Algumas vezes, as palavras dizem mais do que se pensa - ou se pretende. Elas traem. O noticiário desta
quinta-feira (10/4/14) traz bons exemplos:
- “Não dá mais para ter
desculpa porque a máquina agora está do jeito que a gente quer.”
Mauro Zeuri, agora
secretário de Gestão Estratégica (antes Governo e Desenvolvimento) da
Prefeitura de Limeira, em reportagem da “Gazeta de Limeira”
Taí o que dá falar sem pensar. A manifestação de Zeuri parte
de dois pressupostos que o governo Paulo Hadich (PSB), do qual o secretário faz
parte, tanto critica quando citados pela imprensa.
Ao dizer que “não dá mais para ter desculpa”, Zeuri deixa
claro: 1) que antes dava-se desculpa pela ineficiência da máquina
administrativa; e 2) havia ineficiência na máquina administrativa – e continua
havendo, só não será mais possível dar desculpa, embora a previsão seja que o serviço
melhore em razão das mudanças feitas na administração.
Hadich e seus asseclas, principalmente aqueles que gostam de
perseguir a mídia, não tem do que reclamar se o próprio secretário – peça-chave
no governo – admite uma coisa dessas.
Ô frase infeliz!
- “Poderíamos estar melhor, e a Dilma vai ter que dizer como
é que a gente vai melhorar.”
Do ex-presidente Lula, em entrevista a um grupo de
blogueiros amigos
"Se o próprio Lula diz que 'poderíamos estar
melhor', é porque estamos bem mal. E ele apontou a culpada - que tem de se
explicar, ou a coisa vai ficar feia para o lado dela (a sucessora dele, a
presidente Dima Rousseff)."
- “Temos que retomar com muita força essa questão da regulação dos meios de
comunicação do país. (...) Queremos uma coisa mais digna, mais respeitosa.
Quando vejo o tratamento a Dilma, é de falta de respeito e de compromisso com a
verdade.”
Do ex-presidente Lula, em entrevista a um grupo de
blogueiros amigos
"De onde se vê que, ao contrário das alegações formais, se
trata realmente do controle de conteúdo. Com a 'regulagem' defendida
pelo PT o Estado daria as balizas do tratamento considerado respeitoso em
relação a autoridades, bem como firmaria os termos da verdade para com a qual
os meios de comunicação estariam compromissados."
Nos dois casos de Lula, só não dá para dizer: “Ô língua
solta” porque não se pode crer que o ex-presidente cometeu equívoco. Lula só
fala de caso pensado.
- “Ela (inflação) subiu agora, acho que está no máximo, e a
partir do próximo mês já ficará um pouco menor, depois, em maio, vem menor ainda
e, em junho, menor ainda. Então ela é passageira."
Guido Mantega, ministro da Fazenda, em entrevista à imprensa
Neste caso, nem é preciso se alongar no comentário. A realidade nega o que diz o ministro. Aliás, tem alguém mais sem credibilidade em suas previsões econômicas do que Mantega? Faz quatro anos que ele fala que a inflação vai baixar e o PIB (Produto Interno Bruto) vai subir...
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