Quinta-feira,
24 de novembro. Mal amanhecera e uma movimentação estranha tomava conta de
Limeira. Dezenas de homens da Rota (grupo especializado da Polícia Militar) e
do Gaerco (grupo especializado do Ministério Público na repressão ao crime
organizado) corriam para cumprir 12 mandados de prisão contra agentes públicos
e particulares acusados de corrupção.
Entre os
presos, a então primeira-dama Constância Dutra da Silva e os filhos do então
prefeito Silvio Félix (PDT), Murilo e Maurício.
O império de
Félix começava a ruir. Daí até a cassação do mandato do prefeito foram três
meses – e pareceram três longos meses.
Naquela
manhã de 24 de novembro, enquanto as estruturas do Edifício Prada (a sede do
Executivo limeirense) e o mundo político de Limeira eram abalados por um verdadeiro
tsunami, um secretário municipal pegava a estrada rumo à capital paulista. Lá,
teria um encontro importante com representantes do governo estadual para tratar
de sua área de atuação.
No caminho
para São Paulo, o telefone celular do secretário tocou. O que ele ouviu do
interlocutor parecia surreal. “Naquele momento ficamos sem chão”, comentou ao
descrever o que sentiu ao saber da notícia sobre a prisão dos familiares do então
prefeito e de alguns assessores diretos.
O fato
rapidamente ganhou repercussão nacional. Tão logo chegou à repartição que
visitaria na capital, o secretário foi abordado pelo anfitrião: “Já está
sabendo o que está acontecendo na sua cidade?”, perguntou-lhe o interlocutor,
membro do governo estadual. Infelizmente, o secretário sabia...
Com larga
experiência na vida pública, o secretário certamente conhecia as denúncias que
pairavam sobre o governo Félix publicamente há anos e, mais do que isso, já
ouvira falar – em conversas de bastidores - das suspeitas que rondavam o Edifício
Prada. Por que, então, decidiu permanecer num governo que, comentava-se à boca
pequena no mundo político, não chegaria ao fim?
“Agora é fácil
falar, mas o fato é que até aquela manhã de 24 de novembro o prefeito elegeria
um poste”, respondeu de modo sincero.
Então foi
puro interesse político?
“Sim. Se nada
daquilo tivesse acontecido, a gente faria o sucessor.” Como consequência,
explicou o secretário, todo o grupo que apoiava Félix sairia ganhando,
mantendo-se no poder.
O secretário
não foi o único a relatar que sua ação pró-governo esteve diretamente ligada ao
interesse político. Um vereador admitiu, em conversa reservada, que também
pesou em suas ações a disputa da eleição de 2012.
Conveniência
cujo preço a vida cobrou. E ambos – secretário e vereador - pagaram.
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