quarta-feira, 31 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Que tal uma visita ao cemitério?

Não costumo celebrar o Dia das Bruxas, mas respeito a data como tradição (embora tenha restrições a algumas práticas). Pois navegando na Internet, mais precisamente no blog de turismo da “Folha de S. Paulo”, deparei-me com um texto que fazia alusão ao famoso “Halloween” e sugeria visitas a cemitérios famosos nesse dia.

Nunca tinha ligado uma coisa à outra. De fato, visitar cemitérios soa macabro e pouco usual, mas pode se revelar uma atividade interessante, principalmente para quem é ligado em história. Poucos lugares como um cemitério ajudam tanto a contar a história de uma localidade.

Foi no texto citado que descobri um outro site que lista os cemitérios mais famosos (e bonitos) do mundo, por motivos diversos. Na lista dos “12 mais”, estão três que eu conheci. Aproveito, então, o Dia das Bruxas para mostrar um pouco mais de cada um deles.

O primeiro a ser retratado é o Cemitério St. Louis #1, de Nova Orleans (EUA). É o mais antigo da cidade ainda preservado – é datado de 1789. Assim, abriga muitos dos moradores mais remotos e, dizem, até a rainha do vodu, Marie Laveau. Ele fica na Basin St. em uma das “fronteiras” do French Quarter, na divisa com Treme-Lafitte.

Como fui até lá no final da tarde, ele já estava fechado e eu apenas passei em frente.




Visitei, porém, outro histórico cemitério da cidade – o Lafayette #1. Ele fica um pouco afastado da área histórica, numa região residencial muito bonita, calma e arborizada, o Garden District. Para chegar até lá é preciso pegar um dos tradicionais bondes, descendo na St. Charles Ave. e acessando a Washington Ave.

O cemitério é de 1833 e muitos dos túmulos estão bem preservados. É comum encontrar por lá objetos como chupetas, balas e colares coloridos (tradicionalmente usados no Mardi Gras, o carnaval local).

A principal característica de St. Louis e Lafayette é o fato dos corpos serem colocados acima da terra, nas edificações tumulares que se parecem às vezes com pequenas moradias. Como Nova Orleans é ameaçada por inundações em razão de estar abaixo do nível do mar (diques tentam segurar a invasão das águas), evitou-se enterrar os corpos.








Outro cemitério que aparece na lista dos “12 mais” é o da Recoleta, em Buenos Aires (Argentina). O local atrai milhares de turistas não só por ficar numa das regiões mais bonitas da capital, o charmoso bairro que dá nome ao cemitério, junto a um parque, mas também por abrigar os restos mortais de Evita, a eterna primeira-dama argentina, quase uma santa nacional.

Tal como em Nova Orleans, o cemitério da Recoleta é conhecido também por deixar os corpos acima da terra, dentro de pequenas “moradias”. É possível ver vários caixões (em um túmulo mais preservado, cheguei a ver uma espécie de sala de estar para velar o morto, com duas cadeiras aveludadas, velas e flores, tudo muito bem cuidado e limpo).

Também está na lista o histórico Cemitério de Arlington, na cidade de mesmo nome, grudada em Washington D.C. O local é conhecido por abrigar os corpos de cerca de 300 mil soldados e familiares – sim, ele é exclusivo para militares. É um típico cemitério norte-americano, com as famosas lápides brancas colocadas diretamente no gramado. São tantas as lápides que elas parecem ondas brancas num mar esverdeado.




Arlington atrai turistas também por abrigar o famoso túmulo do soldado desconhecido, guardado por militares como um panteão nacional. Jovens soldados revezam-se durante todo o dia num ritual ininterrupto, assistido por uma turba silenciosa. Também merecem destaque os túmulos do ex-presidente John F. Kennedy e de sua esposa Jacqueline Kennedy Onassis.



Embora não apareça na lista, gostaria de citar outro cemitério que merece destaque. Ele fica na Filadélfia, a primeira capital dos EUA: o Christ Church Burial Ground. É pequenino e famoso por abrigar muitos dos fundadores da nação, aqueles que assinaram a Declaração de Independência e participaram das primeiras sessões legislativas do novo país.

