais, as revistas e as emissoras de rádio e televisão não se articulavam nos moldes de um partido: não seguiam um comando centralizado, não se submetiam a uma disciplina tipicamente partidária, não tinham renunciado à função de informar para abraçar o proselitismo panfletário. Portanto, acreditava-se, o xingamento podia ser renitente, mas continuava sendo absurdo.

Se os meios de comunicação tivessem passado a operar como partido unificado, com o intento de sabotar a administração pública, o que nós teríamos no Brasil seria um abalo semelhante ao que se viu na Venezuela em 2002.

(...) No Brasil, não tivemos nada parecido. Nossa imprensa, convenhamos, é preponderantemente de direita e, muitas vezes, apresenta falhas de caráter, algumas inomináveis, mas nunca se perfilou com a organicidade de um partido político. Por todos os motivos, a acusação continuava sem pé nem cabeça.

Mas o fato é que começou a colar e o cenário começou a ficar esquisito. Agora, as inspirações até então submersas daquela campanha anti-imprensa afloram com mais nitidez. (...) Na falta de uma oposição de verdade que pudesse servir de vilã cruel, na falta de um satanás mais ameaçador para odiar (a "herança maldita" de FHC não funciona mais como antagonista imaginária), querem fazer valer essa ficção ufanista de que o País vai às mil maravilhas, só o que atrapalha a felicidade geral é esse maldito partidarismo da imprensa. A tese pode ser doidona, mas está funcionando. Alguns quase festejam: "Viva! Achamos um inimigo para combater! Vamos derrotar os editores de política deste país!".

Deu-se, então, um fenômeno estranhíssimo: as forças instaladas no governo, como que enfadadas do ofício de governar, começaram a fazer oposição à imprensa. Dilma Rousseff jamais embarcou na cantilena, o que deve ser reconhecido e elogiado, mas está cercada de profetas que veem em cada redator, em cada fotojornalista, uma ameaça ao equilíbrio institucional. (...)

Fonte:
Eugênio Bucci, “O Estado de S. Paulo”, Opinião, 26/12/13, p. 2 (íntegra aqui).

quinta-feira, 7 de novembro de 2013 | | 0 comentários

Imprensa: que fase!!!

Aperta o cerco contra a imprensa mundo afora. Na Argentina, a Justiça validou a chamada Lei de Mídia, orquestrada pelo governo Cristina Kirchner. Na Inglaterra, foi aprovada a regulamentação da imprensa.

E assim caminha a humanidade...

Pelo menos no Brasil parece ter virado pó a tentativa de censurar as biografias não autorizadas – refiro-me ao tal “Procure Saber”. Aliás, esta é (foi?) uma discussão descabida.

Alguém tem dúvida de que qualquer filtro ou limite (inclusive o sugerido pelo cantor Roberto Carlos, os tais “certos ajustes”) é censura? E que uma biografia só é possível quando baseada na liberdade de informar?

Antes que alguém questione o direito constitucional à privacidade, recorro a trecho de um artigo de Vinicius Mota publicado na “Folha de S. Paulo” de 4/11:

“Sim, a liberdade de expressão é também a liberdade de injuriar, caluniar e difamar. Para esses males, a lei determina remédios. Mas é sobretudo a liberdade de criticar e contar histórias e versões menos abonadoras sobre quem quer que seja. E de oferecê-las ao crivo do debate público".

domingo, 29 de setembro de 2013 | | 0 comentários

Nós (mídia) x eles (juízes) - uma reflexão (provocação)

O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), fez um desabafo no começo da semana a um velho amigo, José Reiner Fernandes, editor do "Jornal Integração", de Tatuí, sua cidade natal. Em pauta, críticas que recebeu antes mesmo de votar a favor dos embargos infringentes, que deram a réus do mensalão chance de novo julgamento em alguns crimes.

"Há alguns que ainda insistem em dizer que não fui exposto a uma brutal pressão midiática. Basta ler, no entanto, os artigos e editoriais publicados em diversos meios de comunicação social (os 'mass media') para se concluir diversamente! É de registrar-se que essa pressão, além de inadequada e insólita, resultou absolutamente inútil", afirmou ele.

(...) "Eu imaginava que isso [pressão da mídia para que votasse contra o pedido dos réus] pudesse ocorrer e não me senti pressionado. Mas foi insólito esse comportamento. Nada impede que você critique ou expresse o seu pensamento. O que não tem sentido é pressionar o juiz."

