terça-feira, 27 de novembro de 2012 | |

Afinal, Deus deve ser louvado?

Uma ação do Ministério Público Federal tentando retirar das cédulas de real a expressão "Deus seja louvado" colocou novamente em evidência uma polêmica que vira a mexe aparece no noticiário e, por conseguinte, na sociedade: a dos limites do estado laico.

O assunto é, por si só, polêmico. Discutir religião (como de resto futebol e política) é sempre um problema porque envolve paixões. E quando há paixão, falta razão.

A "Folha de S. Paulo" colocou o tema em pauta em "Tendências/Debates". Como é praxe, dois especialistas defenderam pontos de vista opostos. Vale a pena ler os artigos para, quem sabe, formar (ou reforçar) sua convicção a respeito do tema.

Para facilitar, reproduzo a seguir alguns dos principais trechos dos artigos, com os respectivos links para quem desejar ler na íntegra:

"(...) Tem-se confundido Estado laico com Estado ateu. Estado laico é aquele em que as instituições religiosas e políticas estão separadas, mas não é um Estado em que só quem não tem religião tem o direito de se manifestar. Não é um Estado em que qualquer manifestação religiosa deva ser combatida, para não ferir suscetibilidades de quem não acredita em Deus.

Há algum tempo, a Folha publicou pesquisa mostrando que a esmagadora maioria da população brasileira, mesmo daquela que não tem religião, diz acreditar em Deus, sendo muito pequeno o número dos que negam sua existência.

Na concepção dos que entendem que num Estado laico, sinônimo para eles de Estado ateu, só os que não acreditam no criador é que podem definir as regras de convivência, proibindo qualquer manifestação contrária ao seu ateísmo ou agnosticismo. Isso seria uma autêntica ditadura da minoria contra a vontade da esmagadora maioria da população."

Fonte: Ives Gandra da Silva Martins, "Estado laico não é Estado ateu", Folha de S. Paulo, Opinião, 26/11/12, p. 3.

"(...) Um pouco sobre o laicismo: ele deriva diretamente do princípio da liberdade religiosa: se todo brasileiro é livre para ter a religião que quiser (ou não ter religião nenhuma), então é errado que o governo, que representa e é sustentado pela totalidade dos cidadãos, eleja favoritos.

(...) Há ainda a objeção de que 'o Estado é laico, mas não ateu'. Sim, o Estado não é ateu! Só que ninguém exige que o real passe a dizer 'Deus não existe', mas apenas que o dinheiro pare de falar de Deus e ponto. Confunde-se neutralidade com oposição, o que é tolice ou má-fé."

Fonte: Carlos Orsi, "Analisando as principais críticas à proposta", Folha de S. Paulo, Opinião, 26/11/12, p. 3.

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