Não é fácil constatar, interpretar e eventualmente traduzir
a cultura de todo um país, o jeito de ser de um povo. Alguns bons observadores, porém, conseguem este feito. No caso dos Estados
Unidos, poucos fizeram isto tão bem quanto o jornalista Paulo Francis (1930-1997).
Em suas colunas nos jornais e na TV, ele falava da sociedade
norte-americana e dos EUA como nação de modo crítico e, às vezes, mordaz. Para
isso, fazia uso da política doméstica e dos costumes da sociedade.
O resultado é um retrato fiel do que são os Estados Unidos
da América. Ou alguém há de discordar das afirmações de Francis mencionadas a
seguir?
“Ideias radicais que transcendessem o liberalismo de 1776
nunca, porém, vingaram, e até hoje os EUA são o único país industrializado sem
um movimento esquerdista consolidado em partidos e sindicatos operários.” (p.
34)
“O país, porém, é jovem e nunca revelou incapacidade de
aprender. E o povo, o que é mais importante, nunca permitiu que lhe roubassem o
direito de pensar e agir livremente.” (p. 40)
“Diário da Corte” (IN: Reafirma-se o
espírito liberal de 1776, 4/7/1976)
“Celebridade é
prostituição em vários sentidos. (...) As celebridades vendem jornais. Vender é
a palavra-chave. Tudo está à venda neste país, o mais vendido do mundo.” (p. 69-70)
“Diário
da Corte” (IN: Como vivem os ricos, 2/2/1978)
As observações foram tão bem feitas que, mais de três décadas depois, continuam verdadeiras.
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