O jornalismo terá
futuro se conciliar as novas tecnologias com os fundamentos da atividade - a
informação que tenha credibilidade, contexto e análise. Melhor ainda se for
exclusiva. É este o mínimo múltiplo comum de um debate sobre o futuro do
jornalismo, realizado ontem na 68ª Assembleia Geral da SIP (Sociedade
Interamericana de Imprensa), em São Paulo.
O evento reuniu
representantes dos principais jornais e revistas do país, entre eles Sérgio
Dávila, editor-executivo da “Folha”, Ricardo Gandour, diretor de conteúdo de
"O Estado de S. Paulo", Ascânio Seleme, diretor de Redação de "O
Globo", e Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista
"Veja".
O debate é uma
inovação dentro da assembleia da SIP. Foi uma atividade gratuita, voltada para
estudantes e profissionais, chamada "Domingão da SIP".
Ao responder se o
jornalista terá de ser multimídia, Dávila afirmou que sim, mas fez uma
ressalva: "Nada disso adianta se o repórter não tiver o desejo de ter a
informação exclusiva. É como uma Ferrari sem gasolina".
Dávila disse que
jornalistas convivem com guinadas tecnológicas desde o século 19, com a
invenção do telégrafo, que levou os textos a se tornarem mais concisos.
Hoje, o cruzamento
de jornalismo e tecnologia provoca uma multiplicação de plataformas - site, tablets
e celulares. "Os jornalistas sempre tiveram de ser generalistas, também em
tecnologia."
Gandour defendeu
que jornais "têm de incorporar novas narrativas, mas manter o objetivo
essencial do jornalismo", que é a informação de credibilidade, segundo ele.
Seleme falou sobre
jornalismo sem papel. "O jornalismo de qualidade vai sobreviver mesmo após
o papel". Isso ocorrerá, diz, porque "pessoas e corporações precisam
de notícia de qualidade".
Alcântara tratou
da ética jornalística no futuro. Ele descreveu a internet como "um mundo
selvagem, sem lei", no qual o jornalismo precisa marcar presença.
Fonte: Folha de S.
Paulo, “Jornalismo tem de aliar inovação e qualidade”, Poder, 15/10/12
(reportagem sem assinatura de autor).
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