Pequenas bandeiras (na primeira versão da flâmula norte-americana, feita por Betsy Ross) indicam onde estão os restos mortais dos “pais fundadores”.

Ali também está enterrado o corpo de Benjamin Franklin, um dos inspiradores da "revolução" norte-americana que levou à independência.


O cemitério é tão antigo e tão frágil que, embora seja permitido caminhar por entre as lápides, é preciso cuidado (tocá-las é terminantemente proibido, pois muitas estão desmanchando).

É o menor de todos os cemitérios citados nesta postagem e o único pelo qual se paga para entrar (o valor é simbólico, um ou dois dólares). Fica no centro histórico, chamado de Old City, mais precisamente no cruzamento da Arch St, com a Independence Mall East. Procure por Franklin´s Grave.






* As fotos são minhas e de Carlos Giannoni de Araujo

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Em prol do jornalismo (e de um jornalista)

Como jornalista a serviço de empresas de comunicação, fui processado só uma vez em 31 anos de profissão - a despeito de ter trabalhado a maior parte desse tempo como repórter investigativo e de ter feito dezenas de denúncias graves. E ganhei.

Há menos de quatro anos, criei um blog dedicado à reflexão política e à denúncia de iniciativas visando sufocar a liberdade de expressão, promover ou justificar a corrupção.

Ao longo de sua existência, tornei-me alvo de uma avalanche de processos judiciais. Foram oito ao todo, que me obrigaram a gastar uma fortuna com a contratação de advogados. Como blogueiro, descobri a condição de vulnerabilidade em que se encontram dezenas de jornalistas que decidiram atuar independentemente na internet.

Jamais fui condenado, mas é fato inquestionável que o exercício das garantias constitucionais é excessivamente custoso para quem não está respaldado por uma estrutura empresarial - ou não vendeu a alma ao diabo.

Contratar advogados, pagar custas e honorários, invariavelmente caríssimos, já constitui, em si, uma punição severa, mesmo para quem fatalmente será absolvido ao final de um processo sofrido e demorado.

Foi o que me levou à decisão de parar de publicar no blog.

Os dois primeiros processos vieram do Paraná, de onde uma quadrilha de estelionatários e traficantes de trabalhadores brasileiros para os EUA conseguiu censurar o blog durante alguns meses. A prisão dos denunciados fez com que a censura se extinguisse. Não satisfeitos e embora presos, passaram a pleitear uma indenização por danos morais.

De Mato Grosso chegaram outras quatro ações. O autor é o deputado estadual José Geraldo Riva, réu em 120 processos por peculato, corrupção e improbidade administrativa. Seu mandato foi cassado duas vezes por compra de votos, mas Riva ainda preside a Assembleia Legislativa do Estado, mesmo proibido de assinar cheques e ordenar despesas.

Boa parte dos textos teve como objeto o repúdio às práticas que o STF agora condenou como crimes praticados pelos mensaleiros do PT. O foco era o desvirtuamento ético, e não a questão partidária.

Também critiquei o mata-mata na segurança pública de São Paulo, Estado governado pelo PSDB. Daí brotaram dois outros processos.

O primeiro, uma queixa-crime do ex-comandante Paulo Telhada, que acaba de ser eleito vereador em São Paulo graças à imagem que ele alimenta de matador implacável. É o mesmo acusado de incitar no Facebook a campanha que culminou em uma série de ameaças ao repórter André Caramante, desta Folha.

O segundo é uma ação por danos morais movida pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, que novamente pôs o blog sob censura.

Não fui o único blogueiro a ter a sua atividade jornalística impedida por uma sequência de ações judiciais. Outro caso exemplar é a mato-grossense Adriana Vandoni, do blog "Prosa & Política". Desde 2009, a publicação está censurada judicialmente pelo mesmo José Geraldo Riva.

Não defendo prerrogativas de qualquer natureza para o jornalismo irresponsável. O exercício do jornalismo se torna deletério quando há deslizes éticos, com prejuízos enormes para quem se vê caluniado, difamado ou injuriado.