"Foi algo incomum", segue. "Eu honestamente, em 45 anos de atuação na área jurídica, como membro do Ministério Público e juiz do STF, nunca presenciei um comportamento tão ostensivo dos meios de comunicação sociais buscando, na verdade, pressionar e virtualmente subjugar a consciência de um juiz."

"Essa tentativa de subjugação midiática da consciência crítica do juiz mostra-se extremamente grave e por isso mesmo insólita", afirma.

(...) "A liberdade de crítica da imprensa é sempre legítima. Mas às vezes é veiculada com base em fundamentos irracionais e inconsistentes." Por isso, o juiz não pode se sujeitar a elas. "Abordagens passionais de temas sensíveis descaracterizam a racionalidade inerente ao discurso jurídico. É fundamental que o juiz julgue de modo isento e independente. O que é o direito senão a razão desprovida da paixão?"

O ministro repete: não está questionando "o direito à livre manifestação de pensamento". "Os meios de comunicação cumprem o seu dever de buscar, veicular informação e opinar sobre os fatos. Exercem legitimamente função que o STF lhes reconhece. E o tribunal tem estado atento a isso. A plena liberdade de expressão é inquestionável." Ele lembra que já julgou, "sem hesitação nem tergiversação", centenas de casos que envolviam o direito de jornalistas manifestarem suas críticas. "Minhas decisões falam por si."

Celso de Mello lembra que a influência da mídia em julgamentos de processos penais, "com possível ofensa ao direito do réu a um julgamento justo", não é um tema inédito. "É uma discussão que tem merecido atenção e reflexão no âmbito acadêmico e no plano do direito brasileiro." Citando quase uma dezena de autores, ele afirma que é preciso conciliar "essas grandes liberdades fundamentais", ou seja, o direito à informação e o direito a um julgamento isento.

O juiz, afirma ele, "não é um ser isolado do mundo. Ele vive e sente as pulsões da sociedade. Ele tem a capacidade de ouvir. Mas precisa ser racional e não pode ser constrangido a se submeter a opiniões externas." (...)

Fonte: Mônica Bergamo, “Nunca a mídia foi tão ostensiva para subjugar um juiz”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 26/9/13, p. 2.

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terça-feira, 24 de setembro de 2013 | | 0 comentários

A comunicação é uma ilusão

O professor Ciro Marcondes Filho, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, foi o primeiro palestrante do evento “Comunicação/Ilusão”, organizado pelo Departamento de Ciências Humanas da Unesp (Bauru).

(...) Em um de seus últimos livros, “Jornalismo fin-de-siècle”, o professor apresenta um perfil bastante apocalíptico da imprensa, destacando, principalmente, a valorização do espetáculo em oposição à informação. “Hoje, num jornal, encontramos 5% de informação verdadeira”, afirma Marcondes Filho. “O resto é ilusão”, completa. (...)

Como age a ilusão na comunicação?
A comunicação é eminentemente construída a partir da ilusão. Você fantasia seu mundo e esse mundo se traduz para os outros através da comunicação. O cerne da comunicação é o processo de ilusão.

A audiência e a concorrência favorecem a propagação da ilusão e do espetáculo?
Naturalmente. Para competir com os outros concorrentes, com os outros meios de comunicação, você tem que investir nisso. Agora, o investimento na ilusão pode ter um resultado positivo ou negativo. Você pode com isso servir para chamar a atenção das pessoas para os seus próprios problemas ou então levá-las para um mundo absolutamente estranho a elas.

A ilusão é uma necessidade das pessoas ou é uma imposição da imprensa?
O mundo é construído em termos de ilusão. A imprensa simplesmente joga com essa matéria-prima e transforma como ela quer. Transforma em um a matéria sensacionalista, transforma em um programa de televisão em que os policiais vão atrás dos marginais numa favela, transforma em uma telenovela.

