O avião quebrado
em Viracopos é o exemplo acabado do atraso da infraestrutura brasileira.
O governo do PT
está há dez anos no poder. Nesse período, quem viajou de avião algumas vezes
sabe muito bem: a situação só piora.
Não vale o governo
dizer que tudo se deve à emocionante ascensão de milhões de brasileiros à
classe média. O diagnóstico é conhecido. O problema tem sido a incapacidade de
ministrar o remédio necessário.
Viracopos ficou
fechado por quase dois dias. Cerca de 25 mil passageiros sofreram com o
cancelamento de 500 voos no aeroporto de Campinas.
Outra grande
prejudicada é a companhia aérea Azul, que opera sobretudo a partir de
Viracopos. Terá de dar assistência aos passageiros prejudicados, ressarcir
prejuízos, ajudar com hotéis e refeições. Sem contar o dano à imagem, pois quem
pensar duas vezes agora tentará evitar a Azul - que não teve a menor
responsabilidade no ocorrido.
Há dois culpados
principais. Primeiro, a Centurion Cargo, cujo avião de pneu furado ficou no
meio da pista. Segundo, o governo federal, que regula e comanda os aeroportos.
Viracopos só tem
uma pista. Em emergências, precisaria de acesso rápido a equipamentos para
remoção de obstáculos. Foram os casos dos colchões infláveis e dos caminhões
com carrocerias em forma de pranchas usados para rebocar o avião nesta semana.
Nada disso estava disponível no aeroporto campineiro.
Outro aspecto
intrigante: como é possível um dos principais aeroportos do país operar com
apenas uma pista? Haverá uma pista extra só em 2017, já sob a administração
privada.
O Brasil é uma das
maiores economias do planeta. Por que não se pode construir a pista nova em
seis meses? Ou em um ano? Por que Lula (durante oito anos) e Dilma (já há quase
dois anos no Planalto) não determinaram esse investimento de maneira
emergencial para o país?
Não conheço
respostas aceitáveis.
Fonte: Fernando Rodrigues,
“Atraso sem fim”, Folha de S. Paulo, Opinião, 17/10/12, p. 2.
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