Também não me insurjo contra o direito dos ofendidos de pleitear reparação diante de distorções e erros da imprensa. O blog, aliás, sempre criticou o engajamento do jornalismo a soldo de políticos suspeitos, que atua como uma máquina de destruir reputações. Tal máquina ataca inclusive jornalistas, como Heraldo Pereira, da TV Globo, e Policarpo Júnior, da "Veja", vítimas de uma campanha difamatória hedionda movida pela blogosfera estatal.

Minha página eletrônica nunca aceitou qualquer forma de publicidade. Era mantida exclusivamente às expensas da minha renda pessoal auferida como repórter e apresentador da Rede Bandeirantes de Televisão. O exercício da liberdade de expressão, no ambiente cultural de uma democracia que ainda não se habituou à crítica (e a confunde com delitos de opinião), desafortunadamente, se tornou caro demais.

Mas sou forçado a concordar com os que entenderam minha atitude como capitulação. Porque o silêncio compulsório, que é o que desejam os inimigos da liberdade de expressão, só fará agravar o problema.

Fonte: Fábio Pannunzio, "Contra a avalanche, o jornalista desiste", Folha de S. Paulo, Tendências/Debates, 31/10/12, p. 3.

terça-feira, 30 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Uma mensagem (um recado)

Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijo sem paixão
Crime sem castigo
Aperto de mãos
Apenas bons amigos...

(...)

Pra ser sincero
Não espero que você
Me perdoe
Por ter perdido a calma
(...)

Um dia desse
Num desses
Encontros casuais
Talvez a gente
Se encontre
Talvez a gente
Encontre explicação...

Um dia desses
Num desses
Encontros casuais
Talvez eu diga:
- Meu amigo
Pra ser sincero
Prazer em vê-lo!
Até mais!...

Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Nunca deixam suspeitos...

("Pra Ser Sincero", de Humberto Gessinger)

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A NBA está de volta!

Começou nesta noite de terça-feira (30/10) mais uma temporada da NBA, o melhor campeonato de basquete do mundo. Na estreia, o campeão Miami Heat recebeu o Boston Celtics no American Airlines Arena - exatamente onde a temporada anterior terminou.

O American Airlines Arena fica na baía de Miami, ao lado do Bayside Marketplace:





O Boston é o maior campeão da história da NBA. O time manda seus jogos no TD Garden, ginásio já mostrado neste blog.

Leia também:

- A NBA é um show!

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A missão

"Na sua opinião, que características importantes um jornalista precisa ter?"
(...) 
"A capacidade de ver com seriedade", respondeu ela por fim. "Através da observação paciente, da acumulação meticulosa de detalhes e de um apetite voraz pela verdade, o quadro mais amplo surgirá. É dever do repórter defender os fracos e acender um farol nos cantos mais tenebrosos da experiência humana."
Annalena McAfee, "Exclusiva" (p. 151)

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Faces da convivência humana

Um guerreiro da luz divide seu mundo com as pessoas que ama e procura estimulá-las a fazer o que gostariam.

Nestes momentos, o adversário aparece com duas tábuas na mão.

Numa das tábuas está escrito: “pense mais em você. Conserve as bênçãos para si mesmo, ou vai terminar perdendo tudo”.

Na outra tábua, lê-se: “quem é você para ajudar os outros? Será que não consegue ver os próprios defeitos?”

Um guerreiro sabe que tem defeitos. Mas sabe também que não pode crescer sozinho, e distanciar-se de seus companheiros. Então, mesmo achando que o adversário tem alguma razão, ele esquece as duas tábuas e continua espalhando entusiasmo ao seu redor.

Senta-se com seus companheiros em torno de uma fogueira, todos comentam suas conquistas – e os estranhos que se juntam ao grupo são bem-vindos, porque todos têm orgulho de sua vida e do bom combate.

O guerreiro sabe como é importante dividir sua experiência com os outros; fala com entusiasmo do caminho, conta como resistiu a certo desafio, que solução encontrou para um momento difícil. Quando narra suas aventuras, reveste suas palavras de paixão e romantismo. (...)

Fonte: blog do Paulo Coelho, "Em volta da fogueira", postado em 28/10/12.