O sr. traçou um perfil do jornalismo em seu livro. O sr. vê a possibilidade de mudança desse perfil?
É um perfil novo. Nós estamos diante de uma transformação muito grande na imprensa. A imprensa, hoje, está perdendo um pouco os contornos daquilo que a caracterizava no passado. Você se pergunta um pouco se a imprensa tem futuro. Fatalmente, vai mudar muita coisa. Fatalmente, vai mudar a posição do repórter, do redator, da própria organização do jornal. É difícil também a gente dizer que vai ser imprensa. É difícil a gente dizer que vai ser uma atividade jornalística também. Você vai ter uma produção de informação em que as pessoas vão ter um acesso diferenciado, totalmente novo ao que se conhece. E por que você se questiona se vai ser imprensa? Porque a gente está sempre associando a palavra imprensa a uma certa história passada da imprensa e do que foi o jornalismo no passado, que foi luta, que foi envolvimento com temas políticos, que foi relacionamento com conflitos, com revoluções. Hoje em dia essas coisas não pertencem mais ao nosso mundo. Nosso mundo praticamente não dá muito mais espaço a isso. Será que a gente pode chamar isso ainda de imprensa?

* Material produzido para a disciplina Técnica Redacional 1, ministrada pela professora Ana Rosa Gomes Cabello, no curso de Comunicação Social – Jornalismo da Unesp (Bauru), em 1996.

sábado, 20 de julho de 2013 | | 0 comentários

Você conhece um ninja?

(...) Nas manifestações que ocorreram em junho e tomaram o Brasil, as mídias alternativas foram fundamentais porque estavam lá junto com os manifestantes e, segundo Bruno Torturra, transmitindo “sem cortes e sem edição”.

Mas faço uma pergunta: existe uma mídia “sem edição”? A pessoa que filma o faz aleatoriamente ou filma o que acha importante? O vídeo tem a voz do dono, literalmente, porque além das imagens há a narração do repórter. Mas não é isso que é genial? O corte, a edição, na mídia alternativa, é feito por muitas pessoas. Há muitos Ninjas filmando, narrando, uns melhores que outros. Mas na mídia profissional também há muitas vozes e elas são fundamentais para que a “verdade” surja. (...)

Fonte: blog de Yvonne Maggie, “A mídia Ninja”, postado em 18/7/13.

E você, o que acha dos ninjas?

quinta-feira, 27 de junho de 2013 | | 0 comentários

"A vez da mídia"

Partidos, Congresso, sindicatos, governantes - não há instituição democrática que não esteja sob o foco de críticas. Falta falar de outra instituição, a imprensa. Ou "a mídia", como prefere dizer quem já se põe no campo de ataque.

Acho que há três pontos a destacar. Em primeiro lugar, a ideia de que as redes sociais, como o Facebook, aposentaram a mídia tradicional. De um ponto vista, faz sentido. De outro, não.

Claro que, graças ao Facebook, foi possível avaliar, por exemplo, se valeria ou não a pena participar da manifestação de segunda-feira passada, dia 17 de junho. Quanto mais adeptos no mundo virtual, mais se sente que o momento de passar à vida real já chegou.

Não é tão claro o raciocínio de que, com as redes, elimina-se a função dos jornais e das empresas de comunicação. Muito do que se compartilha no Facebook, em termos de notícia e opinião política, tem origem nos órgãos jornalísticos organizados, sejam impressos, audiovisuais ou da própria internet.

Passo com isso ao segundo ponto. Quem está protestando contra o pastor Feliciano, a PEC 37, Renan Calheiros, os gastos da Copa, e outros mil problemas, teve sua indignação despertada pelas notícias dos jornais e da TV.

São as reportagens de sempre, com sua rotina de sempre, que acumularam essa insatisfação contra o sistema político. E, se a mídia noticiou os casos de vandalismo, também foram indispensáveis para mostrar os abusos policiais.

A imprensa sai então glorificada dessas movimentações? Com toda evidência, não. Houve ataques contra emissoras de TV e contra repórteres respeitabilíssimos, como Caco Barcellos. Há mais.

Acredito que, graças à conquista de um poder de autoexpressão possibilitado pela internet, as pessoas que se manifestam nas ruas e nas redes se sentem mal representadas na mídia tradicional.

Em parte, a "crise de representação" que se verifica no caso de partidos e Congresso se reflete nas relações entre imprensa e cidadãos.

Existe a sensação, claro, de uma desigualdade de poder de fogo: grandes empresas de comunicação podem mais do que sites e blogs isolados.

Há também um abismo geracional. Incluo-me entre os que envelheceram. E olhe que à minha volta, nos chamados formadores de opinião, nos analistas, comentaristas, sociólogos, filósofos, urbanistas, técnicos e economistas que, sempre os mesmos, são os entrevistados nessa época, a maioria está na ativa desde que eu era criança...

