sexta-feira, 2 de agosto de 2013 | |

Os retratos de uma geração

Larry Clark é considerado um dos mais importantes e influentes fotógrafos de sua geração. Nascido em 1943 na cidade de Tulsa, em Oklahoma (EUA), sofreu influência da mãe - fotógrafa itinerante de bebês. Contudo, e isto foi determinante em sua carreira, mudou o foco: do inocente trabalho materno para algo profundo e, sob certo aspecto, antropológico.

Clark retrata de modo nu (literalmente) e cru a realidade de sexo, violência e uso de drogas pela juventude norte-americana entre as décadas de 1960 e 90, primeiro em fotos e depois no cinema. Como cita o vídeo incluído nesta postagem, "um retrato devastador de uma tragédia americana".

Seu livro mais renomado, "Tulsa", traz uma série de fotos feitas entre 1963 e 71 mostrando atividades do seu círculo de amigos em sua cidade natal. É a trajetória de três jovens "do idealismo e êxtase ao trauma e paranoia durante tardes desoladas" nos EUA da era Vietnã, segundo Brian Wallis, curador de uma exposição sobre o fotógrafo no ICP Museum - o Centro Internacional da Fotografia, em Nova York (EUA).

Larry Clark // Tulsa from haveanicebook on Vimeo.

As imagens, explícitas, podem chocar olhos mais sensíveis. Elas combinam "um estilo de documentário e narrativa sequencial de um ensaio da tradicional revista 'Life' com uma surpreendente intensidade emocional e íntima", conforme definição feita para a exposição do ICP.


Em "Teenage Lust", livro no qual volta a mostrar - com fotos feitas entre 1960 e 80 - cenas de sexo e drogas, Clark mergulha no seu passado e faz um trabalho quase autobiográfico a partir da imagem de outros.



Na década de 1990, o renomado fotógrafo transportou sua temática para as telonas, tornando-se diretor de cinema. Seu filme mais famoso é o polêmico "Kids", de 1995.

No Brasil, alguns trabalhos de Clark podem ser vistos no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG). Lá estão cem fotos da série "Teenage Lust" e dez da série "Tulsa".




A temática e o estilo de Clark me remeteram à obra de Jack Kerouac, ícone e gênio da geração "beat", que se notabilizou também por uma obra (no caso literária) bastante autobiográfica (ainda que recorrendo às vezes a personagens amigos seus), realista, íntima e profunda. 

Com traços existencialistas em seus trabalhos, ambos - Clark e Kerouac - fizeram, sem dúvida, o retrato de uma geração. Ou de parte dela, uma parte significativa.

Mais informações sobre o fotógrafo-diretor podem ser obtidas aqui.

* As imagens foram retiradas dos sites lincados nesta postagem

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