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Assim é... Harvard (2)

A Universidade de Harvard, uma das mais famosas do mundo, fica numa região bem interessante de Boston (EUA). A área consegue unir a tradição (arquitetônica e educacional) da instituição à modernidade dos nossos tempos e à agitação da juventude.

O local já foi mostrado pelo blog uma vez. Veja a seguir mais detalhes da região:










PS: li nesta data que o Brasil tem 85 alunos em Harvard.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Três questões sobre a eleição

Sei que eleição, tal como o esporte, é movida a paixões. Cada qual torce por seu candidato e seu partido, o que muitas vezes afasta a racionalidade do processo.

Que a torcida se comporte assim é algo natural, aceitável até, embora uma pitada de racionalidade fosse bem-vinda. Contudo, que os agentes políticos usufruam desta paixão para disseminar incongruências me parece um desvirtuamento do processo, abuso até – aceito, infelizmente e via de regra, de modo pacífico por todos os envolvidos (candidatos, marqueteiros e eleitores).

Tome-se o processo eleitoral de 2012 encerrado neste último domingo (28/10):

1 - mais uma vez, tal qual ocorrera na eleição presidencial de 2010, questões religiosas se sobrepuseram àquelas de foro coletivo, de real interesse da sociedade.

Ou alguém há de afirmar que, mais importante do que discutir as questões do transporte, do trânsito caótico, da saúde e etc, o paulistano se preocupa mesmo com o tal “kit-gay” (bandeira levantada por segmentos religiosos conservadores e reacionários e encampada pelas campanhas)? Ou como foi na eleição de Dilma Rousseff com o aborto como tema preponderante de um país com tantos desafios a vencer?

Naturalmente, é importante que o eleitor conheça o que pensam os candidatos a respeito de questões que envolvam conceitos morais, como o aborto. Agora daí a transformar estas questões em temas principais de uma campanha é fugir do real debate.

Por que, então, isto ocorre?

Basicamente porque estes temas ainda são sensíveis a parte do eleitorado (embora não tenham sido determinantes nos resultados finais, tanto que Dilma e agora Fernando Haddad, do PT, estão eleitos) – notadamente entre eleitores de menor escolaridade.

Como as campanhas optam pelo marketing no lugar da transparência e da honestidade, estes temas vêm à tona se forem de interesse do candidato (para prejudicar o adversário naturalmente).

A racionalidade que deveria permear o processo eleitoral não é arranhada apenas na elevação de temas assim ao nível principal do debate. É prejudicada também porque os próprios candidatos abrem mão de suas convicções para fazer o jogo rasteiro.

Tomemos mais uma vez o recente caso de São Paulo: tanto Haddad quanto José Serra (PSDB), quando estiveram em funções executivas, realizaram apropriadamente e como manda a cartilha bons trabalhos em favor de causas das minorias, incluindo a dos direitos dos homossexuais. Agiram assim porque colocaram o interesse público e social acima de questões pessoais, políticas e partidárias.

Por que numa campanha eleitoral não podem assumir as próprias convicções? Porque o jogo eleitoral não permite, dirão... Ora, qual a contribuição do candidato para mudar o “status quo” deste jogo?

O mesmo se pode dizer de Dilma. Quando ainda ministra, manifestou com convicção seu apoio ao direito da mulher decidir pelo aborto. Uma vez candidata, recuou – mesmo? Ou foi jogo de cena eleitoral?

2 - os apoios partidários são inexplicáveis.

É óbvio que numa eleição municipal há interesses e arranjos locais que pesam mais do que qualquer aliança em maior nível. No entanto, não é possível assistir passivamente a acordos como o do PT com o PP de Paulo Maluf – figura que até anteontem era criticada por 11 entre dez petistas, incluindo o próprio ex-presidente Lula. 

Sabe-se que acordos assim visam garantir maior tempo de televisão no horário eleitoral e, eventualmente, apoio parlamentar. Contudo, parece mais racional (embora utópico) que os partidos façam alianças em razão de seus matizes ideológicos (coisa que a maioria das siglas no Brasil não tem).