Quando o pensador mais ousado e "irreverente" da Globo se chama Arnaldo Jabor, talvez seja o momento de uma autocrítica.

A alienação, o distanciamento entre a imprensa e os manifestantes se dá em outros níveis também. Ao voltarem-se contra governantes, as passeatas denunciam o contraste entre o mundo oficial, movido a discursos eleitorais, planilhas técnicas e blá-blá-blá de marqueteiros, e uma realidade cotidiana da qual todos se esquecem assim que assumem o poder.

É injusto dizer que um jornal como a “Folha” se esquece de apontar falhas na saúde, nos transportes e na educação. Ao contrário, isso é noticiado todo dia, com investigação e detalhe.

Mas, assim como os políticos só parecem acordar para o interesse público às vésperas da eleição, também os jornais concentram-se excessivamente, a meu ver, no calendário eleitoral. Não há dia - mesmo nestas últimas semanas - em que não saiam notícias sobre as movimentações de Aécio e Eduardo Campos, ao lado dos clássicos prognósticos de que Dilma vai se reeleger se a economia não piorar muito.

A rotina desse tipo de cobertura mata os jornais, e interessa a pouquíssimas pessoas. As próprias reportagens sobre corrupção e mazelas administrativas me parecem difíceis, chatíssimas de ler.

Há a obrigação de revelar dados, estatísticas etc., sem o que estaríamos retrocedendo a um jornalismo da Idade da Pedra. Ao mesmo tempo, acho que isso trouxe um risco de rotinização e tecnicalismo que afasta o leitor - e não adianta "emburrecer" a linguagem para trazê-lo de volta.

Chamo "emburrecer" o processo que leva à elaboração de boxes, por exemplo, dizendo "entenda o que é o mensalão", "entenda o que é reforma política" ou coisa parecida. "Entenda, é sua última chance"... Mas os manifestantes destes dias parecem estar entendendo mais do que se pensa.

Fonte: Marcelo Coelho, "Folha de S. Paulo", Ilustrada, 26/6/13.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013 | | 0 comentários

Frase

“A maioria das pessoas não quer saber de más notícias. Ou de boas notícias. Ou de notícias. Quer fantasias.”
Paulo Francis, jornalista, em “Diário da Corte” (crônica tirada do livro “Paulo Francis - Diário da Corte”, p. 301)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012 | | 0 comentários

O futuro (ou o presente) é "mobile"

Entre tantas revoluções nas comunicações, uma das mais importantes é a migração das telonas para as telinhas, da conexão por PCs e laptops para aparelhos móveis como celulares e tablets.

É a revolução da mobilidade, ou "mobile", em globish. Que está nos transformando.

A comunicação, quanto mais intensa, mais interfere em nossas vidas. A comunicação, afinal de contas, é o que nos une. Ela já é total e segue evoluindo rapidamente.

Unir a comunicação à mobilidade é como unir o território ao movimento, o espaço dos lugares dando lugar ao espaço dos fluxos. É nessa torrente que você, seus amigos, sua empresa, sua marca e seu produto estão navegando.

A mobilidade é a nova dimensão, o 4D. Um ponto infinito dentro do bolso. É só tirar e acessar... tudo. Sua conta bancária, suas lojas favoritas, seus jornais, seus programas de TV, suas músicas, os restaurantes da redondeza, o tempo, o trânsito, o caminho. Em resumo, tudo e o seu contrário. O mundo.

Mas, principalmente, acessar seus amigos e seus relacionamentos. E carregar os amigos no bolso é genial.

Entre 2013 e 2015, o reinado dos PCs vai acabar, e a maioria dos acessos à internet será feito por aparelhos móveis.

Em países emergidos, como o Brasil, os aparelhos móveis serão cada vez mais a forma dominante de acesso por serem mais baratos que os computadores tradicionais.

E a propaganda precisa ir aonde a audiência está. Basta olhar em sua volta e no espelho: nossa atenção está cada vez mais nas telinhas que carregamos no bolso ou na bolsa. Você pode esquecer tudo em casa, mas, se esquecer do celular, vai voltar.

Enquanto a TV, o aparelho dominante das últimas décadas, nasceu junto com o marketing, a nova pequena tela para o mundo oferece pouco espaço para a publicidade como a conhecemos.

