Limeira está prestes a entrar no mês de seu 187º aniversário
de fundação e nunca viveu - pelo menos que se tenha conhecimento - um clima tão
tenso em início de uma nova administração pública. Se é que se pode chamar todo
esse período, de janeiro até aqui, de início. Enfim, não completou seu primeiro
ano, porém, com agosto indo embora e setembro chegando, ninguém consegue
vislumbrar um horizonte, que aponte na direção das mudanças
político-administrativas tão amplamente alardeadas, como mote da campanha eleitoral
da coligação PSB-PT, que hoje ocupa o principal gabinete no Edifício Prada.
E não é a imprensa - que de nefasta não tem nada - nem a
oposição que conspiram contra a situação. Contra o establishment, como se
costuma dizer em política. Mesmo porque essa oposição se resume hoje em votar
"não" nas sessões da Câmara Municipal ou a se utilizar das redes
sociais para demonstrar seu descontentamento, que traz embutido também o
ressentimento dos derrotados, já que suas lideranças pouco se apresentam para
tratar das questões que envolvem a política e a administração municipal. E os
que se apresentam publicamente são algumas figurinhas carimbadas, que tiveram -
e estiveram lá - a oportunidade de fazer e também nada fizeram, mas que agora
criticam, ignorando a própria herança que deixaram.
O grande problema que se vê neste momento, é que os críticos
de outrora, que agora estão no poder, fazem tudo aquilo que combateram e tanto
criticaram, deixando a prática de lado. Esqueceram-se de que apresentaram uma
proposta embasada em projetos de transformações sociais, políticas e
econômicas, que neste momento deveriam livrar o Município do vício de velhas
administrações e não os repetindo. Com todos seus pontos e vírgulas.
E muito menos é a imprensa quem trama contra o progresso do
Município e os políticos que o administram, porque em si e pela sua função, ela
se transformou no reflexo das inquietações da sociedade. E a lógica desse
raciocínio está justamente nas páginas do jornais, nos telejornais ou nos
microfones das emissoras de rádio, quando a população reclama dos serviços
públicos prestados, com baixa ou sem qualidade nenhuma; da falta de
medicamentos básicos na rede municipal de saúde ou na descontinuidade de obras
importantes e mesmo no trato com a aparência da cidade, quando se noticia falta
de sinalização nas ruas, semáforos que não funcionam como deveriam, praças
malcuidadas, além de verdadeiros elefantes brancos, que ninguém sabe qual será
o destino que lhes será dado, mesmo tendo contribuído com a sangria dos cofres
públicos, que pagaram e continuam pagando essa conta.
Nesse sentido, o compromisso do analista, do jornalista que
diariamente corre atrás da notícia, é mostrar que a realidade é muito diferente
das teorias dos gabinetes, que se não se transformarem em práticas eficazes,
leva ao perigo de fazer com que comece a brotar um sentimento de saudade de uma
época recente, que está registrada na história, mas precisa ser apagada da
memória de todos nós.
Em tempo: os textos de terceiros que posto neste blog não representam necessariamente a minha opinião. Ao contrário, posso até discordar deles. Posto-os no sentido de provocar o debate (o mesmo debate que às vezes o texto me inspira).
Leia também:
- Limeira: uma cidade, dois governos
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