O que explica o PSD, por exemplo, apoiar o PSDB num lugar, o PT em outro, o PSB em outro e o DEM em outro? Não há conveniência local que justifique isto – ou melhor, há conveniências em excesso.

Sobre isto, recomendo a leitura de "Reforma política necessária".

3 - não é racional, saudável e moralmente aceitável que o pensamento do eleitor seja ludibriado com ideias divergentes de um mesmo partido em favor da vitória.

Para ganhar a capital paulista, o PT (Lula à frente) apostou no “novo”. Saudou o candidato sem vícios e a necessidade de mudança. Ali do lado, em Diadema, o mesmo PT (Lula novamente à frente) alertou os eleitores para o risco do – pasme! – “novo”, da inexperiência administrativa do adversário do prefeito candidato à reeleição.

Em São Paulo, “um homem novo para um tempo novo”, pregava Lula insistentemente; em Diadema, “é importante que o povo não entre em uma aventura”, disse o ex-presidente.

E fica tudo assim, como se nada de chocante houvesse nestas manifestações.

E não é só o PT (é que nesta eleição os “cases” petistas ficaram mais evidentes). O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou categoricamente em 24 de outubro num ato em Campinas que fez mais campanha para o PSB do que para o seu partido. Tudo em razão de um projeto eleitoral – ele é sabidamente pré-candidato a presidente da República.

Chega-se, pois, à fácil conclusão que ainda prevalece nas campanhas eleitorais brasileiras o “vale tudo pelo poder”. É, no fim das contas, contra isto que escrevo, luto e manifesto-me.

Quando as eleições tornarem-se mais honestas e limpas no Brasil, aí sim poderemos falar que estamos rumando para o desenvolvimento. Até lá, viveremos uma democracia selvagem, frouxa ou “patológica”, como já citado neste blog.

E tudo isto ocorre porque ainda enxergam o eleitor – o povo – como massa de manobra.

Não somos?

domingo, 28 de outubro de 2012 | | 0 comentários

Frase

"Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração."
Steve Jobs, fundador da Apple

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"Home, sweet home"

Casas tipicamente norte-americanas na parte "pobre" de Boston:



Em tempo: minha mãe achou as casas "bonitinhas".

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Reforma política necessária

O Brasil tem 30 partidos, dos quais 24 com representação no Congresso. Todos levam dinheiro público e a maior parte conta com tempo de TV e outras regalias. Nenhum país sério deveria manter tal sistema político.

Virou clichê nas eleições atuais criticar a polarização PSDB-PT. Ela seria responsável pelo aumento da abstenção e dos votos nulos e brancos no pleito paulistano, reflexo do desinteresse da população.

Pois que viva a polarização. Se fosse de verdade, o bipartidarismo significaria a maturidade da política local.

Não o bipartidarismo imposto pela ditadura militar a partir de 1966, quando as siglas extintas deram lugar ao MDB e à Arena - dizia-se à época que o primeiro, oposicionista sem dentes, era o partido do "sim" e o segundo, situacionista sem escrúpulos, o do "sim, senhor".

Mas o bipartidarismo que é fruto de anos de democracia consolidada, como existe nos EUA. Ali, desde pelo menos o Congresso de 1877, a política é dominada pelos partidos Democrata e Republicano.

Não são os únicos. Há vários nanicos, quatro deles com candidatos à Presidência na corrida atual: Verde, Libertário, da Constituição e da Justiça. Porém não são levados a sério por não terem chance. E não têm chance porque o sistema político não permite que tenham.

Com isso, os políticos de centro-esquerda e de esquerda se concentram sob o guarda-chuva dos democratas; os de centro-direita e de direita, sob o dos republicanos.

Há centristas em ambas as agremiações. Elas formam duas massas mais ou menos coesas, que costumam votar segundo seu próprio rol de princípios e interesses.

O mesmo deveria ocorrer aqui. Gilberto Kassab e seu recém-criado PSD deveriam estar no partido tucano; Eduardo Campos e seu PSB, com os petistas. O DEM seria a ala mais à direita do PSDB; o PSOL, a mais à esquerda do PT. O PMDB evaporaria, mezzo calabresa, mezzo mozarela. E assim por diante.