No começo da internet, muita gente simplesmente pegou o anúncio off-line e o adaptou à web, mas off e on são obviamente muito diferentes. No "mobile", aprendemos com nossos primeiros erros digitais. Não faz sentido adaptar estratégia web para o "mobile".

É preciso usar o que há de específico e elementar nesse ambiente, como localização do usuário, conectividade com agenda e calendário, capacidade de fazer ligações telefônicas.

Em cima dessas capacidades, uma indústria de aplicativos difusa e inovadora constrói velozmente serviços tão específicos quanto a criatividade de milhões e milhões de desenvolvedores espalhados pelo mundo. Um desenvolvimento que, como Steve Jobs, consegue unir a compreensão do humano com a compreensão da tecnologia.

O resultado são serviços fáceis de acessar que os usuários consideram relevantes e úteis, do mais frívolo ao mais importante.

Na sexta-feira passada, nas promoções da "Black Friday", a grande sensação nos Estados Unidos foram aplicativos que mostravam as melhores ofertas de lojas próximas de acordo com escolhas do usuário.

Existem ainda aplicativos que literalmente salvam vidas, previnem e auxiliam na cura de doenças. Na África do Sul, uma operadora de telefonia atuou com ativistas sociais e pesquisadores para enviar 1 milhão de torpedos diários incentivando ligações para serviço de informações sobre Aids, com resultados espetaculares.

(...) Eric Schmidt, presidente do conselho de administração do Google, disse na Clinton Global Initiative que a mobilidade é o fator que mais pode ajudar na mobilização das causas sociais. Certamente, ela pode fazer o mesmo com causas comerciais.

Se você quer um insight desta coluna, é o seguinte: a telinha do seu celular será brevemente uma das principais vitrines da sua atividade. É melhor dar à devida atenção a ela desde já.

O pequeno ficou grande.

Fonte: Nizan Guanaes, "Tudo, de bolso", Folha de S. Paulo, Mercado, 27/11/12.

PS: durante visita à CNN em Atlanta (EUA) em abril deste ano, um dos "chefões" de lá já havia afirmado que o futuro da comunicação passa pelas tecnologias móveis - ou "mobile".

segunda-feira, 5 de novembro de 2012 | | 0 comentários

A sobrevida do jornal (e o futuro dos jornais)

O "Financial Times" iniciou sua impressão na Lapa, zona oeste de São Paulo, um mês atrás. Não é o único título de alcance global que quer chegar em papel ao consumidor brasileiro.

Agora também o "New York Times" planeja publicar aqui seu título no mercado externo, o "International Herald Tribune". Também quer impressão em São Paulo.

(...) John Ridding, presidente do jornal britânico, em entrevista em São Paulo, justificou os investimentos no país com a "ascendente classe média" e comentou, questionado sobre o futuro do papel:

"Sim, eu vejo um futuro muito bom para o impresso. O elemento central da estratégia do 'FT' é ser multicanal. Devemos estar disponíveis por qualquer canal que os leitores queiram o 'FT'. Não sou dos que pensam que uma nova tecnologia chega para matar a anterior. O que acontece é que você tem um ajuste no espectro, em que diferentes formatos se encaixam."

"O jornal tem vantagens únicas. Ele tem o que o que chamo de efeito serendipismo [a qualidade de fazer descobertas por acaso], que é muito importante para tomadores de decisão nos negócios e para líderes empresariais. Muitas vezes, com o digital, você consegue o que buscou. Mas precisa saber de outras coisas. E nos jornais pode estar lendo uma matéria aqui e subitamente notar essa ou aquela."

Duas semanas após o lançamento do "FT" por Ridding e uma semana após o anúncio do "NYT" em português pelo presidente Arthur Sulzberger Jr., surgiu em São Paulo o presidente do maior jornal em língua inglesa no mundo, o "Times of India".

Ravi Dhariwal não anunciou edição nem site para o Brasil, mas reafirmou que a estratégia é seguir no papel, ao contrário do que começam a fazer na Europa e nos EUA. A seu ver, um erro.

***

O que "FT" e "NYT" vêm buscar aqui, também aquilo que torna tão resistente o "Times of India" de papel, é o crescimento do poder de compra nos emergentes, com a nova classe média.

