Talvez mais conhecido por sua participação no Page One, um documentário sobre o New York Times, o jornalista David Carr passou os últimos 25 anos investigando as interseções entre mídia e negócios, cultura e governo. Colunista do New York Times desde 2002, Carr sabe uma coisa ou outra sobre a faceta mutável do jornalismo - e tem predições sobre o rumo da atividade no futuro.
Ele compartilhou essas reflexões com uma sala cheia de aspirantes a jornalistas e profissionais da imprensa no Centro Belo para Novas Mídias da Universidade do Texas na quarta-feira, 24 de outubro. Carr esteve no campus para apresentar a a Aula Magna Mary Alice Davis de 2012 sobre Jornalismo, intitulada “Apertando o botão reset” na qual ele alerta que a velha guarda do jornalismo está mudando.
“Você se imagina explicando a alguém o que é um jornal?”, perguntou Carr ao público. “Pense em daqui a 20 anos. ‘Eu costumava pegar e jogar no quintal das pessoas. E era assim que recebíamos as notícias!’”
Segundo Carr, sua cadeira não treme mais às 22h, quando as impressoras da gráfica começam, porque os escritórios do New York Times mudaram. As pessoas podem facilmente juntar matérias por causa do tempo muito curto de resposta online. Redatores raramente falam uns com os outros na redação porque todos têm um computador.
“Ninguém mais tem uísque em cima da mesa mais, e poucos ainda fumam” disse Carr.
Embora seu discurso tenha sido temperado por tiradas irônicas e piadas sarcásticas, Carr deixou claro que acredita que o jornalismo fará a transição do impresso para o digital. E, com quase 400.000 seguidores no Twitter, o próprio Carr fez a transição de forma suave.
“Em quase um ano por aqui, comecei a entender que o valor real desse serviço é ouvir a uma voz coletiva conectada”, disse ele no Page One. “A mídia não foi a mensagem. As mensagens são a mídia.”
(...) Carr também falou sobre paywalls, eleição presidencial, a crescente obsolescência das redações e o futuro do New York Times.
Sua conclusão final: o jornalismo está mudando porque nós estamos mudando, mas a mudança não importa de verdade. Enquanto jornais imprimem cada vez menos cópias, disse ele, isso não vai impedir as notícias e o New York Times de sobreviver à transição.
“Informação de boa qualidade, rápida e produzida de forma memorável nunca sairá de moda”, disse Carr.
* Este artigo originalmente foi publicado em 26 de outubro, na revista dos alunos da Universidade do Texas em Austin de 2012, The Alcalde, impressa pela Texas Exes. A autoria é de Kelsey McKinney.
Fonte: Daniel Guerra/IF, "Mudanças na mídia não acabarão com as notícias: David Carr, do New York Times, fala sobre o futuro do jornalismo", blog Jornalismo nas Américas, Knight Center for Journalism in the Americas, 29/10/12.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 03:30 |
O futuro dos jornais, por David Carr
Marcadores: David Carr, jornais, jornal, jornalismo
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