Diminuiriam as maracutaias e os acordos pouco republicanos, acabariam as vendas de tempo na TV, as prévias passariam a existir de verdade, os debates ganhariam relevância e ritmo. Por que não acontece? Primeiro, pela legislação brasileira, que carece de reforma.

Depois, porque os caciques dos dois partidos majoritários sufocam jovens lideranças. O PT está renovando seus quadros em São Paulo com Fernando Haddad e Alexandre Padilha, mas à custa do dedaço de Lula. O PSDB vive há anos o psicodrama José Serra-Geraldo Alckmin.

Quem gosta de consenso é juizado de pequenas causas. Só o Fla-Flu partidário nos tirará da infância política. Polarização já.

Fonte: Sérgio Dávila, "A favor da polarização", Folha de S. Paulo, Opinião, 27/10/12, p. 2.

Leia também:

- "Democracia patológica": eleição e corrupção

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Direto do toca-CD (19)

Desculpe
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei
Errado e eu entendo

As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias
Até pra uma criança

(...)

Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama

Por onde andei?
Enquanto você me procurava
E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me falta

("Por onde andei", de Nando Reis)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012 | | 2 comentários

Reencontro com um amigo

Após uma longa procura, finalmente reencontrei um amigo. O nome dele é Sam (para os íntimos, claro). Eu o conheci em Atlanta (EUA), mas tive mais contato mesmo em Boston (EUA).





Já fiz um novo convite para reencontrar o Sam em breve.

PS: Sam me confidenciou que também estava com saudade. Aliás, está com saudade...

Leia também:

- Cerveja também é cultura!

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Qual o sentido da briga entre Google e ANJ?

(...) Não há mais dúvidas de que o modelo convencional de negócios das empresas jornalísticas é inadequado para a produção de notícias na internet. Desde o surgimento deste Código Aberto, há oito anos, alertamos que a Web inverteu as regras do mercado de notícias. Passamos de uma era de escassez (poucos jornais) para uma era de abundância informativa (só de blogs são 55 milhões no mundo inteiro), o que reduziu a commodity notícia a quase zero ao mesmo tempo em que acelerou a diversificação e recombinação de dados e informações graças às facilidades das redes virtuais.

A notícia está hoje em todos os lugares e cercá-la com os muros do direito autoral equivale a tentar enxugar gelo. A rentabilidade não está mais em guardá-la como uma commodity, mas na sua circulação. Quanto mais uma notícia circular mais pupilas e cérebros ela alcançará, ampliando a reputação de quem a produziu, distribuiu e comentou. Ter informação não é mais sinônimo de ter poder. Pelo contrário, o poder de influenciar outras pessoas depende da intensidade com que a informação circular entre estas pessoas.

(...) A decisão da ANJ responde ao interesse de executivos da indústria da comunicação jornalística de arrancar toda a rentabilidade possível antes que chegue um momento fatal, como ocorreu há dias com a revista norte-americana Newsweek, que aqui no Brasil foi o modelo seguido pela Veja. Para os executivos pode ser uma estratégia inteligente para garantir uma aposentadoria dourada, mas para nós, consumidores de informações, é uma péssima notícia.

Fonte: Carlos Castilho, "Jornais vs. Google: a briga que ninguém ganha", Observatório da Imprensa, Código Aberto, 23/10/12.

***

(...) Além da exigência de remuneração financeira, há na decisão da ANJ também uma disputa por poder na cadeia de valor da indústria jornalística, na opinião do jornalista Eugenio Bucci, professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). "Com o surgimento dos buscadores e agregadores de notícias na internet, os jornais perderam parte importante dessa cadeia de valor. Acho que a movimentação de sair de um serviço de busca é uma tentativa de dominá-la novamente", explica Bucci.

No caso de um jornal impresso, a empresa é dona da totalidade da cadeia de valor - da produção da notícia à entrega da publicação aos leitores. Na internet, para o conteúdo chegar ao leitor, parte desse valor fica com a indústria de telecomunicações, com a indústria de computadores e, mais recentemente, também com os intermediários como o Google.