Os dois contrastam com o fim do "Jornal da Tarde", na quarta, e do "Jornal do Brasil" impresso, há dois anos. Indicam que aqui a crise é menos do jornalismo impresso e mais do jornalismo romântico, de meio século atrás.

Pelo que me relatou Mino Carta, seu criador, o "JT" teve "o melhor da sua existência de 1969 até 1973". Não por acaso, são os cinco anos do Milagre Econômico. O jornal refletiu uma classe média que crescia.

Mas não conseguiu o mesmo na segunda onda de ascensão social, agora, com a classe C que segue pobre, mas ganhou poder de compra. O melhor indicador é o contraste com os números do "Agora", da mesma faixa.

Ao longo da última década, a circulação do "JT" caiu, a do concorrente subiu. Mas o choque maior é na venda avulsa, em banca, aos domingos: em setembro, sua média foi de 7 mil, contra 112 mil.

Abraçado ao modelo de meio século atrás, o "JT" perdeu espaço para títulos novos, a começar do "Lance". O relato mais revelador é do repórter Josmar Jozino, célebre por ter adiantado a rebelião do PCC em 2006:

"Um dia antes, agentes penitenciários e mulheres de presos me ligaram dizendo que uns 700 tinham sido transferidos. Pensei, 'amanhã vai ter rebelião em série'. Avisei e não quiseram dar grande. No dia seguinte, umas três horas, o pessoal até brincou, 'você não disse que ia ter problema?". Quatro e meia, começou a matança."

"Eles sempre diziam que o leitor era classe B, universitário, que sua prioridade era subir mais na vida. Falavam que não queriam matéria de periferia, chegaram a dizer, 'matéria de pobre, aqui não'. Na minha opinião, foi o foco errado. O erro do jornal começou aí. Nos últimos anos, só estava preocupado em publicar, de polícia, matérias de crime a patrimônio, na área nobre da cidade".

Jozino entrou no "JT" em 2004 e já no ano seguinte começaram os grandes cortes anuais na redação. Foi demitido em 2010, quando os cortes passaram a ser semestrais. No dia seguinte, foi chamado pelo "Agora".

Fonte: Nelson de Sá, "O papel continua", UOL/Folha de S. Paulo, 5/11/12.

Inevitável questionar: a crise, afinal, é do formato ou do modelo de jornal? Do meio (papel) ou do conteúdo? Do produto ou da falta de investimento em pessoas qualificadas e trabalho de reportagem (que custa caro)?

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- A morte de um jornal (e o futuro dos jornais)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Qual o sentido da briga entre Google e ANJ?

(...) Não há mais dúvidas de que o modelo convencional de negócios das empresas jornalísticas é inadequado para a produção de notícias na internet. Desde o surgimento deste Código Aberto, há oito anos, alertamos que a Web inverteu as regras do mercado de notícias. Passamos de uma era de escassez (poucos jornais) para uma era de abundância informativa (só de blogs são 55 milhões no mundo inteiro), o que reduziu a commodity notícia a quase zero ao mesmo tempo em que acelerou a diversificação e recombinação de dados e informações graças às facilidades das redes virtuais.

A notícia está hoje em todos os lugares e cercá-la com os muros do direito autoral equivale a tentar enxugar gelo. A rentabilidade não está mais em guardá-la como uma commodity, mas na sua circulação. Quanto mais uma notícia circular mais pupilas e cérebros ela alcançará, ampliando a reputação de quem a produziu, distribuiu e comentou. Ter informação não é mais sinônimo de ter poder. Pelo contrário, o poder de influenciar outras pessoas depende da intensidade com que a informação circular entre estas pessoas.

(...) A decisão da ANJ responde ao interesse de executivos da indústria da comunicação jornalística de arrancar toda a rentabilidade possível antes que chegue um momento fatal, como ocorreu há dias com a revista norte-americana Newsweek, que aqui no Brasil foi o modelo seguido pela Veja. Para os executivos pode ser uma estratégia inteligente para garantir uma aposentadoria dourada, mas para nós, consumidores de informações, é uma péssima notícia.

Fonte: Carlos Castilho, "Jornais vs. Google: a briga que ninguém ganha", Observatório da Imprensa, Código Aberto, 23/10/12.

