Dois livros recém-lançados no Brasil debatem uma questão cada vez mais
premente na sociedade: o papel das TVs públicas.
Consideradas modelos bem sucedidos em vários países (o Reino
Unido, com a BBC, talvez seja o melhor exemplo no que diz respeito à gestão,
financiamento e conteúdo), as TVs públicas brasileiras vira e mexe vão parar no
noticiário, seja pela qualidade de algum produto ou pelas costumeiras
interferências políticas e/ou baixa audiência.
Segundo o jornalista Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás
e autor de “O Estado de Narciso”, o problema “começa
na submissão das emissoras às autoridades de plantão, que controlam verbas e
indicam diretores”, conforme resenha assinada pelo jornalista Bernardo Mello
Franco na “Folha de S. Paulo”.
Já Ernesto Rodrigues em “O traço da Cultura” analisa
especificamente o caso da TV Cultura de São Paulo, emissora da qual foi ombudsman
por três anos (em tempo: a experiência de ter um ouvidor foi encerrada na
Cultura – emissora da qual estou funcionário).
Para ele, a TV pública paulista é um “parque de diversões da elite cultural paulistana em
que todos trabalhavam de costas para o público, sem querer saber se ele estava
satisfeito. Ou mesmo presente”.
Conforme resenha feita pelo crítico de TV do UOL, Mauricio Stycer, Rodrigues defende para a Cultura (o
que, no caso do Brasil, vale para outras emissoras públicas) “a inclusão de
conteúdos, personagens e temáticas ‘mais populares’ na grade. Na sua visão,
isso não significa ‘abrir mão do senso crítico ou adotar a mediocridade como
parâmetro cultural ou jornalístico’”.
Este debate sempre teve sua particular relevância, acentuada
neste momento em que parte da sociedade coloca em xeque a independência dos
meios de comunicação e que o partido do governo cobra a aprovação no país de
uma nova lei de mídia.
Leia também:
0 comentários:
Postar um comentário