"A questão é como vai ser remunerado o jornalismo independente", sintetiza Bucci. "(A saída dos grandes jornais do Google Notícias) pode ser um movimento infeliz, que se mostrará errado daqui a algum tempo". Mas, como ainda não há um modelo que garanta essa remuneração em longo prazo, as redações independentes têm que preservar o valor do que oferecem. No cenário que está se formando, uma matéria do New York Times acaba tendo o mesmo valor de uma matéria produzida por uma organização partidária", compara o jornalista.

Fonte: Isabela Fraga e Natalia Mazotte, "Boicote ao Google News resultou em queda de apenas 5% do tráfego na web, afirmam jornais brasileiros", Blog Jornalismo nas Américas, Knight Center for Journalism in the Americas, 25/10/12.

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Uma pedra

O coração aberto e sincero me trouxe decepção. "Feche-o!"

O abraço fraterno foi em vão. "Afaste-se!"

A confidência contada foi passada adiante. "Silencie!"

A confiança ofertada não foi correspondida. "Desconfie!"

Ouço gritar a voz interior. E assim torno-me uma pedra.

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Profissão: perigo (2)

O ano de 2012 tem sido particularmente trágico para os jornalistas - e, consequentemente, o jornalismo. O número de assassinatos de profissionais da imprensa assusta. O caso mais grave talvez seja o México, embora o Brasil não fique muito distante no ranking.

A violência contra repórteres no México foi tema de um documentário produzido pela StoryHunter, organização que reúne videojornalistas de todo o mundo. 

Recomendo que você assista e reflita – trata-se de tema da mais alta relevância não só para os profissionais da imprensa como também para toda a sociedade.

Afinal, está em jogo o direito constitucional (em todos os países democráticos) de acesso à informação e da liberdade de expressão.


Leia também:


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Uma lição para a vida

Um grupo de sábios judeus reuniu-se para tentar criar a menor Constituição do mundo.

Se alguém fosse capaz de definir – no espaço de tempo que um homem leva para equilibrar-se em um só pé – as leis que deviam reger o comportamento humano, este seria considerado o maior de todos os sábios.

“Deus pune os criminosos”, disse um.

Os outros argumentaram que isto não era uma lei, mas uma ameaça; a frase não foi aceita.

“Deus é amor”, comentou outro.

De novo, os sábios não aceitaram a frase, dizendo que ela não explicava direito os deveres da humanidade.

Neste momento, aproximou-se o rabino Hillel. E, colocando-se num só pé, disse:

“Não faça com seu próximo aquilo que você detestaria que fizessem com você; esta é a Lei. Todo o resto é comentário jurídico”.

E o rabino Hillel foi considerado o maior sábio de seu tempo.

Fonte: blog do Paulo Coelho, "A menor constituição do mundo", postado em 24/10/12.

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Frase

"O amor supera tudo, exceto a covardia."
Annalena McAfee, “Exclusiva” (p. 114)

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Um local vibrante

Uma das regiões mais vibrantes de Boston (EUA) é, sem dúvida, a do Quincy Market. Ele fica bem ao lado do Faneuil Hall. Juntos, ambos formam um conjunto arquitetônico interessante, mostra da cidade do passado, mantendo a tradição do local. 

Ao mesmo tempo, a área ganhou atrativos especiais, com artistas de rua que agitam a galera de dia e à noite. É um ótimo local para passear, descansar, tomar uma cerveja ou um drinque, comer algo de maneira rápida.

Em resumo: parada obrigatória em Boston.





O Quincy foi erguido entre 1824 e 1826 (ou seja, tem exatamente a idade de Limeira) e seu nome é uma homenagem ao prefeito Josiah Quincy. A obra foi feita pouco após a elevação de Boston à condição de cidade (1822) já com o objetivo de servir como mercado, função que mantém até hoje (embora voltado mais para a área gastronômica).





Já o Faneuil Hall vem servindo como local de reuniões públicas e mercado desde 1742. Foi palco, por exemplo, de muitos discursos de Samuel Adams, o representante de Massachusetts na reunião que definiu a independência dos Estados Unidos.





Leia também:

- Os 50 tons de Boston