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(...) Além da exigência de remuneração financeira, há na decisão da ANJ também uma disputa por poder na cadeia de valor da indústria jornalística, na opinião do jornalista Eugenio Bucci, professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). "Com o surgimento dos buscadores e agregadores de notícias na internet, os jornais perderam parte importante dessa cadeia de valor. Acho que a movimentação de sair de um serviço de busca é uma tentativa de dominá-la novamente", explica Bucci.

No caso de um jornal impresso, a empresa é dona da totalidade da cadeia de valor - da produção da notícia à entrega da publicação aos leitores. Na internet, para o conteúdo chegar ao leitor, parte desse valor fica com a indústria de telecomunicações, com a indústria de computadores e, mais recentemente, também com os intermediários como o Google.

"A questão é como vai ser remunerado o jornalismo independente", sintetiza Bucci. "(A saída dos grandes jornais do Google Notícias) pode ser um movimento infeliz, que se mostrará errado daqui a algum tempo". Mas, como ainda não há um modelo que garanta essa remuneração em longo prazo, as redações independentes têm que preservar o valor do que oferecem. No cenário que está se formando, uma matéria do New York Times acaba tendo o mesmo valor de uma matéria produzida por uma organização partidária", compara o jornalista.

Fonte: Isabela Fraga e Natalia Mazotte, "Boicote ao Google News resultou em queda de apenas 5% do tráfego na web, afirmam jornais brasileiros", Blog Jornalismo nas Américas, Knight Center for Journalism in the Americas, 25/10/12.

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Profissão: perigo (2)

O ano de 2012 tem sido particularmente trágico para os jornalistas - e, consequentemente, o jornalismo. O número de assassinatos de profissionais da imprensa assusta. O caso mais grave talvez seja o México, embora o Brasil não fique muito distante no ranking.

A violência contra repórteres no México foi tema de um documentário produzido pela StoryHunter, organização que reúne videojornalistas de todo o mundo. 

Recomendo que você assista e reflita – trata-se de tema da mais alta relevância não só para os profissionais da imprensa como também para toda a sociedade.

Afinal, está em jogo o direito constitucional (em todos os países democráticos) de acesso à informação e da liberdade de expressão.


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terça-feira, 16 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Imprensa: inovação e qualidade

O jornalismo terá futuro se conciliar as novas tecnologias com os fundamentos da atividade - a informação que tenha credibilidade, contexto e análise. Melhor ainda se for exclusiva. É este o mínimo múltiplo comum de um debate sobre o futuro do jornalismo, realizado ontem na 68ª Assembleia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), em São Paulo.

O evento reuniu representantes dos principais jornais e revistas do país, entre eles Sérgio Dávila, editor-executivo da “Folha”, Ricardo Gandour, diretor de conteúdo de "O Estado de S. Paulo", Ascânio Seleme, diretor de Redação de "O Globo", e Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista "Veja".

O debate é uma inovação dentro da assembleia da SIP. Foi uma atividade gratuita, voltada para estudantes e profissionais, chamada "Domingão da SIP".

Ao responder se o jornalista terá de ser multimídia, Dávila afirmou que sim, mas fez uma ressalva: "Nada disso adianta se o repórter não tiver o desejo de ter a informação exclusiva. É como uma Ferrari sem gasolina".

Dávila disse que jornalistas convivem com guinadas tecnológicas desde o século 19, com a invenção do telégrafo, que levou os textos a se tornarem mais concisos.

Hoje, o cruzamento de jornalismo e tecnologia provoca uma multiplicação de plataformas - site, tablets e celulares. "Os jornalistas sempre tiveram de ser generalistas, também em tecnologia."

Gandour defendeu que jornais "têm de incorporar novas narrativas, mas manter o objetivo essencial do jornalismo", que é a informação de credibilidade, segundo ele.

Seleme falou sobre jornalismo sem papel. "O jornalismo de qualidade vai sobreviver mesmo após o papel". Isso ocorrerá, diz, porque "pessoas e corporações precisam de notícia de qualidade".

Alcântara tratou da ética jornalística no futuro. Ele descreveu a internet como "um mundo selvagem, sem lei", no qual o jornalismo precisa marcar presença.

Fonte: Folha de S. Paulo, “Jornalismo tem de aliar inovação e qualidade”, Poder, 15/10/12 (reportagem sem assinatura de autor).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Imprensa: "futuro ainda incerto"

O presidente do jornal espanhol "El País", Juan Luis Cebrián, afirmou ontem estar "perseguindo há dez anos" a solução para o modelo sustentável do jornalismo no futuro diante das mudanças tecnológicas, mas que ainda não encontrou a saída.

