“A São Paulo das torres residenciais de costas para as ruas,
cercadas de muros e andares e mais andares de garagem não irá mais existir - ao
menos não no entorno de corredores de ônibus, trem e metrô, prevê o novo Plano
Diretor proposto pela gestão Fernando Haddad (PT).
A prefeitura quer exigir que os prédios residenciais
próximos de polos de transporte abram espaço para comércio no térreo e não
sejam tão generosos na abertura de vagas para carros em garagens.”
A informação foi divulgada nesta segunda-feira pela “Folha
de S. Paulo”, de onde extraí os dois primeiros parágrafos desta postagem (a
reportagem completa pode ser lida aqui).
De acordo com o jornal, o projeto que altera o Plano Diretor
será enviado à Câmara Municipal em setembro.
Empreendedores, claro, já estão reclamando, como a própria “Folha”
registrou. Falam em aumento de custos e, consequentemente, de preços de imóveis.
Que assim seja. O mercado – a velha e batida regra da oferta
e demanda – vai se encarregar, a médio prazo, de trazer os preços de volta à
realidade.
O “enfrentamento” posto é claro: o interesse particular (do
empreendedor e do cliente) ante o interesse coletivo (a cidade como espaço de
vida social e urbana).
“A minuta do Plano Diretor Estratégico traz pontos alinhados
com o que urbanistas defendem. O texto visa concentrar o adensamento
habitacional em torno do transporte público para otimizar investimentos
municipais.
Será incentivada também, com outras leis, a criação de
empregos em áreas periféricas da cidade a fim de reduzir os deslocamentos”,
comentou Rafael Rossi para a “Folha”. Ele é sócio-diretor de uma empresa de
desenvolvimento imobiliário.
Em suma, diz ele, o plano pode deixar São Paulo mais “viável”.
A proposta incorpora alguns pontos citados recentemente neste blog, incluindo um concurso de arquitetura para estimular ideias.
É auspicioso constatar que a maior cidade do país, epicentro
de novidades, com sua capacidade de catalisar e estimular tendências, está se
repensando. E por iniciativa do Poder Público, com meros oito meses de gestão.
O governo Haddad pretende mudar paradigmas (mudanças drásticas já estão sendo feitas no transporte, como este blog comentou).
Em Limeira, em que pese o novo governo estar apenas no
início (como o de Haddad), ainda não se tem notícia de que alguém esteja
pensando (o que não significa que não estejam) projetos amplos que visam
estabelecer um novo modelo para a cidade, tal como está sendo feito em São
Paulo.
Note que na capital o projeto está indo para o Legislativo.
Em Limeira, sequer uma discussão pública foi colocada.
Quem conversa com o prefeito Paulo Hadich (PSB) e alguns
outros membros do alto escalão até consegue notar uma tentativa de mudar a
direção dos ventos, mas tudo ainda está muito tímido e apenas como uma
manifestação de desejo.
E que não venha ninguém dizer que a cidade tem muitos problemas, muitos mais do que se imaginou em 2012, na época da campanha eleitoral, porque não serão maiores os desafios em Limeira do que os que Haddad enfrenta em São Paulo. E as mudanças que visam redesenhar a paisagem e o jeito de viver na capital estão já saindo do forno.
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