Não costumo celebrar o Dia das Bruxas, mas respeito a data
como tradição (embora tenha restrições a algumas práticas). Pois
navegando na Internet, mais precisamente no blog de turismo da “Folha de S. Paulo”, deparei-me com um texto que fazia alusão ao famoso “Halloween” e
sugeria visitas a cemitérios famosos nesse dia.
Nunca tinha ligado uma coisa à outra. De fato, visitar
cemitérios soa macabro e pouco usual, mas pode se revelar uma atividade
interessante, principalmente para quem é ligado em história. Poucos
lugares como um cemitério ajudam tanto a contar a história de uma localidade.
Foi no texto citado que descobri um outro site que lista os cemitérios mais famosos (e bonitos) do mundo, por motivos diversos. Na lista
dos “12 mais”, estão três que eu conheci. Aproveito, então, o Dia das Bruxas
para mostrar um pouco mais de cada um deles.
O primeiro a ser retratado é o Cemitério St. Louis #1, de
Nova Orleans (EUA). É o mais antigo da cidade ainda preservado – é datado de 1789.
Assim, abriga muitos dos moradores mais remotos e, dizem, até a rainha do vodu,
Marie Laveau. Ele fica na Basin St. em uma das “fronteiras” do French Quarter,
na divisa com Treme-Lafitte.
Como fui até lá no final da tarde, ele já estava fechado e
eu apenas passei em frente.
Visitei, porém, outro histórico cemitério da cidade – o
Lafayette #1. Ele fica um pouco afastado da área histórica, numa região
residencial muito bonita, calma e arborizada, o Garden District. Para chegar
até lá é preciso pegar um dos tradicionais bondes, descendo na St. Charles Ave.
e acessando a Washington Ave.
O cemitério é de 1833 e muitos dos túmulos estão bem
preservados. É comum encontrar por lá objetos como chupetas, balas e colares
coloridos (tradicionalmente usados no Mardi Gras, o carnaval local).
A principal característica de St. Louis e Lafayette é o fato
dos corpos serem colocados acima da terra, nas edificações tumulares que se
parecem às vezes com pequenas moradias. Como Nova Orleans é ameaçada por
inundações em razão de estar abaixo do nível do mar (diques tentam segurar a
invasão das águas), evitou-se enterrar os corpos.
Outro cemitério que aparece na lista dos “12 mais” é o da
Recoleta, em Buenos Aires
(Argentina). O local atrai milhares de turistas não só por ficar numa das
regiões mais bonitas da capital, o charmoso bairro que dá nome ao cemitério,
junto a um parque, mas também por abrigar os restos mortais de Evita, a eterna
primeira-dama argentina, quase uma santa nacional.
Tal como em Nova Orleans, o cemitério da Recoleta é
conhecido também por deixar os corpos acima da terra, dentro de pequenas “moradias”.
É possível ver vários caixões (em um túmulo mais preservado, cheguei a ver uma
espécie de sala de estar para velar o morto, com duas cadeiras aveludadas,
velas e flores, tudo muito bem cuidado e limpo).
Também está na lista o histórico Cemitério de Arlington, na
cidade de mesmo nome, grudada em
Washington D.C. O local é conhecido por
abrigar os corpos de cerca de 300 mil soldados e familiares – sim, ele é
exclusivo para militares. É um típico cemitério norte-americano, com as famosas
lápides brancas colocadas diretamente no gramado. São tantas as lápides que
elas parecem ondas brancas num mar esverdeado.
Arlington atrai turistas também por abrigar o famoso túmulo
do soldado desconhecido, guardado por militares como um panteão nacional.
Jovens soldados revezam-se durante todo o dia num ritual ininterrupto,
assistido por uma turba silenciosa. Também merecem destaque os túmulos do
ex-presidente John F. Kennedy e de sua esposa Jacqueline Kennedy Onassis.
Embora não apareça na lista, gostaria de citar outro
cemitério que merece destaque. Ele fica na Filadélfia, a primeira capital dos
EUA: o Christ Church Burial Ground. É pequenino e famoso por abrigar muitos dos
fundadores da nação, aqueles que assinaram a Declaração de Independência e
participaram das primeiras sessões legislativas do novo país.
Pequenas bandeiras (na primeira versão da flâmula
norte-americana, feita por Betsy Ross) indicam onde estão os restos mortais dos
“pais fundadores”.
Ali também está enterrado o corpo de Benjamin Franklin, um dos inspiradores da "revolução" norte-americana que levou à independência.
O cemitério é tão antigo e tão frágil que, embora seja
permitido caminhar por entre as lápides, é preciso cuidado (tocá-las é terminantemente
proibido, pois muitas estão desmanchando).
É o menor de todos os cemitérios citados nesta postagem e o
único pelo qual se paga para entrar (o valor é simbólico, um ou dois dólares).
Fica no centro histórico, chamado de Old City, mais precisamente no cruzamento
da Arch St, com a Independence Mall East. Procure por Franklin´s Grave.
* As fotos são minhas e de Carlos Giannoni de Araujo
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