"Ninguém tem a resposta, ninguém conseguiu imigrar [para a internet de modo satisfatório]", disse ele, ao abrir o segundo dia da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em São Paulo.

Segundo Cebrián, o corte de um terço da redação do jornal espanhol, anunciado nos últimos dias, se deve às "consequências duplas da crise econômica e da mudança tecnológica".

Ele destacou que os principais jornais do país tiveram "perdas de mais de 60% em publicidade" entre 2007, antes do início da crise, e 2012. E que o problema se estende a "todo o setor na Europa".

A queda na rentabilidade levou o jornal espanhol a mudanças, como eliminar cadernos regionais e integrar redações, que "implicam redução dos efetivos humanos". A meta é "um jornal global", o que seria "importante para ampliar o tráfego" e, potencialmente, a publicidade on-line.

A América Latina, que já responde por 31% da audiência contra 53% da Espanha, ganhará mais atenção.

Cebrián questiona o modelo de "paywall" (muro de pagamento) poroso, adotado com êxito nas versões digitais de "Financial Times", "New York Times" e Folha, argumentando que "El País" chegou a cobrar pelo acesso nos anos 90, mas desistiu quando o tráfego dos concorrentes passou à frente.

Também presidente-executivo do grupo Prisa, que controla o jornal, Cebrián disse que a editora Moderna, comprada há 11 anos e sediada no Brasil, responde por 9% da receita da corporação, superando a fatia do "El País".

Rosental Calmon Alves, do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, do Texas, defendeu que, a exemplo do "El País" no mercado livreiro, as organizações jornalísticas diversifiquem investimentos. O debate foi mediado por Fernando Rodrigues, da Folha.

Fonte: Folha de S. Paulo, “Ainda não há resposta para o futuro do jornalismo”, Poder, 14/10/12 (reportagem sem assinatura de autor).

sábado, 13 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Imprensa: privacidade, excessos e censura

A 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) começou ontem, em São Paulo, com um debate sobre o conflito entre o direito de informar e o direito à privacidade.

A atriz Regina Duarte abriu o seminário perguntando se é possível que fotógrafos, publicações e celebridades cheguem a um "comum acordo", para evitar excessos.

Afirmou seu "apoio total e incondicional à mais plena liberdade de imprensa", mas também relatou episódios em que sua vida privada foi invadida, por exemplo, com fotos ao lado de netos na praia.

"É aceitável que se ganhe dinheiro expondo a privacidade?", questionou, vendo "evidente falta de ética" e risco ao próprio jornalismo.

Insistiu, porém, ser contrária a qualquer tipo de censura, citando a presidente Dilma Rousseff, "que já disse que o melhor controle da mídia é o controle remoto", ou seja, os consumidores.

Taís Gasparian, advogada da Folha, ressaltou que "o mais importante, quando se fala no conflito entre liberdade de imprensa e direito à privacidade", é o reconhecimento hoje predominante de que a responsabilidade sobre o que é publicado deve ser julgada "posteriormente", evitando dessa forma a censura.

Já é assim no ordenamento jurídico na Europa, nas Américas e no Brasil, relatou Gasparian, acrescentando que as tentativas de censura prévia ainda existentes no país tendem a refluir.

Edgardo Martolio, superintendente editorial da revista de celebridades "Caras", afirmou que não estava no seminário "para defender toda e qualquer invasão de privacidade" - e sublinhou que hoje, "na maioria das vezes, o interesse dos famosos e o das publicações coincidem".

Afirmou também ter aprendido, em mais de 40 anos na área, que "os artistas são amados", principalmente no Brasil, "e temos de mostrar o lado bom deles". Já "com os políticos é diferente".

Também no evento, Ellyn Angelotti, do Instituto Poynter, escola de jornalismo da Flórida, nos EUA, levantou questões relativas ao direito de privacidade no ambiente digital, onde "o público se tornou o editor" e "a verdade pode ser algumas vezes distorcida". Ela defendeu para os jornalistas uma nova tarefa, de checar e autenticar o que surge on-line.

Fonte: Folha de São Paulo, "Evento de imprensa questiona excessos, mas recusa censura"Poder, 13/10/12 (reportagem sem assinatura de autor).

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